terça-feira, 7 de outubro de 2014

HOSPITAL ESPANHOL DE SALVADOR É, DESDE HOJE, DE UTILIDADE PÚBLICA

Por
Matheus Fortes

Um decreto assinado pelo governador Jaques Wagner e publicado no Diário Oficial do Estado de hoje torna o Hospital Espanhol entidade com fins de utilidade pública. Com isso, a instituição fica protegida de uma série de ações que poderiam causar efeitos extremamente negativos, a exemplo de: especulação imobiliária, ações de recuperação de crédito tendo instituições de crédito como autores e ações judiciais.
 De acordo com especialista que preferiu não ser identificado, o mais importante do decreto é que fica garantida a manutenção do hospital na função de atender os interesses públicos. De acordo com o mesmo especialista, o governador agiu rápido protegendo uma instituição centenária que enfrenta graves problemas financeiros. “Este foi o primeiro passo para novas discussões sobre o melhor caminho a ser seguido. O importante é que o Estado não perderá um hospital que tantos serviços prestou aos baianos e a própria colônia espanhola”.



Ontem, após quatro horas de reunião a portas fechadas no Ministério Público Estadual, e que envolveu a 
Real Sociedade Espanhola de Beneficência, entidades bancárias e sindicais, do Município e do Estado, e demais membros da sociedade civil, o presidente do Hospital Espanhol, Demétrio García, fez um novo pedido de carência para manter o funcionamento do hospital. “Fizemos um novo pedido de carência para mais um ano, pelo menos, para alavancarmos o hospital. Além disso, pedimos a análise do custo do dinheiro, pois o custo que o hospital está pagando é irreal, e chega a 18% ano”, explicou. 

Ele explica que os três bancos presentes na reunião – o Banco do Nordeste, a Caixa Econômica Federal e o Desenbahia – pediram o prazo de 30 dias para pactuar os pedidos. García também afirma estar aguardando os aportes financeiros devidos da Prefeitura de Salvador, que chegam a quase R$ 1 milhão.
Contudo, o presidente admitiu que houve uma gestão deficiente e que culminou na 
atual situação do Hospital. “Foi má gestão no sentido de capitalizar recurso, aumentar a receita, e baixar despesas, que a gestão nunca fez, portanto, houve sim um erro de gestão”, afirmou García.
Agora a Real Sociedade aguarda a resposta dos bancos, enquanto procura outras formas de fazer manter o hospital ativo. “Continuaremos funcionando com o setor de hemodiálise, mas ainda vai demorar para que este volte a ser um grande hospital. Estamos procurando investidores nacionais e internacionais, porque nosso hospital é conhecido no Brasil todo. Portanto, hoje o Espanhol está disponível a investidores”, disse o presidente, que não explicou quais seriam os possíveis investidores. 
Em relação ao atual funcionamento do hospital, García explica que o setor de hemodiálise continuará operando. Já os nove pacientes das demais áreas serão transferidos para unidades hospitalares do município que ainda serão definidas pela Secretaria Municipal de Saúde. 

Enquanto isso, outra solicitação feita pelo Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed), através do presidente Francisco Magalhães, foi de que o Hospital passe a operar como uma unidade pública de atendimento à saúde. 
A expectativa, segundo Magalhães, é que o Ministério Público faça uma reunião – em data ainda a ser estudada – com a Secretaria de Saúde do Estado e com a Secretaria Municipal de Saúde, onde poderia sair uma sugestão de se fazer uma requisição em caráter emergencial para que o hospital volte a funcionar e preste assistência à população. 
“Minha preocupação, e que foi colocada também por outras entidades, é que um hospital que tem todas as condições de oferecer um bom atendimento à população fique fechado causando o prejuízo para a sociedade”, explicou o presidente do Sindimed. 
Enquanto isso, o diretor do Sindisaúde – Rede Privada, Jamilton Góes, lamenta que nenhuma explicação plausível tenha sido dada em relação ao pagamento das rescisões dos trabalhadores recentemente demitidos, e aos funcionários que continuam no hospital, e que estão com os salários atrasados.
“Com o hospital fechado, sem nenhuma forma de arrecadação, vai ficar muito difícil, portanto cabe agora aos sindicatos se unificarem com seu departamento jurídico e buscar algum alento”, afirmou.

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