Fortalezas, castelos, palácios
Um dos mais ricos e suntuosos do mundo
O Palácio Real de Madrid, também
denominado de Palácio de Oriente e, durante a Segunda República Espanhola, de Palácio
Nacional, é a residência oficial do Rei de Espanha, situado
em Madrid, a capital espanhola. Com uma
área de 135 000 m² e 4318 quartos, é o maior palácio real na Europa.
Foi construído no mesmo local onde se encontrava um
outro palácio,
denominado de Real Alcázar de Madrid, destruído por um
incêndio que durou três dias, no ano de 1734.
As obras começaram a 6 de Abril de 1738, quando se
lançou a primeira pedra. O seu arquitecto foi Giovanni Battista Sacchetti.
O Palácio Real de Madrid continua a ser,
oficialmente, a residência do Rei de Espanha, apesar
de, na atualidade, o Rei o utilizar somente para ocasiões de gala, almoços,
recepções oficiais, entregas de prémios e audiências, já que a Família Real
optou por viver num palácio mais
modesto, o Palácio da Zarzuela. Os reis consideram que na sua residência do Monte
de El Pardo podem preservar a sua intimidade mais facilmente que num palácio
com as dimensões do Palácio Real de Madrid.
Afonso XIII foi o último monarca a residir
permanentemente no palácio, e Manuel Azaña o
último chefe de estado a habitá-lo. Os aposentos privados utilizados por Afonso
XIII estiveram em estado de semiabandono durante muito tempo, estando em
processo de restauro. Estes encontram-se na denominada Ala de San Gil.
Também se projeta a construção de um Museu de
Colecções Reais nas proximidades, entre a Plaza de la Armería e la
Almudena. Este edifício, em parte subterrâneo, albergará diversas colecções
que permanecem armazenadas.
Atualmente, o Palácio Real de Madrid é administrado
pelo Património Nacional de Espanha,
dependente do Ministério da Presidência.
Salão de recepção
As origens do Palácio Real de Madrid remontam
ao século IX, quando
o emir do Emirado de Córdoba, Maomé I, construiu uma edificação defensiva. Depois da sua
conquista por Afonso VI de Castela, dois séculos mais tarde, o primitivo castelo muçulmano transformou-se
num alcazar, o qual
seria ampliado sucessivamente pela Coroa ao longo dos séculos, até converter-se
na sede da Corte com Filipe II de Espanha. O Real Alcázar de Madrid sucumbiu a um
incêndio na Noite de Natal de 1734, que
duraria três dias (entre 24 e 27 de Dezembro).
Foi Filipe V quem desejou que se construísse o palácio no mesmo
lugar, simbolizando a continuidade da Monarquia Espanhola com a Casa de Bourbon. Para
substituir o incendiado Alcázar pensou-se no arquitecto Italiano Filippo Juvarra, mas o
falecimento deste em 1736 determinou
que o projeto fosse adjudicado a Juan Bautista Sachetti, discípulo
do anterior. Sachetti viu-se obrigado a modificar os planos do mestre que o
havia projetado no sentido horizontal (e noutro lugar: os Altos de Leganitos),
para poder adaptar-se ao menor espaço disponível; teve, assim, de ampliar para
seis os três andares planeados por Juvarra, recorrendo aos entrepisos,
frequentes na arquitetura italiana.
As obras começaram a 6 de Abril de 1738, com a
colocação da primeira pedra, situado no eixo central da porta principal de
Palácio, a cerca de onze metros de profundidade, formada por um grande silhar
de granito côncavo, onde se colocou uma caixa de chumbo com amostras de cada
uma das moedas em circulação legal naquele momento.
