Texto de LUIZ HOLANDA
Para quem tinha alguma dúvida sobre o
julgamento do mensalão, os votos dos ministros Teori Zavascki e Luís Roberto
Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) no processo envolvendo o senador Ivo
Cassol, demonstram que nada acontecerá com os parlamentares já condenados no
referido processo.
As decisões dos dois ministros, acompanhadas pelos colegas petistas,
estão sendo entendidas como parte integrante do ritual da indicação dos nossos
magistrados para compor os mais altos tribunais do país. A realidade demonstra
que, ao final, todos se tornam devedores de suas nomeações. De consequências
terríveis para um país sem justiça, o preço dessas indicações, nesse segundo
tempo do julgamento do século, contribuirá ainda mais para o aumento da
descrença em nossa suprema corte.
De agora em diante será a confirmação do dito pelo não dito, apesar de
os réus terem sido condenados em última instância após inúmeras investigações e
amplas condições de defesa. Depois de anos de trabalho, o STF tentou desmentir
o mote de que, neste país, só os ladrões de galinha vão para a cadeia. Pelo que
vem ocorrendo após a nomeação dos dois ministros, vamos assistir de braços
cruzados a negação de todo o esforço dispendido para a redenção de nossa
justiça.
A entrada de Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso realmente causou medo
aos que imaginavam a independência do tribunal. Ambos caminham no sentido de
criar um país sem castigo, o que, em termos jurídicos, significa a falência da
justiça e a descrença no direito. A partir dessas decisões, o cidadão não
encontra proteção contra a corrupção e outros crimes praticados pelos nossos representantes.
A impunidade, já institucionalizada, passa a ser um principio da administração
pública judicializado pelo próprio Supremo.
O julgamento do senador Ivo Cassol, na semana que passou, comprova isso.
A comemoração da decisão pelos mensaleiros foi total. Os ministros indicados
pelo PT votaram pela manutenção dos mandatos de políticos condenados pelo
próprio STF. Tal decisão, que certamente terá impacto na análise dos recursos
propostos pelos mensaleiros, criou a figura do parlamentar presidiário, coisa
inédita em qualquer país civilizado. Mesmo assim, os votos desses ministros - e
dos outros que os acompanharam-, não causaram nenhuma surpresa.
O ministro Luís Roberto Barroso, por ocasião de sua nomeação, afirmou
que usaria o coração para julgar os réus do mensalão, pois, segundo ele, o
supremo havia extrapolado em sua decisão atuando fora da curva. Daí ele (dentro
da curva) ter favorecido os mensaleiros. Em seu currículo consta a defesa do
terrorista Cesare Battisti e a amizade com o ex-ministro José Dirceu, um dos
seus apoiadores e condenado no processo do mensalão. Com esses dois ministros e
mais os ministros Dias Toffoli, Ricardo Leawandowski e os que os acompanham, o
mensalão, com toda certeza, acabará em pizza.
Na semana que passou a revista Veja publicou uma denúncia(mais uma,
entre tantas) dando conta de que, por ordem do ministro Ricardo Leawandowski, o
tribunal Superior Eleitoral sumiu com os pareceres técnicos que sugeriam a
reprovação das contas do PT na época do mensalão e da campanha da presidente
Dilma em 2010.
Diante dessa e de outras excrecências, não é de se espantar com a
afirmação de um ex-magistrado de que a nova composição da corte mudou, bem como
as circunstâncias em que o caso será analisado. Antes ele havia dito,
criticando a atuação do ex-ministro Nelson Jobim, “que muitos falecidos
ministros do STF deviam estar rolando nos túmulos, indignados com os destinos
do órgão”.
Agora, pelo visto, mudou de posição. De agora em diante será o
florescimento do mal em detrimento do cidadão indefeso. Deixar de condenar
corruptos pelo fato de nossas leis permitirem várias interpretações para
abrandar a responsabilidade moral de cada ladrão da coisa pública é
institucionalizar a impunidade desmoralizando o próprio supremo.
NR/ Diante do exposto faz-se necessário que o
povo volte às ruas. Basta de tanta chicana!
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