Dores e Perdas
Um terrível estremecimento agita o solo. Os edifícios tremem
como se sofressem de febre palustre. Num surdo estrondo que vai crescendo até
um furioso estridor, grandes fendas se abrem na terra. Cessa o terremoto, mas
só por um instante. De novo, vem de novo um hórrido rumor, como o pesado rufar
de longínquos tambores. De novo, o terrífico impulso de vibração. O solo
inteiro se torna tão instável, como o
mar, onda após onda abrindo o seu
pavoroso caminho através da terra. Os prédios ruem com formidável estrondo;
pedras, argamassas, paredes e tijolos desmoronam-se doidamente sobre a terra
guinchante. Depois, o silêncio. O terremoto passou. Dos esconderijos e fendas,
de amontoados destroços, arrastam-se lastimáveis espantalhos de homens e
mulheres, a encher o ar com gritos de angústia e desespero. E acima de todo
barulho, ergue-se o espantoso grito de “Fogo”.
Terremoto de Lisboa
Os antigos presenciaram muitos desses tremores do mundo, mas
para seus espíritos ignorantes, a causa se perdia em alguma coisa mística e
sobrenatural, alguma travessura ou cruel vingança dos deuses. Enganado pela
falta de conhecimento científico, o próprio Aristóteles, que era bastante sábio
para atribuir as causas do fenômeno às forças naturais, fez conjeturas bem
distantes da verdade.
Hoje, ajudados por precisos instrumentos chamados
sismógrafos, os geólogos descobriram as verdadeiras causas dessas convulsões da
terra. Espalhadas através do globo existem aberturas e fendas na crosta
subterrânea. De vez em quando, parte de uma dessas compridas fendas move-se
somente um pouquinho para um lado ou outro. Quando isso acontece, grandes
massas tornam a pôr-se em ordem com violenta força e esse choque se espalha
para causar terremotos em pontos bem distantes.
Terremoto de Tóquio
Outra causa dos terremotos é o pregueamento da terra. Quando a terra começou a esfriar, a
superfície esfriou mais depressa que o interior e assim o planeta inteiro
contraiu-se e enrugou-se como a pele de um maracujá em via do apodrecimento.
Ora, por causa dessas dobras, a terra sofre um constante e violento abalo.
Quando ocorrem ajustamentos para facilitar essa convulsão, temos esses
estrondos, deslocamentos e choques conhecidos como terremotos.
Terremoto de S. Francisco 1906
Os terremotos, como as erupções e as cheias, exercem
ainda terrível e caprichoso domínio
sobre a raça humana. O homem não aprendeu ainda a controla-los ou a
predizê-los. Esse é ainda um dos problemas insolvidos da geologia.
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