Mitologia
egípcia
Deusa egípcia
Ísis (em
egípcio: Auset) foi uma deusa da mitologia egípcia, cuja adoração se estendeu por todas as partes do
mundo greco-romano. Foi cultuada como modelo da mãe e da esposa
ideais, protetora da natureza e
da magia. Era a
amiga dos escravos, pescadores, artesãos,
oprimidos, assim como a que escutava as preces dos opulentos, das donzelas,
aristocratas e governantes. Ísis é a deusa da maternidade e da fertilidade.
Os primeiros
registros escritos acerca de sua adoração surgem pouco depois de 2500 A.C., durante
a V dinastia egípcia. A deusa Ísis, mãe de Hórus, foi a
primeira filha de Geb, o deus
da Terra, e
de Nut, a deusa
do Firmamento, e nasceu no quarto dia intercalar. Durante algum tempo Ísis
e Hator ostentaram
a mesma cobertura para a cabeça. Em mitos posteriores sobre Ísis, ela teve um irmão, Osíris, que veio
a tornar-se seu marido, tendo se afirmado que ela havia concebido Hórus. Ísis
contribuiu para a ressurreição de Osíris quando ele foi assassinado por Seth. As suas
habilidades mágicas devolveram a vida a Osíris após ela ter reunido as
diferentes partes do corpo dele que tinham sido despedaçadas e espalhadas sobre
a Terra por Seth. este mito veio a tornar-se muito importante nas crenças
religiosas egípcias.
Ísis também foi
conhecida como a deusa da simplicidade, protetora
dos mortos e deusa das crianças de quem "todos os começos" surgiram,
e foi a Senhora dos eventos mágicos e da natureza. Em mitos posteriores, os
antigos egípcios acreditaram que as cheias anuais do rio Nilo ocorriam
por causa das suas lágrimas de tristeza pela morte de seu marido, Osíris. Esse
evento, da morte de Osíris e seu renascimento, foi revivido anualmente em
rituais. Consequentemente, a adoração a Ísis estendeu-se a todas as partes do
mundo greco-romano, perdurando até à supressão do paganismo na Era Cristã.
Ísis alada
(pintura mural, c. 1360 A.C.).
A pronúncia do nome
desta deidade é uma corruptela do mesmo na língua grega antiga onde se modificou o nome egípcio original
pela adição de um "-s" no final devido às normas gramaticais do
antigo grego.
O nome egípcio foi
grafado como ỉs.t ou ȝs.t com o
significado de '(Ela de o) Trono'. A sua pronúncia correta
em antigo egípcio é incerta, entretanto, uma vez que o antigo sistema de escrita usualmente não previa as vogais. Com base
em estudos recentes que nos oferecem aproximações com base em linguagens
contemporâneas e na evidência da língua copta, a
pronúncia reconstruída de seu nome é *ˈʔuː.sat (O
nome de Osíris, "Usir" ou "Wsir" também se inicia com o grifo
para trono ʔs ('-s').). O
nome sobreviveu nos dialetos coptas como Ēse ou Ēsi,
assim como em palavras compostas sobreviventes em nomes de pessoas
posteriormente, como por exemplo 'Har-si-Ese', literalmente 'Hórus, filho de
Ísis'.
Por
conveniência, egiptólogos arbitrariamente
decidiram pronunciar o seu nome como 'ee-set'. Por vezes também podem dizer
'ee-sa' porque o 't' final em seu nome foi um sufixo feminino,
que é sabido ter sido buscado à fala durante
as últimas etapas da língua egípcia.
Literalmente, o seu
nome significa "ela do trono". A sua cobertura original para a cabeça
foi um trono. Como personificação do trono, ela foi uma representação
importante do poder do faraó, assim como o faraó foi representado como seu
filho, que se sentou no trono que ela forneceu. O seu culto foi popular em
todas as partes do Egito, mas os santuários mais importantes eram em Guizé e em
Behbeit El-Hagar, no Delta do Nilo, no Baixo Egito.