Salão dos espelhos
A planta
desenvolvida por Sachetti conservou a forma tradicional espanhola de pátio
central retangular, quase quadrado, com fortes salientes nos ângulos que
recordam as torres do antigo Alcázar. As fachadas foram inspiradas nas
que Bernini realizou para o Palais du Louvre em 1665. O alçado
das fachadas consta de dois corpos: um corpo inferior almofadado, e outro
superior, de Ordem Jónica, com
gigantescas pilastras, rematados
por cornija e balaustrada. Em frente
da fachada principal, uma esplanada da forma à praça de armas semelhante à do
incendiado Alcázar.
Vista da
esquina Nordeste do Palácio Real de Madrid.
Situado
sobre um terreno com inclinações pronunciadas sobre o Rio Manzanares, foi
necessário criar um grande sistema de contrafortes para duas das fachadas, pelo
que existem uma série de plataformas escalonadas, que tiveram que ser
construídas para o lado poente, com um sistema interior de abobadamentos que
praticamente chega até ao rio. Para a sua construção utilizaram-se
ladrilhos, granito de Guadarrama, e calcário de Colmenar. Na sua
estrutura não houve recurso à madeira por receio de um novo incêndio. No
reinado de Fernando VI, a construção recebeu o seu maior impulso, finalizando-se
a obra externa. A conclusão das obras interiores demoraram bastantes mais anos,
não podendo o palácio ser habitado por Carlos III até ao ano de 1764, embora,
nessa época ainda faltassem as decorações de alguns salões. A construção durou,
portanto, vinte seis anos, embora as obras complementares tenham continuado
pelos reinados seguintes, só podendo ser dado por terminado durante a regência
de Dona Maria Cristina de Habsburgo-Lorena (regente
entre 1885 e 1902).
Armaria
real
Embora o arquiteto
principal do palácio tenha sido Sachetti, às suas ordens trabalharam outros arquitetos,
destacando-se entre eles Ventura Rodríguez e Francesco Sabatini. Ante a falta de espaço para as secretarias de
Estado, arquivos e dependências várias, Sachetti recebeu o encargo da ampliar o
palácio. A ideia original era enquadrar a praça de armas com uma série de
construções onde se pudessem alojar as diferentes dependências e ampliar para
Norte, seguindo a mesma estrutura do edifício com uma grande edificação. As
obras começaram rapidamente, mas foram interrompidas pouco depois, tendo os
seus alicerces permanecido enterrados na esplanada que se formou depois e onde
posteriormente se construíram as cavalariças; outro dos arquitetos foi Fray Martín Sarmiento, que
idealizou os motivos ornamentais do exterior do edifício, embora o seu projeto
tenha ficado muito reduzido na sua expressão final. O Marquês de Balbueno foi o
administrador dos fundos destinados à construção do novo palácio.
O interior
do edifício destaca-se pela sua riqueza, tanto pelo uso de todo o tipo de
materiais nobres como por estar ricamente decorado por artistas como Goya, Velázquez, El Greco,Rubens, Tiepolo, Mengs e Caravaggio. Também
são mantidas no palácio diversas colecções Reais de grande importância
histórica, incluindo a Armaria Real, com armas e armaduras que
datam do século XIII em
diante, assim como a maior colecção mundial de Estradivários, as
colecções de tapeçarias, porcelana,
mobiliário e outras obras de arte de grande importância histórica.
A Escadaria
Principal é o resultado de uma modificação de Sabatini sobre o projecto
original de Sachetti, que a havia desenhado com outro tramo idêntico. A reforma
realizou-se por desejo de Carlos III, já que lhe parecia inadequado o ingresso às
habitações Reais, uma vez que com a escadaria dupla não havia mais que uma
obscura passagem que dava acesso aos salões oficiais a partir da escadaria.
Além disso, com esta modificação, podia usar-se o espaço do tramo encerrado
para construir um grande salão de baile, atualmente conhecido como Salão de
Colunas.
