segunda-feira, 7 de julho de 2014

LÁ NO PELÔ

Por Conrado Matos*

Às vezes, fico pensando sobre a postura de certa gente.
Durante a presença de muitos turistas em Salvador, por causa do evento da Copa do Mundo, os comerciantes do Pelourinho têm aproveitado o grande momento para vender os seus produtos, da fitinha do Senhor do Bonfim até a uma obra de arte. Mas, pelo o que sabemos por reportagens de jornais é que, por lá, pelo Pelô alguns turistas tem se chateado pela forma que são abordados por alguns comerciantes, que querem fazer de tudo para vender de todo jeito o seu produto, fazendo com que o cliente compre forçadamente as suas mercadorias. Isso é demais!
Precisamos aprender bons modos, e a vender bem a nossa imagem. Lembrem que nós baianos temos muitos valores. Temos uma boa música, uma boa literatura, bons jogadores de futebol, bons atores de cinema e novelas, e uma boa culinária, que é respeitada no mundo inteiro. Portanto, devemos nos impor e nos valorizar mais. Acho que não devemos agir como urubus em cima da carniça, querendo vender um produto a todo custo, forçado, e perturbando a paciência do turista, que, por sinal, tem diminuído muito na Bahia.
No passado, pelo lado do Sul e Sudeste do país, qualquer coisa feia praticada por algum nordestino, logo diziam: isso é coisa de baiano. Porém, esses rótulos têm diminuído muito, até porque, convenhamos que a nossa música, é considerada uma das melhores do país, e o pessoal do sul, sem falar de alguns países, têm admirado nossa arte, nossos artistas, como Carlinhos Brown, e outros. Assim como, a nossa comida típica, no caso do abará e o acarajé. Sendo assim, precisamos ter bons modos. E repito, temos que nos valorizar, e não ficar por aí agindo com falta de educação. A educação vem de berço, e aporrinhar a vida das pessoas não é lá boa coisa. Corrijam logo isso, porque quem perde, são vocês. Aprendam boas maneiras de tratar os seus clientes, e deixem de ser oferecidos demais. Gosto daquele velho ditado que meu avô me falava: “Mulher oferecida, meu filho, desconfie dela”. É mesmo que político em cima de palanque, que promete muito, oferece demais, e nada faz. Assim, venda seu peixe, mas não incomode o turista.
O tipo da venda forçada pode não ser uma boa para um cliente, este pode se arrepender mais tarde, ficar zangado e achando que fez um mau negócio. O certo é deixá-lo livre para tomar decisões e fazer escolhas. Não se preocupe porque quando o cliente quer mesmo um produto, ele vem atrás.
Tem vendedor que é ansioso demais, não tem paz e não deixa o cliente em paz. Se, o cliente diz que não quer agora, não adianta insistir, porque isso o chateia e o aborrece. O certo é o vendedor partir para outro cliente, ao invés de ficar cansando a mente ou o juízo do mesmo cliente. Não tem este que aguente tanta inconveniência de vendedor. Já bastam os que ficam o tempo inteiro ligando para os nossos celulares.
Eu sei que vender não é coisa fácil, e não é pra todo mundo. E, além do mais, em meio a tanta gente desempregada e vivendo na informalidade, tendo que lutar para vender uma fitinha do Senhor do Bonfim, pra poder levar o pão para casa.
A arte de vender e conquistar clientes são para poucos. Quem acha que não tem talento para vender, mude de profissão. Vá trabalhar com outra coisa qualquer, mas, que tenha paixão e respeito pelo o que faz. Ou, se quer ser um vendedor, procure tomar treinamento de mercado, de como fazer bons negócios, utilizando técnicas de vendas que sejam eficazes no fechamento de uma venda.
Só sei que essa postura inadequada de alguns comerciantes do Pelourinho, de afugentar o cliente para vender seu produto na marra, não dá certo pra ninguém. O que pode acontecer, é o turista não voltar nunca mais, e quem vai perder com tudo isso, somos nós e a Bahia.
Lembrem que o baiano tem uma boa fama de ser acolhedor, hospitaleiro, que divide o pão com seu vizinho, e que são pessoas alegres. Não vamos agora fazer o papel de sofistas de meia tigela. Acho que, órgãos ligados a essa área de turismos, devem se preocupar em preparar alguns desses profissionais que negociam aí pelo Pelourinho.
*Conrado Matos é Psicanalista, Licenciado em Filosofia e Bacharel em Teologia. Pós-graduado em Teoria Psicanalítica. e-mail: psicanáliseconrado@hotmail.com

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