O fascínio pelo café e o iluminismo
De acordo com o
historiador Tom Standage, o humilde grão
de café merece algum crédito por contribuir para o Iluminismo.
Antes da introdução
do café na Europa, a bebida matinal geralmente consistia em algum tipo de
bebida alcoólica. Mas ao invés de iniciarem o dia ligeiramente inebriados, os
consumidores de café estavam alertas e despertos. No séc. VII este produto
recentemente cultivado se tornaria sinônimo de educação e discurso civilizado.
Na Inglaterra, as
casas que serviam café eram curiosamente chamadas de Universidades Penny.
Qualquer pessoa independentemente do seu status social que tivesse um penny
(moeda americana) podia entrar, beber café e ouvir ideias de longínquos cantos
do mundo. Mais notório é que a ausência
de álcool promovia uma atmosfera de educação, respeito e conversas criativas.
O grão de café fez reviver o mundo
ocidental e proporcionou uma alternativa respeitável ao álcool.
Encontros, ou em francês, “salons”, eram locais onde
as pessoas podiam partilhar as suas ideias em espaço publico de forma
construtiva.
Foi nos salões de café da Grã-Bretanha e nos primeiros salões da França
que homens e mulheres aperfeiçoaram a arte da conversação. Os
resultados foram nada menos que miraculosos.
Mulheres elegantes
Catarina de Vivonne, Marquesa de Rambouillet (1588-1665), criou um
conjunto de regras de etiqueta que eram oferecidos à experiência num dos
primeiros salões na França realizado no Hotel de Rambouillet, em Paris.
Dentro do ambiente
do salão, ser despretensioso e simples era obrigatório. Uma pessoa não deve
fazer a outra sentir que seus pontos de vista são inadequados. O respeito mútuo
e a cortesia devem ser visíveis em todos os momentos; o tom de voz não deve ser
elevado e um orador não deve ser interrompido.
Salão francês da época do iluminismo
Catherine de
Vivonne moderava as conversas para ter certeza de que não perdessem o controle
ou ficassem sem educação. Seu papel enquanto anfitriã, ou salonnière, era
despertar o que havia de melhor nas pessoas.
Em “A mulher dos
salões franceses”, por Amélia Gere Mason, Catherine de Vivonne foi citada como
tendo afirmado que “o talento social é distinto, e implica uma postura graciosa
de caráter e intelecto; a mistura delicada de muitos atributos e não a
supremacia de um único. Implica ter gosto e versatilidade, uma discriminação
refinada, e a sensibilidade de simpatizar com a personalidade do outro, assim
como trazer à tona o melhor no outro”.
O objetivo da
saloonière era o de criar uma atmosfera de bem estar, de pensamentos e ideias
fluidas, para que pudessem ser partilhados de forma construtiva e a critica
pudesse ser feita em beneficio do outro para ajudá-lo a avançar suas ideias.
Foi neste contexto
que inúmeros poetas, artesãos, filósofos e até Benjamin Franklin exercitaram
seus pensamentos e ideias.
As salonnières eram
praticamente reverenciadas na sociedade francesa daquele tempo. O seu caráter
de alto nível deixava impressões em todos que conhecia. A realeza era
frequentemente convidada às casas das salonnières, cujo bem mais precioso era
sua graciosidade.
Produção iluminista
O Iluminismo
Benet
Davetian, autor que escreve sobre os salões do séc. XVII e XVIII nota que
“não são necessários milhões de pessoas para mudar a realidade social. Salões
em épocas anteriores provaram que é necessária apenas uma mão cheia de
indivíduos interessados e criativos para desencadear uma mudança positiva em
larga escala”.
A criação de um
ambiente onde as pessoas podem interagir e expressar livremente suas
experiências de vida levou a uma das épocas mais diversas na civilização
ocidental. Dentro dos salões e cafés, uma pessoa podia aperfeiçoar a arte da
conversação e da vida.
Benet Davetian
afirmou que “os salões eram, portanto, meios extremamente eficazes para
mitificar e fortalecer o ideal do comportamento nobre”.
No mês passado, o
Consulado da Bulgária em Nova York anunciou a abertura do “Salon Noir de Mlle.
Pondeva”, no prédio do consulado em Nova York, sob o patrocínio do Sr. Totchev,
cônsul geral da República da Bulgária em Nova York.
O salão é dedicado
aos lendários salões da Itália e da França do séc. XVI ao séc. XIX, que
ajudaram a inaugurar a era do Iluminismo. Famosas salonnières incluindo Madame
Geoffrin, Madame de Staël, Madame de Tencin, Madame Récamier, Condessa
Greffulhe, e Catherine de Vivonne (Marquesa de Rambouillet).
Extraído de EPOCHTIMES um jornal a serviço da verdade
Nenhum comentário:
Postar um comentário