O Baependi, afundado na noite do dia
15 de agosto de 1942, pelo submarino alemão U-507, que resultou na
morte de 270 pessoas.
Na Segunda
Guerra Mundial, os ataques aos
navios da Marinha
mercante brasileira,
pelos submarinos do Eixo,
entre os anos de 1941 e 1944, causaram a morte de mais de mil pessoas e
precipitaram a entrada do Brasil no conflito, do qual, até então, se
mantinha neutro, ao lado das forças
aliadas.
Foram
35 navios atacados (33 afundados), nas águas dos Oceanos Atlântico (incluindo
o Mar Mediterrâneo), e Índico;
desde a Filadéfia,
nosEstados Unidos, até a região do Cabo da Boa Esperança, extremo sul da África, sendo que, com exceção do ataque aéreo ao
navio Taubaté - o primeiro a ser atacado, em 22 de março de 1941, no Mediterrâneo –, todos os demais foram
cometidos por submarinos alemães e italianos,
e ocorreram depois de o Brasil romper relações diplomáticas com o Eixo,
em 28 de janeiro de 1942.
A
partir daquela data, ataques sistemáticos tiveram início. Os primeiros
aconteceram na costa leste dos Estados Unidos;
posteriormente, concentraram-se no Caribe e na porção atlântica adjacente; depois,
no litoral do Nordeste
brasileiro, em especial entre Recife e Salvador,
tendo seu auge no mês de agosto de 1942, quando, em apenas dois dias, seis navios foram
afundados, causando a morte de mais de 600 pessoas, o que levou o Brasil a declarar guerra ao Eixo no dia 22 daquele
mês.
Em 1943, apesar de uma sensível melhora nos sistemas de
patrulhamento e de guerra antisubmarina, a partir de operações conjuntas
brasileiras e norte-americanas, os "u-boot" do Eixo ainda atacavam
por todo o Atlântico Sul, época em que foram afundados vários navios – nacionais e estrangeiros
–, sobretudo nas costas de São Paulo e
do Rio de Janeiro.
A
maioria das embarcações era de navios mercantes ou mistos (cargueiro e
passageiros), e pertenciam basicamente às grandes companhias de navegação da
época – o Lloyd Brasileiro, o Lloyd Nacional e a Costeira. Navios de outras pequenas companhias
também foram atacados, assim como embarcações pertencentes a pequenos armadores
regionais e homens do mar, como a barcaça Jacira e o
pesqueiro Shangri-lá. O Lloyd Brasileiro, a maior dessas empresas,
foi, sem dúvida, a que mais perdeu navios e tripulantes: Foram 21 embarcações
atacadas, das quais 19 foram afundadas.
A Marinha brasileira também sofreu uma baixa, com o afundamento do navio-auxiliar Vital
de Oliveira, o último a ser torpedeado, em 19 de julho de 1944, quando seguia em direção ao Rio de
Janeiro, após escalas no litoral
do Nordeste e
no Espírito
Santo.
Além
do Vital de Oliveira, a Marinha do Brasil perderia, por outros
motivos, mais dois navios na Segunda
Guerra Mundial: A corveta Camaquã,
virada pelo mar grosso, em 21 de julho de 1944, quando morreram 23 tripulantes; e o cruzador Bahia,
que explodiu acidentalmente e afundou, no dia 4 de julho de 1945, matando 333 homens.
Dentre
todos, o Cabedelo e o Shangri-lá foram os
dois casos em que não houve sobreviventes.
Houve
ainda alguns casos controversos, em que não se pôde atribuir com exatidão a
causa do naufrágio por ação inimiga como, por exemplo, o mercante Santa
Clara, desaparecido no Atlântico Norte,
em março de 1941,
e o Cisne
Branco, afundado em circunstâncias
misteriosas, em setembro de 1943, no litoral do Ceará.
Antecedentes
Quando
eclodiu a Segunda
Guerra Mundial, o Governo Brasileiro, rapidamente, declarou-se neutro em relação ao conflito, apesar de
nutrir certa simpatia à ideologia nazi-fascista.
No
contexto de “guerra-total”, os primeiros anos da guerra foram francamente
favoráveis ao Eixo Berlim-Roma-Tóquio. Mesmo com a entrada na guerra, em 1941, dos Estados Unidos e
da União Soviética, a situação dos aliados, até meados de 1942, era extremamente grave, uma vez que a Alemanha e
o Japão encontravam-se
no auge do seu poderio militar e, por conseguinte, tinham alcançado a expansão
máxima de suas conquistas na Europa e na Ásia, respectivamente. Os britânicos corriam
risco sério de serem estrangulados pelo bloqueio submarino de suas ilhas, num
momento que a guerra chegava às portas de Moscou e às da Austrália.
No Brasil, esse sucesso dos países autoritários tendia a
dar força ao grupo de simpatizantes do Eixo nos altos escalões do governo,
como os generais Pedro
Aurélio de Góis Monteiro e Eurico Gaspar Dutra, em detrimento do grupo simpatizante dos americanos,
como o chanceler Oswaldo Aranha.
