terça-feira, 25 de novembro de 2014

A CIRCUNCISÃO E O JUDAÍSMO

 Uma prática de higiene ou um mandato de Deus?


 Circuncisão, exérese do prepúcio, peritomia ou postectomia é uma operação cirúrgica que consiste na remoção do prepúcio, prega cutânea que recobre a glande do pênis. Essa remoção é praticada há mais de 5 mil anos. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 30% dos homens no mundo são circuncidados (algo em torno de 665 milhões de homens), a maioria por motivos religiosos, uma vez que 68% deles são muçulmanos.
Programa de Combate a AIDS da Organização das Nações Unidas (ONU) defende que a circuncisão reduz o risco de contágio do HIV, no caso de cópula vaginal, mas também afirma que o uso do preservativo é indispensável.

Depois do corte do cordão umbilical – onfalotomia – a circuncisão talvez seja o mais antigo tipo de cirurgia. O termo circuncisão deriva da junção de duas palavras latinascircum e cisióne, e significa literalmente «cortar ao redor». Atualmente, a circuncisão masculina ainda é praticada como ritual religioso e também social por vários povos, como judeus e muçulmanos. No século XIX e em princípios do século XX, no mundo ocidental, a circuncisão médica tinha em muitos casos como motivação principal a prevenção da masturbação, pois o prepúcio é um tecido erógeno. A partir de meados do século XX, a circuncisão tornou-se uma prática médica vulgar, especialmente nos Estados Unidos, onde se estima que entre 20 e 80% dos homens sejam circuncidados. No entanto, a sua frequência reduziu-se progressivamente, pois hoje a prática regular de hábitos de higiene genital, que têm o mesmo efeito da circuncisão, tornou-se cada vez mais comum.


Um motivo possível para o início da circuncisão masculina era a distinção entre povos. Em muitas culturas, a circuncisão no início da puberdade é encarada como um ritual de passagem - marcando o início da adolescência e a entrada do rapaz na vida adulta. Serve ainda como um sinal identitário permanente, como prova de iniciação num grupo social ou religioso.
Embora alguns acreditem que os hebreus tenham assimilado a prática da circuncisão dos egípcios, não há sinais consistentes que apoiem essa teoria. O mais provável é que os próprios hebreus tenham, em suas raízes mais remotas da época patriarcal, inserido tal prática em seus costumes de maneira independente a quaisquer outros povos, mantendo a tradição em suas práticas religiosas até à presente época.
No Antigo Israel, a circuncisão tinha de ser realizada no 8.º dia do nascimento. Tem o sentido de um sinal da aliança entre Deus e Abraão e seus descendentes e de um rito de inserção no povo eleito. Deus terá tornado obrigatória a prática da circuncisão masculina para Abraão, um ano antes de nascer Isaque. Todos os homens da casa de Abraão, tanto seus descendentes como dependentes, estavam incluídos, e todos os escravos receberam em si este «sinal do pacto», com o qual entregavam a Deus a sua aliança de carne (anel prepucial), mostrando a reciprocidade deste ato de  no corpo (Levítico).


A desconsideração deste requisito era punível com a morte. A circuncisão torna-se um requisito obrigatório na Lei dada a Moisés (Levítico 12:2,3). Isto era tão importante que, mesmo que o 8.º dia calhasse no Sábado, a circuncisão teria de se realizar. No primeiro século da Era Cristã, era costume social entre os judeus dar nome ao recém-nascido do sexo masculino no momento da circuncisão. Mas os profetas do Antigo Testamento mostravam que mais importante do que a circuncisão literal é a circuncisão figurativa ou «circuncisão do coração» (Deuteronômio 10:16; 30:6; Jeremias 4:4; 9:25). Aos judeus insensíveis às palavras dos profetas chama-se figurativamente «incircuncisos» (Jeremias 6:10; Atos 7:51).
A influência da cultura grega começou a predominar no Médio Oriente e culminou no abandono da circuncisão por muitos povos. Mas, quando o rei sírio Antíoco IV Epifânio proscreveu a circuncisão, deparou-se com mães judias dispostas antes a morrer do que a negar aos seus filhos o «sinal do pacto». Anos mais tarde, o imperador romano Adriano (117-138) obteve a mesma reação quando proibiu aos judeus circuncidar seus recém-nascidos. No intuito de evitar zombaria e ridículo, alguns atletas judeus que desejavam participar nos jogos helenísticos procuravam tornar-se «incircuncisos» por meio de uma operação destinada a restabelecer certa semelhança de prepúcio.
«Com base na consideração das determinações de vitamina K e de protrombina, o dia perfeito para se realizar uma circuncisão é o oitavo dia» (citação de «Nenhuma Dessas Doenças», Dr. S. I. McMillen, 1986, pág. 21, em inglês). Seguir esta regra ajudava a evitar o perigo de uma grande hemorragia. A circuncisão era usualmente feita pelo chefe de família. Mais tarde, passou-se a recorrer a uma pessoa especialmente preparada. Um mohel, no caso dos judeus, geralmente um médico, circuncidador, ou então uma pessoa que tenha conhecimento da cirurgia, e das rezas realizadas, no processo! Deus instituiu este ato para distinguir o seu povo de outros povos, sendo que o homem deveria obedecer ao mandado Dele. Uma outra interpretação aponta para uma prática de higiene, para poupar o povo a doenças indesejáveis, tornando-a uma prática de .

A circuncisão de Jesus.

De acordo com a Bíblia, completados os oito dias que determina a tradição judaica, Jesus Cristo foi apresentado ao templo de Jerusalém por sua família para ser circuncidado, quando então foi abençoado por Simeão e Ana. prepúcio retirado de Jesus é conhecido como prepúcio sagrado. Considerado uma relíquia ao longo da história, sua posse foi reclamada ou contestada por diversas igrejas e catedrais. Há vários milagres e poderes atribuídos a esta relíquia, muito cobiçada no período medieval.
Com a fundação do Cristianismo, a circuncisão deixou de ser um requisito religioso obrigatório para os judeus cristãos, embora não fosse expressamente proibida (Atos 15:6-29). A perspectiva da Igreja Católica é contrária à circuncisão (rito judaico) desde


os primeiros dias. Conforme o Papa Eugênio IV oficializou na Bula de União com os Coptas, de 1442, a Igreja manda a todos os seus fieis que «… não pratiquem a circuncisão, seja antes ou depois do batismo, pois, ponham ou não sua esperança nela, ela não pode ser observada sem a perda da salvação eterna».

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