sexta-feira, 20 de setembro de 2013

MALBA TAHAN


Escrito por Júlio Cérsar de Mello
  

Trechos do “manual fúnebre” de Júlio Cérsar de Mello o Malba Tahan.


1) Desejo ser enterrado em caixão de 3ª classe e na mesma sepultura em que foi enterrado o “Rubens” Quero o enterro mais modesto que for possível;


2) Não quero coroas. Se alguém, por acaso, enviar uma coroa, peço que a devolvam com um delicado cartão. Nesse cartão, o ofertante será informado do desejo do morto. E ele (o ofertante) que faça da coroa o uso que quiser. Considero a coroa... Ora, para que revelar agora o que eu penso das coroas...;

3) Aceitarei flores. Sim, aceitarei, com prazer, as flores. Que sejam, porém, anônimas. Nada de frases feitas com dedicatórias, legendas... Acho horrível essa literatura funerária, sem expressão: “Homenagem eterna”, “Recordação sincera”, “O último adeus”, etc....
(...)

6) Não quero luto. Peço que a Nair (esposa), filhos, netos, irmãos, sobrinhos, etc. não ponham luto por minha causa. Lembrarei, neste momento, esta trova bastante expressiva de Noel Rosa: “Roupa preta é vaidade/para quem se veste a rigor/ o meu luto é a saudade/e a saudade não tem cor”;

7) No meu enterro (antes, durante ou depois) não quero discursos. No momento do meu corpo baixar à sepultura, o Dr. Orestes Diniz (ou outra pessoa indicada) dirá a todos os presentes, em meu nome, o seguinte: “A lepra é uma moléstia curável. é uma moléstia como outra qualquer. O contágio da lepra é muito difícil. A sociedade culta precisa combater os preconceitos injustos e infames que pesam contra o mal de Hansen. O doente de Hansen não precisa piedade, não precisa de com paixão. Precisa, e precisa muito, de solidariedade e compreensão.”


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