Cartunista brasileiro
O cronista de humor,
criador de personagens inesquecíveis
Henrique de Souza
Filho, mais conhecido como Henfil (Ribeirão das Neves, 5 de fevereiro de 1944 — Rio de Janeiro, 4 de janeiro de 1988), foi
um cartunista, quadrinista, jornalista e escritor brasileiro.
Como outros dois de seus irmãos — o sociólogo Betinho e o músico Chico Mário, herdou da
mãe a hemofilia - distúrbio que impede a coagulação do
sangue, fazendo com que a pessoa seja mais suscetível a hemorragias.
Henfil cresceu na
periferia de Belo Horizonte, onde fez os primeiros estudos, frequentou um curso
supletivo noturno e um curso superior em sociologia na Faculdade de Ciências
Econômicas da UFMG, que
abandonou após alguns meses. Foi embalador de queijos, contínuo em uma agência
de publicidade e jornalista, até especializar-se, no início da década de 1960,
em ilustração e produção de histórias em quadrinhos.
A estreia de Henfil
como ilustrador deu-se em 1964, quando, a convite do editor e escritor Robert
Dummond, começou a trabalhar na revista Alterosa, de Belo
Horizonte, onde criou "Os Franguinhos". Em 1965 passou a
colaborar com o jornal Diário de Minas, produzindo caricaturas
políticas. Em 1967, criou charges esportivas para o Jornal dos Sports,
do Rio de Janeiro. Também
teve seu trabalho publicado nas revistas Realidade, Visão, Placar e O Cruzeiro. A partir de 1969, passou a colaborar com o Jornal do Brasil e com O Pasquim.
Nessas publicações,
seus personagens atingiram um grande nível de popularidade. Já envolvido com a
política do país, Henfil criou em 1970 a revista Fradim, que
tinha como marca registrada o desenho humorístico, crítico e satírico, com
personagens tipicamente brasileiros.
Com o advento
do AI-5 —
garantindo a censura dos meios de comunicação, e os órgãos de repressão prendendo
e torturando os "subversivos" —, Henfil, em 1972, lançou a
revista Fradim pela editora Codecri, que tornou seus personagens
conhecidos. Além dos fradinhos Cumprido e Baixim, a revista reuniu a Graúna, o Bode Orelana, o
nordestino Zeferino e, mais tarde, Ubaldo, o paranoico.
Henfil envolveu-se também com cinema, teatro, televisão (trabalhou
na Rede Globo, como redator do extinto programa TV Mulher) e
literatura, mas ficou marcado mesmo por sua atuação nos movimentos sociais e
políticos brasileiros.
Ele tentou seguir
carreira nos Estados Unidos, onde passou dois anos em um tratamento de saúde.
Como não teve lugar nos tradicionais jornais estadunidenses, sendo renegado a
publicações underground, Henfil escreveu seu livro "Diário de um Cucaracha". De
volta ao Brasil. ele também fez participação da revista Isto É onde escrevia
uma coluna chamada Cartas da Mãe.
Após uma transfusão de sangue acabou contraindo o vírus da AIDS. Ele
faleceu vítima das complicações da doença no auge de sua carreira, com seu
trabalho aparecendo nas principais revistas brasileiras.
Henfil passou toda sua vida a defender o fim do regime ditatorial pelo
qual o Brasil passava. Em 1972, quando Elis Regina fez
uma apresentação para o exército brasileiro, Henfil publicou em O
Pasquim uma charge enterrando a cantora, apelidando-a de
"regente" — junto a outras personalidades que, na ótica dele,
agradariam aos interesses do regime, como os cantores Roberto Carlos e Wilson Simonal, o
jogador Pelé e os atores Paulo Gracindo, Tarcísio Meira e Marília Pêra. Anos mais
tarde, o cartunista disse que se arrependia apenas de ter enterrado Clarice Lispector e
Elis Regina.
Henfil é um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores. Há
inúmeros materiais de divulgação do Partido e de campanha eleitoral ilustrados
por ele.
Os escritos de Henfil eram anotações rápidas. Não eram
propriamente crônicas, mas um misto de reflexões rápidas, assim como seus
traços ligeiros dos cartuns. Célebres
eram suas "Cartas à mãe" — título comum em que escrevia sobre
tudo e todos, muitas vezes atirando como metralhadora, usando um tom intimista
do filho que realmente fala com a mãe — ao tempo em que criticava o governo e
cobrava posições das personalidades.
Mesmo seus livros
são em verdade a reunião desses escritos, a um tempo memorialistas e de outro
falando sobre tudo, sobre a conjuntura política e seu engajamento.
Em Diário de um Cucaracha, por exemplo,
Henfil narra sua passagem pelos Estados Unidos, onde tentou "fazer a
América, sonho de todo latino-americano que se preza" (segundo ele
próprio). A obra traz um quadro em que o cartunista relata o choque cultural
que experimentou, a reação vigorosa do público norte-americano aos seus
personagens, classificados como agressivos e ofensivos. Tudo isso escrito em
capítulos pequenos, no tom intimista de quem dialoga não com um leitor anônimo,
mas com um amigo ou conhecido. No ano de 2009 seu único filho criou o Instituto
Henfil.
Uma série de
cartuns de Henfil que ficou bastante conhecida foi O Cemitério dos
Mortos-Vivos, em que "enterrava" personalidades públicas que, na
opinião do cartunista, eram favoráveis a ditadura. Além de empresários, Henfil
atacou pessoas como Roberto Carlos, Pelé e Tarcísio Meira.
Através de uma
parceria entre a ONG Henfil e o Instituto Henfil, as 31 revistas Fradim,
publicadas por Henfil entre os anos de 1971 e 1980, serão reeditadas. Alguns
exemplares já estão à venda na internet. A previsão é de que a coleção esteja
completa até o fim do primeiro semestre de 2014. Além das reedições, uma edição
foi feita especialmente para o projeto: a edição Número Zero, que resgata os
personagens clássicos de Henfil.
Em 1965, recebeu o
troféu Cid Rebelo Horta como melhor cartunista.
Em 1981, Henfil
ganhou o Prêmio Vladimir Herzog na categoria
Artes pelo conjunto de sua obra no veículo: Revista IstoÉ.
Livros publicados:
Hiroshima, meu
humor (1966)
Diário de um cucaracha (1976)
Dez em humor (coletânea,
1984)
Diretas Já! (1984)
Henfil na China (1980)
Fradim de
Libertação (1984)
Como se faz humor
político (1984)
Fonte, origem: Wikipédia
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