Giacomo
Girolamo Casanova (Veneza, 2 de abril de 1725 — Duchcov, Reino da Boémia, 4 de junho de 1798) foi um escritor e aventureiro italiano.
Interrompeu
as duas carreiras profissionais que iniciou - a militar e a eclesiástica -
e levou uma vida acidentada.
A
cidade onde Casanova nasceu em 2 de Abril de 1725, proporcionou aos turistas um
acervo de centenas de peças vindas de museus dos quatro cantos da Europa, do
Louvre ao Ermitage de São Petersburgo, de Dresden a Varsóvia, de Estugarda a
Aix-en-Provence, de Viena a Amesterdão.
Filho
de uma atriz de 17 anos de idade e provavelmente do nobre Michele Grimani,
proprietário do Teatro de San Samuele onde a sua mãe passou a atuar, Casanova
teve uma vida apaixonante, tendo sido inicialmente orientado na sua educação
para a vida eclesiástica.
Uma
aura mágica envolve toda a sua vida de debochado, libertino, coleccionador de
mulheres, escroque e conquistador empedernido que percorria os bordéis de Londres todas as noites para ter relações com mais
de 60 meretrizes, aquele homem que conseguiu fugir das masmorras do Palácio
Ducal de Veneza, com uma fuga rocambolesca pelos telhados do palácio, depois de
estar prisioneiro durante 16 meses.
Tinha
sido preso na madrugada de 26 de Julho de 1755, sob a acusação de levar uma
vida dissoluta, de possuir livros proibidos e de fazer propaganda
antirreligiosa. Esperavam-no cinco anos de cativeiro. Na sua primeira cela
minúscula, Casanova nem conseguia se erguer.
Cedo
adoece, mas mesmo assim planeja uma fuga e cava um túnel, descobrindo
desesperado que os seus planos estão condenados ao fracasso quando o mudam de
cela em 25 de Agosto.
Mas
com um companheiro da prisão, o abade Balbi, planeja meticulosamente nova fuga.
Na madrugada do dia 1 de Novembro de 1756, escapa-se por um buraco que
conseguiu escavar no teto da cela e trepa para os telhados do Palácio Ducal de
onde não consegue descer.
Esgotado
pela procura de uma escada ou de cordas que lhe permitirão sair dos telhados
que percorre durante toda a noite, Casanova adormece por um par de horas nas
águas-furtadas, uma espécie de forro interior dos telhados do Palácio, mas os
sinos da Basílica de São Marcos acordam-no providencialmente e forçam-no a
procurar novamente uma outra saída.
Acaba
por penetrar novamente na Sala Quadrada do Palácio Ducal servida pela Escada
dos Gigantes, decorada pelo famoso arquiteto Sansovino no século XVI. Um guarda
vê os dois fugitivos e, pensando que são magistrados de Veneza que ficaram até
altas horas da madrugada a trabalhar nos processos judiciais, abre-lhes a porta
e deixa-os sair pela Porta da Carta, a entrada habitualmente usada para o
ingresso no Palácio dos Doges.
Casanova
atravessa a Piazetta numa corrida desesperada ao longo das colunas do Palácio
Ducal e atira-se para dentro de uma gôndola, escondendo-se da curiosidade dos
transeuntes sob a antiga protecção que muitas destas embarcações possuíam
outrora, uma cabina chamada "felze" que foi proibida mais tarde,
devido aos encontros amorosos que o esconderijo facilitava.
O
aventureiro atravessa a fronteira, parte para Munique e só regressa a Veneza vinte anos mais tarde, em 1785, vindo de
Trieste e com a incumbência de escrever regularmente relatórios secretos para a
Inquisição de Veneza sobre as pessoas que ele frequenta nas suas longas noites
de jogo e de dissolução.
Cruel
ironia do destino que ele aceita, existindo cerca de 50 relatórios onde ele
acusa nobres e banqueiros de adultério e deboche, da posse de livros
cabalísticos e proibidos, de conjura contra o Estado ou de vigarices, crimes
que não lhe repugnava cometer!
Em
1772, é recebido novamente no palácio dos Grimani, uma família patrícia de
Veneza com a qual pensa estar aparentado, mas por causa das dívidas do jogo
envolve-se num confronto com um dos aristocrata de onde sai humilhado, com toda
a gente a troçar da sua situação.
Vinga-se
ao escrever uma brochura intitulada "Nem Amor Nem Mulheres ou o Limpador
dos Estábulos", que todos reconhecem como um retrato do nobre Grimani. Os
Inquisidores ameaçam-no e ele é forçado a abandonar Veneza onde nunca mais
regressou. A sociedade aristocrática e absolutista do Antigo Regime não podia
permitir as ousadias da vingança de um plebeu contra um nobre.
Viaja
novamente até Paris e, mergulhando nos salões eruditos e nas bibliotecas, transforma-se
num Enciclopedista à maneira de Voltaire, Diderot, D' Alembert e do Barão d'
Holbach.
Irrequieto
e agitado por uma inquietação que nunca o abandonou em 73 anos de vida, este
sedutor em movimento perpétuo passa grande parte da sua vida em viagens
por Avinhão, Marselha, Florença,Roma, Praga, São Petersburgo, Istambul e Viena.
Viajou
por toda a Europa e
conheceu todas as personagens relevantes da sua época. Personagem, por sua vez,
característico do Iluminismo do século XVIII, epicúrio e racionalista,
é recordado sobretudo pelas suas inumeráveis histórias galantes. Já idoso,
em 1788,
foi nomeado bibliotecário do
conde de Waldstein-Wartenberg.
Dedicou
os seus últimos anos à escrita de um romance, Isocameron, e, especialmente, à
redacção das suas memórias, História da minha vida, volumosas
e escritas em francês,
que constituem um fascinante testemunho da época. Desde a sua primeira
publicação, em 1822-25, fizeram-se múltiplas edições novas retocadas.
O original integral não foi publicado até 1960. Nos 28 volumes que compõem suas memórias,
Giacomo Casanova diz ter dormido com 122 mulheres ao longo da vida.
NR/ Em As Memórias de Casanova, livros que li e reli de fio a pavio, o
autor revela-se um dos maiores escritores de que se tem notícia. Além de
possuir excelência narrativa, Giacomo possui o dom de empolgar o leitor,
seduzi-lo e apaixoná-lo. Ademais, através dele, nos carrega pelos esconsos da
vida e nos mostra como ela se nos apresenta: dura, cruel, implacável, mas
também disposta a nos premiar. É uma obra mestra de leitura fácil, que nos tira
do ócio e nos leva a doces prazeres e surpresas. Eu o recomendo.
LCFACÓ
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