terça-feira, 3 de setembro de 2013

TÚNEL DO TEMPO

Série: O ABC da cultura inútil

História do Lingerie


A história do lingerie começa por volta do segundo milênio antes de Cristo. Em Creta, as mulheres usavam um corpete simples que sustentava a base do busto, projetando os seios nus. Essa "moda" era inspirada na Deusa com Serpentes, ideal feminino da época.



Na Idade Média, surgiram os ancestrais do corselete. Um deles era a cota, uma túnica com cordões. O outro era conhecido como bliaud, uma espécie de corpete amarrado atrás ou nas laterais, que apertava o busto como uma couraça e era costurado à uma saia plissada. O sorquerie era uma cota muito justa também conhecida como guarda-corpo ou corpete. E havia ainda o surcot, um colete enfiado por cima do vestido e amarrado.

Só no final da Idade Média, em torno do século XV, durante o ducado da Borgonha, é que as mulheres nobres passaram a usar um largo cinto sob o busto que, além de sustentar os seios, faziam com que eles parecessem mais volumosos.

Do século XV ao XVI, durante o Renascimento, a roupa íntima feminina ficou ainda mais rígida. É nesta época que surgiu o corps piqué, um corpete pespontado que apertava o ventre, afinava a cintura e deixava os seios com aspecto de cones. Esta peça era construída com uma haste, que muitas vezes era feita de madeira de buxo ou marfim. Havia, ainda, uma haste de metal central que, em alguns modelos, chegava a pesar até um quilo. Essas hastes eram trabalhadas com gravuras e inscrições, pois, de acordo com os costumes da época, podiam ser retiradas e exibidas em sociedade depois de um lauto jantar. No entanto, estes corpetes começaram a causar polêmica entre médicos esclarecidos, pois comprimiam órgãos internos, causando entrelaçamento de costelas e até a morte.

Somente no século XVIII é que as mulheres começam a respirar, literalmente, um pouco mais aliviadas. É que as hastes de madeira e metal foram substituídas pelas barbatanas de baleia. Os decotes aumentaram e os corseletes passaram a ser confeccionados para comprimir a base do busto, deixando os seios em evidência. Também foi nesta época que os corseletes ganharam sofisticação. Eram bem trabalhados com bordados, laços e tecidos adamascados. E, a partir de 1770, junto com as ideias iluministas que culminaram com a Revolução francesa, houve uma espécie de cruzada ante-espartilho. Médicos, escritores, filósofos militavam contra os corseletes.



No século XIX, as crinolinas (anáguas confeccionadas com tecidos rígidos, feitos de crina, para armar as saias), praticamente desapareceram. Mas o corselete permaneceu na moda. Em 1832, o suíço Jean Werly abriu a primeira fábrica de espartilhos sem costuras. E, em 1840, foi lançado um modelo com um sistema de cordões elásticos. Isso permitia que a mulher pudesse, ela mesma, vestir e tirar a peça sozinha. Além do corselete, as roupas íntimas eram compostas por calças que chegavam até os joelhos, cheias de babadinhos.




A partir de 1900, o espartilho começou a se tornar mais flexível. Os balés russos de Serge de Diaghliev faziam muito sucesso em Paris. E seus trajes neo-orientais inspiraram costureiros como Paul-Poiret e Madeleine Vionnet que inventaram roupas que formavam uma silhueta mais natural. Em 1904, a palavra soutien-gorge (sutiã) entrou no dicionário francês. E em 1913, Mary Phelps Jacob inventou o sutiã, vendendo a patente para a Warner Company. No ano seguinte, 1914, com o início da Primeira Guerra Mundial, a mulher teve de trabalhar nas fábricas. Isso fez com ela precisasse de um novo lingerie que lhe permitisse movimentação. Por isso, o espartilho foi substituído pela cinta.



Nos anos 20, as roupas íntimas eram formadas por um conjunto de cintas, saiotes, calcinhas, combinações e espartilhos mais flexíveis. E a lingerie passou a ter outras cores, além do tradicional branco.



Em 1930, a Dunlop Company inventou um fio elástico muito fino, o látex. A roupa de baixo passou a ser fabricada em modelagens que respeitavam ainda mais a diversidade dos corpos femininos. E, a partir de 1938, a Du Pont de Nemours anunciou a descoberta do náilon. E os lingeries coloridos, finalmente, tornam-se bem populares. Mas em 1939, com o início da Segunda Guerra Mundial, o náilon saiu do setor de lingerie e foi para as fábricas de paraquedas.



