O maior enterro que Paris já
viu
“Victor-Marie Hugo
conjugou erudição (e admiração da crítica) e popularidade, como nenhum outro
artista.
Autor de uma obra que, de tão
conhecida, virou de musical da Broadway a desenho animado da Disney, conheceu
a glória em vida. Foi sempre sucesso editorial e de bilheteria (Hernani,
a primeira peça, de 1830, foi um recorde...
Morreu rico, vivendo de
direitos autorais. À morte, era membro da Académie
Française. Morto, teve o maior
enterro que a França já viu, com um milhão de pessoas no cortejo que seguiu do
Arco do Triunfo ao Panthéon.
Dia do enterro
''Isso se explica porque ele introduziu no
romance um personagem inexistente até então: o povo'', diz por telefone, de sua
casa em Paris, Arnaud Laster, professor da Sorbonne e uma das maiores autoridades mundiais
das obras do escritor...
Hugo não foi apenas o
primeiro grande romancista do século 19, foi autor de cerca de 650 poemas
(espalhados por 22 livros) e 14 peças de teatro. E sua obra não se resume às
quase 20 mil páginas que deixou, que incluem ainda ensaios, cartas e outros
documentos. Deputado da Assembleia Nacional e depois senador, exilou-se na
Bélgica em 1851, por 19 anos, depois do golpe de estado de Luiz Napoleão. Só voltou a Paris em 1870, quando virou um
''visionário'': lutou contra a pena de morte (só abolida em 1984), pela
liberdade de imprensa e a unificação da Europa.
Mausoléu do escritor
Ao mesmo tempo, foi incentivador da fotografia,
desenhista e pintor. Mas só nos últimos anos seu trabalho visual foi
redescoberto...
Desenho de Victor Hugo
Hugo exerceu uma
influência no Brasil maior do que se imagina. Em 1815, D. João VI convidou uma
missão francesa para fundar a Academia de Belas Artes do Brasil. Estavam
abertas as portas para tornar o país uma zona de influência francesa. A
juventude endinheirada da
ex-colônia estudava em Paris e, com o início do Romantismo, Victor Hugo
tornou-se seu herói e influenciou as mudanças processadas no Brasil no período,
baseadas em parte no ideário político do poeta francês: do Romantismo ao
abolicionismo e outros ideais republicanos. Apesar disso, um dos maiores fãs
que o francês teve no Brasil foi D. Pedro II. Leitor de toda obra que lhe
chegasse às mãos, o imperador conheceu o ídolo em 1877, em Paris.
A Maison de Victor Hugo e o Hotel de Sully, na visão e no pincel
do escritor
Hugo nunca veio ao Brasil, mas há textos dele que
citam o país, como o poema ''Gare!'',
de 1865, que retrata sua paixão pela brasileira Rosita Rosa, ou o romance Os
trabalhadores do mar, em que cita o Rio. Ele observava o país de longe. Em
1871, publicou na Bélgica um artigo que parabenizava o país pela assinatura da
Lei do Ventre Livre.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário