História universal
A maior civilização da
era pré-colombiana
Império Inca (Tawantinsuyu em quíchua) foi um Estado criado
pela civilização inca, resultado de uma sucessão de civilizações andinas e que se tornou o maior império da América pré-colombiana. A administração política e o centro de
forças armadas do império ficavam localizados em Cusco (em quíchua, "Umbigo do Mundo"),
no atual Peru. O império surgiu nas terras altas peruanas
em algum momento do século XIII. De 1438 até 1533, os incas utilizaram vários
métodos, da conquista militar à assimilação pacífica, para incorporar uma
grande porção do oeste da América do Sul, centrado
na Cordilheira dos Andes, incluindo grande parte do atual Equador e Peru, sul e oeste da Bolívia, noroeste
da Argentina, norte do Chile e sul da Colômbia.
O império abrangia diversas nações e mais de 700 idiomas diferentes, sendo o mais falado o quíchua. Outro
idioma que se destacava era a língua aimará, de uma das principais etnias componentes,
os aimarás. O nome
quíchua para o império era Tawantinsuyu, que pode ser traduzido como as
quatro regiões ou as quatro regiões unidas
Esta cultura já construía pirâmides de até vinte e seis metros de altura
e grandes complexos cerimoniais. Parece certo que
mais de vinte centros populacionais competiam entre si para produzir a
arquitetura mais impressionante. Há provas de que a cultura do "Norte
Chico" tinha religião de culto antropomórfico, praticava a agricultura
irrigada e o comércio, notadamente troca de algodão plantado por peixe, com
povos das planícies.
Por volta de 1800 a.C., este povo
deixou a região, possivelmente propagando seus avançados conhecimentos, podendo
haver alguma relação com o surgimento da cultura posterior que se estabeleceu
no vale do rio Casma. Posteriormente (cerca de 800 a.C.) surge
em Chavin de Huantaro embrião do Estado teocrático andino. Do
ano 50 até
cerca do ano 700 a
civilização mochica floresce,
e aproximadamente no ano 1000 explode
a cultura Tiahuanaco. Os incas,
originários das montanhas do Peru,
expandiram o seu controle a quase toda região dos Andes. A
civilização inca alcançou o seu apogeu no século XV, sob Pachacuti. Entre as suas realizações culturais está a
arquitetura, a construção de estradas, pontes e engenhosos sistemas de
irrigação.
Sobre as crônicas do império incaico, é importante salientar que certos
autores tiveram outros interesses ao escrevê-las. No caso
dos cronistas espanhóis, seu interesse foi legitimar a conquista através da
história, pois para eles em muitas crônicas se releva que os incas conquistaram
o vasto território através inteiramente da violência, portanto não teriam
direitos sobre os territórios conquistados. Em outro caso, os cronistas ligados
a igreja católica buscaram legitimar a evangelização descrevendo a religião
incaica como obra do demônio, os incas como filhos de Noé e buscando
identificar os deuses incaicos com as crença bíblica ou com o folclore
europeu . Igualmente existiram outros cronistas mestiços e indígenas que
também tiveram um interesse de enaltecer o império ou qualquer um dos clãs que
estavam relacionados, como o caso do Inca Garcilaso, que mostrou um império inca sem pobreza, riqueza
repartida e recursos explorados racionalmente6 .
Os Ayllu e Panaca tinham
canções especiais que narravam as suas histórias. Esses cantos eram executadas
em determinadas cerimônias frente ao Inca. Esses relatos, em forma de memória
coletiva, constituem os primeiros registros históricos reconhecidos nas
crônicas.
Outro recurso
utilizado para registrar a história eram os mantos e tábuas que possuíam
pinturas representando acontecimentos históricos. Esses documentos foram guardados
em lugar chamado Poquen Cancha. Sabe-se
que o Vice-rei Francisco de Toledo enviou ao rei Filipe II de Espanha quatro tecidos que ilustravam a vida dos incas,
acrescentando com suas próprias palavras que "os yndios pintores
no tenían la curiosidad de los de allá" .
Além disso, alguns
acontecimentos do passado foram registrados nos Quipo, embora
não esteja claro como eles utilizavam esse sistema de cordas e nós para
registrar sua história. Existem várias crônicas que descrevem que os Quipo
serviam para evocar as façanhas dos governantes5 .
Em geral, no
império incaico se recordavam os fatos que pareciam importantes relembrar, e não era necessária a precisão. Além disso,
os governantes podiam ordenar a exclusão de algum acontecimento que poderiam
vir a importuna-los no futuro.
