Ciência: medicina
O descobridor da
penicelina
Qual a maior descoberta médica: a assepcia, a
sulfamida ou os antibióticos (penicilina)? Só sei que após a penicilina, nós ganhamos
uma sobrevida inimaginável. Passamos dos 45 anos para pouco mais de sessenta.
Hoje, alcançamos a média de quase 75 anos – quem passa daí deve estar auferindo
algum gracioso bonus genético – com perspectiva de atingirmos os 100.
Alexander Fleming
Sir Alexander
Fleming, nasceu em 6 de agosto de 1881, morreu em 11 de março de 1955), foi um farmacologista, biólogo e botânico escocês. Autor de diversos trabalhos sobre
bacteriologia, imunologia e quimioterapia, notabilizou-se como o descobridor da
proteína antimicrobiana lisozima, em 1923, e da penicilina, obtida a partir do fungo Penicillium notatum, em 1928, pela qual foi laureado Nobel de
Fisiologia ou Medicina em
1945, juntamente com Howard Florey e Ernst Boris Chain.
Alexander Fleming nasceu em Lochfield, no
sudoeste da Escócia, e estudou medicina na Universidade
de Londres. Concluindo o curso em 1906, começa a pesquisar, em seguida, substâncias
com potencial bactericida que não fossem tóxicas ao organismo humano. Trabalhou
como médico microbiologista no Hospital
de St. Mary, Londres,
até o começo da Primeira
Guerra Mundial. Durante a guerra foi médico
militar nas frentes de batalha da França e ficou impressionado pela grande
mortalidade nos hospitais de campanha causada pelas feridas de arma de fogo que
resultavam em gangrena gasosa. Finalizada a guerra, regressou ao Hospital St.
Mary onde buscou intensamente um novo antisséptico que evitasse a dura agonia
provocada pelas infecções durante a guerra.
Os dois descobrimentos de Fleming ocorreram nos
anos 20 e ainda que tenham sido acidentais demonstram a grande capacidade de
observação e intuição deste médico britânico. O descobrimento da lisozima
ocorreu depois que o muco de seu nariz, procedente de umespirro, caísse sobre uma placa de cultura onde
cresciam colônias bacterianas. Alguns dias mais tarde notou que as bactérias haviam sido destruídas no local onde se
havia depositado o fluido nasal.
Ele chegou à descoberta da penicilina e de suas propriedades antibióticas em 1928, ao observar uma cultura de bactérias do tipoestafilococo e
o desenvolvimento do mofo a seu redor, onde as bactérias circulam livres. O
laboratório de Fleming estava habitualmente bagunçado, o que resultou em uma
grande vantagem para sua segunda importante descoberta. Em setembro de 1928,
Fleming estava realizando vários experimentos em seu laboratório e ao
inspecionar suas culturas antigas antes de destruí-las notou que a colônia de
um fungo havia crescido espontaneamente, como um contaminante, numa das placas de Petri semeadas
comStaphylococcus
aureus. Fleming observou outras
placas e comprovou que as colônias bacterianas que se encontravam ao redor do
fungo (mais tarde identificado como Penicillium notatum) eram transparentes devido a uma lise bacteriana. A lise significava a
morte das bactérias, e no caso, das bactérias patogênicas (Staphylococcus
aureus) crescidas na placa. Ainda que tenha reconhecido imediatamente a
importância deste seu achado, seus colegas subestimaram-no.
Aprofunda a pesquisa e constata que uma cultura
líquida de mofo do gênero Penicillium evita
o crescimento dos estafilococos. Publica os resultados desses estudos no
British Journal of Experimental Pathology em 1929, mas não obtém reconhecimento nem recursos
financeiros para aperfeiçoar o produto durante os anos seguintes.
Howard Walter Florey, Ernest Boris Chain e
Norman Heatley foram os grandes responsáveis para transformar a penicilina em
medicamento antibiótico, porém isso somente foi possível após Fleming ter
tomado os créditos pela pesquisa clínica gerenciada por Florey. A equipe de
Florey foi responsável por criar uma maneira de extração e de purificação como
também pelos ensaios clínicos. A produção industrial começou nos Estados Unidos
(EUA) no início da II Guerra Mundial. Fleming, Florey e Chain recebem juntos o Nobel de
Fisiologia ou Medicina de
1945.
Fleming trabalhou com o fungo durante algum
tempo, mas a obtenção e purificação da penicilina a partir dos cultivos de Penicillium
notatum resultaram difíceis e
mais apropriadas para os químicos. Mas a comunidade científica da época achava
que a penicilina só seria útil para tratar infecções banais e por isto não lhe
deu atenção. No entanto, o antibiótico despertou o interesse dos investigadores estado-unidenses,
que durante a Segunda Guerra Mundial tentavam imitar a medicina militar alemã
que possuía as sulfamidas.
Os farmacêuticos Ernst Boris Chain e Howard Walter Florey descobriram um método de purificação da penicilina que permitiu
sua síntese e distribuição comercial para o resto da população.
Fleming não patenteou sua descoberta, pois achava que assim
seria mais fácil a difusão de um produto necessário para o tratamento das
numerosas infecções que castigavam a população.
Fleming foi membro do Chelsea
Arts Club, um clube privado para
artistas fundado em 1891 por
sugestão do pintor James
McNeil Whistler. Conta-se como anedota que Fleming foi admitido no clube depois
de realizar "pinturas com germes" e que estas pinturas consistiam em
pincelar o lenço com bactérias pigmentadas, as quais eram invisíveis no início,
mas que surgiam com intensas cores uma vez incubadas e crescidas. As espécies
bacterianas que utilizava eram:
Alexander Fleming morreu em 1955 de um ataque cardíaco. Foi enterrado como
herói nacional na cripta da Catedral
de São Paulo em Londres.
Seu descobrimento da penicilina significou uma
mudança drástica para a medicina moderna, iniciando a chamada "Era dos
antibióticos".
Uma conhecida história conta que o pai de Winston Churchill custeou a educação de Fleming depois que o pai deste – um humilde
lavrador – havia salvado Winston da morte num pântano. Essa história é falsa.
Segundo Kevin Brown, na biografia Penicillin Man: Alexander Fleming and
the Antibiotic Revolution, o próprio Alexander Fleming, numa carta a seu
amigo Andre
Gratia, chamou essa história de
“fábula fantasiosa”. Também não foi ele quem salvou Winston Churchill durante a
Segunda Guerra Mundial. Churchill foi salvo por Lord Moran, que usou sulfonamida (pois ele não tinha
experiência com penicilina), quando Churchill adoeceu em Cartago, Tunísia, em 1943. Os jornais Daily Telegraph e The
Morning Post de 21 de dezembro de
1943 noticiaram que ele havia sido salvo com penicilina. Na realidade, ele foi
salvo com um recém-elaborado composto de sulfonamida, a Sulfapiridina, conhecida à época pelo código de pesquisa
M&B693, descoberta e produzida por May &
Baker Ltd - uma subsidiária do
grupo francês Rhône-Poulenc. Num programa de rádio pouco tempo depois,
Churchill se referiu à nova droga como "essa admirável M&B".
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