O próprio Vargas deu
a entender que não ficaria muito triste com uma vitória alemã. Um discurso do
presidente-ditador ficou famoso e causou polêmica. Em 11 de junho de 1940, discursando a bordo do couraçado Minas
Geraes, por ocasião do aniversário
da Batalha de Riachuelo, ele criticou os "liberalismos imprevidentes" das
democracias ocidentais. Oswaldo Aranha teve
de pôr panos quentes na crise que poderia ter surgido com os Estados Unidos.
No
íntimo, Vargas temia
que a entrada do Brasil na guerra, ao lado das democracias ocidentais, abrisse
condições para que os opositores do regime exigissem o fim do Estado Novo e
a realização de eleições diretas para presidente, o que, de certa forma, se
mostrou verdadeiro, a posteriori.
O
Presidente brasileiro usou seus dotes políticos para tentar concessões de ambos
os lados, manobrando habilmente até onde foi possível, porém, depois do ataque a Pearl Harbor, não houve mais clima na América para tolerar um país sul-americano de
tendências políticas pró-Eixo - no caso, o Brasil -, principalmente desfrutando
de uma posição estratégica no Atlântico Sul.
Em
decorrência disso, os Estados Unidos procuraram
arregimentar seus vizinhos latinos, cujo resultado se deu na conferência
realizada no Rio de
Janeiro, em 15 de janeiro de 1942, na qual os chanceleres dos países
latino-americanos deliberaram no sentido de romperem relações com o Eixo.
Alguns países do Caribe e
da América Central já tinham declarado guerra ao lado dos norte-americanos e
outros, cortado relações.
A
ofensiva americana deu bons resultados: Apenas o Chile e a Argentina não cortaram relações com o Eixo. O Brasil rompeu relações diplomáticas e comerciais
com a Alemanha Nazista, o Japão e
a Itália Fascista, no dia 28 daquele
mesmo mês.
A "Cintura do Atlântico"
Tendo
o Canal de Suez bloqueado para suas embarcações e com a necessidade de ir buscar
no Oriente matérias-primas
vitais, tal como a borracha e
o estanho,
que vinham da Malásia,
os alemães e italianos utilizaram o Oceano Atlântico como rota para manter sua indústria armamentista.
Inicialmente
foram seus cruzadores e grandes navios de carga que realizaram a longa viagem
pelo Atlântico e Índico.
Como o risco de perda de embarcações com grande potencial bélico se tornou
elevado devido aos bloqueios realizados pelos aliados, o Eixo passou a utilizar submarinos e os
“furadores de bloqueio”, embarcações armadas e disfarçadas em mercantes,
neutros ou aliados.
Para
tentar frear este afluxo de matéria prima ao inimigo, fortaleceu-se a "Cintura
do Atlântico", denominação dada ao trecho mais estreito entre a América do Sul e
a África,
mais precisamente a linha reta que vai de Natal à Dacar, com uma extensão de 1.700 milhas. A
extremidade brasileira da "Cintura do Atlântico" era o que os aliados
denominavam de "Saliente do Nordeste", a porção
nordestina do território brasileiro mais próxima da África e do teatro de guerra europeu.
Para
que isso ocorresse deveriam ser instaladas bases no Brasil, fato que se iniciou em meados de junho
de 1941,
quando da chegada da Força Tarefa nº 3 e da liberação dos
portos de Recife e Salvadorpara
uso da Marinha americana.
Por
sua vez, o Eixo desejava
interromper o envio de matérias primas para os Estados Unidos e
o envio de suprimentos para a Grã-Bretanha,
iniciando assim o ataque à embarcações mercantes que navegassem pelo Atlântico.
Prelúdio
Em 1941, dois incidentes sinalizavam que a guerra cada
vez mais aproximava-se: em 22 de março,
o navio mercante Taubaté é
atacado pela aviação alemã no Mediterrâneo, ao largo da costa egípcia. No episódio, o Brasil tem seu primeiro morto na guerra, o
conferente José Francisco Fraga. Outros 13 tripulantes ficam feridos.
Em 13 de junho,
um submarino alemão para, a tiros de canhão, o navio mercante Siqueira
Campos, que se encontrava próximo do arquipélago de Cabo Verde,
e só o libera após vistoriá-lo e fotografar documentos de bordo.
É
bem verdade que, desde 1940,
navios brasileiros já tinham sido apreendidos em três ocasiões: (o Siqueira
Campos, em 11 de outubro; o Buarque, em 27 de novembro;
e o Itapé, em 1º de dezembro),
pelos britânicos, sob pretextos diversos, sobretudo por transportarem
mercadorias e/ou passageiros de procedência germânica. Em 18 de janeiro de 1941, o navio mercante francês Mendoza é
capturado em águas da zona de segurança, em frente ao litoral brasileiro, por
um cruzador auxiliar britânico.
Tal incidente fez o governo brasileiro emitir uma nota de protesto junto ao
governo britânico.
Apesar
desses incidentes de menor gravidade, com o rompimento das relações
diplomáticas, e a guerra se alastrando pelos quatro cantos do mundo, os anos
seguintes, mostrar-se-iam os mais funestos na história da marinha
mercante brasileira.