Os degraus
da escadaria, fabricados em mármore de
San Pablo (Toledo), estão
lavrados, cada um, numa única peça de cinco metros de comprimento e escassa
altura, tendo, portanto, uma subida pouco pronunciada. A escadaria tem um único
braço desde a sua base até ao primeiro patamar, onde se divide em dois braços
paralelos com balaustrada, a qual
está adornada com leões de mármore, obra de Felipe de Castro e Roberto Michel. A abóbada está
decorada com estuques brancos
e dourados, além de pinturas de Corrado Giaquinto, chamado por Fernando VI para a composição pictórica que
representa "O Triunfo da Religião e da Igreja".
A arquitetura
desta sala é igual à da Escadaria Principal, já que resultou da caixa projetada
por Sachetti. Foi utilizada para a celebração de bailes e banquetes até 1879. Nesse
ano, foi usado para o velório da Rainha Maria de las Mercedes, esposa de Afonso XII, tendo-se decidido construir um novo salão de
baile, que é atualmente a Sala de Refeições de Gala. Também se celebrava neste
salão o cerimonial do "Lavatório e Comida de Pobres", na Quinta-feira
Santa, dia em que o Rei e a Rainha, ante Grandes de Espanha, Ministros, corpo
diplomático e hierarquia eclesiástica, davam de comer e lavavam os pés a vinte
cinco pobres.
Capela real
O Salão de
Gasparini é um dos mais formosos salões do palácio, tendo sido realizado
durante o reinado de Carlos III e chegado aos nossos dias praticamente sem
nenhuma alteração. Era o lugar onde o Rei se vestia em presença da Corte,
segundo o costume da época. A sua decoração apresenta grandes originalidades do
tipo chinoiserie em
estilo Rococó, tendo
sido realizada por Matias Gasparini. Com os seus cento e cinquenta metros
quadrados, é um dos maiores salões do palácio. Na sua decoração cabe destacar o
relógio situado sobre a chaminé, obra de Pierre Jacquet Droz, com figuras
vestidas à moda do século XVIII, que
bailam quando, ao dar as horas, um pastor sentado toca flauta.
Sala de
Porcelana.
A Saleta de
Porcelana tem as paredes e o tecto completamente recobertos por placas de porcelana, sujeitas
a uma armação interior de madeira, montadas de tal forma que as suas uniões
ficam dissimuladas entre adornos de telas e entalhes a imitar porcelana. É obra
da primeira etapa da Fábrica do Buen Retiro, a sua fase de maior
esplendor. Foi realizada entre 1765 e 1770,
atribuindo-se a José Gricci, Genaro Boltri e Juan Bautista de la Torre, os mesmos
que realizaram o Salão de Porcelana do Palácio de Aranjuez. A Saleta
de Porcelana foi executada num estilo rococó mais próximo do neoclassicismo, com o uso
cores mais sóbrias. O solo foi realizado sobre um desenho de Gasparini.
Sala de
Refeições de Gala.
A Sala de
Refeições de Gala, com uma superfície de quatrocentos metros quadrados, é
formada por três divisões que constituíam o "Quarto da Rainha" María Amália de Saxônia, esposa
de Carlos III, a qual nunca as chegou a utilizar por falecer
antes da sua finalização. A sua construção foi ordenada pelo Rei Afonso XII para usá-la como salão de baile e nova sala
de refeições, utilizando-se pela primeira vez aquando do seu segundo
matrimónio, com Maria Cristina de Habsburgo-Lorena, no ano
de 1879. Está
decorado com tapetes de Bruxelas do século XVI, jarras de
porcelana chinesa do século XVIII e
peças da vila francesa de Sèvres.
O Salão dos
Espelhos era utilizado como toucador da Rainha Maria Luísa de Parma, esposa
de Carlos IV, num estilo neoclássico, sendo um dos salões mais
belos do palácio, para o que contribuem os rodapés de mármore rosado
e os paramentos das paredes, cobertos por uma fina ornamentação em estuque na
qual predomina o branco e o azul. Os grandes espelhos que dão nome ao salão
estão guarnecidos com ouro e azul, rodeados de estuques coloridos sobre fundo
branco com motivos vegetais. Nesta sala cabe destacar o velador central,
de mogno e bronze dourado,
realizado por Thomiere em 1788. A Família
Real utilizou-o nos tempos de Afonso XIII como salão de música.
