sábado, 17 de janeiro de 2015

MANCEBIAS POLÍTICAS

 Por Joaci Góes

 Mal iniciado o quatriênio dos 27 governos estaduais e da União, e a mídia já nos dá conta dos acordos espúrios que se realizam com os membros do Legislativo, de todos os níveis, inclusive municipais, em nome da “governabilidade”, palavra chave para justificar o vale-tudo em que se transformou a política brasileira, onde honradez, mérito, coerência e princípios ideológicos só entram como exceção à regra geral do descaramento onipresente. Recorde-se que os resultados do último pleito apontam tendências de preferência que os aspirantes ao executivo municipal não podem desprezar, sobretudo os dos grandes centros, tendo em vista as eleições do próximo ano.
O fator mais presente nesta crônica de escândalos inexauríveis, ao lado de tantas outras mazelas, tem sido a ação despudorada dos partidos nanicos que fazem leilão do seu apoio, na base de “um quem dá mais” de fazer corar monge de pedra, sem que os seus líderes demonstrem qualquer sentimento vexaminoso. Todos atuando de modo muito confortável neste ambiente prostibular, em que se vem transformando a prática política no Brasil, como se esse ominoso toma-lá-dá-cá fosse a coisa mais natural do mundo, uma face do poliedro da imoralidade, comandado pelo Mensalão e a Operação Lava-jato, enquanto não aparece algo ainda mais escabroso que pode emergir de uma auditoria rigorosa nas operações do BNDES, no programa Minha Casa, Minha Vida, Luz para Todos e contratos com térmicas movidas a óleo diesel, cuja preservação obedece a interesses escusos que impedem o fim da escorcha anual de alguns bilhões de dólares que sangram o bolso do contribuinte, de todos os níveis de renda, através da cobrança mensal da taxa conhecida como CCC (Conta de consumo de combustível), destinada a cobrir o déficit produzido pela energia cara e poluidora obtida com derivados do petróleo. Como o valor per capita é baixo, as pessoas não percebem o gigantesco valor acumulado de mais esse assalto.

Para nossa vergonha, a Operação Lava-jato vem sendo apontada, nos círculos internacionais, como o caso mais escabroso de corrupção de toda a história humana!
O ano de 2015 promete ser o mais turbulento, sob a vigência da Constituição de 1988, tendo em vista, sobretudo, a crescente expectativa da votação do Impeachment da Presidente, fato que tende a dificultar a criação das indispensáveis barreiras à manutenção dos atuais partidos e criação de novos, sem o que a moralização da vida política nacional não será possível, pelo menos num horizonte de tempo descortinável. Já há, até, exercícios especulativos sobre o valor a ser alcançado pelos votos definidores da momentosa questão, bem como a sofisticação dos modos de sua compra e venda. Recorde-se que enquanto o País se estarrecia com o julgamento dos delinquentes do Mensalão, os protagonistas dos crimes identificados na Operação Lava-jato se encontravam em plena ação, como hoje, não tenham dúvidas, grassam ações criminosas voltadas para o ganho fácil contra o Erário, inspiradas, desgraçadamente, na constatação de que, no Brasil de nossos dias, o crime compensa. Esse o preço a pagar quando o voto majoritário reinante mostra-se avesso a critérios de mérito intelectual, moralidade e ética políticas e de decência pessoal.
Para superar seu estrabismo político, bastaria que as massas adotassem como preceito a imorredoura lição do maior romancista português, Eça de Queiroz, ao sentenciar com sabedoria:
“Os governantes, como as fraldas, devem ser mudados, regularmente, e pelas mesmas razões”.

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