Início das hostilidades
O
rompimento de relações diplomáticas e as bases cedidas aos americanos no Nordeste tornavam o Brasil um país hostil na visão de alemães e
italianos, o que o colocou, segundo as palavras doEmbaixador da Alemanha, Sr. Pruefer, "em estado de guerra
latente" com o Eixo.
A
partir de então, navios brasileiros passam a ser atacados ao largo da costa
americana e no Caribe.
Os primeiros foram o Buarque (um morto) e o Olinda (sem
vítimas), em 15 e 18 de fevereiro de 1942, respectivamente.
O
caso mais emblemático daquele mês, e também o mais trágico, até então, foi o
"desaparecimento" do Cabedelo,
em algum ponto do Oceano Atlântico, a leste do Mar do Caribe,
depois de zarpar dos Estados Unidos,
a 14 de fevereiro, época em que a ofensiva submarina estava no auge na região. Morreram
54 homens e até hoje não se sabe quem afundou o navio. A hipótese mais provável
é que tenha sido o submarino italiano Da Vinci, mas não há provas definitivas. Também foi
considerada a possibilidade de que o Cabedelo tenha
sido torpedeado por outros submarinos italianos: o Torelli ou
o Capellini. A data do afundamento desse navio também é
controversa. Algumas fontes consideram o dia do afundamento como sendo o dia
14, dia em deixou osEstados Unidos. Outras atestam que o navio foi afundado no dia 25 de fevereiro.
Até o final de julho, o Brasil ainda perderia o Arabutã (um morto), o Cairu (53 mortos), o Paranaíba (sete mortos), o Gonçalves
Dias (seis mortos), oAlegrete (sem
vítimas), o Paracuri (não há dados sobre o número de
pessoas a bordo, tampouco se houve baixas), o Pedrinhas (sem vítimas), oTamandaré (quatro mortos), o Barbacena (seis mortos) e o Piave (um
morto). Todos eles foram atacados longe do litoral brasileiro, e, com exceção
doCairu,
o número de vítimas não foi catastrófico.
Muitos
náufragos de navios mercantes nacionais eram interrogados por comandantes e
tripulantes dos submarinos alemães, interessados nas viagens de outras
embarcações e nas cargas levadas para os Estados Unidos.
Os ataques chegam ao Atlântico Sul
Em 18 de maio,
aconteceu o primeiro ataque na bacia do Atlântico Sul,
próximo às águas nacionais, efetuado pelo submarino italiano Barbarigo, do qual foi vítima o Comandante Lira, e que causou duas mortes. O navio, embora torpedeado e canhoneado, não
afundou. O episódio acabou servindo como mais um triunfo diplomático americano.
O
navio viajava de Recife a Nova Orleans quando
foi torpedeado a 180 milhas náuticas do arquipélago de Fernando de Noronha. A tripulação lançou umSOS e
abandonou a embarcação, que foi deixada queimando, depois de ser também
canhoneada pelo barco italiano. O submarino se afastou, achando que sua vítima
logo afundaria. Mas o SOS tinha
sido captado por navios americanos, e, na manhã de 19, o Comandante
Lira foi abordado por marinheiros do cruzador americano USS Omaha, que
apagaram o fogo. Os marinheiros necessários para tocar o navio foram levados de
volta a bordo e o mercante brasileiro foi rebocado pelo pequeno tênder
americanoUSS Thrush, em conjunto com o rebocador da Marinha
brasileira Heitor
Perdigão, até Fortaleza, onde chegaram no dia 25.
Navio Campos afundado pelo submarino alemão U-170,
em 23 de outubro de 1943, no litoral do Estado de São Paulo.
Dois
dias depois de atacar o Comandante Lira, o Barbarigo achou
que tinha afundado um couraçado americano. Na verdade era o cruzador Milwaukeeque
não foi atingido.2
Após
tais episódios, o Barbarigo foi atacado entre o Atol das Rocas e Fernando de Noronha, por um bombardeiro B-25 Mitchell da
recém-criada Força
Aérea Brasileira. O avião pertencia ao
Agrupamento de Aviões de Adaptação, uma unidade de treinamento que a FAB tinha organizado para receber aviões
dos Estados Unidos. A tripulação do B-25 era,
conseqüentemente, americana e brasileira. O comando do avião era do
capitão-aviador Affonso Celso Parreiras Horta, e o outro oficial brasileiro a
bordo era o também capitão-aviador Oswaldo Pamplona Pinto. O piloto americano
que os treinava era o primeiro-tenente Henry B. Schwane, da Força
Aérea do Exército dos EUA.
Essa seria a primeira missão de combate da história da FAB.
Na
mesma ocasião havia três outros submarinos italianos em ação no litoral do
país: o Archimede, o Cappellini e o Bagnolini. O primeiro chegou a atacar a escolta do Comandante
Lira e, apesar de não ter causado danos, o capitão do submarino achou
que tinha afundado um cruzador
pesado, o mais provável é que ele
tenha se confundido com a detonação de uma carga de profundidade do destróier norte-americano Moffett.
A
ação dos aviadores, e a reação do ministro da Aeronáutica,
era o sinal de que mais problemas deveriam vir. Salgado
Filho, o titular da pasta, elogiou
os responsáveis pelos ataques feitos a submarinos no dia 22 de maio,
bem como de dois outros, também não bem sucedidos, em 27 de maio.
