Daniel
Keith Ludwig (South Haven, 24 de junho de 1897 - Nova Iorque 27 de agosto de 1992) foi um empresário estadunidense, bilionário, dentre outros motivos conhecido
pelo megalômano Projeto Jari,
destinado à produção de celulose a partir de uma fábrica instalada na Amazônia brasileira. Apesar da vida empresarial, mantinha-se longe
da imprensa, tendo deixado de dar entrevistas na década de 1950.
Foi
dono da maior companhia armadora dos Estados Unidos, e a terceira maior do
mundo.
Biografia
Nascido
às margens do Lago Michigan, Daniel Ludwig tinha quatro tios capitães navais e um dos marcos do lugar, o Pier Ludwig, foi construído por seu
avô. Seu pai Daniel F. Ludwig (1873-1960), apelidado "Lud",
e sua mãe Flora Belle Ludwig (1875-1961), separaram-se quando o filho tinha
quinze anos.
Ludwig
começou a trabalhar ainda criança; aos nove anos de idade vendia pipoca e engraxava sapatos. Comprou, então, um
pequeno barco naufragado por 75 dólares, que consertou e alugava por cerca de
150 dólares. Estudou até a oitava série.
Após
a separação acompanhou o pai, que se mudara para Port Arthur,
no Texas,
onde trabalhou com venda de suprimentos para veleiros e barcos a vapor.
Voltou para Michigan,
entretanto, com intenção de tornar-se um engenheiro naval.
Ali passou a trabalhar numa fábrica de motores para navios, onde recebia 20
centavos/hora, e estudava à noite. Seu trabalho foi considerado tão
importante para a empresa que esta o enviava para missões na Costa do Pacífico
e no Alasca.
Aos dezenove anos, entretanto, reconhecendo a própria capacidade, decide largar
o emprego e trabalhar por sua conta.
Depois
de obter um empréstimo de cinco mil dólares com ajuda paterna comprou um velho
navio que adaptou em barcaça para o transporte de melaço e madeira. Como o retorno comercial era demorado,
ingressou no transporte de petróleo, com o fretamento de um navio. Em 1926 uma explosão num petroleiro machucou-lhe as costas, provocando anos de
dores, o que não o impediu de continuar no transporte marítimo.
Em 1936 tomou um grande empréstimo junto ao Chemical Bank,
que usou para aquisição de cargueiros que
converteu em navios-tanque, expandindo sua atividade apesar da Grande Depressão. Ao fim da II Guerra Mundial era o quinto maior armador dos Estados
Unidos da América.
Nos anos 40 adquiriu
um estaleiro da Virgínia, que desenvolvera uma forma de construção naval que substituía o uso de rebites por soldagem; na década seguinte
transferiu a atividade para o Japão, onde os salários e condições trabalhistas eram
favoráveis. Ali aumentou o tamanho das embarcações construídas, sendo o
pioneiro no desenvolvimento dos chamados "superpetroleiros". No auge de sua atividade naval chegou a
possuir 60 embarcações de grande porte.
A
partir de então diversificou seus empreendimentos, investindo em mais de vinte
países e em negócios que iam desde a produção agropecuária, florestal, hotéis,
mineração, entre outros. De todos, destacou-se o Projeto Jari,
iniciado após 1967,
quando adquiriu uma área do tamanho do Connecticut na
amazônia brasileira. Em 1982,
com a demora em apresentar retorno financeiro, o projeto foi vendido.
Daniel
Ludwig foi casado por nove anos com Gladys Madeline Ludwig, de quem se separou
em 1937.
Durante este relacionamento nasceu Patricia, que o magnata não reconheceu como
filha. Naquele mesmo ano casou-se pela segunda vez, com Gertrude Virgínia
Ludwig, que o sobreviveu.
No
verão de 1990 uma
doença cardíaca o deixou incapacitado, até provocar a insuficiência que o
matou, no apartamento em Manhattan.
Empresas e benemerência
No
início da década de 1970 Ludwig doou grande parte de seus ativos para o "Ludwig
Institute for Cancer Research", localizado em Zurique e os rendimentos dos seus bens que haviam
sido vendidos iriam para o Instituto dedicado à pesquisa do câncer.
Avesso
a declarações, o valor de sua fortuna era difícil de ser calculada. Em 1991 a Forbes estimou seu patrimônio em 1,2 bilhão de
dólares mas, no ano seguinte e quando faleceu, não figurava na lista daFortune que, em 1976, o colocara junto a John D. MacArthur como os
únicos estadunidenses bilionários.
Sua
principal base de negócios, sediada em Nova Iorque, era a empresa National Bulk
Carriers Inc. que declarava possuir vinte mil funcionários e vários bilhões de
dólares em ativos. Em 1990, entretanto, a participação da empresa nas operações
havia diminuído.