Ala de
audiências
O Salão do
Trono, conhecido no século XVIII como
"Salão de Embaixadores" ou "Salão de Reinos", conserva o
aspecto da época da sua decoração durante o reinado de Carlos III. O salão é presidido por dois tronos com as esfinges dos atuais
Reis de Espanha, os quais são cópia exata do trono da época de Carlos III. Todo
o salão está atapetado em veludo encarnado
com orlas de estilo
rococó de prata dourada trazidas de Nápoles. De ambos
os lados do trono situam-se quatro leões de bronze dourado realizados
para Filipe IV e que, juntamente com outros oito que se
conservam no Museu do Prado, foram usados na decoração do Salão de Reinos do
anterior Alcázar.
Decoram o
salão doze consolas douradas de estilo rococó acompanhadas, cada uma delas, com
os seus espelhos correspondentes realizados na Real Fábrica de Cristais da
Granja. Tanto os espelhos como as consolas apresentam diferente desenho dentro
de uma unidade de traçado. As consolas foram desenhadas por Ventura Rodríguez para ocupar o mesmo lugar onde continuam
colocadas na atualidade. Representam, juntamente com os espelhos, as quatro
estações do ano, os quatro elementos e os quatro continentes conhecidos naquele
momento. Peças importantes são as estátuas, algumas
delas realizadas em Roma por
discípulos de Bernini e
trazidas por Velásquez por
encomenda de Filipe IV. As aranhas que iluminam este salão datam da época
de Carlos III e foram executadas em prata e compostas por
contas de cristal de rocha engastadas com fio de prata. Na abóbada destaca-se
a alegoria pintada
por Tiépolo em 1764 e que
representa "A Grandeza da Monarquia Espanhola".
Aposento
A Capela
Real situa-se ao centro do lado Norte do andar principal do palácio. Tem acesso
a partir da galeria que rodeia o pátio central, sendo um dos pontos mais
interessantes do ponto de vista arquitetônico.
Sachetti
realizou o primeiro projeto, mas Fernando VI inclinou-se para o projeto realizado em 1749 por
Ventura Rodríguez, ajudante de Sachetti, o qual seria realizado entre 1750 e 1759. A planta
é de tipo central ou elíptica, estando coroada por uma cúpula de
meia laranja. Por último, 16 colunas de mármore negro de uma única peça,
coroadas com capitules em estuque dourado, estão adossadas a cada um dos
ângulos que descrevem a planta, salvo no átrio, que apresenta pilastras negras
que imitam o mármore. A distribuição da capela é clássica; enquanto a Este se
situa o altar-mor de mármore, a Norte, o altar do evangelho, a Oeste o
órgão, e o átrio é o vestíbulo. Os assentos Reais ficam no lado Norte, próximo
do altar-mor à sua direita.
O pintor
Giaquinto foi encarregado de desenhar e dirigir os trabalhos da decoração da
Capela Real. O próprio Giaquinto pintou os afrescos da
capela e do átrio. Os anjos da cúpula foram realizados por Filipe de Castro.
Sobre o altar-mor existe um quadro do Arcanjo São Miguel Bayeu, abaixo do altar
do evangelho encontram-se as relíquias de
São Felix, e acima o quadro da Anunciação de Mengs. O dossel e as poltronas dos soberanos são da
época do Rei Fernando VI e foram realizados fundo branco com
bordaduras de prata e sedas coloridas. O órgão, construído em 1778, é
considerado como uma autêntica obra prima.