Os eventos daquela semana foram noticiados amplamente e o presidente
americano Franklin
Delano Roosevelt parabenizou Getúlio Vargaspelos
ataques. Esse tipo de ação já era esperada para quando a guerra submarina
chegasse ao litoral brasileiro.
O trágico Agosto
Até
julho, o Brasil já
tinha perdido 14 navios (sem contar o Taubaté, metralhado no ano
anterior); porém, o pior ainda estaria por vir à marinha mercante brasileira.
Os torpedeamentos do mês seguinte, obra de apenas um submarino nazista, o U-507, causariam indignação e consternação junto à
opinião pública brasileira, que desembocaria na declaração de guerra contra
o Eixo,
formalizada no fim daquele mês.
No
dia 7 de agosto de 1942, o Comando de Submarinos Alemão emitiu uma
ordem aos submarinos que se encontravam no Atlântico Sul,
dentre eles o U-507,
para que usassem "manobras livres" na costa brasileira. Ou seja:
atacar qualquer navio, exceto argentinos e chilenos, que singrasse as águas brasileiras. O u-boot já tinha a seu crédito o afundamento de
nove navios aliados quando foi mandado para as costas do Nordeste
brasileiro.
Até
então, o país era neutro, porém, naquele mês de agosto, forças consideráveis
dos Estados Unidos já estavam estabelecidas no Nordeste
brasileiro. Some-se a isso, os ataques
aos submarinos italianos no mês de maio, bem como a ordem para colocar canhões
nos navios mercantes, armados já desde maio, sinal de que a
"neutralidade" era extremamente precária.
Assim,
em quatro dias (entre 15 e 19 de agosto), o U-507, navegando junto à costa e comandado pelo
capitão Harro Schacht, então com 35 anos, afundou cinco navios de cabotagem e um outro pequeno barco, entre o litoral
da Bahia e
de Sergipe,
causando 607 mortes, das quais, muitas mulheres e crianças.
Outra imagem do Baependi, palco da maior tragédia brasileira na guerra.
No Baependi,
a primeira vítima, houve 270 mortos, incluindo soldados do Exército que
estavam sendo levados ao nordeste. Salvaram-se apenas 36 pessoas. Foi um alvo
fácil, como também seriam os demais. O navio navegava devagar, a apenas 9 nós
(16,6 km/h) e estava iluminado. O mundo estava em guerra, e o Brasil ainda era neutro, apesar do rompimento das
relações com o Eixo.
Navios neutros devem navegar iluminados e com identificação proeminente da
nacionalidade, como bandeiras de grande dimensão pintadas no casco. Navios
neutros também não devem ziguezaguear para despistar submarinos, e também não
deveriam estar armados.
A
segunda vítima, na mesma noite – 15 de agosto,
foi o Araraquara, de 4.871 toneladas. Saindo de Salvador pela
manhã, se dirigia também rumo norte. Às 21:03 horas dois torpedos atingiam o
navio e o afundaram em cinco minutos. Foi esse o tempo que as pessoas
dispuseram para tentar se salvar, à noite, em um navio, inclinando-se cada vez
mais para um dos lados, sem iluminação e repleto de gente assustada, gritando
sem saber o que fazer. Como o país não estava em guerra, não havia qualquer
tipo de treinamento para emergências, em especial, para o abandono rápido de um
navio. O resultado foi tristemente óbvio, dos 142 a bordo, 131 morreram.
O Aníbal
Benévolo, a terceira vítima do U-507, havia saído de Salvador uma
hora depois do Araraquara e navegava na mesma direção, com
destino a Aracaju.
O U-507 só
foi achá-lo sete horas depois de atacar o Araraquara. O navio não
estava longe de terra - apenas 7 milhas náuticas, quase 13 km. Eram cerca
de 4:00 horas da madrugada do dia 16 quando ele foi atingido por um torpedo na
popa e em seguida por outro que acertou a casa de máquinas. O Aníbal
Benévolo teve 150 mortos, dos quais, todos os 83 passageiros (sendo 16
crianças) mais 67 tripulantes. Apenas 4 homens da tripulação salvaram-se.
No
dia seguinte, 17 de agosto, o U-507 decidira
continuar sua missão mais ao sul. Sua quarta vítima seria o Itagiba,
que estava indo do Rio de Janeiro ao Recife e já estava bem próximo de sua próxima
escala, Salvador.
Pouco antes das 11 horas da manhã, no momento em que a tripulação almoçava, o
navio foi atingido. Foi possível lançar baleeiras ao mar, embora o próprio
comandante, José Ricardo Nunes, tenha ficado por duas horas dentro d’água em
meio aos restos do navio. Tinha a bordo, assim como o Baependi,
um grande número de soldados da mesma unidade azarada que já tinha sofrido
antes - o 7º Grupo de Artilharia de Dorso.
