O centenário de Dorival Caymmi e os 40 anos dos
blocos afro são os temas que a cantora Daniela Mercury vai apresentar no
Carnaval de Salvador 2014, nos quatro dias em que desfilará no Circuito Dodô
(Barra/Ondina). Esta é uma das novidades da
rainha do axé este ano, que terá os figurinos para a folia assinados pelo
artista plástico mineiro radicado na Bahia, Iuri Sarmento, e a nova música de
trabalho “Três Vozes”, lançada no Pôr do Som, dentro da programação do
Réveillon Salvador 2014 promovido pela Prefeitura na região do Comércio.
Os desfiles serão a bordo do Triatro, trio elétrico
de três andares que, desde 2007, tem a proposta de ser um teatro ambulante. No
sábado (1º de março), acontece a homenagem a Caymmi, dia em que o veículo sairá
sem cordas. No repertório estarão canções preferidas
de Daniela, como “João Valentão” e “Dora”, além das tradicionais “Samba da
Minha Terra” e “Suíte do Pescador”, dentre outras pérolas do cantor e
compositor baiano, falecido em 2008.
E a música calma de Caymmi combina com Carnaval?
“Caymmi é como uma identidade da Bahia, ele que foi um verdadeiro cronista de
Salvador e descreveu tão bem em versos cada pedaço daqui. Vai ser bom porque as
pessoas vão poder parar um pouco a agitação e
apreciar a poesia de Caymmi. E música calma também faz parte do repertório,
serve para as pessoas relaxarem um pouquinho, né?”, afirma, rindo.
Ela lembra também que, por pouco, o cantor e
compositor não foi homenageado da folia momesca na capital baiana ainda em
vida. “Foi pouco antes de ele falecer. Convidei Caymmi
para vir aqui em casa e falei: ‘quero sugerir seu nome como tema do Carnaval do
próximo ano’. Mas infelizmente ele declinou, dizendo que a saúde já não
permitia que ele participasse da festa. Se ele tivesse dado o ok, teria dado
andamento ao processo junto à Prefeitura”, revelou.
Blocos afro
Nos outros
três dias de desfile (2 a 4), desta vez no comando do bloco Crocodilo, será a
vez da homenagem aos blocos afro. Como carro-chefe, a música “Três Vozes”, que
tem versos como “Ilê, te amo/ Olodum, te amo/ O seu som é sua cor/ Didá, te
amo, Neguinho, te amo/ (...) Porque todos somos um”.
“São 40
anos de Ilê, 35 anos do Olodum, então é um ano cheio de homenagens”, ressalta,
lembrando que se considera “a branquinha mais neguinha da Bahia” e que ritmos
como o samba-reggae, criado pelo músico fundador do Olodum e Didá e falecido em
2009, Neguinho do Samba, ajudaram a impulsionar a própria carreira no Brasil e
no mundo, após o estrondoso sucesso da canção e disco “O Canto da Cidade”, de
1992.
Para
Daniela, as mudanças anunciadas pela Prefeitura para a folia este ano vão
ajudar a melhorar a festa. A cantora revela uma grande expectativa sobre como
vai ficar a obra de requalificação da orla na Barra, incluindo a Avenida
Oceânica, por onde passam os trios. Já no Circuito Osmar, que passou por uma
profunda mudança na geografia da festa, o carinho é todo especial.
“Foi lá que
comecei no Carnaval, puxando tanto os trios que saíam do Campo Grande, quanto
os que saíam da Rua Chile. Acho válida essa mudança de iniciar as apresentações
no antigo Hotel da Bahia pois, na verdade, nós artistas já tínhamos o costume
de passar por ali tocando, mas não com a mesma ênfase. Essa ação vai valorizar
muito o Campo Grande e também a Praça Castro Alves, onde será o final do
desfile e que é um local tão emblemático, onde já foi palco do encontro de
trios”, relembrou. E Daniela vai estar de volta no Circuito Osmar?
“Infelizmente, não este ano. Quem sabe no próximo?”, finalizou.
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