sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

DANIEL KEITH LUDVIG E O BRASIL


O milionário megalomâno



Daniel Keith Ludwig (South Haven24 de junho de 1897 - Nova Iorque 27 de agosto de 1992) foi um empresário estadunidense, bilionário, dentre outros motivos conhecido pelo megalômano Projeto Jari,
destinado à produção de celulose a partir de uma fábrica instalada na Amazônia brasileira. Apesar da vida empresarial, mantinha-se longe da imprensa, tendo deixado de dar entrevistas na década de 1950.
Foi dono da maior companhia armadora dos Estados Unidos, e a terceira maior do mundo.
Biografia
Nascido às margens do Lago Michigan, Daniel Ludwig tinha quatro tios capitães navais e um dos marcos do lugar, o Pier Ludwig, foi construído por seu avô. Seu pai Daniel F. Ludwig (1873-1960), apelidado "Lud", e sua mãe Flora Belle Ludwig (1875-1961), separaram-se quando o filho tinha quinze anos.
Ludwig começou a trabalhar ainda criança; aos nove anos de idade vendia pipoca e engraxava sapatos. Comprou, então, um pequeno barco naufragado por 75 dólares, que consertou e alugava por cerca de 150 dólares. Estudou até a oitava série.
Após a separação acompanhou o pai, que se mudara para Port Arthur, no Texas, onde trabalhou com venda de suprimentos para veleiros e barcos a vapor. Voltou para Michigan, entretanto, com intenção de tornar-se um engenheiro naval. Ali passou a trabalhar numa fábrica de motores para navios, onde recebia 20 centavos/hora, e estudava à noite. Seu trabalho foi considerado tão importante para a empresa que esta o enviava para missões na Costa do Pacífico e no Alasca. Aos dezenove anos, entretanto, reconhecendo a própria capacidade, decide largar o emprego e trabalhar por sua conta.
Depois de obter um empréstimo de cinco mil dólares com ajuda paterna comprou um velho navio que adaptou em barcaça para o transporte de melaço e madeira. Como o retorno comercial era demorado, ingressou no transporte de petróleo, com o fretamento de um navio. Em 1926 uma explosão num petroleiro machucou-lhe as costas, provocando anos de dores, o que não o impediu de continuar no transporte marítimo.
Em 1936 tomou um grande empréstimo junto ao Chemical Bank, que usou para aquisição de cargueiros que converteu em navios-tanque, expandindo sua atividade apesar da Grande Depressão. Ao fim da II Guerra Mundial era o quinto maior armador dos Estados Unidos da América.
Nos anos 40 adquiriu um estaleiro da Virgínia, que desenvolvera uma forma de construção naval que substituía o uso de rebites por soldagem; na década seguinte transferiu a atividade para o Japão, onde os salários e condições trabalhistas eram favoráveis. Ali aumentou o tamanho das embarcações construídas, sendo o pioneiro no desenvolvimento dos chamados "superpetroleiros". No auge de sua atividade naval chegou a possuir 60 embarcações de grande porte.
A partir de então diversificou seus empreendimentos, investindo em mais de vinte países e em negócios que iam desde a produção agropecuária, florestal, hotéis, mineração, entre outros. De todos, destacou-se o Projeto Jari, iniciado após 1967, quando adquiriu uma área do tamanho do Connecticut na amazônia brasileira. Em 1982, com a demora em apresentar retorno financeiro, o projeto foi vendido.
Daniel Ludwig foi casado por nove anos com Gladys Madeline Ludwig, de quem se separou em 1937. Durante este relacionamento nasceu Patricia, que o magnata não reconheceu como filha. Naquele mesmo ano casou-se pela segunda vez, com Gertrude Virgínia Ludwig, que o sobreviveu.
No verão de 1990 uma doença cardíaca o deixou incapacitado, até provocar a insuficiência que o matou, no apartamento em Manhattan.
Empresas e benemerência
No início da década de 1970 Ludwig doou grande parte de seus ativos para o "Ludwig Institute for Cancer Research", localizado em Zurique e os rendimentos dos seus bens que haviam sido vendidos iriam para o Instituto dedicado à pesquisa do câncer.
Avesso a declarações, o valor de sua fortuna era difícil de ser calculada. Em 1991 a Forbes estimou seu patrimônio em 1,2 bilhão de dólares mas, no ano seguinte e quando faleceu, não figurava na lista daFortune que, em 1976, o colocara junto a John D. MacArthur como os únicos estadunidenses bilionários.
Sua principal base de negócios, sediada em Nova Iorque, era a empresa National Bulk Carriers Inc. que declarava possuir vinte mil funcionários e vários bilhões de dólares em ativos. Em 1990, entretanto, a participação da empresa nas operações havia diminuído.
Politicamente era conservador, ligado aos ex-presidentes Richard Nixon e Ronald Reagan.
Seus empreendimentos incluíram a "United Pocahontas Coal Company", da Virgínia Ocidental, de produção carbonífera; minas na Austrália (metade de uma mina de carvão foi vendida à British Petroleum por duzentos milhões de dólares, em 1976); participação numa companhia australiana de seguros e um banco, o European-American Securities Inc.
Aventura brasileira
Foto aérea da fábrica de celulose.
O projeto Jari é o nome de uma fábrica existente às margens do Rio Jari, para a produção de celulose e outros produtos, que teve início em 1967.
O projeto foi idealizado pelo bilionário norte-americano Daniel Keith Ludwig e seu sócio Joaquim Nunes Almeida. Ele mandou construir uma fábrica de celulose no Japão, na cidade de Kobe, usando tecnologia finlandesa da cidade de Tampere, foram construídas duas plataformas flutuantes com uma unidade para a produção de celulose e outra para a produção de energia rebocando toda essa parafernália para as margens do Jari, na Amazônia. A unidade de energia produzia 55 megawatts e era alimentada por óleo BPF a base de petróleo, com opção para consumo de cavacos de madeira.