O Arará,
um pequeno cargueiro carregado de sucata e que acabara de sair de Salvador rumo
a Santos,
percebeu o desastre e se aproximou para recolher os náufragos. Com as suas
máquinas paradas no meio do oceano, e parte de seu pessoal nas baleeiras a
procura dos sobreviventes do Itagiba,
foi o alvo mais fácil dos torpedos de Schacht.
Já havia cerca de 18 sobreviventes do Itagiba a bordo quando oArará foi
atingido por um torpedo, cuja esteira no mar chegou a ser vista por gente da
tripulação10 .
O saldo do duplo afundamento foram 36 mortos no Itagiba, todos eles
passageiros civis e militares, mais 20 no Arará, todos tripulantes
(não havia passageiros a bordo).
Navio Araraquara,
afundado no dia 15 de agosto de 1942, pelo submarino alemão U-507,
resultando em 131 mortes.
No
dia 19, o Jacira, uma pequena barcaça de fundo chato, típica do nordeste com 89 toneladas, seria a sexta vítima.
Por volta das duas da tarde, o submarino, na superfície, parou o barco a tiros
de advertência. O Jacira estava indo de Belmonte a Salvador.
Um bote de borracha com um oficial e dois marinheiros partiu do submarino para
vistoriar o barco, como se fosse uma autoridade portuária. Além de uma carga de
cacau, garrafas vazias, piaçaba e um caminhão desmontado, havia um passageiro
clandestino a bordo. Ele, e os cinco homens da tripulação, foram forçados a
abandonar abarcaça e
partir para terra em um bote. Logo após, o pequeno barco foi afundado por
quatro cargas explosivas, pois alvos pequenos não costumavam ser torpedeados,
devido à quantidade limitada de torpedos a bordo de um submarino. Foi o único
ataque naqueles dias em que não houve mortes. No entanto, em terra, o mestre do
navio ainda teve outra decepção: foi punido pela Capitania dos Portos da Bahia,
pelo transporte do passageiro clandestino.
A
grande mortandade ocorrida nesses afundamentos se deve ao tipo de ataque
devastador desfechado pelo comandante Schacht,
ou seja, sem prévio aviso e lançando dois torpedos um após outro, o que levou
aqueles navios ao fundo em questões de minutos, tudo isso sob noite escura e de
um mar revolto. Em retrospecto, pode-se concluir que as ordens dadas a Schacht era
causar o maior número de vítimas fatais.
De
fato, os navios navegavam iluminados e sem suspeitar de nada. Além disso, as
luzes das cidades costeiras facilitavam o submarino captar a silhueta das
embarcações à noite. Foi um exercício de tiro ao alvo. Os relatos dos
sobreviventes indicam que cada um dos três navios foi atingido por dois
torpedos. Fazer um ataque sempre com mais de um torpedo era a tática usual dos
submarinos para ter a garantia do sucesso. Que todos os seis tenham acertado
mostra que Schacht teve tempo de sobra para posicionar seu submarino de modo a
obter o resultado desejado.
No
dias que se seguiram, cadáveres inchados (inclusive de crianças) jaziam nas
praias, trazidos pela maré. As ondas também trouxeram malas com pertences dos
passageiros e pedaços do navio. As fotos do massacre, estampadas nos jornais,
causaram uma enorme comoção nacional.
Reação popular contra o afundamento de navios brasileiros
Em
72 horas, a quantidade de mortos mais que quadruplicou em relação àquelas
ocorridas desde o começo do ano (607 contra 135). Além disso, os outros navios
tinham sido atacados geralmente longe do país; e as suas vítimas, na sua grande
maioria, eram marinheiros. Apenas sete passageiros tinham morrido nos 13
primeiros afundamentos, seis deles no Cairu. Por mais grave que
tenham sido essas mortes, não há como escapar ao fato de que era um risco da
profissão em um mundo em guerra.
Navio Aníbal Benévolo,
que transportava carga e passageiros, afundado na madrugada do dia 16 de agosto
de 1942, pelo submarino alemão U-507, resultando em 150 mortes.
Porém,
as fotos das crianças e mulheres mortas nas praias e os relatos dos
sobreviventes, fizeram com que todos se dessem conta que a guerra, de fato,
havia chegado ao país. "Desafio e ultraje ao Brasil!",
estampava em letras garrafais O Globo do dia 18. As vítimas já alcançavam então
a mais de seis centenas.
O
pânico irrompeu dentre a população, sobretudo para aqueles que necessitassem
viajar de um Estado para outro. Não havia rodovias nem ferrovias que
interligassem as regiões do País, ou que, cruzassem grandes distâncias. A
aviação comercial civil era incipiente e quase não havia aeroportos.
Assim,
para estas pessoas, uma das poucas (e talvez, a das mais baratas) opções
disponíveis era utilizar navios. Era comum navios mercantes transportarem
passageiros, que aproveitavam as escalas para viajar de um ponto a outro do
país. Assim, qualquer família brasileira que estivesse viajando de navio
naquela época corria o risco de ser vítima de um ataque submarino. E para quem
morava no litoral do Nordeste, a guerra não parecia uma realidade tão
distante quanto poderia parecer para os brasileiros de outras regiões.
Aos
poucos, a comoção inicial e o pânico foram dando lugar à indignação geral.