Politicamente
era conservador, ligado aos ex-presidentes Richard Nixon e Ronald Reagan.
Seus
empreendimentos incluíram a "United Pocahontas Coal Company",
da Virgínia Ocidental, de produção carbonífera; minas na Austrália (metade
de uma mina de carvão foi vendida à British Petroleum por duzentos milhões de dólares, em 1976); participação numa companhia australiana de
seguros e um banco, o European-American Securities Inc.
Aventura brasileira
Foto aérea da fábrica de celulose.
O projeto Jari é o nome de uma fábrica existente às margens do Rio Jari, para a produção de celulose e outros
produtos, que teve início em 1967.
O projeto foi idealizado pelo bilionário
norte-americano Daniel Keith Ludwig e seu sócio Joaquim Nunes Almeida. Ele
mandou construir uma fábrica de celulose no Japão, na
cidade de Kobe, usando tecnologia finlandesa da cidade de Tampere, foram construídas duas plataformas
flutuantes com uma unidade para a produção de celulose e outra para a produção
de energia rebocando toda essa parafernália para as margens do Jari, na
Amazônia. A unidade de energia produzia 55 megawatts e era alimentada por óleo BPF a base de petróleo, com
opção para consumo de cavacos de madeira.
Histórico
Ludwig adquiriu em 1967, na fronteira entre os estados do Pará e Amapá (então Território Federal) uma área de terra
de tamanho pouco menor que a do estado de Sergipe ou equivalente ao estado norte-americano do Connecticut, para
a instalação do seu projeto agropecuário. Ao longo do programa de instalação,
enfrentou as desconfianças das autoridades da Ditadura, e também dos integrantes das chamadas esquerdas, que temiam pela soberania brasileira sobre a área inabitada de
florestas onde o Jari seria instalado. A
"ameaça" rendeu, em 1979, a criação de uma CPI para "apurar a devastação da floresta
amazônica e suas implicações" Entretanto,
o relatório da Comissão não faz qualquer alusão direta a este projeto.
A área adquirida por Ludwig fez com que fosse
provavelmente o maior proprietário individual de terras no Ocidente. A
grandiosidade do Jari acentuava-se por ser a região totalmente desprovida de
qualquerinfraestrutura; foi necessária a construção de portos, ferrovia e nove mil quilômetros de
estradas. Ali Ludwig planejava
instalar um projeto de reflorestamento com árvores de crescimento rápido (gmelina),
antevendo o aumento da necessidade mundial por celulose. Além disto, pretendia
estender as atividades para a mineração, pecuária e agricultura, atraindo críticas
de ambientalistas.
Uma usina termelétrica e a própria fábrica de
celulose foram rebocadas do Japãosobre monumentais balsas, num percurso de 25
mil quilômetros, que durou 53 dias a ser concluído. Além das instalações, todo
o projeto ocupava uma área de 16 mil km², a construção de uma cidade para a
moradia dos trabalhadores, além de hospital e escolas na sede, chamada Monte Dourado. A fábrica e implementos custaram em
torno de 200 milhões de dólares. Em 1982, ano de sua venda, a população do Jari
alcançou a marca de trinta mil habitantes.
Neste ano, sem apresentar resultados, Ludwig
abandonou o projeto. As
negociações envolveram o homem forte do regime militar, general Golbery do Couto e Silva, e cogitou-se na venda para o Banco do Brasil, para um pool de empresas e para o
empresário Augusto de Azevedo Antunes. Até o começo dos anos 1980 Ludwig declarava
haver gasto no Jari 863 milhões de dólares, atualizados em 1981 para 1,15
bilhão.
No ano 2000 passou a ser controlado pelo Grupo Orsa, de modo que a Jari Celulose não somente tornou-se economicamente viável,
como também mostrou-se sustentável, recebendo certificação em 2004 pelo Forest Stewardship Council.
Fonte: Wikipédia
Acabo de colocar no YouTube uma breve Linha de Tempo para Daniel Keith Ludwig (1897-1992); fundador dos Centros de Pesquisa Ludwig Cancer; ‘Father of the supertanker’; o homem mais rico do mundo n 1978-1982; e pioneiro no seu investimento na Amazônia Brasileira (1967-198). Agradeceria muito qualquer ajuda para divulgar este relato. https://www.youtube.com/watch?v=JlYCYLyxFFU&t=45s
ResponderExcluirA história do Projeto Jair está embutida dentro do meu livro (em inglês): ‘Capitalism in the Epic Sense: Daniel Ludwig’s adventure in the Brazilian Amazon’. [2023] https://www.amazon.com.br/dp/B0C2JQDR34 Amazon Brasil: R$24,64
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