Nos
dias de hoje a história do Barão se repete na figura de Eike Batista
Irineo Evangelista de Souza, mais
conhecido pelos títulos de nobreza de Barão e Visconde de Mauá, representou na
história do segundo reinado, importantíssimo papel como homem de excepcional
visão nos setores comercial e industrial do Brasil.
Irineo
Evangelista de Souza nasceu em Arroio Grande, município de Jaguarão-RS, em 28
de dezembro de 1813. Órfão de pai, viajou para o Rio de Janeiro-RJ em companhia
de um tio, capitão da marinha mercante. Aos 11 anos empregou-se como balconista
de uma loja de tecidos. Em 1830 passou a trabalhar na firma importadora de
Ricardo Carruthers, que lhe ensinou inglês, contabilidade e a arte de
comerciar. Aos 23 anos tornou-se gerente e logo depois sócio da firma.
Em
1839, Irineo voltou ao sul para buscar sua mãe, irmã e sobrinha, Maria Joaquina
de Souza Machado, com quem se casou dois anos depois, ela com 15 anos, tiveram
18 filhos dos quais sobreviveram 10.
A viagem
que fez à Inglaterra em busca de recursos, em 1840, convenceu-o de que o Brasil
deveria caminhar para a industrialização. Alguns anos mais tarde, inspirado no
que havia visto, decidiu liquidar seu estabelecimento comercial e comprar uma
fundição localizada na Ponta da Areia, em Niterói, onde funcionava também um
pequeno estaleiro. Justificando essa aquisição, disse: “ A indústria que
manipula o ferro, sendo mãe de todas as outras, me parecia o alicerce da
aspiração”.
Em
1845 Irineo tomou a frente do ousado empreendimento de construir os estaleiros
da Companhia Ponta da Areia, com que iniciou a indústria naval brasileira. Lá
também fabricaram-se os encanamentos destinados aos rios Maracanã e Andaraí
Grande e os lampiões de ferro destinados à iluminação a gás na cidade do Rio de
Janeiro. No estaleiro, durante a administração de Irineo, foram fabricados 72
navios, dos quais muitos tiveram participação ativa nas guerras platinas.
Como
banqueiro iniciou sua atividades em 1851, quando fundou, na cidade do Rio de
Janeiro, o Banco do Brasil. No entanto, ao perceber que a organização fugia dos
objetivos para os quais fora criada, isto é, servir a nação, Irineo recusou o
cargo de diretor e tratou de fundar seu próprio estabelecimento – a Casa Mauá
Mac Gregor & Cia, que começou a operar em 1854 com grande acolhida do
comércio. Nesta época, Irineo era o maior empresário e um dos maiores
financistas do Império.
Em
1852, Irineo negociou com o governo imperial a concessão para a construção da
primeira estrada de ferro do Brasil.
A
inauguração oficial da E.F. Mauá se deu em 30 de abril de 1854. Sua denominação
partiu de D. Pedro II, mas na verdade seu nome oficial era Imperial Companhia
de Navegação a Vapor e Estrada de Ferro Petrópolis. Tinha uma extensão de 14,5
km, e seu trecho inicialmente era compreendido entre a Praia da Estrela e
Fragoso, no Estado do Rio de Janeiro. Em 16 de dezembro de 1856, finalmente a
ponta dos trilhos chegava à Raiz da Serra, ficando assim a ferrovia com 15,19
km.
Em
virtude desse empreendimento, Irineo Evangelista de Souza foi agraciado com o
título nobiliárquico de Barão de Mauá, por ser Mauá o nome do antigo Porto da
Estrela, que ficava ao lado do terminal da ferrovia.
Outros
feitos importantes de Mauá foram: a incorporação da Cia de Navegação e Comércio
do Amazonas, mediante Decreto de 1852, que lhe concedeu o privilégio exclusivo
de 30 anos para explorar a navegação naquele rio; a construção da Estrada de
Ferro Santos – Jundiaí, mais tarde chamada São Paulo Railway. Esta empresa foi
um dos grandes motivos de sua falência, por não ter sido reembolsado na quantia
que havia emprestado.
Em
1872 explorou o serviço de telégrafo entre Brasil e Portugal, recebendo o
título de Visconde de Mauá.
Em
1875, o Visconde tentou junto ao Banco do Brasil um empréstimo para saldar suas
dívidas, porém só conseguiu uma moratória de 3 anos. Começa a enfrentar
dificuldades financeiras e em 1878 decreta falência. Em 1884 consegue a sua
reabilitação comercial, após pagar as dívidas.
