História
A Companhia Holandesa das Índias Ocidentais ou Companhia
Neerlandesa das Índias Ocidentais (em holandês: West-Indische
Compagnie ou WIC) foi uma companhia majestática de mercadores holandeses.
Representa um exemplo de organização privada do comércio externo, de pendor capitalista, que
contrasta com o modelo de comércio português, que
permaneceu fortemente dependente do Estado até
bem mais tarde.
A companhia tornou-se instrumento da colonização holandesa nas Américas e foi
responsável pela ocupação de áreas no nordeste brasileiro no século XVII.
A 2 de Junho de 1621, por
iniciativa de um grupo de calvinistas flamengos e brabanteses refugiados
nas República das Sete Províncias
Unidas dos Países Baixos para escapar à perseguição religiosa, a
Companhia recebeu um alvará que
lhe concedia o monopólio do
comércio com as colônias ocidentais pertencentes à Sete Províncias nas Índias Ocidentais (o Caribe), bem como
do tráfico de escravos, no Brasil, Caribe
e América do Norte. A companhia podia operar também na África Ocidental (entre o Trópico de Câncer e o Cabo da Boa Esperança) e nas Américas, incluindo
o Oceano Pacífico, e na parte oriental da Nova Guiné.
O objetivo do alvará era eliminar a competição,
particularmente espanhola e portuguesa, entre os diferentes postos de comércio
estabelecidos pelos mercadores. Espanhóis e portugueses acusaram os cristãos-novos de Amsterdã de
serem a alavanca da empresa, mas do total de 3 milhões de florins subscritos
na cidade, apenas 36 mil florins foram contribuição dos sefarditas.
A WIC foi organizada de forma
similar à Companhia Holandesa das Índias
Orientais (VOC), que detinha o monopólio do comércio neerlandês com a
Ásia desde 1602, exceto pelo facto de a WIC não ter obtido permissão de
conduzir quaisquer operações militares sem a aprovação do governo neerlandês.
Tal como a VOC, a WIC tinha cinco
escritórios, chamados de câmaras (kamers), em Amsterdã, Midelburgo, Roterdã, Hoorn e Groningen, sendo as
câmaras de Amsterdã e de Midelburgo aquelas que mais contribuíram para a
companhia. O conselho de administração consistia de 19 membros e era conhecido
como o "Heeren XIX". Isaac de Pinto,
economista judeu de origem portuguesa, foi acionista da WIC e terá pertencido
aos Heeren XIX desde 1750, aproximadamente.
O objetivo da companhia era levar ao Novo Mundo (tal
como a sua congênere, a bem sucedida Companhia Holandesa das Índias
Orientais, já fazia na Ásia), a guerra da independência dos
Países Baixos, atacando os postos-chaves do Império espanhol. As possessões portuguesas, segundo se calculava, seriam
o calcanhar-de-aquiles, e pensava-se que a Espanha sacrificaria sua
própria defesa em benefício da proteção dos seus domínios americanos. Por isso,
em 1624-1625, a WIC dedicava ao Brasil o
melhor de suas atenções, tentando ocupar Salvador, capital
da colônia lusitana na América, onde,
porém, os neerlandees não obtiveram êxito.
A opção por ocupar Pernambuco era
óbvia: D. Diogo de Menezes, governador-geral, escreveria na época à Corte que
« no Brasil, não há mais que este lugar de Pernambuco e da Bahia». Eram as
chamadas «capitanias de
cima», que monopolizavam a produção do açúcar, principal
gênero de exportação, e que
geravam o excedente fiscal que tornava o Brasil rentável, pois as «capitanias
de baixo» eram deficitárias. Mas, mesmo assim, não se pense serem povoadas: a
ocupação era meramente litorânea, não excedendo uma faixa de 70 quilômetros a
partir da costa.
Em 1630, uma armada da WIC, comandada
pelo almirante Loncq, bloqueou o litoral pernambucano e desembarcou um exército
que conquistou Olinda e Recife, começando
a conquista da área entre o rio São Francisco e o rio Grande. A
Espanha,
sob Filipe IV e o conde-duque de Olivares, optou por uma
guerra lenta, mas, em 1636, quando foi nomeado João Maurício de Nassau para
governador civil e militar do Nordeste do Brasil, o exército da WIC já
conseguira dominar a região entre Natal e Porto Calvo. Maurício
de Nassau fora nomeado por seu talento administrativo, para pôr o Brasil a
render - pois os lucros obtidos pela WIC com o corso contra
Espanha e Portugal no Atlântico e nas Antilhas, que se estima em 30 milhões de
florins, não davam para pagar a guerra (45 milhões) e a burocracia da WIC.
A Companhia tomara dinheiro emprestado aos acionistas e não distribuía dividendos desde
1628, quando Piet Heyncapturara a
frota espanhola da prata ao largo de Cuba. Sua
dívida acumulada superava 18 milhões de florins. E um partido, o dos burgueses de
Amsterdã, no seio da Companhia, queria a paz, prevendo restituir a área
conquistada no Nordeste brasileiro em troca da abertura do comércio com as
possessões da América espanhola.
Em 1791, o governo neerlandês adquire as ações
da WIC, depois da falência da companhia, fazendo o mesmo com
a VOC, em 1799. A partir de 1806, o mesmo governo passa a controlar
diretamente o comércio nos territórios ultramarinos, transformando-os em colônias.
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