Caio Prado Júnior e outros nove intelectuais de
esquerda viram no plano a perspectiva de salvar a juventude.
A moça toca a campainha de uma casa na região do Paraíso, capital paulista:
“Boa tarde. Meu marido está ali no presídio, a senhora se incomoda se eu
espiar pela janela do banheiro para vê-lo no pátio por um instante?”. Assim,
Baby, esposa do cientista social Caio Prado Júnior, teria desenhado o croqui
de um túnel para o marido escapar da cadeia, em 1937.
O sociólogo estava preso com outros nove intelectuais de esquerda que
participaram da Intentona Comunista, uma tentativa de golpe contra Getúlio
Vargas. Tinham em torno de 20 anos e, capturados há dois, viram no plano a
perspectiva de salvar a juventude. Túnel cavado, tudo pronto para o dia 10
de fevereiro de 1937.
O plano foi um sucesso. Paulo Emilio Sales Gomes, por exemplo, futuro grande
crítico do cinema brasileiro, foi direto para a embaixada da França, onde
conseguiu asilo. Só quem não se deu bem foi o próprio Caio Prado. Na véspera,
uma infecção o fez ser transferido. Demoraria um pouco mais para receber a
anistia de Getúlio e fugir do País em um navio cargueiro.
SAIBA MAIS
Caio Prado Jr. – Uma trajetória intelectual, de Paulo Teixeira Iumatti
(Brasiliense, 2007).
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