No Rio de
Janeiro, desencadearam-se uma série
de passeatas e comícios populares, onde a população exigia retaliação. No fim
da tarde do dia 18, a população se dirigiu para o Palácio do Itamaraty - sede doMinistério
das Relações Exteriores -
clamando pelo chanceler Oswaldo Aranha,
o qual exclamou ao povo:
|
"A situação criada pela Alemanha,
praticando atos de beligerância, bárbaros e desumanos contra a nossa
navegação pacífica e costeira, impõe uma reação à altura dos processos e
métodos por eles empregados contra oficiais, soldados, mulheres, crianças e
navios do Brasil. Posso
assegurar aos brasileiros que me ouvem, como a todos os brasileiros, que,
compelidos pela brutalidade da agressão, oporemos uma reação que há de servir
de exemplo para os povos agressores e bárbaros, que violentam a civilização e
a vida dos povos pacíficos."
|
—Oswaldo
Aranha
|
A União
Nacional dos Estudantes (UNE)
organizou passeatas nas principais cidades brasileiras, exigindo a entrada
do Brasil na guerra ao lado dos Aliados. Nessas passeatas era comum que alguns
estudantes aparecessem fantasiados de Hitler, com o objetivo de ridicularizar o ditador
nazista. Tais passeatas acabaram recebendo uma grande adesão popular, não só de
estudantes universitários, mas de outros setores da população, os quais também
exigiam a guerra.
Foi o que bastou para forçar o relutante
governo de Getúlio Vargas a
entrar na guerra. Em 22 de agosto,
após uma reunião ministerial, o Brasil declarava "estado de
beligerância" à Alemanha nazista e
à Itália fascista , formalizada através do Decreto-Lei nº
10.508, expedido no dia 31 daquele mês.
Manifestações contra os imigrantes dos países do Eixo
Após
o afundamento dos navios brasileiros e da contabilização de um elevado número
de mortos, ocorreram em várias cidades violentas manifestações populares contra
imigrantes originários dos países do Eixo,
especialmente alemães, japoneses e italianos. Em muitas cidades brasileiras
ocorreram episódios de depredações de estabelecimentos comerciais pertencentes
a imigrantes vindos de países que faziam parte do Eixo - e até tentativas de
linchamento de tais pessoas.
Após
a entrada do Brasil na guerra, muitos desses imigrantes passaram a ser
vigiados pelas autoridades brasileiras como parte dos conflitos envolvendo o
"front interno" da guerra. O Brasil foi palco de intensa
atividade de espionagem durante a guerra, e muitos imigrantes que não falavam português
foram considerados suspeitos de espionagem. Também foi em meio a este processo
que jornais impressos
em língua estrangeira e programas de rádio nas línguas dos países do Eixo foram
proibidos no Brasil.
Foi
nessa época, que o governo brasileiro criou prisões para estrangeiros suspeitos
de atividades antibrasileiras (especialmente alemães, italianos e japoneses),
que serviam ainda para os prisioneiros feitos entre tripulantes de embarcações
alemãs capturadas ou avariadas no litoral brasileiro. A preocupação do governo
brasileiro era claramente ligada ao uso que as potências do Eixo estavam
fazendo dos laços que possuiam com os imigrantes e seus descendentes
brasileiros, na medida em que países como Alemanha, Itália e Japão tentavam
mobilizar e manipular seus emigrantes no exterior à seu favor naguerra. A propaganda de guerra no front interno
chegou a ser tão bem sucedida no caso japonês, que, após o fim do conflito, 80%
dos 200 mil imigrantes japoneses e descendentes que viviam em São Paulo
acreditavam que o Japão havia
vencido a guerra.
Navio da Marinha Brasileira lança cargas de
profundidade contra submarinos alemães no litoral brasileiro (1944).
Embora
exista uma grande polêmica a respeito da arbitrariedade como os imigrantes
foram tratados durante a guerra,
é certo que os imigrantes japoneses, por exemplo, foram melhor tratados no
Brasil do que em outros países aliados, como nos Estados Unidos,
onde os cerca de 120 mil imigrantes japoneses, independentemente de serem
cidadãos americanos, foram enviados para campos de
concentração com condições precárias
de encarceramento. Apesar da prisão de centenas de japoneses no Brasil, nada se
assemelhou à escala e à violência com que foram tratados, por exemplo,
nos EUA na
mesma época. Isto mesmo diante da existência de grupos terroristas como o Shindo Renmei que
atuaram contra o governo brasileiro durante a II Guerra Mundial e que chegaram a executar imigrantes japoneses favoráveis ao
Brasil, ou da intensa atuação de grupos fascistas favoráveis aos países do Eixo.
