segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA NO BRASIL E NO MUNDO

Fernando Alcoforado*



Educação a distância (EAD) é, modernamente, uma modalidade de educação mediada
por tecnologias em que alunos e professores estão separados espacial e/ou
temporalmente, ou seja, não estão fisicamente presentes em um ambiente presencial de

ensino-aprendizagem. A EAD é conhecida desde o século XIX. Em 1833, um anúncio
publicado na Suécia já se referia ao ensino por correspondência, e na Inglaterra, em
1840. No final da 1ª Guerra Mundial (1918), surgiram novas iniciativas de ensino a
distância em virtude de um considerável aumento da demanda social por educação.
O aperfeiçoamento dos serviços de correio, a agilização dos meios de transporte e,
sobretudo, o desenvolvimento tecnológico aplicado ao campo da comunicação e da
informação influíram decisivamente nos destinos da educação a distância. A partir daí,
começou a utilização de um novo meio de comunicação, o rádio, que penetrou também
no ensino formal. O rádio alcançou muito sucesso em experiências nacionais e
internacionais, tendo sido bastante explorado na América Latina nos programas de
educação a distância inclusive no Brasil.

Após as décadas de 1960, a educação a distância, embora mantendo os materiais
escritos como base, passou a incorporar articulada e integradamente o áudio e o
videocassete, as transmissões de rádio e televisão, o videotexto, o computador e, mais
recentemente, a tecnologia de multimeios, que combina textos, sons, imagens, assim
como mecanismos de geração de caminhos alternativos de aprendizagem (hipertextos,
diferentes linguagens) e instrumentos para fixação de aprendizagem com feedback
imediato (programas tutoriais informatizados) etc.

No Brasil, desde a fundação do Instituto Monitor, em 1939, várias experiências de
educação a distância foram iniciadas e levadas avante com relativo sucesso. As
experiências brasileiras, governamentais e privadas, foram muitas e representaram, nas
últimas décadas, a mobilização de grandes contingentes de recursos. Atualmente, o
ensino não presencial mobiliza os meios pedagógicos de quase todo o mundo, tanto em
nações industrializadas quanto em países em desenvolvimento. Novos e mais
complexos cursos são desenvolvidos, tanto no âmbito dos sistemas de ensino formal
quanto nas áreas de treinamento profissional.

Na EAD, professores e alunos estão conectados, interligados, por tecnologias chamadas
telemáticas, como a internet e em especial as hipermídias, mas também podem ser
utilizados outros recursos de comunicação, tais como carta, rádio, televisão, vídeo, CDROM,
telefone, fax, celular, iPod, notebook, etc. A EAD caracteriza-se, portanto, pelo
estabelecimento de uma comunicação de múltiplas vias. Nesta modalidade de ensino
estudantes e professores não necessitam estar presentes num local específico durante o
período de formação.

Desde os primórdios da EAD, utiliza-se a correspondência postal para enviar material
ao estudante, seja na forma escrita, em vídeos, cassetes áudio ou CD-ROMs, bem como
a correção e comentários aos exercícios enviados, depois de feitos pelo estudante. Após
o advento da Internet, o e-mail e todos os recursos disponíveis na World Wide Web
tornaram-se largamente utilizados, ampliando o campo de abrangência da EAD. Em
alguns casos, é pedido ao estudante que esteja presente em determinados locais para
realizar a sua avaliação. A presencialidade é muitas vezes necessária no processo de
EAD.

No ensino a distância não há diferença entre sua metodologia e a utilizada no ensino
presencial. O que muda, basicamente, não é a metodologia de ensino, mas a forma de
comunicação. Nesse processo de aprendizagem, assim como no ensino regular o
orientador ou o tutor da aprendizagem atua como "mediador", isto é, aquele que
estabelece uma rede de comunicação e aprendizagem multidirecional.

Hoje a educação pode ser processada de forma presencial, semi-presencial e educação a
distância. A presencial são os cursos regulares onde professores e alunos se encontram
sempre numa instituição de ensino. A semi-presencial, acontece em parte na sala de aula
e outra parte a distância, utilizando tecnologia da informação. Atualmente, a EAD
possibilita a inserção do aluno como sujeito de seu processo de aprendizagem, com a
vantagem de que ele também descobre formas de tornar-se sujeito ativo da pesquisa e
compartilhar conteúdos.

Hoje, as possibilidades da EAD são amplas. Pode-se fazer um curso a distância
praticamente nos mesmos moldes dos presenciais, com os estudantes assistindo, pela
internet às aulas de professores, com exibição de conteúdos audiovisuais. As avaliações
podem ser feitas em tempo real, também pela rede, com tempo certo para a sua
realização. A metodologia de ensino, a forma de avaliar a aprendizagem dos alunos e a
atuação do corpo docente na educação a distância passaram por uma revolução.
No exterior, há uma tendência de fim da fronteira entre educação a distância e
presencial. Cursos que antes eram exclusivamente presenciais já incluem uma parte
realizada remotamente. E os programas de educação a distância muitas vezes abrangem
atividades presenciais. De acordo com dados do Censo EAD.Br, relatório analítico da
aprendizagem a distância no Brasil de 2011, publicado pela Associação Brasileira de
Educação a Distância (Abed), essa modalidade de ensino contou com 3,5 milhões
matrículas em 2011, um aumento de 58% em relação ao ano anterior.

A maioria dos cursos ministrados a distância (56%) no Brasil são livres e não precisam
de autorização do MEC (Ministério da Educação) para funcionarem. São cursos de
atualização ou aperfeiçoamento pessoal ou de aprimoramento profissional. Neles
estavam matriculados, em 2011, 2,7 milhões de estudantes (77,2%). Nos cursos livres,
as áreas de conhecimento mais procuradas são Administração e Gestão, Educação e
Ciências da Computação. Entre os 3.971 cursos autorizados pelo MEC, a maior parte
dos matriculados estão no ensino superior (75%). A pós-graduação responde por 17,5%
dos estudantes - incluídos aí mestrados, MBA e outros. O restante dos matriculados,
7,5%, estão divididos entre cursos de ensino fundamental, médio e técnico.

Os alunos de EAD se concentram na região Sudeste com 2,1 milhão de matrículas. O
Sul aparece em segundo lugar, com 625.184 estudantes. No Centro-Oeste são 595.098
estudantes e no Nordeste, 256.084. O Norte fica em último, com 14.184 matriculados. A
evasão de alunos, um dos principais obstáculos para o desenvolvimento das ações em
EAD, teve uma média de 20%. O maior índice é proveniente de cursos livres, com
23,6% (Ver texto no website <http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/09/26/crescenumero-
de-alunos-de-ead-no-pais-cursos-livres-sao-maioria.htm>).

É senso comum que não se constrói uma nação sem educação de qualidade. E o Brasil
precisa universalizar a educação em todos os níveis, desde a educação fundamental. Um
dos grandes desafios da educação brasileira, neste momento, está na expansão do ensino
superior com o uso da EAD. Ao invés de multiplicar estruturas de universidades e
faculdades espalhadas pelo Brasil com custos elevados, deve-se, ao contrário,
multiplicar o número de cursos à distância através da tecnologia da EAD. É neste
sentido que a EAD pode dar uma importante contribuição, ampliando o potencial de
acesso dos brasileiros à universidade, especialmente em estados e municípios com
maior dificuldade de mobilidade para os estudantes.


*Fernando Alcoforado, 73, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de
Barcelona, http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento
(Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos
Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the
Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe
Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e
combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) e

Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), entre outros

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