Com o final da Segunda Guerra Mundial, o New Look do costureiro Dior, lançado em 1947, propunha a volta da elegância e dos volumes perdidos durante o período da guerra. Para acompanhar a nova silhueta proposta pelo costureiro, a lingerie precisava deixar o busto bem delineado e a cintura marcadíssima. Surgiram os sutiãs que deixavam os seios empinados e as cintas que escondiam a barriga e modelavam a cinturinha.



No final dos anos 50 e início dos 60, os fabricantes começaram a se interessar pelas consumidoras mais jovens. A Lycra foi lançada com sucesso, pois permitia os movimentos. A lingerie passou a ter diversos tipos de modelagens, embora, na maioria, ainda mantivesse os sutiãs estruturados.



No final dos anos 70 e início dos 80, a inspiração romântica tomou conta da moda. Cinta-liga, meias 7/8 e corseletes, sem a antiga modelagem claustrofóbica, voltaram à moda. Rendas, laços e tecidos delicados enfeitavam calcinhas e sutiãs.



Dos anos 90 até os dias de hoje, a ligerie, assim como a moda, não segue apenas um único estilo. Modelagens retrô, como os caleçons, convivem com as calcinhas estilo cueca. Os sutiãs desestruturados dividem as mesmas prateleiras com os modelos de bojo. Tecidos naturais, como o algodão, são vendidos nas mesmas lojas de departamento que os modelos com tecidos tecnológicos.
Fonte: manequim.abril.com.br
Desde a antiguidade, a lingerie exerce um papel fundamental na vida das mulheres. Na Grécia, a necessidade de usá-la surgiu por causa da preocupação das mulheres em cobrirem suas intimidades. Elas banhavam-se nas fontes da cidade de Atenas, usando túnicas e um pequeno triângulo de tecido amarrado com fios nos quadris. Dessa forma, surgiu o que foi considerada a primeira tanga.

Para proteger a pele dos tecidos ásperos e pesados que eram usados na época, usavam-se as túnicas, que eram camisolas longas, para ambos os sexos.

Os lingeries eram consideradas símbolos de "status", pois uma mulher bem arrumada demonstrava riqueza e por consequência a imagem do homem bem sucedido. Foi nessa época que surgiram as ligas feitas de lã, como uma necessidade de segurar as meias de algodão.

As lingeries eram muito desconfortáveis, pois os espartilhos eram feitos de esparto, mesmo material usado para fazer cestos, e a estruturação era feita com barbatanas de baleia, como uma armadura.

O estilo diretório, que surgiu através do comércio com o Oriente e a América, era um vestido decotado, preso debaixo do busto e uma calça larga de linho, a qual era presa no tornozelo. Sua ousadia era aparecer sob as saias que arrastavam no chão. Surgiram então as anáguas, que são armações de arame, amarrados na cintura, com a finalidade de aumentar os quadris.

Com o tempo, a anquia foi substituída por uma calda, chamada de culo, que deixava as mulheres estreitas de frente e como uma grávida de costas, tendo o espartilho força total, tendo que ser amarrado por duas pessoas. Sua função era deixar a mulher com uma minúscula cintura.

Posteriormente surgiram as crinolinas, que eram armações de tubos de tecidos forradas com crinas de cavalo, as quais faziam muita compressão no corpo da mulher, causando casos diários de desmaios.

Por volta de 1900, o famoso costureiro Paul Poret colocou um fim nos espartilhos e corpetes, salientando a lingerie como algo sensual, surgindo daí os calções de tecidos finos, as camisetas de cambraia ou de seda, usando muitas combinações. Dessa forma, a lingerie tornou-se símbolo feminino de sensualidade, sedução e luxo.

O elastano, e posteriormente o nylon, eram considerados uma segunda pele, e proporcionavam lavagem e secagem rápida. Surgiram de forma revolucionária no mercado do lingerie, principalmente por serem formados por novas fibras, como matéria prima alternativa, ficando assim com um preço muito mais acessível. Com a queda da bolsa de valores, em 1929, o poder aquisitivo não permitia que as mulheres gastassem tanto com os lingeries.

Por volta de 1950, surgiram os modelos de recortes ousados para soutiens, como os que levam arame para dar sustentação. Com o tempo, os sutiens com bojo, e também os bustiers, chamados sutiens sem alça, ganham força total no mercado.

Ousadia maior foi quando surgiu a transparência das rendas, os topes e outros mais, devido ao desenvolvimento dos produtos. Desse modo, a mulher ganhou o poder da opção. Como dito por especialistas: "O lingerie que se parece com você, que se move com você e que se sente como você".
Fonte: www.firmare.ind.br


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