terça-feira, 13 de janeiro de 2015

MORRE ANITA EKBERG

A deusa, “sex symbol” da década de 60, teve fim melancólico

Anita Ekberg, tão bela e sensual quanto Marylin Monroe, fez uma breve participação em A Doce Vida (1960), minutos suficientes para ilustrar no clássico de Federico Fellini uma das sequências mais famosas da história do cinema. Ao fim de uma noitada em Roma com o jornalista vivido por Marcello Mastroianni, sua

A cena mais famosa do filme La Dolce Vita de Fellini (Marcelo Mastroianni e Anita Ekberg)


personagem, apropriadamente uma diva de Hollywood em visita à cidade, banha-se com seu vestido justo de decote generoso na Fontana di Trevi. Com a morte da atriz sueca, neste domingo, aos 83 anos, esta cena foi evocada nas boas lembranças de cinéfilos em todo o mundo. A causa da morte de Anita não foi informada. Ela estava internada desde o Natal em uma clínica em Rocca di Papa, localidade a cerca de 30 quilômetros de Roma.
Anita teve um fim de vida melancólico. Os papéis em produções menores foram rareando até seu último trabalho, em 2002, na minissérie da TV italiana Il Bello delle Donne. Em 2011, ela havia voltado ao noticiário quando, por meio de um administrador nomeado pela justiça italiana, solicitou apoio financeiro à Fundação Fellini. Na ocasião, Anita havia deixado sua casa nos arredores de Roma em razão de um incêndio provocado por ladrões, para morar em um lar de idosos. Locomovia-se de cadeira de rodas devido a uma queda que lhe fraturou o fêmur, em 2009. Segundo pessoas próximas, recebia poucas visitas e tinha ainda como projeto lançar um livro de memórias. Em entrevista ao jornal Il Corriere della Sera disse que se sentia "um pouco sozinha", mas que não se arrependia de ter "amado, chorado e enlouquecido de felicidade".


Kerstin "Anita" Marianne Ekberg (Malmö29 de setembro de 1931  — 11 de janeiro de 2015) foi uma atrizmissmodelo e cultuada sex symbol sueca da década de 1960, assim conhecida após sua aparição no filme La dolce vitaobra-prima do cineasta italiano Federico Fellini.
Ekberg começou a trabalhar como modelo para revistas de moda na adolescência e, em 1950, com o incentivo da mãe, participou e venceu o concurso de Miss Malmö, da sua cidade, sendo depois eleita Miss Suécia de 1951. Foi então para os Estados Unidos representar o país no Miss Universo, em Long Beach.


Apesar de não vencer o concurso, ficou entre as seis finalistas, o que lhe garantia um contrato como starlet da Universal Studios, como parte do prêmio do concurso na época. Nos Estados Unidos, Ekberg conheceu Howard Hughes, milionário produtor de filmes, que a convidou a trabalhar para ele mas queria que ela trocasse de nome e fizesse plástica no nariz e nos dentes. Howard dizia que 'Ekberg', nome sueco, era difícil de pronunciar para o americano comum. Ela, entretanto recusou-se a mudar de nome, dizendo que se ficasse famosa, iam aprender a pronunciá-lo e caso não ficasse, o nome não teria qualquer importância. Como contratada do estúdio, ela passou a receber aulas de interpretaçãodançalocuçãohipismo e esgrima.
A combinação da beleza física e a agitada vida particular e social de Ekberg logo a transformaram numa pin-up e em presença constante nas páginas de revistas mundanas e masculinas dos meios de comunicação norte-americanos, o que a tornou uma das maiores pin-ups dos anos 50.

Uma das últimas fotos de Anita. À época, pesava mais de 100 quilos

Ekberg ganhou certa fama nos Estados Unidos após uma turnê feita com o comediante Bob Hope, em que substituiu Marilyn Monroe, doente, transmitida nacionalmente pela televisão. Na metade da década, começou a trabalhar para outros estúdios e foi contratada pela Paramount Pictures para trabalhar com Jerry Lewis e Dean Martin em Artistas e Modelos (1955) e Ou Vai Ou Racha que lhe deram grande projeção popular. No mesmo ano, foi para a Europa filmar com o diretor King Vidor, na versão de Guerra e Paz, em que fez o segundo papel feminino depois de Audrey Hepburn.
Depois de alguns filmes menores até o fim da década, finalmente teve a chance de fazer o filme que a tornaria um ícone, quando foi convidada por Federico Fellini para viver Sylvia, famosa atriz sueco-americana em La dolce vita. O filme foi um grande sucesso de público e crítica a sua cena noturna na Fontana di Trevi, banhando-se num vestido de noite negro, tornou-se um dos mais icônicos momentos da história do cinema. ´
O sucesso de La dolce vita levou-a a estrelar Boccaccio 70 com Sophia Loren e Romy Schneider e mais dois filmes testemunhais com Fellini em anos seguintes,  (1970) e Intervista(1987), novamente com Mastroianni, onde representa a si mesma. Nos últimos anos, suas aparições na tela, esporádicas, têm sido apenas em pequenos filmes europeus e na televisão italiana.
Ekberg teve uma vida amorosa agitada, casando-se duas vezes, a primeira com o ator britânico Anthony Steel (1956-1959) e depois com Rik van Nutter (1963-1976)3 mais conhecido pelo papel de Felix Leiter, o contato norte-americano na CIA de James Bond, em 007 contra a Chantagem Atômica (1965). Envolvida romanticamente por três anos com o milionário italiano Gianni Agnelli, dono da Fiat e seu grande amor, com quem sempre desejou ter um filho sem conseguir, ela, afastada do cinema, viveu muito anos numa "villa" ao sul de Roma, tendo voltado poucas vezes à sua Suécia natal.

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