Histórico

Ludwig adquiriu em 1967, na fronteira entre os estados do Pará e Amapá (então Território Federal) uma área de terra de tamanho pouco menor que a do estado de Sergipe ou equivalente ao estado norte-americano do Connecticut, para a instalação do seu projeto agropecuário. Ao longo do programa de instalação, enfrentou as desconfianças das autoridades da Ditadura, e também dos integrantes das chamadas esquerdas, que temiam pela soberania brasileira sobre a área inabitada de florestas onde o Jari seria instalado. A "ameaça" rendeu, em 1979, a criação de uma CPI para "apurar a devastação da floresta amazônica e suas implicações" Entretanto, o relatório da Comissão não faz qualquer alusão direta a este projeto.
A área adquirida por Ludwig fez com que fosse provavelmente o maior proprietário individual de terras no Ocidente. A grandiosidade do Jari acentuava-se por ser a região totalmente desprovida de qualquerinfraestrutura; foi necessária a construção de portos, ferrovia e nove mil quilômetros de estradas. Ali Ludwig planejava instalar um projeto de reflorestamento com árvores de crescimento rápido (gmelina), antevendo o aumento da necessidade mundial por celulose. Além disto, pretendia estender as atividades para a mineração, pecuária e agricultura, atraindo críticas de ambientalistas.
Uma usina termelétrica e a própria fábrica de celulose foram rebocadas do Japãosobre monumentais balsas, num percurso de 25 mil quilômetros, que durou 53 dias a ser concluído. Além das instalações, todo o projeto ocupava uma área de 16 mil km², a construção de uma cidade para a moradia dos trabalhadores, além de hospital e escolas na sede, chamada Monte Dourado. A fábrica e implementos custaram em torno de 200 milhões de dólares. Em 1982, ano de sua venda, a população do Jari alcançou a marca de trinta mil habitantes.
Neste ano, sem apresentar resultados, Ludwig abandonou o projeto. As negociações envolveram o homem forte do regime militar, general Golbery do Couto e Silva, e cogitou-se na venda para o Banco do Brasil, para um pool de empresas e para o empresário Augusto de Azevedo Antunes. Até o começo dos anos 1980 Ludwig declarava haver gasto no Jari 863 milhões de dólares, atualizados em 1981 para 1,15 bilhão.
No ano 2000 passou a ser controlado pelo Grupo Orsa, de modo que a Jari Celulose não somente tornou-se economicamente viável, como também mostrou-se sustentável, recebendo certificação em 2004 pelo Forest Stewardship Council.
Fonte: Wikipédia



2 comentários:

  1. Acabo de colocar no YouTube uma breve Linha de Tempo para Daniel Keith Ludwig (1897-1992); fundador dos Centros de Pesquisa Ludwig Cancer; ‘Father of the supertanker’; o homem mais rico do mundo n 1978-1982; e pioneiro no seu investimento na Amazônia Brasileira (1967-198). Agradeceria muito qualquer ajuda para divulgar este relato. https://www.youtube.com/watch?v=JlYCYLyxFFU&t=45s

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  2. A história do Projeto Jair está embutida dentro do meu livro (em inglês): ‘Capitalism in the Epic Sense: Daniel Ludwig’s adventure in the Brazilian Amazon’. [2023] https://www.amazon.com.br/dp/B0C2JQDR34 Amazon Brasil: R$24,64

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