Adonias Filho
A liberdade,
no centro de todos os graves problemas do mundo, se associa de tal modo ao que
somos que é a única a nos marcar como homens. Não vale justificá-la para nos
definir. Tudo que importa é lembrar: ela
estabeleceu o encontro e,
estabelecendo-o pelas aproximações literárias, como que armou na praça
acadêmica um reduto um reduto de fermentação revolucionária. Os escritores que
nela acreditam, é que escritores souberam ser. Acreditaram na liberdade – sem a
qual já não é a pessoa – e, porque a exerciam para defendê-la, reafirmaram seu
estranho poder da palavra. Documentaram-na, na oratória e na poesia, a palavra
a serviço da criatura humana, de seus direitos inatos, protegida contra a
opressão. Essa palavra, convidando-o ao diálogo ou provocando o debate, estabelecendo a dialética ou
impondo a catequese, se dispõe de projeção histórica, foi precisamente porque
correspondeu à ação no sentido de um veículo que interferiu para a reforma e a
mudança. A crença da palavra, na tribuna ou no livro, sempre a base interior de
todas as revoluções intelectuais, explica o nosso encontro.
Há, na
liberdade, no fundo mais fundo dos seus componentes, o espaço metafísico que,
da inquirição socrática à sondagem dostoievskiana, associa sua presença ao
próprio destino dos homens. Os conflitos maiores e as crises profundas,
enraizadas em nós mesmos, provam que a ela pertencem as soluções. O processo
social, em efervescência imediata, demonstra que a história se configura em sua
busca.
Motivação da
vida histórica – no plano individual ou coletivo – sua defesa, essa defesa da
liberdade foi confiada à inteligência. E, como exemplo dessa aliança, que direi
orgânica, entre o intelectual e a liberdade, temos em liberdade em gerações a coerência
da mesma mensagem.
JOÃO DO RIO
João Paulo Emílio
Cristóvão dos Santos Coelho Barreto
No dia 23 de
junho de 1921, transitando de taxi pelo bairro do Catete (RJ), morre, as 40
anos, o escritor João do Rio (pseudônimo de Paulo Barreto), vítima de um
derrame cerebral. Na oportunidade, o Rio de Janeiro perdeu seu maior cronista
mundano, cujas crônicas e contos têm ilustrado as páginas deste Blog.
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