Desastre marítimo
Das 2223 pessoas a bordo 1517 morreram vítimas do afundamento do Titanic
que, à época, segundo se propalava, era imune a naufrágios.
Imagem do capitão do navio
Às 2 h e 05,
é arriado o último bote salva-vidas, o desmontável bote "D", com 44
pessoas. Às 2h10, é enviado o último sinal pelos telegrafistas. O Capitão Smith ordena "cada um por
si" e não é mais visto por ninguém, sendo que alguns passageiros o viram
dirigir-se para a ponte de comando um pouco antes da mesma ser invadida pela
água. Já com a proa mergulhada no mar e a água a atingir o convés de botes,
o desespero é geral. Na primeira chaminé, os cabos de sustentação, não
aguentando mais a pressão sobre eles, rebentam, e a chaminé tomba na água,
esmagando dezenas de pessoas nos convés e na água, inclusive, segundo alguns
relatos, John Jacob Astor IV, homem mais rico no navio; algumas testemunhas
afirmam que ele teria morrido congelado. Minutos depois o mesmo acontece com a
segunda chaminé.
Às 2h15 a
inclinação do navio chega aos 19° e a água gelada avança rapidamente, arrasando
tudo o que há pela frente. Muitos são sugados pelas janelas para dentro do
navio pela força das águas. Para quem ainda está dentro do Titanic, quanto mais
o navio se inclina, mais difícil fica caminhar. A força da gravidade faz com
que móveis e objetos pesados caiam sobre os passageiros, esmagando-os e
impedindo sua saída do navio. A popa do Titanic sobe,
mostrando suas imponentes hélices de bronze. Heroicamente, os operários da sala
de eletricidade resistem até ao final para manter as luzes enquanto podem.
Quando a inclinação chega aos 29° às 2h18, as luzes do navio piscam
uma vez e depois se apagam para sempre. O pânico é maior, principalmente para
os que ainda se encontravam no interior do navio.
Devido à
inclinação, maior fica a pressão exercida no centro do navio, que não suportando
a pressão, sofre ruptura do casco junto à terceira chaminé, dividindo o
transatlântico em dois. A popa, pesando vinte mil toneladas, desaba por cima de
dezenas de passageiros, esmagando-os. Quando a proa submerge, arrasta a popa
ainda presa pelo casco duplo da quilha, deixando-a quase na vertical; segundos
depois, a proa desprende-se da popa e mergulha para as profundezas. A popa
então sobe alguns metros e fica parada. Muitos passageiros se seguram como
podem, enquanto alguns, não aguentando, caem violentamente entre as estruturas
de aço do transatlântico. Depois de alguns segundos emersa, a popa começa a
descer, levando consigo dezenas de passageiros. Às 2h20 o
navio, já completamente submerso, mergulha a pique para as profundezas do
oceano, onde está sepultado até os nossos dias.
Uma das questões
mais controversas foi o papel desempenhado pelo SS Californian, que
estava apenas alguns quilômetros do Titanic, mas não tinha escutado as chamadas
de socorro ou respondido aos foguetes de sinalização lançados pelo Titanic. O SS Californian tinha
avisado o Titanic por rádio que iria parar a noite por causa dos gelos, mas foi
repreendido pelo operador telégrafo do Titanic, que havia mandado "Calar a
Boca".
Um testemunho
perante o inquérito britânico revelou que as 10h10 da noite, o Californian
observou as luzes de um navio para o sul, que mais tarde o capitão avisou que
era um navio de passageiros. Às 11h50 da noite, o oficial tinha visto luzes que
piscam para fora do navio, como se tivesse desligado ou virou-se bruscamente, e
que a luz da porta era visível.
O SS Californian,
que tentou avisar o Titanic do perigo de Icebergs.
O Segundo Oficial
do Californian teria avisado ao Capitão que o navio tinha disparado cinco
foguetes, e o capitão perguntou se eram sinais de empresa, ou seja, foguetes
coloridos utilizadas como pedido de socorro. O Oficial disse que não sabia se
os foguetes eram todos brancos. Então o Capitão mandou sinalizarem o navio com
a lâmpada de sinais morse, e voltou a dormir. Mais três foguetes foram
observados às 1h50 da manhã, e o Oficial estava achando estranho, percebendo
que uma parte do navio estava fora da água. As 02h15 da manhã, o Oficial disse
que o navio não podia ser mais visto (foi nesse exato momento que o Titanic
afundou por completo).
O telégrafo do
Californian respondeu às mensagens por volta das 5h30 da manhã, avisando que
havia visto foguetes durante a noite, e pediu para comunicar-se com qualquer
navio. Enfim, ele foi noticiado que o Titanic havia batido no iceberg e foi a
pique. O capitão foi noticiado e foi no local do acidente para "prestar
socorro", porém quando o Californian chegou ao local, o Carpathia já
havia passado e recolhido os sobreviventes.