Controvérsias e propaganda de guerra
Na
época, alguns grupos de imigrantes alemães e italianos no Brasil espalharam
boatos de que submarinos norte-americanos teriam
sido os verdadeiros responsáveis pelos ataques, com a intenção de obrigar
o Brasil a
entrar na guerra. Segundo historiadores , tal ideia não passou de um boato
criado pela propaganda de guerra dos colaboradores do Eixo infiltrados entre a população brasileira,
chamados de "Quinta colunas". Existe farta documentação comprovando que foram mesmo submarinos
alemães os responsáveis pelo torpedeamento da grande maioria dos navios
brasileiros durante a Segunda
Guerra Mundial. As matérias-primas
transportadas pelos mercantes brasileiros eram de vital importância para
os Aliados,
portanto, só interessaria aos países do Eixoatacar esses navios. Além disso, naquela época,
a maior parte da frota dos submarinos norte-americanos não estava no Oceano Atlântico, mas no Pacífico,
torpedeando navios de guerra japoneses. É de se destacar, ainda, que a
marinha dos Estados Unidos investia
mais na construção de Porta-aviões do
que na guerra submarina, uma especialidade da marinha alemã nas
duas guerras mundiais.
Nesse
particular, o Alm. Arthur Oscar Saldanha da Gama, ex-combatente e historiador
naval, verificou nos arquivos do Comando Alemão de Submarinos, naAlemanha, os registros dos afundamentos por seus
submarinos, de navios brasileiros, com respectivos nomes, posição e
circunstâncias, dissipando, assim, qualquer dúvida acerca da autoria dos
ataques.14 .Ao
todo foram registrados 66 ataques da Marinha brasileira a submarinos alemães
no Atlântico Sul, que resultaram em danos ou no afundamento de 18 submarinos no litoral
brasileiro, dos quais nove - o U-128, U-161, U-164, U-199, U-513, U-590, U-591,
U-598 e o U-662 - foram oficialmente registrados pela Marinha Alemã como tendo
sido afundados pela Marinha Brasileira.
Ataques posteriores à declaração de Guerra
Passado
pouco mais de um mês dos afundamentos mais trágicos, e menos de um mês da
declaração de guerra, mais três navios seriam alvo dos U-Boot: o Osório (5
mortos), o Lajes (3 mortos) e oAntonico (16
mortos). Os dois primeiros foram torpedeados, pelo U-514, ao largo
da Ilha de Marajó; o terceiro, afundado um pouco mais ao norte, na altura da Guiana Francesa,
pelo U-516, episódio em que os tripulantes foram metralhados
indefesos quando já se encontravam nas baleeiras. Em decorrência desse ato, no
final da guerra, o Brasil tentou, sem sucesso, a extradição do comandante
do U-516,Capitão-tenente Gerhard Wiebe e do tenente
Markle que efetuou os disparos contra os náufragos, para serem julgados no país
por crimes de guerra.
O Vital de Oliveira, último navio brasileiro - e o único daMarinha de Guerra - a ser afundado na Segunda Guerra Mundial.
O Porto
Alegre foi afundado em 3 de novembro,
na costa índica da África do Sul,
com um morto. O ano terminaria
com o afundamento doApalóide, no dia 22 de novembro,
a oeste das Pequenas Antilhas, causando mais cinco mortes.
O ano de 1943 começou
com uma boa notícia aos brasileiros: o U-507, responsável pelo massacre de agosto do ano
anterior, fora afundado no dia 13 de janeiro,
no Oceano Atlântico, aproximandamente 100 milhas do litoral do Ceará, por cargas de profundidade de um avião Catalina, causando a morte de todos os seus 54
tripulantes.
Porém,
outros navios sucumbiriam aos demais U-Boot que ainda atuavam na costa brasileira. No
dia 18 de fevereiro, foi a vez do Brasilóide, torpedeado pelo U-518, na costa da Bahia. Não houve vítimas fatais nesse afundamento, mas,
no seguinte, dia 2 de março,
a guerra cobraria a vida de 125 pessoas a bordo do Afonso
Pena, afundado pelo submarino
italiano Barbarigo, ao largo de Porto Seguro.
Os ataques dirigiam-se cada vez mais ao sul.
No
mesmo dia da tragédia do Afonso Pena foi criada a Base Aérea de Natal (BANT), no então Campo de Parnamirim , posteriormente conhecido como Trampolim
da Vitória. As atividades da Base Aérea de Natal começariam somente
em 7 de agosto do
mesmo ano.
Em 1º de julho,
foi a vez do Tutoia, torpedeado ao largo de Iguape, litoral sul de São Paulo,
causando a morte de sete pessoas. Depois, em 4 de julho,
seguiu-se o Pelotaslóide (5 mortos), afundado pelo U-590, o qual não teve muito tempo para comemorar o
feito, pois foi afundado por uma aeronave PBY-5
Catalina , próximo ao estuário
do Rio Amazonas, em 9 de julho.
No dia 19,
no litoral de Santa Catarina, um PBM Martin Mariner do esquadrão VP-74 afunda o U-513 que, 18 dias antes afundara o Tutóia.
Na
manhã do dia 31 daquele mês, é afundado o primeiro submarino alemão por brasileiros, o U-199, que, no dia 22, canhoneara o pequeno barco de
pesca Shangri-lá, em que morreram todos seus dez tripulantes. À
noite, porém, o U-185 afundaria
o Bagé, na mesma região do massacre de agosto do ano anterior. O ataque custou
a vida de 28 pessoas.
Em 26 de setembro,
é torpedeado o navio Itapagé,
acarretando a morte de 22 pessoas. Na madrugada do dia seguinte, o Cisne
Branco, um pequeno barco que
auxiliava as forças navais naufraga no litoral do Ceará deixando quatro mortos.