A Real
Biblioteca ocupa o ângulo Noroeste do palácio e consta de dois andares
mobilados com estantes de mogno. As Suas
colecções constam de livros, medalhas e moedas em número de 300.000 obras
impressas, 4.000 manuscritos, 3.000
obras musicais, 3.500 mapas, 200 gravuras e desenhos, e cerca de 2.000 moedas e
medalhas.
O seu
catálogo está informatizado, e pode ser consultado através da página oficial da Real Biblioteca.
Monumento a
Filipe IV na Plaza de Oriente, com o Palácio Real de Madrid ao
fundo.
A Real
Biblioteca é a que, com os nomes de Real Particular ou de Câmara, serviu como
biblioteca privada aos Reis da Casa de Bourbon desde
a chegada de Filipe V. A esta instituição deve opor-se o termo de Real
Pública, com o qual se distinguiu da Privada, e que atualmente é a Biblioteca
Nacional. Ambas as instituições tiveram uma origem comum. A sua separação
definitiva produziu-se em 1836, ano no
qual a Real Pública passou para as mãos do Estado e a ser gerida pelo
Ministério do Interior da Espanha.
Na
constituição do fundo original da Real Biblioteca é perceptível o afã por
reproduzir um Gabinete de Belas Artes, no qual as diferentes colecções, não
somente bibliográficas, compartilhassem o mesmo espaço. Assim, instrumentos
musicais, medalhas e moedas, utensílios de desenho e aparelhos utilizados para
a investigação científica e matemática, convivem com manuscritos, impressos,
mapas e partituras musicais.
A
Biblioteca Particular dos Reis continuou a crescer, deslocando-se com os seus
proprietários durante os anos que durou a construção do novo palácio depois do
incêndio do Real Alcázar em 1734. Os
inventários conservados da época de Carlos III revelam o predomínio do livro impresso na
biblioteca, embora se deva à iniciativa deste monarca a incorporação na Real
Biblioteca da colecção de manuscritos de idiomas da América, reunidos por Celestino Mutis em 1787.
As
aquisições de livros mais notáveis correspondem ao reinado de Carlos IV. Entre as colecções que ingressaram então, cabe
destacar as bibliotecas particulares de ilustrados como Mayans y Siscar e Francisco de Bruna, Ouvidor
da Audiência de Sevilha e amigo pessoal de Gaspar Melchor de Jovellanos. A estes fundos
somaram-se os numerosos livros procedentes das bibliotecas particulares do
Conde de Mansilla e do Conde de Gondomar. Deste último conserva a Real
Biblioteca não só a sua magnífica colecção de livros impressos e manuscritos,
mas também uma copiosa correspondência que ascende a mais de 20.000 cartas.
Pela sua especial condição de Livraria da Coroa, ingressaram também na Real
Biblioteca fundos de carácter arquivístico do Arquivo Geral de Simancas e da
Secretaria de Graça e Justiça. De tal ministério foram trazidos, em virtude da
Ordem Real de 1807, os
manuscritos de Francisco de Zamora, Manuel José de Ayala, Areche e a colecção Muñoz.
Pátio de
honra do Palácio Real de Madrid.
O
incremento de livros na colecção Real foi constante desde o nascimento da
Biblioteca. Herança do seu fundador, Filipe V de Espanha, foi também propósito renovado pelos seus
sucessores de enriquecer a livraria com coisas «singulares, raras e extraordinárias».
Consequência dessa secular tradição, que tende a reunir a biblioteca e o museu,
é o ingresso na Real Biblioteca dos magníficos álbuns de História Natural e de
Antropología de Vilella, na época de Carlos IV; ou o aumento, secundado por
todos os monarcas, da colección de partituras musicais manuscritas e impressas,
tão vinculada à Rainha Bárbara de Bragança, ou a
incorporação do Monetário de Baldiri na época de Fernando VII. Aquando da morte deste Rei, a biblioteca havia
sido enriquecida com uma refinada série de encadernações e os livros, cada vez
mais numerosos, mudaram para o lugar que ocupa atualmente a Real Biblioteca.
