quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

DANIELA MERCURY HOMENAGEIA CAYMMI E OS BLOSAFRO NO CARNAVAL DE SALVADOR

Carnaval baiano de 2014


O centenário de Dorival Caymmi e os 40 anos dos blocos afro são os temas que a cantora Daniela Mercury vai apresentar no Carnaval de Salvador 2014, nos quatro dias em que desfilará no Circuito Dodô
(Barra/Ondina). Esta é uma das novidades da rainha do axé este ano, que terá os figurinos para a folia assinados pelo artista plástico mineiro radicado na Bahia, Iuri Sarmento, e a nova música de trabalho “Três Vozes”, lançada no Pôr do Som, dentro da programação do Réveillon Salvador 2014 promovido pela Prefeitura na região do Comércio.
Os desfiles serão a bordo do Triatro, trio elétrico de três andares que, desde 2007, tem a proposta de ser um teatro ambulante. No sábado (1º de março), acontece a homenagem a Caymmi, dia em que o veículo sairá sem cordas. No repertório estarão canções preferidas de Daniela, como “João Valentão” e “Dora”, além das tradicionais “Samba da Minha Terra” e “Suíte do Pescador”, dentre outras pérolas do cantor e compositor baiano, falecido em 2008.




E a música calma de Caymmi combina com Carnaval? “Caymmi é como uma identidade da Bahia, ele que foi um verdadeiro cronista de Salvador e descreveu tão bem em versos cada pedaço daqui. Vai ser bom porque as pessoas vão poder parar um pouco a agitação e apreciar a poesia de Caymmi. E música calma também faz parte do repertório, serve para as pessoas relaxarem um pouquinho, né?”, afirma, rindo.
Ela lembra também que, por pouco, o cantor e compositor não foi homenageado da folia momesca na capital baiana ainda em vida. “Foi pouco antes de ele falecer. Convidei Caymmi para vir aqui em casa e falei: ‘quero sugerir seu nome como tema do Carnaval do próximo ano’. Mas infelizmente ele declinou, dizendo que a saúde já não permitia que ele participasse da festa. Se ele tivesse dado o ok, teria dado andamento ao processo junto à Prefeitura”, revelou.

Blocos afro
Nos outros três dias de desfile (2 a 4), desta vez no comando do bloco Crocodilo, será a vez da homenagem aos blocos afro. Como carro-chefe, a música “Três Vozes”, que tem versos como “Ilê, te amo/ Olodum, te amo/ O seu som é sua cor/ Didá, te amo, Neguinho, te amo/ (...) Porque todos somos um”.
“São 40 anos de Ilê, 35 anos do Olodum, então é um ano cheio de homenagens”, ressalta, lembrando que se considera “a branquinha mais neguinha da Bahia” e que ritmos como o samba-reggae, criado pelo músico fundador do Olodum e Didá e falecido em 2009, Neguinho do Samba, ajudaram a impulsionar a própria carreira no Brasil e no mundo, após o estrondoso sucesso da canção e disco “O Canto da Cidade”, de 1992.
Para Daniela, as mudanças anunciadas pela Prefeitura para a folia este ano vão ajudar a melhorar a festa. A cantora revela uma grande expectativa sobre como vai ficar a obra de requalificação da orla na Barra, incluindo a Avenida Oceânica, por onde passam os trios. Já no Circuito Osmar, que passou por uma profunda mudança na geografia da festa, o carinho é todo especial.
“Foi lá que comecei no Carnaval, puxando tanto os trios que saíam do Campo Grande, quanto os que saíam da Rua Chile. Acho válida essa mudança de iniciar as apresentações no antigo Hotel da Bahia pois, na verdade, nós artistas já tínhamos o costume de passar por ali tocando, mas não com a mesma ênfase. Essa ação vai valorizar muito o Campo Grande e também a Praça Castro Alves, onde será o final do desfile e que é um local tão emblemático, onde já foi palco do encontro de trios”, relembrou. E Daniela vai estar de volta no Circuito Osmar? “Infelizmente, não este ano. Quem sabe no próximo?”, finalizou.


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