Natureza
Colégio do Caraça - Reserva particular do
patrimônio natural, um patrimônio do Brasil
Caraça é o nome de um trecho da Serra do Espinhaço localizado nos municípios de Catas Altas e Santa Bárbara, sendo patrimônio de Catas Altas no estado
de Minas Gerais, e
dá nome ao antigo colégio Caraça,
onde importantes personalidades da história brasileira estudaram. Hoje, o Caraça é uma Reserva Particular do
Patrimônio Natural (RPPN), que abrange toda a região.
Serra do Caraça
O nome oficial do
local é o Santuário de Nossa Senhora Mãe dos Homens, mas o Caraça tem esse
apelido devido à forma que tem parte da serra, que lembra o rosto de um gigante
deitado. A serra forma imenso anfiteatro alongado,
com os três picos do morro da Trindade, o da Conceição; ao sul, as serras
da Olaria e da Canjerana, a Serra
do Inficionado, o morro do Sol, a Serra do Carapuça.
Anfiteatro de quatro quilômetros de
largura, terreno em leves ondulações florestadas. As águas da bacia descem em belas cascatas das montanhas, como Cascatinha, Cascatona e Bocaina. Tais
cascatas se abastecem do ribeirão do Caraça, águas intensamente ferruginosas.
No Caraça existem dois lagos, o Tanque Grande, rodeado
de bosques, e o Tanque São Luís. O disco de Milton Nascimento, Missa dos Quilombos, foi gravado ao vivo, em março de 1982, nas
dependências da Igreja
Nossa Senhora Mãe dos Homens.
Os primeiros registros sobre a serra do Caraça datam de 1700. Nesta
ano, a serra foi concedida em sesmaria ao
Padre Filipe de Siqueira Távora, e aos mineiros Domingos Borges e
a Antônio Bueno e Francisco Bueno que,
com seus outros irmãos, vieram minerar ouro em
suas encostas.
Na segunda metade
do século XVIII, um
misterioso personagem, conhecido como Irmão Lourenço de Nossa Senhora, se
instala na Serra, tendo como objetivo a fundação de um eremitério (retiro de
eremitas), visando o fortalecimento da vida religiosa no
interior da capitania. Supõe-se que o misterioso religioso, irmão leigo
da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, fosse um refugiado
político português ligado à famosa "Revolta dos Távoras", tentativa de assassinato do rei D. José I de Portugal, reprimida a ferro e fogo pelo Ministro Sebastião
José de Carvalho e Melo, o célebre Marquês de Pombal.
No seu testamento,
Irmão Lourenço se declara natural de onde os Távora tinham um morgadio, São João da Pesqueira, e o seu simbolismo é evidente: Caraça, segundo
dicionários antigos portugueses, significa uma sacada onde pessoas foram
queimadas e o nome Lourenço é de um santo que morreu na fogueira.
O certo é que em pouco tempo, Irmão Lourenço conseguiu, não sem a ajuda
do governo colonial, edificar um monastério e uma igreja em estilo barroco, concluída em 1779, bem como
reunir em torno de si uma comunidade religiosa que chegou a contar com 12 eremitas. Desde
então o Caraça tornou-se lugar de peregrinação. Irmão
Lourenço morre em 1819, deixando
sua fundação em herança ao Rei Dom João VI.
Ruínas do
Colégio do Caraça com Montanha do Caraça ao fundo
D. João VI entrega
as terras e o eremitério à Congregação da Missão (Padres Lazaristas), cujos
primeiros membros - Padres Leandro Rebelo Peixoto e Castro e Antônio Ferreira Viçoso - chegaram ao
Brasil em 1820. De
imediato, os padres transformam o
eremitério em Colégio.
Aqui começa a época
de glória da Serra do Caraça. O Colégio se caracterizou por sua seriedade e
disciplina. Com períodos de pleno desenvolvimento, mas igualmente com fases de
decadência, tornou-se referência do
ensino para a elite de todo o Brasil. Dois futuros presidentes da República
aí fazem seus estudos - Afonso Pena e Artur Bernardes - e outros tantos ex-alunos se tornaram
governadores de estado, senadores e deputados, altas autoridades eclesiásticas.
No século XIX, o colégio foi visitado pelos
Imperadores Dom Pedro I e Dom Pedro II, cujas impressões ainda podem ser vistas no Museu
do Colégio ou ainda na Biblioteca.