Jardim
palaciano
Os vaivéns
políticos do século XIX produziram
um abandono dos projetos culturais de âmbito nacional promovidos pela coroa e
não poucas vezes planificados pelos bibliotecários mais salientes, o que
derivou no favor particular de escritores, artistas e editores que
corresponderam à proteção Real com o envio dos seus livros.
A
organização material da Biblioteca e a catalogação científica dos seus fundos
iniciou-se com o reinado de Afonso XII. Desde então, a principal preocupação da Real
Biblioteca tem sido conservar adequadamente o seu património, aumentá-lo seletivamente
e difundi-lo mediante catálogos gerais e específicos, alguns, como o de
Crónicas gerais de Espanha ou o de Manuscritos de América, de referência
obrigatória entre os especialistas. A automatização do fundo bibliográfico e a
edição de um novo catálogo geral de manuscritos e impressos foi a última grande
tarefa empreendida pela Real Biblioteca, em 1992.
A Real
Biblioteca alberga uma das melhores mostras de encadernação histórica que pode
ver-se , atualmente, na Europa. Desde
o classicismo oitocentista até
às propostas de art decô, as
representações são numerosas e eminentes.
Quanto à
seleção, o ponto de partida tem sido a listagem das encadernações com autoria
registada no campo correspondente à Base de Dados do "Património
Bibliográfico do Património Nacional" (IBIS). Por questões práticas e de
coerência da colecção, restringiu-se a seleção aos volumes localizados na Real
Biblioteca. O acesso aos volumes selecionados para serem conduzidos ao local de
trabalho do fotógrafo permitiu uma rigorosa inspeção ocular das salas e
depósitos da biblioteca, o que aconselhou incluir zelosamente, seguindo
critérios artísticos, históricos ou de representatividade da colecção, outras
encadernações alheias à listagem inicial. Muitas das encadernações selecionadas
estavam descritas nas "Encadernações" de M. López Serrano, outras na
"Encadernação e Identificação", pelo que, finalmente, foi decidido
esvaziar ambos os catálogos.
Salão de
concerto
Predomina a
encadernação dos séculos XVIII e século XIX, embora
também estejam representados os séculos anteriores a partir do XVI.
A partir
de 1993 renovou-se
uma prática muito característica do fundo da Real Biblioteca: as encadernações
de arte com a cifra Real. Os livros eleitos para serem revestidos com estas
galas são os procedentes do certame anual do prémio "Rainha Sofia
de Poesia Iberoamericana". Os encadernadores são artistas cujo nome já
faz parte da história da encadernação contemporânea: os irmãos Galván, Manuel
Bueno, José Luis García, Ramón Gómez Herrera, Antolín Palomino, Andrés Pérez
Sierra ou Ana Ruiz Larrea. Este hábito, além de dar continuidade à tradição de
encadernações valiosas conservadas na Biblioteca, recupera o sentido de cópia
de apresentação que tradicionalmente se tem dado nas bibliotecas Reais aos
livros realizados sob o patrocínio intelectual ou económico da coroa.
Os
aposentos privados foram utilizados como residência, propriamente dita, dos
soberanos Isabel II, Afonso XII e Afonso XIII. Ocupando o prolongamento (ala de San Gil) feito
por Sabatini, em volta da Plaza de la Armería e da Calle
de Bailén, são de menor tamanho que o resto das habitações do palácio e
possuem uma decoração mais "burguesa".
Armaria
Real.
O Palácio
Real de Madrid tem uma grande e variada quantidade de coleções artísticas da
mais diversa índole, que vai desde a pintura à Real Farmácia com os seus potes:
As coleções
mais significativas são as seguintes:
O que
conserva o palácio são os restos da grande colecção Real, uma vez que a maior
parte passou a formar parte do Museu do Prado no século XIX. Conta-se
que Fernando VII decretou a fundação do Prado para desfazer-se
de tantos quadros, pois preferia decorar o palácio com papéis pintados e
candeeiros, à moda francesa.
