A arte do bem vestir
Modas de Paris em 1837.
Following the Fashion (1794),
caricatura de James
Gillray: uma figura valorizada pelo vestido curto então em voga, contrastando-a
com uma imitadora, que não ficou tão bem.
Moda é a tendência de consumo da atualidade. A palavra moda significa costume e provém do latim modus. É
composta de diversos estilos que
podem ter sido influenciados sob vários aspectos. Acompanha o vestuário e o
tempo, que se integra ao simples uso das roupas no dia a dia. É uma forma
passageira e facilmente mutável de se comportar e, sobretudo de se vestir ou
pentear.
"Embora tenham sido encontradas agulhas
feitas de marfim, usadas para costurar pedaços de couro, que datam cerca de 40
000 a.C., ou mesmo evidencias de que o tear foi inventado há cerca de 9 000
a.C., só podemos pensar em moda em
tempos muitos mais recentes. Ela se desenvolve em decorrência de processos
históricos que se instauram no final da Idade Média (século XIV) e continuam a
se desenvolver até a chegar ao século XIX. É
a partir do século XIX que podemos falar de moda como a conhecemos hoje
(POLLINI, 2007).
A
moda nos remete ao mundo esplendoroso e único das celebridades. Vestidos deslumbrantes, costureiros famosos,
tecidos e aviamentos de ultima geração. Não nos leva a pensar que desde a pré-história
o homem vem criando sua moda, não somente para proteger o corpo das
intempéries, mas como forma de se distinguir em vários outros aspectos tais
como sociais, religiosos, estéticos, místicos ou simplesmente para se
diferenciar individualmente.
A
moda passou por várias transformações, muitas vezes seguindo as mudanças
físicas e principalmente sociais que ocorreram dentro de um determinado período.
A moda pode ser considerada o reflexo da
evolução do comportamento. Uma espécie
de retrato da comunidade. É uma linguagem não verbal com significado de
diferenciação. “Instiga novas formas de
pensar e agir.”
Para criar estilo, os figurinistas utilizam-se
de cinco elementos básicos: a cor, a silhueta, o caimento, a textura e a harmonia.
A moda é abordada como um fenômeno sociocultural
que expressa os valores da sociedade - usos, hábitos e costumes - em um
determinado momento. Já o estilismo e o design são elementos integrantes do
conceito moda, cada qual com os seus papéis bem definidos.
A moda é um sistema que acompanha o vestuário e
o tempo, que integra o simples uso das roupas no dia-a-dia a um contexto maior,
político, social, sociológico. Pode-se ver a moda naquilo que se escolhe de manhã
para vestir, no look de um punk, de um skatista e de um pop star, nas
passarelas. A cada dia que passa o mundo
da moda vem se superando e surpreendendo as pessoas, com cores vivas,
tendências novas, cortes inusitados e inovadores. A moda proporciona aos
que seguem uma tendência sempre inovadora e ousada. Ela é abordada sempre,
encaixa em qualquer assunto e é sempre um meio de inspiração aos que a seguem.
Convém ressaltar que, deixando de lado a
tendência etnocêntrica (na realidade "eurocêntrica"), a qual ainda
hoje é preponderante, devemos ter clareza de que a moda, enquanto fenômeno, só
se tornou "universal" em meados do século XIX, com o advento da crinolina. Até então, cada povo possuía sua própria
maneira de se vestir e ornamentar, de maneira que conviviam diversas
manifestações e estilos numa mesma época.
Mesmo hoje, em que vivemos, sob o capitalismo
hegemônico, a fase da globalização,
não se pode esquecer que o mundo muçulmano se constitui num universo à parte,
onde a burca e
ochador ainda
são amplamente utilizados e onde populações inteiras, como a maior parte da
Índia e as comunidades indígenas, bosquímanas e aborígenes australianos,
por exemplo, estão alijados da produção e do consumo.
Antes de nos determos em explanar sobre o
vestuário, devemos - até por uma questão cronológica - dissertar brevemente
sobre a nudez, já que se constitui, ainda que de forma involuntária, no
primeiro modismo.
Dentre as várias formas de nudez que a
humanidade experimentou (a nudez como contingência da natureza, a nudez como
realização do ideal do belo, a nudez como forma de protesto, etc) podemos
facilmente diferenciar as suas primeiras expressões: "A nudez dos indígenas ou dos homens das
cavernas nada tem em comum com a nudez dos gregos e romanos. No primeiro caso
trata-se de uma contingência imposta pelas condições materiais de vida e
adaptação ao meio-ambiente, enquanto no segundo caso trata-se de uma solução da
ordem da estética, com amplo lastro da filosofia e da doutrina moral então
dominante."
Explicitando melhor as razões e a manifestação
da nudez no homem primitivo (primeira forma de nudez) podemos afirmar que: "Num
momento em que a cultura ainda não existia e que o ser humano era coletor e
nômade, antes da terceira glaciação, a nossa espécie era regida pela mesma lei
que as demais espécies animais, a seleção natural. Os indivíduos mais fortes e
mais adaptáveis sobrevivem, enquanto os mais fracos e menos adaptáveis
transformam-se em alimento para animais maiores.
Alimentando de vegetais, frutas e tubérculos,
vivendo em bandos e migrando através das pastagens e savanas primitivas atrás
de alimento, o ser humano primitivo dava plena vazão aos seus instintos e,
neste sentido, não devia ter grandes escolhas em relação ao objeto do seu
desejo. Tanto indivíduos machos quanto fêmeas eram então completamente
bissexuais, pois não havia diferenças anatômicas tão marcantes em relação aos
sexos e também a busca constante de alimentos e a fuga de animais carnívoros
limitavam bastante as oportunidades de acasalamento.
Estes indivíduos evidentemente ainda não haviam
estabelecido um vínculo causal entre a cópula e a reprodução, ou seja, a razão
pela qual as fêmeas engravidavam e davam a luz era tão vaga para eles quanto a
razão do sol nascer aparecer e desaparecer no horizonte todos os dias. Num
momento em que o sexo estava desvinculado da reprodução não havia qualquer
sanção moral a qualquer modalidade sexual, até porque a moral ainda não havia
sido inventada.
Durante a terceira glaciação este panorama edênico se altera drasticamente; grandes porções do planeta são cobertas pelo avanço das geleiras, o que restringe o habitat humano. O homem tem de procurar abrigo nas cavernas e, após descobrir o fogo, passa a se alimentar também de carne, tornando-se caçador. Para suprir a falta de garras e de presas produz os primeiros instrumentos de pedra, tornando-se artesão. Como subproduto da caça e da sua nova dieta alimentar produz as primeiras vestimentas, utilizando o couro e a pele dos animais abatidos. Além de proteger do frio, as roupas passaram também a proteger a genitália, especialmente a masculina, que o fato do homem ter se tornado exclusivamente bípede, tornara muito exposta, vulnerável a impactos e atrito."
Um bom filme para ilustrar o período das
primeiras incursões do homem primitivo no período das cavernas é as Guerra do Fogo, de 1981. Ainda que os produtores
estadunidenses não ousem expor A personagens das
tribos "menos desenvolvidas" nuas - como de fato elas deveriam estar
- as vestimentas da tribo "mais avançada" nantenedoras de algumas
ligações com a realidade, como tem demonstrado a arqueologia.
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