Em 23 de outubro, é a vez do navio Campos (12
mortos). Nessa época, os U-Boot já estavam sofrendo pesadas baixas, não só
nas costas brasileiras, mas também em outros teatros.
Representação artística do navio Itapagé, afundado em 26 de
setembro de 1943.
Com
efeito, além do sistema de comboios, do armamento colocado nos navios
mercantes, foi criada a Força do Atlântico Sul, com sede em Recife, bases de apoio em Natal e Fernando de Noronha, além de outras bases costeiras. Os patrulhamentos aéreos começaram a
ser mais efetivos no final de dezembro de 1942, com grupos aviões americanos e da FAB e a varredura naval foi reforçada com a
presença de embarcações americanas. Estes patrulhamentos aliados à decifração
de códigos permitiu que os resultados fossem rapidamente colhidos.4
No
ano seguinte, o Brasil ainda
sofreria a perda do Vital de
Oliveira, único navio militar afundado
por ação inimiga na guerra. O afundamento, ocorrido em 20 de julho
de 1944,
na costa do Rio de Janeiro, custou a vida de 99 pessoas.
Casos controversos[editar]
Durante
o conflito, outros navios brasileiros também sofreram naufrágios, a maioria por
abalroamento ou encalhe. Porém, outros casos nunca ficaram esclarecidos, como
por exemplo, o desaparecimento do Santa Clara, próximo às Bermudas, em 15 de março de 1941, e o afundamento do Cisne Branco,
em 27 de setembro de 1943.
Por
vezes, credita-se o naufrágio do Cisne Branco ao submarino
alemão U-1611 9 ,
todavia esse submarino, no dia do naufrágio, encontrava-se no litoral de Alagoas – a aproximadamente 750 km de
distância –, o que descarta sua participação naquele evento, embora se mostre
plausível que algum outro submarino pudesse ter atacado aquele barco.
A
justiça brasileira, em 2005,
concedeu a um sobrevivente da embarcação o direito de receber a pensão especial
destinada a ex-combatentes da Segunda Guerra prevista na Constituição
brasileira de 1988, muito embora a decisão
judicial tenha se baseado no fato de que o navio estava envolvido no esforço de
guerra – o barco prestava serviço de abastecimento à Marinha de Guerra - e não
que tenha sido efetivamente torpedeado por ação inimiga. Por isso, os
tripulantes mortos no naufrágio (número que varia entre um e quatro) não
puderam ter seus nomes inscritos no Monumento
aos Mortos da Segunda Guerra Mundial.
Relativamente
ao Santa Clara, sabe que o navio, em viagem de Nova York para o Rio
de Janeiro, teria sofrido uma explosão a bordo, e que sua tripulação o havia
abandonado. No entanto, nada além de alguns destroços do navio foram
encontrados. A tripulação e os barcos salva-vidas nunca foram localizados.17
Em 1º de setembro de
1941, foi editado o Decreto-Lei nº 3.577, o qual dispunha sobre a concessão de
benefícios, por instituições de previdência social, em caso de morte presumida
de seus segurados ou associados. No artigo 11 da referida norma, havia a menção
expressa ao navio: Art. 11. Os benefícios e indenizações de que trata o
presente decreto-lei são extensivos aos tripulantes, ou seus beneficiários, dos
navios Santa Clara, Atalaia e Taubaté, ressalvados os
direitos que lhes possam caber por outros seguros, ou contra os responsáveis
pelos dano causados relativamente aos tripulantes deste último navio.
Também
há menção de afundamento de duas embarcações brasileiras não identificadas:
uma, em 5 de junho de 1942, no Caribe, que teria sido afundada pelo U-159,
juntamente com o veleiro brasileiroParacuri; e a outra, que teria sido
afundada pelo U-507, em 17 de agosto daquele
mesmo ano.1 9 Relativamente
ao primeiro, é provável que a embarcação não identificada se tratasse do
veleiro hondurenhoSally, uma pequena embarcação de
150 toneladas, comprovadamente torpedeada pelo U-159. Já em relação
ao segundo evento, é provável que tenha havido um equívoco, pois, no dia 17 de agosto de 1942, segundos os registros oficiais, o U-507 afundou
dois (e não três) navios: o Itagiba e o Arará,
afundados quase simultaneamente, evento em que o segundo havia parado para
socorrer os náufragos do primeiro. A próxima vítima brasileira do U-507 seria
a pequena barcaça Jacira, afundada dois dias depois. Mostra-se
plausível que o barco não identificado tenha sido um dos que acudiram em
socorro ao torpedeamento duplo, o iate Aragipe e o
saveiro Deus do Mar, os quais não chegaram a ser atacados pelo
u-boat.nota 6
Por
fim, embora não se trate de um caso controverso, há de se mencionar o naufrágio
do cargueiro Sulóide, o qual, em 26 de março de 1943 ao largo do
Cabo Hatteras, se chocou com os restos submersos do navio-tanque
norte-americano W.E. Hutton,19 que
havia sido torpedeado um ano antes pelo submarino U-124.
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