Além dos
valiosos afrescos de Tiepolo e outros, destacam-se no palácio vários quadros
de Francisco de Goya, como dois pares de retratos, com diferentes
trajos, de Carlos IV e sua esposa, Maria Luísa de Parma. O Prado
possui exemplares de dois deles, mas são cópias pintadas por Agustín Esteve, sendo os
do palácio os autênticos. De Diego Velázquez existem
alguns exemplos de menor interesse. Outros autores mencionados nos inventários
são Peter Paul Rubens, Giovanni Battista Tiepolo, Anton Raphael Mengs, Caravaggio, com um
famoso quadro de Salomé, assim como Luca Giordano, pintor
napolitano que trabalhou ao serviço de Carlos II. Retratistas da Corte bourbónica, como Louis-Michel van Loo, Winterhalter e Laszlo, contam
também com uma presença lógica. Watteau, figura
chave do Rococó francês,
conta com duas pinturas, das poucas obras suas existentes em Espanha. As obras
estão distribuídas pelos salões e por uma zona habilitada como museu de
pintura, embora seja previsível que pelo menos uma parte seja levada para o
futuro Museu de Coleções Reais.
No Palácio
Real as séries de escultura são
de importância menor em relação à coleção de pintura, mas a série do século XVII,
procedente do anterior Alcázar, é de um carácter excepcional. Os principais
escultores representados são Mariano Benlliure, Gian Lorenzo Bernini, Antoine Coysevox e Agustín Querol. Sobressai
a série de "Os Planetas" do Salão do Trono.
O grande
valor do mobiliário do palácio reside na sua autenticidade, pois são muito
poucos os móveis de estilo moderno presentes nos seus salões (situados
principalmente nos aposentos privados). A maior parte dos móveis correspondem à
época de construção do palácio e reinados sucessivos, mostrando uma série
ininterrupta de estilos rococó, neoclássico, império e
isabelino. Algumas das séries de móveis mais importantes encontram-se nos
salões de Gasparini, Trono e Espelhos. Cabe destacar "A Mesa das Esfinges",
de estilo império, situada no Salão de Colunas, sobra a qual se assinou a
entrada da Espanha na União Europeia.
Considerada
a maior e melhor coleção de relógios da Espanha, também é
uma das principais no mundo. O relógio denominado de "El Calvário",
do século
XVII e construído em Nuremberg, é o mais
antigo, enquanto que a existência de um grande número de relógios da época
império se deve à afeição pelos relógios do Carlos IV. Há a destacar um relógio oferecido pelo
presidente do Peru ao
Rei Afonso XIII em 1906, e
construído em 1878, pela
riqueza de materiais usados para a sua elaboração, como o ouro, prata marfim,
etc. A importância da coleção de relógios radica sobretudo nos relógios de
época em estilo rococó, construídos para o Rei Fernando VI pelo relojoeiro suíço Jacquet Droz.
No palácio
existem porcelanas de todas as épocas, estilos e procedências, sendo as mais
valiosas as pertencentes aos serviço das bodas dos reis Carlos III e Maria Amália de Saxônia.
Salão das
armaduras
Considerada
a principal coleção de tapetes no mundo, a coleção do Palácio Real de Madrid
compõe-se fundamentalmente por tapetes fabricados em Bruxelas e
pelos realizados pela Real Fábrica de Santa Bárbara sobre cartões de Francisco de Goya. Há a
destacar os tapetes que cobrem as paredes da Sala de Refeições de Gala.
Durante o
reinado de Filipe II, quando a Real Farmácia se converteu num apêndice
da Casa Real com ordem para abastecê-la de medicamentos, função que ainda
mantém. A Real Farmácia que existe na atualidade foi fundada como Museu de Farmácia
em 1964. As salas
de destilação e as duas salas adjacentes à farmácia foram reconstruídas tal
como eram durante os reinados de Afonso XII e Afonso XIII. Os frascos são anteriores e são formados por
frescos realizados nas fábricas da Granja de San Ildefonso e de Porcelana do
Buen Retiro, mas também existem utensílios fabricados em louça de Talavera
no século
XVII.