As investigações
descobriram que de fato o navio daquela noite era o Titanic, e que seria
possível o Californian ir prestar socorro. Portanto, o Capitão agiu de forma
inadequada em não fazê-lo.
Dos botes, os
passageiros assistem às sombras do navio afundado para sempre no meio de
milhares de gritos de pavor e pânico. Mais
de 1 500 pessoas estavam agora lançadas à água congelante. Após a popa
desaparecer, alguns segundos de silêncio são seguidos por uma fina névoa branca
acinzentada sobre o local do naufrágio. Esta névoa foi provocada pela fuligem
do carvão e pelo vapor que ainda havia no interior do navio. O silêncio que
parecia imenso deu lugar a uma infinita gritaria por pedidos de socorro. Os que
não morreram durante o naufrágio agora lutavam para se manter vivos nas águas,
tentando agarrar qualquer coisa que boiasse, como portas ou tábuas. Aos
passageiros dos botes não restava nada a fazer a não ser esperar passivamente
por socorro. Mas um bote não se limitou esperar. O bote número 14 comandado
pelo Quinto Oficial Harold Lowe aproximou-se de outro, transferiu os seus
passageiros e retornou ao local do naufrágio para recolher alguns possíveis
sobreviventes. Praticamente todos já haviam morrido de hipotermia. Apenas 6
pessoas foram resgatadas ainda com vida.
Um dos dois
botes desmontáveis cheio de sobreviventes
Às 4h10,
de 15 de Abril de 1912, o navio Carpathia resgata
o primeiro bote salva-vidas. No local, apenas duas dezenas de botes flutuando
dispersos entre os destroços. Assim que os primeiros raios de Sol surgiram no
horizonte, outros navios começaram a chegar na área do naufrágio. Entre eles, o Californian.
Mas nada mais havia a fazer a não ser resgatar os corpos que boiavam. A recolha
do último salva-vidas, o desmontável B, que estava virado de proa para baixo,
aconteceu às 8h30. O Carpathia rumou a Nova Iorque com
os sobreviventes pelas 8h50. Das 2 223 pessoas a bordo, apenas 706
foram resgatadas. Mais de 1500 (1517) morreram (quatro portugueses, três
originários da ilha da Madeira e um radicado em Londres). Os tripulantes
sobreviventes receberam cuidados no American Seamen's Friend Society
Sailors' Home and Institute (Lar e Instituto da Sociedade Americana
dos Amigos dos Marinheiros), sede da Sociedade Americana dos Amigos dos
Marinheiros.
A White Star Line fretou
o navio de cabos CS Mackay-Bennett pertencente
a cidade de Halifax, no
Canadá, para recuperar os corpos das vítimas. Três outros navios canadenses
seguiram para o resgate levando suprimentos de embalsamamento, agentes
funerários e clérigos. Das 333 vítimas resgatadas, 328 foram recuperados pelos
navios.
O primeiro navio a chegar ao local do naufrágio, foi o CS Mackay-Bennett encontrando
tantos corpos que os recursos de embalsamamento a bordo foram rapidamente
esgotados. O legista John Henry
Barnstead, foi o responsável pela documentação das vítimas do navio, ele
desenvolveu um sistema detalhado para identificar os corpos, salvar os
pertences e devolvê-los a família. O método de Barnstead é usado até hoje em
grandes desastres. Parentes de toda a América do Norte e Europa foram
identificar e reivindicar os corpos. Alguns, foram enviados para serem enterrados
em suas cidades de origem, outros não puderam ser identificados e foram
enterradas apenas com números na lápide em ordem na qual os corpos foram
descobertos. Foram identificados cerca de dois terços dos corpos.
Os corpos que não
puderam ser transportados para suas terras, foram enterrados em três cemitérios
da cidade de Halifax: O Cemitério Fairview Lawn, seguido pelo
vizinho Monte das Oliveiras e Barão de Hirsch.
Apenas 333 corpos
das vítimas do Titanic foram recuperados, um em cada cinco das mais de 1500
vítimas. Alguns corpos afundaram com o navio enquanto outros foram levados
pelas correntes do mar.
Depois disso, o nome Titanic, ficou como símbolo de uma das maiores
tragédias marítimas da História. O Capitão Smith e
o engenheiro-chefe Thomas Andrews permaneceram no navio. No entanto, Bruce
Ismay, Presidente da White Star Line, embarcou num dos últimos
botes que deixou o navio. A sociedade da época nunca o perdoaria por ter tomado
esta atitude.
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