A celebração religiosa atrai católicos
e gente de santo, ao santuário de São Lázaro
A programação religiosa do Dia de São Roque começou
cedo, na sexta-feira (16/8), no Santuário em louvor a São Roque e São
Lázaro, no bairro da Federação. O santo, que na tradição católica é o protetor
dos doentes, é o orixá Obaluê no Candomblé. Pelo legado africano, o orixá veste
palha e protege contra
as doenças.
Às 5h30, uma alvorada de fogos iniciou a festa,
seguida pela cerimônia de
reza do Terço dos Homens. A primeira missa foi realizada às 7h e durante todo o
dia as missas se sucederam. Do lado de fora da igreja os tradicionais banhos de
pipoca, recebem os devotos de São Roque. Após a última missa, os fiéis
saíram em procissão pelas ruas da Federação. A bênção do Santíssimo encerrou a
programação religiosa.
Membros dos terreiros de Candomblé, especialmente
os da Federação e do Engenho Velho da Federação, chegaram bem cedo na porta da
Igreja para a lavagem da escadaria. Os devotos foram
recebidos com o tradicional banho de pipoca, que segundo a tradição, serve
limpar e espantar o mau olhado. “Viajei seis horas com muito amor para
pedir saúde e paz para São Roque”, disse Maria Aparecida, devota que veio da
cidade de Jequié, a 365 km da capital.
A
convivência entre as duas religiões em uma mesma comemoração é explicada pela
aposentada Valdomira Ferreira Santana, de 73 anos. “Se você quer o bem, rezar
ou ganhar banho de pipoca só trazem benefícios, independente da sua crença”,
conta. Valdomira que herdou a devoção a São Roque da avó e hoje segue a
tradição com toda a família. “É filho, sobrinho, neto, todo mundo é adepto de
São Roque, que já me conseguiu muitas graças”, comentou.
Promessas e graças
Para Maria das Graças de Jesus, moradora de Itapuã,
São Roque é um santo milagroso. “Tudo que eu tenho hoje é graças a São Roque.
Ele me deu a minha casa em Salvador, minha casa na ilha, meu emprego veio dele,
também. E sem falar na saúde de toda minha família”. Para ela, as graças
são alcançadas pela fé e pela capacidade de ajudar os outros. “São Roque foi um
santo que cuidou de
pessoas necessitadas, doentes. Acho que quando você segue esse exemplo, ele te
retribui de alguma forma”, explicou.
Exemplos
são muitos nos arredores da igreja. Próxima às escadarias, dona Zuleide dos
Santos Fernandes, de 62 anos, doava gratuitamente o mungunzá, uma das comidas
típicas para o dia do santo e pão, em agradecimento a uma conquista dada pelo
santo, segundo ela. “O que eu consegui eu não conto, mas garanto que foi algo
muito grande”, disse.
Padroeiro
dos inválidos na religião católica, São Roque nasceu na França, no ano de 1295,
uma época em que a Europa enfrentava as mais variadas epidemias, decorrentes
das más condições de saneamento básico. E foi neste cenário que São Roque, de
acordo com as crenças católicas, começou a curar doentes de todo o continente,
afastando as pestes por onde passava. Além de padroeiro dos enfermos, São Roque
também é o santo padroeiro dos médicos cirurgiões.
O Santuário
em louvor a São Roque e São Lázaro foi construído há 247 anos pelos negros
escravos, aqui era a capela de um hospital. Os afrodescendentes baianos têm um
laço muito forte com esse templo, tanto de forma religiosa como cultural”,
explicou o padre Rosivaldo Mota.
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