Na segunda metade
do século XIX, a velha
Igreja do Irmão Lourenço, que se tornara demasiado pequena para o número de
alunos do Colégio é substituída por outra, mais ampla, em estilo neogótico. Nela se pode contemplar a gigantesca e magnífica
tela com o tema da "Última Ceia" do pintor mineiro Mestre Manuel da Costa Ataíde. Aí se encontram igualmente o corpo
embalsamado de São Pio Mártir, um soldado romano martirizado, belos
vitrais de procedência francesa e o órgão de tubos instalado pelo padre Luís Boavida,
marceneiro e músico.
No início de século XX, o Colégio
é transformado em "Escola Apostólica" (seminário) da Congregação da Missão. O
Santuário foi tombado pelo IPHAN em 1955, conforme o Livro Histórico - Inscrição: 309,
27.01.1955 e Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico - Inscrição 015-A ,
27.01.1955.
O Colégio funcionou até 1968, quando um
incêndio destruiu parte das instalações destinadas aos alunos. Tal sinistro
destruiu igualmente parte do precioso acervo da Biblioteca.
O prédio queimado foi magnificamente restaurado em 2002, aí sendo
alojado um curioso museu da vida colegial e a preciosa biblioteca, que conta
no seu acervo com obras únicas dos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX.
Por volta de 1978, a Congregação da Missão assinou um convênio com a Fundação Brasileira
de Conservação da Natureza e, em 1982, com o
Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Florestas (atual Ibama), quando o
território pertencente ao antigo colégio recebeu a designação de Parque natural. Esse
acordo, entretanto, durou apenas cerca de cinco anos, retornando à
responsabilidade de seus proprietários.
Lobo-Guará no
Adro da Igreja
Este território foi
transformado em Reserva Particular do Patrimônio
Natural através do Decreto 98.914, de 31 de janeiro de 1990, e atrai pesquisadores de todo país dada a
surpreendente variedade de vida animal e vegetal da região.
O atual parque
compreende uma área de 11.233 hectares onde
convivem os ecossistemas da Mata Atlântica e
do Cerrado,
caracterizando-se como uma área de transição. A sua altitude varia entre os 720 e os 2.070 metros
acima do nível do mar, com destaque para o chamado Pico do Sol,
considerado como ponto mais alto da região e da serra do Espinhaço. Segundo alguns geólogos, a serra do Caraça apresenta a mais antiga
superfície de aplainamento não fossilizado do país.
Entre as espécies
estudadas no parque, foram identificadas
mais de duzentas espécies de orquídeas, além de exemplares de candeias, macaúba, angico, ipê-amarelo, entre
outros. Essa diversidade vegetal provê suporte a uma fauna também
variada, onde convivem pelo menos 274
espécies de aves (beija-flores, seriemas, tucano-de-peito-amarelo e outras) e 65 espécies de mamíferos
como saguis, sauás, quatis, suçuaranas, raposas, antas, pacas, o tamanduá-mirim e
o lobo-guará, entre outros. O Instituto Butantã catalogou mais de 50 espécies de aranhas.
Vários tipos de besouros que compõem 500 espécies, 200 das quais nativas ou
encontradas no Caraça pela primeira vez.
Entre as atrações
do Parque destacam-se ainda quedas d'água, rios, lagos e grutas, acedidas por
trilhas.
No interior da
Serra do Caraça, este Parque conta com várias atrações de acordo com a
natureza, como caminhadas e banhos em piscinas naturais. Todas as noites, a
melhor e precisa atração é a vista da família de lobos-guará (Chryocyon
brachyurus) que vive no local. Desde meados dos anos 1980, o então diretor
do colégio costumava deixar, no pátio em frente à escadaria da igreja, restos
de ossos do jantar; os lobos desde então fazem a sua primeira refeição da noite
no adro da igreja, possibilitando registros de imagem e uma experiência única
aos visitantes.
Cascatinha
no Parque do Caraça
Pico do Inficionado:
Essa caminhada
exige um pouco de condicionamento físico, pois são 9,5 km de caminhada
entre pedregulhos e subidas fortes. O cume fica a 2.032 m de altitude e oferece
uma linda vista da região.
Essa trilha também
exige bom preparo físico. São 10 km só de ida até o ponto mais alto do
Pico do Sol. A altitude alcança 2.068 m. Do alto pode se ver boa parte da Serra do Espinhaço. Nesse passeio pode-se observar a junção da Mata Atlântica e do Cerrado.
Cascatona:
São 6 km de
caminhada até a Cascatona. Essa cachoeira tem 70 m de altura e termina numa
piscina natural ideal para banho.
Cascatinha:
A Cascatinha fica a
, aproximadamente, 2 km da Igreja do Parque e é um dos lugares prediletos
dos visitantes para banho. São várias quedas formando piscinas naturais de
extrema beleza.
Gruta do Centenário:
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