Por Joaci
Góes
Mal
iniciado o quatriênio dos 27 governos estaduais e da União, e a mídia já nos dá
conta dos acordos espúrios que se realizam com os membros do Legislativo, de
todos os níveis, inclusive municipais, em nome da “governabilidade”, palavra
chave para justificar o vale-tudo em que se transformou a política brasileira,
onde honradez, mérito, coerência e princípios ideológicos só entram como
exceção à regra geral do descaramento onipresente. Recorde-se que os resultados
do último pleito apontam tendências de preferência que os aspirantes ao
executivo municipal não podem desprezar, sobretudo os dos grandes centros,
tendo em vista as eleições do próximo ano.
O fator
mais presente nesta crônica de escândalos inexauríveis, ao lado de tantas
outras mazelas, tem sido a ação despudorada dos partidos nanicos que fazem
leilão do seu apoio, na base de “um quem dá mais” de fazer corar monge de
pedra, sem que os seus líderes demonstrem qualquer sentimento vexaminoso. Todos
atuando de modo muito confortável neste ambiente prostibular, em que se vem
transformando a prática política no Brasil, como se esse ominoso toma-lá-dá-cá
fosse a coisa mais natural do mundo, uma face do poliedro da imoralidade,
comandado pelo Mensalão e a Operação Lava-jato, enquanto não aparece algo ainda
mais escabroso que pode emergir de uma auditoria rigorosa nas operações do
BNDES, no programa Minha Casa, Minha Vida, Luz para Todos e contratos com
térmicas movidas a óleo diesel, cuja preservação obedece a interesses escusos
que impedem o fim da escorcha anual de alguns bilhões de dólares que sangram o
bolso do contribuinte, de todos os níveis de renda, através da cobrança mensal
da taxa conhecida como CCC (Conta de consumo de combustível), destinada a
cobrir o déficit produzido pela energia cara e poluidora obtida com derivados
do petróleo. Como o valor per capita é baixo, as pessoas não percebem o
gigantesco valor acumulado de mais esse assalto.
Para nossa
vergonha, a Operação Lava-jato vem sendo apontada, nos círculos internacionais,
como o caso mais escabroso de corrupção de toda a história humana!
O ano de
2015 promete ser o mais turbulento, sob a vigência da Constituição de 1988,
tendo em vista, sobretudo, a crescente expectativa da votação do Impeachment da
Presidente, fato que tende a dificultar a criação das indispensáveis barreiras
à manutenção dos atuais partidos e criação de novos, sem o que a moralização da
vida política nacional não será possível, pelo menos num horizonte de tempo
descortinável. Já há, até, exercícios especulativos sobre o valor a ser
alcançado pelos votos definidores da momentosa questão, bem como a sofisticação
dos modos de sua compra e venda. Recorde-se que enquanto o País se estarrecia
com o julgamento dos delinquentes do Mensalão, os protagonistas dos crimes
identificados na Operação Lava-jato se encontravam em plena ação, como hoje,
não tenham dúvidas, grassam ações criminosas voltadas para o ganho fácil contra
o Erário, inspiradas, desgraçadamente, na constatação de que, no Brasil de
nossos dias, o crime compensa. Esse o preço a pagar quando o voto majoritário
reinante mostra-se avesso a critérios de mérito intelectual, moralidade e ética
políticas e de decência pessoal.
Para
superar seu estrabismo político, bastaria que as massas adotassem como preceito
a imorredoura lição do maior romancista português, Eça de Queiroz, ao
sentenciar com sabedoria:
“Os
governantes, como as fraldas, devem ser mudados, regularmente, e pelas mesmas
razões”.
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