As origens do
seu culto são
incertas, mas acredita-se ser oriundo do delta do Nilo. Entretanto, ao
contrário de outras divindades egípcias, não teve desse culto centralizado em
nenhum ponto específico ao longo da história da sua adoração. Isto
pode ser devido à
ascensão tardia de seu culto. As primeiras referências a Ísis remontam à V dinastia egípcia, período em que são encontradas as primeiras
inscrições literárias a seu respeito, embora o culto apenas venha a ter tido
proeminência ao final da história do antigo Egito, quando se iniciou a absorção
dos cultos de muitas outras deusas com centros de cultos firmemente
estabelecidos. Isto ocorreu quando o culto de Osíris se destacou e ela teve um
papel importante nessa crença. Eventualmente, o seu culto difundiu-se além das
fronteiras do Egito.
Durante os séculos
de formação do cristianismo, a
religião de Ísis obteve conversos de todas as partes do Império Romano. Na
própria península Itálica, a fé nesta deusa egípcia era uma força dominante.
Em Pompeia, as
evidências arqueológicas revelam
que Ísis desempenhava um papel importante. Em Roma, templos e
obeliscos foram erguidos em sua homenagem. Na Grécia Antiga, os
tradicionais centros de culto em Delos, Delfos e Elêusis foram
retomados por seguidores de Ísis, e isto ocorreu no norte da Grécia e também
em Atenas. Portos de
Ísis podiam ser encontrados no mar Arábico e
no mar Negro. As
inscrições mostram que possuía seguidores na Gália, na Espanha, na Panónia, na Alemanha, na Arábia Saudita, na Ásia Menor, em Portugal, na Irlanda e
muitos santuários mesmo na Grã-Bretanha. isis
representa o amor, a magia e os mistérios da região.
A maioria das
divindades egípcias surgiu pela primeira vez como cultos muito localizados e em
toda a sua história mantiveram
os seus centros locais de culto, com a maioria das capitais e cidades sendo
amplamente conhecidas como lar dessas divindades. Ísis foi, em sua origem, uma
divindade independente e popular estabelecida em tempos pré-dinásticos,
anteriormente a 3100 a.C., em Sebenitos no
delta do Nilo.
No Egito, existiram
três grandes templos em homenagem a Ísis:
Na ilha de Filas, no Alto
Nilo, o culto a Ísis e Osíris persistiu até ao século VI, ou seja, muito
tempo após a ascensão do Cristianismo e a
subsequente supressão do paganismo. O decreto
de Teodósio (c. de 380)
determinando a destruição de todos os templos pagãos, não foi aplicada em Filas
até ao governo de Justiniano I. Essa
tolerância foi devido a um antigo tratado celebrado entre os Blemyes-Nobadae
e Diocleciano. Todos os
anos, eles visitavam Elefantina e, em
determinados períodos levavam a imagem de Ísis rio acima para a terra dos
Blemyes para fins divinatórios, devolvendo-a em seguida. Justiniano
enviou Narses para
destruir os santuários, prender os sacerdotes e arrestar as imagens sagradas
para Constantinopla.5 Filas
foi o último dos antigos templos egípcios a ser fechado.
Eventualmente
templos a Ísis começou a se difundir além das fronteiras do Egito. Em muitos
locais, em especial em Biblos, o seu culto
assumiu o lugar da deusa semita Astarte,
aparentemente pela semelhança entre os seus nomes e atributos. À época do helenismo, devido
aos seus atributos de protetora e mãe, assim como ao seu aspecto luxurioso,
adquirido quando ela incorporou alguns dos aspectos de Hathor, ela
tornou-se padroeira dos marinheiros, que
difundiram o seu culto graças aos navios mercantes que circulavam no mar Mediterrâneo.
Através do
mundo greco-romano, Ísis
tornou-se um dos mais significativos mistérios, e muitos autores clássicos fazem referência, em
suas obras, aos seus templos, cultos e rituais. Templos em sua homenagem foram
erguidos na Grécia e
em Roma, tendo
sido colocado a descoberto um bem preservado exemplar em Pompeia.
Da mesma forma, a
deusa árabe "Al-Ozza" ou "Al-Uzza" (em árabe, العُزّى - al
ȝozza), cujo nome é semelhante ao de Ísis, acredita-se que seja uma
manifestação sua. Isso, porém, é entendido apenas com base na semelhança entre
os nomes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário