quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A IDADE DE OURO DAS DESCOBERTAS

Veneza: polo de ligação entre o Ocidente e Oriente

Henry Thomas



            Francisco de Almeida seguiu para bordo de seu navio.
- Larguem a velas! - gritou ele para os marinheiros.
- Capitão!
- Pronto, piloto?

O piloto era moreno, de olhos pequenos, lábios finos e nariz chato. As ruas de Veneza estavam cheias de marinheiros iguais a ele. Veneza era o elo entre o Oriente e o Ocidente. Viam-se ali escravos da África, negociantes de especiarias da Arábia, mercadores de seda da China, encantadores de serpentes do Ceilão, dançarinas da Índia, joalheiros da Espanha, comerciantes da França e jogadores e aventureiros de todos os quadrantes da terra.
- Velejamos para Índia.


- Mas, Capitão, não podemos navegar hoje!
- Que quer dizer você com isso: não podemos navegar hoje? Nossa carga para Bombaim já está pronta: peles da Rússia, vinho de Marselha e ricos panos de Lião. E traremos de volta pérolas, ouro e prata. Larguem as velas, digo eu!
- Mas nós não podemos navegar. O capitão da guarda acaba justamente de trazer más notícias.
- Más notícias? Que significa isso?
- Os turcos – disse o piloto – tomaram Constantinopla.
            As mãos de Francisco deixaram-se cair debilmente ao longo de seus flancos. Um navio carregado de vinho, de panos e de peles, uma fortuna lentamente acumulada, uma vida inteira de esperanças, tudo, porém, perdido, agora que os turcos dominavam o Mediterrâneo. Porque isso significava o fim do comércio entre o Oriente e o Ocidente.
            O Capitão deixou seu navio. E com ele partiam XV séculos de prosperidade.
            Isso aconteceu em 1543. As naus que se aventuraram depois disso, no Mediterrâneo, eram capturadas pelos sombrios seguidores de Maomé. Não havia mais vida alguma na Europa, nem dançarinas da Índia, nem encantadores de serpente do Ceilão, nem ruas cheias de cores, nem carnavais, nem espetáculos de Judas e Polichinelo. Veneza, a Joia do Sul, era como uma cidade morta.
            Mas os comerciantes tinham que viver. Deviam procurar novos mares, novos portos, novos caminhos para alcançar a costa, ou a vida pararia!
            Para o negro e misterioso Atlântico arrojavam-se navios de leves mastros – o demônio Atlântico – onde acreditavam os homens que vivia o próprio diabo, que acirrava a fúria das ondas. Polegada a polegada, arrastavam-se os navios... para a América. 


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