“Anita
Ekberg, tão bela e sensual quanto Marylin Monroe, fez uma breve participação em A Doce Vida (1960), minutos suficientes para
ilustrar no clássico de Federico Fellini uma
das sequências mais famosas da história do cinema. Ao fim de uma noitada em Roma com o jornalista vivido por Marcello
Mastroianni, sua
personagem, apropriadamente uma diva
de Hollywood em visita à cidade, banha-se com seu vestido justo de decote
generoso na Fontana di Trevi. Com a morte da atriz sueca, neste domingo, aos 83
anos, esta cena foi evocada nas boas lembranças de cinéfilos em todo o mundo. A
causa da morte de Anita não foi informada. Ela estava internada desde o Natal
em uma clínica em Rocca di Papa, localidade a cerca de 30 quilômetros de Roma.
Anita teve um fim de vida melancólico. Os papéis em produções menores
foram rareando até seu último trabalho, em 2002, na minissérie da TV italiana Il
Bello delle Donne. Em 2011, ela havia voltado ao noticiário quando, por meio de um
administrador nomeado pela justiça italiana, solicitou apoio financeiro à
Fundação Fellini. Na ocasião, Anita havia deixado sua casa nos arredores de
Roma em razão de um incêndio provocado por ladrões, para morar em um lar de
idosos. Locomovia-se de cadeira de rodas
devido a uma queda que lhe fraturou o fêmur, em 2009. Segundo pessoas próximas,
recebia poucas visitas e tinha ainda como projeto lançar um livro de memórias.
Em entrevista ao jornal Il Corriere della Sera disse que se sentia "um
pouco sozinha", mas que não se
arrependia de ter "amado, chorado e enlouquecido de felicidade".
Kerstin
"Anita" Marianne Ekberg (Malmö, 29 de setembro de 1931 — 11 de janeiro de 2015) foi
uma atriz, miss, modelo e cultuada sex symbol sueca da década de 1960, assim
conhecida após sua aparição no filme La dolce vita, obra-prima do cineasta italiano Federico Fellini.
Ekberg começou a
trabalhar como modelo para revistas de moda na
adolescência e, em 1950, com o incentivo da mãe, participou e venceu o concurso
de Miss Malmö, da
sua cidade, sendo
depois eleita Miss Suécia de
1951. Foi então para os Estados Unidos representar
o país no Miss Universo, em Long Beach.
Apesar de não vencer o concurso, ficou entre as seis finalistas, o que
lhe garantia um contrato como starlet da Universal Studios, como parte do prêmio do concurso na
época. Nos Estados Unidos, Ekberg conheceu Howard Hughes,
milionário produtor de filmes, que a convidou a trabalhar para ele mas queria
que ela trocasse de nome e fizesse plástica no nariz e
nos dentes. Howard
dizia que 'Ekberg', nome sueco, era difícil de pronunciar para o americano
comum. Ela, entretanto recusou-se a mudar de nome, dizendo que se ficasse
famosa, iam aprender a pronunciá-lo e caso não ficasse, o nome não teria
qualquer importância. Como contratada do estúdio, ela passou a receber
aulas de interpretação, dança, locução, hipismo e esgrima.
A combinação da beleza física e a agitada vida particular e social de
Ekberg logo a transformaram numa pin-up e em presença constante nas páginas de
revistas mundanas e masculinas dos meios de comunicação norte-americanos, o que a tornou uma das
maiores pin-ups dos anos 50.
Uma das
últimas fotos de Anita. À época, pesava mais de 100 quilos
Ekberg ganhou certa fama nos Estados Unidos após uma turnê feita com o comediante Bob Hope, em que
substituiu Marilyn Monroe, doente, transmitida nacionalmente pela televisão. Na
metade da década, começou a trabalhar para outros estúdios e foi contratada
pela Paramount Pictures para trabalhar com Jerry Lewis e Dean Martin em Artistas e Modelos (1955)
e Ou Vai Ou Racha que lhe deram grande projeção popular. No
mesmo ano, foi para a Europa filmar com o diretor King Vidor, na versão
de Guerra e Paz, em que fez o
segundo papel feminino depois de Audrey Hepburn.
Depois de alguns
filmes menores até o fim da década, finalmente
teve a chance de fazer o filme que a tornaria um ícone, quando foi convidada por Federico Fellini para
viver Sylvia, famosa atriz sueco-americana em La dolce vita. O filme
foi um grande sucesso de público e crítica a sua cena noturna na Fontana di Trevi,
banhando-se num vestido de noite negro, tornou-se um dos mais icônicos momentos
da história do cinema. ´
O sucesso de La
dolce vita levou-a a estrelar Boccaccio 70 com Sophia Loren e Romy Schneider e
mais dois filmes testemunhais com Fellini em anos seguintes, (1970)
e Intervista(1987),
novamente com Mastroianni, onde representa a si mesma. Nos últimos anos,
suas aparições na tela, esporádicas, têm sido apenas em pequenos filmes
europeus e na televisão italiana.
Ekberg teve uma vida amorosa agitada, casando-se duas
vezes, a primeira com o ator britânico Anthony Steel (1956-1959)
e depois com Rik van Nutter (1963-1976)3 mais
conhecido pelo papel de Felix Leiter, o contato
norte-americano na CIA de James Bond, em 007 contra a Chantagem Atômica (1965). Envolvida romanticamente por três anos com
o milionário italiano Gianni Agnelli, dono da Fiat e seu grande amor, com quem sempre desejou
ter um filho sem conseguir, ela, afastada do cinema, viveu muito anos
numa "villa" ao
sul de Roma, tendo voltado poucas vezes à sua Suécia natal.
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