Salammbô é o título de um romance histórico de Gustave Flaubert,
publicado pela primeira vez em 1862, cujo enredo reconstitui a vida na antiga Cartago.
História
Salammbô
é o nome fictício da filha de Amílcar Barca,
célebre conquistador cartaginês.
Durante as primeiras Guerras Púnicas,
teve este de proceder à contratação de enormes contingentes de soldados mercenários que,
findas as batalhas contra os romanos,
acabaram rebelando-se
e atacando a principal cidade da
colônia africana dos fenícios.
Mâtho cai aos pés de Salammbô, não acreditando
na visita inesperada de sua amada.
Ilustração de V. A. Poirson, 1890.
Ilustração de V. A. Poirson, 1890.
Após
um festim comemorativo feito pelos comerciantes em homenagem às vitórias, um
dos mercenários, chamado Mâtho, apaixona-se pela bela princesa Salammbô,
a filha do general. Consagrada para o culto à deusa Tanit, esta se conserva pura e virginal,
desconhecendo a realidade mundana.
Tem
início a revolta dos mercenários, por não terem recebido as prometidas
recompensas, sendo Mâtho um dos seus principais chefes. Amilcar encontra-se
fora da cidade, que é cercada pelos milicianos. Tomado por sua paixão
desenfreada, Mâtho ocultamente penetra em Cartago, o que resulta no roubo
do Zaïmph - o manto sagrado da deusa - e no qual nenhum mortal
poderia tocar.
O
retorno de Amilcar, marcado pela oposição dos seus conterrâneos, dá início a
uma longa série de batalhas, vitórias e reveses para ambos os contendores.
Corajosamente, Salammbô segue ao acampamento rebelde, a fim de recuperar o
objeto divino, indo diretamente à tenda do chefe revoltoso que, ante a
inusitada realização de seu maior desejo - estar ao lado da amada - desfalece.
A moça, assim, retorna com o manto - para isto tendo que tocá-lo.
Após
intensas lutas, quando tudo parecia perdido para Amilcar, este sai vitorioso, e
Mâtho é capturado. A jovem princesa dele se apaixonara, e sua morte por
lapidação, durante os festejos de suas núpcias com Narr' Havas (outro
mercenário, que desertara para o lado dos cartagineses) leva a moça a também
morrer… fora-lhe fatal tocar no Zaïmph…
Polêmica
Salammbô, por Gaston Bussiere.
Charles-Augustin
Sainte-Beuve, crítico francês, lançou diversas censuras ao livro de Flaubert,
acusando-o de cometer infindáveis imprecisões históricas no seu romance, dentre
as quais: a crucifixão de leões, a descrição do templo de Tanit, o uso de perfumes
por Salammbô - dentre outras - às quais o autor rebateu. Em carta, Saint-Beuve
lhe responde que "Eu disse tudo, V. respondeu, os leitores atentos que
julguem. O que eu aprecio sobretudo, e que todos hão de apreciar, é essa
elevação de espírito e de caráter que fez a V. suportar com toda a naturalidade
as minhas contradições, o que nos obriga a maior estima para consigo".
Já
em relação às acerbas críticas feitas pelo Sr. Frœhner, diretor da Revue
Contemporaine, Flaubert foi mais enfático, chegando a acusá-lo de leviano.
Diversos
outros autores e críticos comentaram largamente esta obra-prima que,
entretanto, não foi tão grandiosa quanto o seu Madame Bovary.
.
Adaptações
Salammbô, por Alfons
Mucha
Salammbô
foi adaptado para diversos outros meios de comunicação, até tornar-se um jogo
de videogame, feito na Alemanha, na década de 1990.
Ópera
Salammbô transformou-se numa ópera pelas mãos do francês Ernest
Reyer e em outra do
compositor russo Modest Mussorgsky. Esta última, de 1863,
nunca foi apresentada, ao passo que a versão de Reyer estreou em 1890.
O
autor contemporâneo Philippe Fénelon compôs uma versão em 3 atos (libreto de
Jean-Yves Masson), que estreou na Ópera da Bastilha, em 1998.
Cinema
Duas
adaptações cinematográficas foram produzidas:
·
Salammbô (1925), filme francês, de Pierre Marodon
com Jeanne de Balzac , Rolla Norman , Victor Vina.
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