terça-feira, 8 de outubro de 2013

COMO O PROFESSOR VÊ A EDUCAÇÃO

Instituto Paulo Montenegro



Valores e aspirações dos professores

Ser professor é uma escolha profissional que exige compromisso e dedicação. Sendo verdade que os
professores mostram-se satisfeitos com sua opção, será que isso lhes proporciona uma boa qualidade de vida?

Vale notar que, neste capítulo, o termo qualidade refere-se não apenas às características do exercício docente, mas também aos fatores que compõem a existência de todo ser humano. São requisitos intuitivamente associados à noção de felicidade.

A resposta a essa questão também desmonta estereótipos que, ao longo do tempo, foram sendo construídos a respeito do professor.

Longe de ser um profissional infeliz e resignado, o professor considera-­se predominantemente alguém com uma vida boa, muito boa ou excelente. Nota-se um maior grau de satisfação entre os professores que lecionam na Educação Infantil e nas primeiras séries do Ensino Fundamental.

A satisfação com a profissão e sua formação são duas variantes que preponderam entre os docentes satisfeitos com sua qualidade de vida. Na outra ponta encontramos os professores sobrecarregados, que dão aulas em diferentes escolas, com muitos alunos em sala de aula, em ambientes muitas vezes violentos, e os que não se sentem totalmente preparados para exercer a profissão.

Assim como para muitos profissionais dos centros urbanos, ter saúde, estabilidade financeira, trabalhar no que gosta, ter amigos e tempo para a família parecem ser bons parâmetros para estar "de bem com a vida"; uma boa formação e a realização profissional também são valores importantes. Como é comum aos centros urbanos do país, segurança é uma preocupação. Fazer exercícios e ter tempo livre também representam motivos de satisfação. A espiritualidade é importante para 60% dos entrevistados, confirmando uma tendência presente em toda a sociedade.

E quais desses objetivos pessoais os professores dos grandes centros já conquistaram? Uma boa vida social com amigos e filhos próximos, trabalhando na profissão que escolheram e que, apesar das dificuldades, traz um sentimento de realização, parecem ser os principais motivos para o sentimento de felicidade manifestado por 60% dos entrevistados.

Como se observa, apesar de terem conquistado uma boa formação, os professores das séries mais avançadas são aqueles que se sentem menos rea­lizados profissionalmente.

No caso daqueles que lecionam no Ensino Fundamental II, também se nota uma proporção maior de insatisfeitos em relação à própria saúde, refletindo talvez o ambiente mais conflituoso em que estão inseridos. Por outro lado, é na Educação Infantil, que se encontram os professores mais realizados profissionalmente, que se consideram felizes e com boa saúde.

A espiritualidade é um valor importante entre os professores dos grandes centros urbanos, e 90% deles declaram ter uma religião. Embora predominantemente católicos (53%), há uma maior dispersão entre as diversas religiões em comparação ao total da população do país.

Comparando-se o que os professores julgam fundamental ter e o que de fato têm, a segurança, a estabilidade financeira, a necessidade de mais tempo livre para si e para a família, bem como a vontade de fazer atividades físicas e de conhecer novos lugares são as principais aspirações dos docentes das escolas públicas dos grandes centros urbanos do país, possivelmente pouco diferindo da maioria dos demais brasileiros que vivem e trabalham nessas regiões.

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