Mauá
morrera a 21 de outubro de 1889, aos 75 anos, de diabetes, menos de um mês
antes da queda do Império para cujo desenvolvimento, no terreno dos
transportes, tanto havia trabalhado e sofrido. Seus despojos mortais foram
levados de Petrópolis para o Rio de Janeiro e assim, "na sua última
viagem, num trem da The Rio de Janeiro & Nortern Railway, o corpo do
Visconde de Mauá atravessa, frio e inerte, a estrada de ferro à qual, nos
ardentes dias de entusiasmo industrial, ele dera a vida". Foi enterrado no
cemitério da Ordem Terceira dos Mínimos de São Francisco, no Catumbi.
Apesar
da insuficiência de recursos e incompreensão dos homens, Mauá deixou aos
brasileiros um forte exemplo de determinação, de espírito empreendedor e de
confiança em nosso país.
Casa do Barão de Mauá
No
princípio da Av. Barão do Rio Branco, esquina da Rua Piabanha, bem em frente à
Praça da Confluência está situado o palacete que pertenceu ao Barão de Mauá.
O
terreno pertencia ao colono Felipe Erbis I, natural da Alemanha.
Em
1848, parte de sua propriedade, com testada para o Quarteirão de Nassau (atual
av. Piabanha), foi vendida para Jean Baptiste Binot. A outra parte voltada para
Westphália (atual Av. Rio Branco) foi adquirida em 1852 por Irineo Evangelista
de Souza- futuro Barão de Mauá . De abril deste ano a março de 1854 foi
construída sua casa, usada por ele como residência de verão, desenhada pelo
engenheiro Otto Reimarus e intitulada “residência de Mauá”, a única que mandou
construir, apesar de possuir outros imóveis. Neste período vinha a Petrópolis para
acompanhar a construção da primeira estrada de ferro do Brasil
No
século XIX, em matéria de arquitetura, o Brasil ocupou uma posição de
vanguarda. Arquitetos brasileiros foram chamados para desenhar grandes obras em
outros países
A
vinda da família real de Portugal para o Brasil, no início do mesmo século,
introduziu uma mudança sensível nos usos e costumes da vida da colônia. A vinda
de uma missão composta por pintores, escultores e arquitetos franceses, no ano
de 1816, determinou uma nova alteração nos rumos da arquitetura brasileira. A
partir de então, todas as construções locais deveriam observar rigorosamente os
padrões vigentes na França, considerado o maior centro da civilização
ocidental.
O
estilo neoclássico veio romper a linha contínua da influência portuguesa sobre
a arquitetura colonial, estimulando a melhoria das técnicas de construção e
adoção de materiais adequados aos diversos tipos de obras.
O
palacete de Mauá seguiu o estilo da época. Até hoje conserva suas linhas
neoclássicas, sóbrias, com seus telhados escondidos por beiras de alvenaria,
janelas e portas no mesmo estilo usado na época do II Império. Encrustado em
meio à densa floresta tem à sua volta belo jardim gramado, com algumas espécies
de raras palmeiras e árvores frutíferas. A propriedade é toda murada de
alvenaria e gradís de ferro, vindos do estaleiro do próprio Mauá.
O
prédio acabou sendo empregado no pagamento de parte da dívida dos credores,
quando da falência de Mauá em 1878.
Devido
a estes problemas financeiros, a casa de Petrópolis foi vendida ao Sr. Alberto
de Faria, sogro do pensador católico, Alceu de Amoroso Lima, o Tristão de
Athayde, que passou longas temporadas na residência.
Na
década de 1950/60, Vinícius de Moraes, na ocasião casado com a Sra. Lucinha
Proença, descendente de Alberto de Faria, também veraneou no antigo palacete de
Mauá. Aí compôs “Pobre Menina Rica” em parceria como Carlos Lira, com também
“Apelo”.
As
dependências do palácio são claras, espaçosas, arejadas, com uma linda vista
para a mata, e da sua sala principal, de entrada, descortina-se as montanhas do
Caxambu e Morin, além de se ter uma bela visão da torre da Catedral. Nesse
mesmo salão, encontra-se uma mesa que tem sobre seu tampo uma pintura sobre
porcelana representando Luiz XVI cercado de damas de corte, poltronas e
cadeiras, adquiridas num castelo francês –móveis do século XVIII. A casa sofreu
várias reformas. Seus tetos pintados a óleo se perderam e foram substituídos
por madeiras de lei. Os banheiros tem pias inglesas.
Atualmente
a casa é sede da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Econômico, não
estando aberta a visitação.
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