Considerada,
juntamente com a Armaria Imperial de Viena como
uma das dos melhores do mundo, a Armaria Real é formada por peças que vão
do século XV em
diante. São de destacar as peças de torneio realizadas para Carlos V e Filipe II pelos principais mestres armeiros de Milão e Augsburgo. Entre as
peças mais apelativas sobressaem a armadura e instrumentos completos que o
Imperador Carlso V empregou na Batalha de Mühlberg, e com os quais foi retratado por Tiziano no
famoso retrato equestre do Museu do Prado.
Infelizmente, partes da armaria perderam-se durante a Guerra Peninsular e
a Guerra Civil Espanhola.
Estes
Jardins devem o seu nome ao facto de este lugar ter sido usado pelos muçulmanos para
acampar as tropas que sitiavam a cidade na Idade Média. As
primeiras obras para acondicionar os jardins devem-se a Filipe IV, o qual transformou o lugar construindo fontes e
plantando diferentes tipos de vegetação, mas ainda assim estava bastante descuidado.
Durante a reconstrução do Palácio Real, no século XVIII,
realizaram-se diversos projetos de ajardinamento baseados nos jardins do Palácio Real de La Granja de San
Ildefonso, os quais não se chegaram a realizar por falta de fundos. Só no reinado
de Isabel II se começou o ajardinamento a sério do Campo
do Mouro. Nesta época desenhou-se um grande parque e instalaram-se fontes
trazidas do Palácio de Aranjuez.
Infelizmente, com a queda de Isabel II houve um período de abandono e descuido,
durante o qual se perdeu uma parte do desenho do jardim, de tipo romântico. Durante a
regência de
Maria
Cristina iniciaram-se uma série de obras de recuperação, outorgando-lhe um
desenho atual, de acordo com o traçado dos parques ingleses do século XIX.
Os Jardins
de Sabatini ficam situados na parte Norte, entre o Palácio Real, a Calle
de Bailén e a Cuesta de San Vicente. De desenho francês,
são uns jardins de carácter monumental, criados na década de 1930. São
chamados de Jardins de Sabatini porque estão no lugar destinado às cavalariças
construídas por Sabatini para o Palácio Real. Estes jardins estão adornados com
um lago e, em seu redor, algumas das estátuas dos Reis espanhóis que no inicio
estavam destinadas a coroar o Palácio Real, mas que não se colocaram na sua
posição original porque o peso resultava excessivo para a estrutura do palácio.
No seu interior, combinando com os jardins, também existem fontes, situadas
geometricamente entre os seus passeios.
Os jardins
estão rodeados por uma cerca, a qual abre as suas portas às nove horas da manhã
e as encerra às oito ou às nove da tarde, de acordo com o horário de Inverno ou
de Verão,
respectivamente.
Tem três
andares e quatro entrepisos, abaixo e acima de cada um dos andares principais.
As fachadas do palácio medem 130 metros de lado por 33 de altura.
Tem 870
janelas e 240 balcões que se abrem às fachadas e pátio.
No total, o
palácio possui cerca de 2800 divisões. Em algumas delas não se entra desde há
anos.
A mesa da
Sala de Refeições de Gala tem capacidade para 145 comensais.
As estátuas
de Reis que ornamentam a Plaza de Oriente estavam pensadas
para decorar a cornija superior do palácio, mas revelaram-se demasiado pesadas
para a estrutura ameaçando a sua derrocada, pelo que foram levadas para a praça
e colocadas nos pedestais que ocupam atualmente.
O palácio
alberga a colecção de instrumentos Estradivários mais importante do mundo, com
o quinteto dos "Estradivários Palatinos".
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