segunda-feira, 6 de outubro de 2014

VICTOR HUGO

 O maior enterro que Paris já viu

EXCERTO DE UM ARTIGO DE ALEXANDRE WERNECK: BICENTENÁRIO COM FESTAS (2002)

“Victor-Marie Hugo conjugou erudição (e admiração da crítica) e popularidade, como nenhum outro artista.
Autor de uma obra que, de tão conhecida, virou de musical da Broadway a desenho animado da Disney, conheceu a glória em vida. Foi sempre sucesso editorial e de bilheteria (Hernani, a primeira peça, de 1830, foi um recorde...
Morreu rico, vivendo de direitos autorais. À morte, era membro da Académie Française. Morto, teve o maior enterro que a França já viu, com um milhão de pessoas no cortejo que seguiu do Arco do Triunfo ao Panthéon.



Dia do enterro

 ''Isso se explica porque ele introduziu no romance um personagem inexistente até então: o povo'', diz por telefone, de sua casa em Paris, Arnaud Laster, professor da Sorbonne e uma das maiores autoridades mundiais das obras do escritor...
Hugo não foi apenas o primeiro grande romancista do século 19, foi autor de cerca de 650 poemas (espalhados por 22 livros) e 14 peças de teatro. E sua obra não se resume às quase 20 mil páginas que deixou, que incluem ainda ensaios, cartas e outros documentos. Deputado da Assembleia Nacional e depois senador, exilou-se na Bélgica em 1851, por 19 anos, depois do golpe de estado de Luiz Napoleão. Só voltou a Paris em 1870, quando virou um ''visionário'': lutou contra a pena de morte (só abolida em 1984), pela liberdade de imprensa e a unificação da Europa.

Mausoléu do escritor

Ao mesmo tempo, foi incentivador da fotografia, desenhista e pintor. Mas só nos últimos anos seu trabalho visual foi redescoberto...
Parte de seus três mil desenhos pode ser vista no Museu Victor Hugo, na Maison de Victor Hugo...

Desenho de Victor Hugo

Hugo exerceu uma influência no Brasil maior do que se imagina. Em 1815, D. João VI convidou uma missão francesa para fundar a Academia de Belas Artes do Brasil. Estavam abertas as portas para tornar o país uma zona de influência francesa. A


juventude endinheirada da ex-colônia estudava em Paris e, com o início do Romantismo, Victor Hugo tornou-se seu herói e influenciou as mudanças processadas no Brasil no período, baseadas em parte no ideário político do poeta francês: do Romantismo ao abolicionismo e outros ideais republicanos. Apesar disso, um dos maiores fãs que o francês teve no Brasil foi D. Pedro II. Leitor de toda obra que lhe chegasse às mãos, o imperador conheceu o ídolo em 1877, em Paris.

A Maison de Victor Hugo e o Hotel de Sully, na visão e no pincel do escritor


Hugo nunca veio ao Brasil, mas há textos dele que citam o país, como o poema ''Gare!'', de 1865, que retrata sua paixão pela brasileira Rosita Rosa, ou o romance Os trabalhadores do mar, em que cita o Rio. Ele observava o país de longe. Em 1871, publicou na Bélgica um artigo que parabenizava o país pela assinatura da Lei do Ventre Livre.” 

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