quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A VOLTA DO JEGUE


Por Conrado Matos – Psicanalista e articulista do Jornal Tribuna da Bahia

O momento do congestionamento do trânsito em Salvador é muito estressante. Cada vez mais a frota de veículos tem aumentado bastante, e não há lugar para tantos carros – a coisa é séria.
Quem tenta trafegar a partir das 7h, da manhã na Paralela, no sentido entre a entrada do Centro Administrativo até o Iguatemi, tem encontrado dificuldade de chegar em ponto no horário de trabalho, sofrendo com o intenso tráfego de veículos. O mesmo ocorre no horário das 18h, no retorno do trabalho para casa.

Outro local que o tráfego é intenso, por volta das 18h, é nas imediações enfrente ao Shopping Bela Vista, no sentido ao Iguatemi. Sem falar do rotineiro congestionamento que ocorre na região da bonocô, em horário de pico. Às vezes, por volta das 18h, o engarrafamento na região que sai da BR-324, sentido ao Iguatemi, inicia mais o menos por ali, nas imediações onde ficam os trenzinhos, que tanto os soteropolitanos vêm esperando pelo seu funcionamento, mas se encontram até agora, abandonados, ao redor, só  mato, e cobertos de poeira. É um fato triste, ver os trenzinhos que custaram tão caros para os cofres públicos, se encontrarem em total abandono, ainda sem data prevista de quando irão trafegar. E, o que nos resta é esse engarrafamento infernal de todos os dias, além de ônibus lotado. É um absurdo, esse tráfego intenso.
Às vezes fico preocupado com as ambulâncias, viaturas e carros do Corpo de Bombeiros, que operam diariamente em serviços de emergência. Imaginem o quanto fica difícil para esses profissionais se deslocarem diariamente na cidade de Salvador pra prestar socorro, já que são de grande utilidade pública.
Outro fato que é lamentável para a população, é que, às vezes, o grande congestionamento não só ocorre em função do maior número de veículos nas ruas, mas também, por causa dos inúmeros buracos que existem nas vias dos bairros de salvador, principalmente, nas periferias. Existe lugares que os motoristas precisam fazer malabarismo para puder trafegar, colocando em risco, sua vida e seu veículo.
De vez em quando, bobagem minha, vem um estalo de uma ideia na minha cabeça, sobre a possibilidade da volta do jumento, com a finalidade de amenizar o terrível congestionamento de veículos. Porém, acredito que para isso acorrer, seria preciso um projeto municipal, pois, o bichinho abençoado, onde o Menino Jesus fez pipi, necessitaria de uma infra estrutura segura para trafegar nas ruas de Salvador, dando amparo a sua preservação de animal, criando leis para evitar o uso de esporas e chibatas, além da cobrança do uso de fraldões de jegue, já que o jumento faz cocô, e mija nas ruas.
Pergunto: Por que o retorno do jerico? Primeiro que o animalzinho não engarrafaria o trânsito, não consumiria combustível que, por sinal, está tão caro em nosso país.
Outra coisa era que deixaríamos de pagar IPVA, a não ser que venham criar mais um imposto (licenciamento) para circulação do jegue. Deixaríamos, também, de pagar seguro contra roubo, restando somente, a taxa de estacionamento que continuaria sendo preciso para que o jerico tenha um local de descanso (Pasto), e que possa comer e tomar água.
Acho que a taxa de estacionamento de jegues sairia mais barata do que as que são cobradas em estacionamento de veículos em Salvador, porque não iria precisar de manobrista de jumento. E, até porque, o jumento é um animal que se acomoda bem em qualquer lugar. É manso, obediente, dócil e disposto. Faz tudo que o dono manda. A única coisa, que talvez, seria preciso, era o uso do capacete por parte dos jegueiros, se assim posso denominar quem anda de jegue.
Ainda tem muito jegue sobrando nas ruas e nos pastos do interior do sertão da Bahia, e não irá faltar pra ninguém. Penso que, ladrão de jegue só existiu no passado, a não ser que, o bicho passe a ter um valor grande de mercado e, aí, o preço fique alto e assuste o bolso de muita gente. E, com o preço valorizado, teríamos que fazer seguro contra roubo de jumento, porque não vai faltar ladrão de jegue.
Já pensou um político todo vestido de terno e gravata, montado em um jumento, se dirigindo todo dia para o Congresso em Brasília? Ou saindo do aeroporto montado em um jegue? Imagine o quanto seria de econômico para os cofres do nosso país? Com certeza iria dar uma boa equilibrada nos custos do governo.
Lembram de “Bira do Jegue”, que fazia sua propaganda política montado em um jegue, circulando pelas ruas de Salvador? Pois é! O jumento é um animal útil para o homem. Tem gente que faz piada com o jegue, levando para um lado pejorativo. O Jumento é um animal que serve a sociedade, ao cidadão e ao homem do campo. O mago Lulu já disse que vai fazer sua campanha política para as próximas eleições, montado em um jegue. Lulu ainda não me falou se quando eleito, continuará andando de jegue. Acho que Lulu não gosta de muita promessa.
No passado, o jumento era usado para transportar mercadorias, inclusive, para as feiras livres das pequenas cidades do interior, das roças para as casas do seu dono, com o caçuá (Cesto de cipó pendurado na cangalha do jegue) cheio de milho, abóbora, feijão e melancia.
Na minha infância, por volta dos meus dez anos de idade, lembro ter andado de jegue na cidade de Nossa Senhora de Lourdes, sertão de Sergipe, onde moravam os meus avós paternos. O meu avô trabalhava na roça, e negociava com ovos e bolos, e tinha que transportar as mercadorias no seu jeguinho, para então, negociar em outras regiões.
Pois é! Acho que já falei demais. Foi apenas um sonho. Acordei e comecei a escrever esse texto para a Tribuna. O jumento é coisa do meu passado. Mas, eu te faço uma pergunta: O meu metrô vai chegar quando? Ou é apenas um desses sonhos do meu passado?

Conrado Matos é Psicanalista, Licenciado em Filosofia, Bacharel em Teologia e Escritor.
E- mail: psicanaliseconrado@hotmail.com – Tels: (71) 9910-6845/8717-3210.








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