Os incêndios florestais estão "absolutamente" ligados ao
aquecimento global e a ondas de calor cada vez
mais intensas, informou a máxima
autoridade em clima da ONU, em um momento em que a Austrália luta para evitar
um grande incêndio nos arredores de Sydney.
As declarações vieram à tona em um momento de acalorado debate na
Austrália sobre a existência de um vínculo entre o aquecimento global e os
incêndios, uma vez que o premier australiano, Tony Abbott, um cético do clima,
chegou a descrever a ciência que atribui as alterações nas temperaturas do
planeta às atividades humanas como uma "idiotice absoluta".
Consultada em uma entrevista à emissora CNN se existia um vínculo entre
o clima e os incêndios florestais, a secretária executiva da Convenção-quadro
sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês), disse, "sim,
existe totalmente".
Mas, prosseguiu, "a Organização Meteorológica Mundial não
estabeleceu um vínculo direto entre este incêndio e as mudanças climáticas.
Ainda". "Mas o que é absolutamente claro é que a ciência nos diz que
há um aumento de ondas de calor em Ásia, Europa e Austrália, que elas vão se
manter em intensidade e frequência", prosseguiu.
Dados do Serviço de Meteorologia da Austrália mostram que 2013 caminha
para se tornar o ano mais quente do país, superando o recorde anterior de 2005,
segundo o 'think tank' sem fins lucrativos Climate Council.
De acordo com a instituição, o mês passado foi o setembro mais quente já
registrado na Austrália, com temperaturas médias nacionais 2,75°C mais quentes
do que a média de longo prazo.
Tem havido discussões sobre a contribuição das mudanças climáticas para
os incêndios sem controle a oeste de Sydney, que até agora destruíram centenas
de casas e deixaram um homem morto.
Figueres disse que a decisão de Abbott de anular uma taxação sobre
emissões de carbono, projetada para combater as mudanças climáticas terá um
elevado preço político.
"Na verdade, já estamos pagando o preço do carbono", afirmou.
"Estamos pagando o preço com incêndios florestais, estamos pagando o preço
com secas".
Figueres pediu ação para enfrentar as crescentes emissões de gases de
efeito estufa. "Poderíamos, como humanidade, adotar ações vigorosas e
poderíamos ter um cenário muito, muito diferente. Este é o cenário que vale a
pena examinar", acrescentou.
"Temos muito pouco tempo", acrescentou. "O importante é
que nós ainda temos tempo, embora à medida que nós nos atrasarmos, estaremos
fechando a janela para nós mesmos", concluiu.
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