María Rostworowski denomina
essa característica da história incaica como "amnésia política", que
era assumida por todos, porém era recuperada pelos Ayllu e Panaca afetados,
sendo este um fator que contribuiu para as futuras contradições na crônicas
europeias sobre os incas.
Um primeiro momento
de desenvolvimento da cultura inca ocorreu após a migração para o vale de Cusco,
e a fundação da primeira cidade pelo então Sapa Inca Manco Capac.
Essa cidade-Estado, que
cresceu conforme a expansão das guerras pelo vale, atingiu seu ápice em 1438,
quando Viracocha Inca funda
o Tawantinsuyu.
O Sapa Inca Pachacuti é
quem de fato organizou o reino de Cusco como um império, o chamado
Tahuantinsuyu, um sistema federalista que concentrava o centro do governo para
os incas, centrados em Cusco.
Quando desejava que
uma terra fosse anexada ao império, Pachacuti enviava espiões para essas
regiões que traziam para ele relatórios sobre as organizações políticas,
militares e econômicas. Depois de analisar essas informações o Sapa Inca
enviava mensageiros para os dirigentes dessas terras, tentando os convencer
pela lógica das vantagens que eles teriam em se juntar ao império, essas
vantagens incluíam presentes de luxo, como têxteis de alta qualidade, e promessas
de que esses líderes seriam materialmente ricos como nobres e governantes do
império. Esse acordo incluía a educação dos filhos desses nobres na capital
inca, que recebiam lições sobre a cultura e religião inca, esses filhos podiam
depois serem casados com filhas de outros nobres do império, fortalecendo assim
as boas relações entre a nobreza imperial.
Os incas tinham um exército muito bem treinado e organizado. Quando
conquistavam um lugar, o povo era submetido à tributação pela qual prestavam
serviços designados pelos conquistadores. Os
incas encorajavam as pessoas a se juntarem ao império e quando isto ocorria
eram sempre bem tratadas. Serviços postais eram então estabelecidos por
mensageiros (chasquis) que entregavam mensagens oficiais entre as maiores
cidades. Notícias também eram veiculadas pelo sistema Chasqui na
velocidade de 125 milhas por dia. Os
incas também promoviam a mudança de populações conquistadas como parte da
criação a "rodovia inca", que foi idealizada para ser usada nas
guerras, para o transporte de bens e outros propósitos. Esta troca de
populações (manay) acabou promovendo a troca de informações e propagação
da cultura inca. Todo o Império Inca foi
unido por excelentes estradas e pontes. Sua extensão máxima era de
4.500 km de comprimento por 400 km de largura, o que dava
1,800,000 km² de extensão.
Era parte da
tradição os filhos dos imperadores incas liderarem o exército, Túpac Yupanqui filho
do Sapa Inca Pachacuti, quando
ainda era apenas o filho do Sapa Inca, começou as conquistas para o norte
em 1463,
conquistas essas que se prosseguiram quando o mesmo subiu ao trono de Sapa Inca
em 1471. Sua maior
conquista foi o reino de Chimor, o único rival dos Incas na costa do Peru. O império
de Túpac dominava todo o norte do atual Equador e Colômbia.
O filho de
Túpac, Huayana Cápac, adicionou
uma pequena parte de terra do norte do moderno Equador e algumas partes do
Peru. No auge, o Império Inca incluía o Peru e a Bolívia, a maior parte do
Equador, uma grande porção do que seria o Chile. O avanço pelo sul foi
interrompido por causa da forte resistência das tribos Mapuches. O império
se expandiu também para a Argentina e
Colômbia. Contudo, grande parte do Sul do império era uma grande extensão de
território despovoado.
O período de máxima
expansão do Império Inca ocorreu a partir do ano 1450 quando
chegou a cobrir a região andina do
Equador ao centro do Chile, com mais
de 3000 quilômetros de extensão.
Um dos
principais eventos da conquista do Império
Inca foi a morte de Atahualpa, o
último Sapa Inca, em 29 de agosto de 1533
Os conquistadores
espanhóis liderados por Francisco Pizarro e
seus irmãos exploraram o sul do Panamá,
alcançando as terras incas em 1526. Ficou
claro que eles haviam chegado em terras ricas, com grande chance de se achar
grandes tesouros, e após mais uma expedição (1529), Pizarro
foi a Espanha e
recebeu aprovação real para conquistar a região e a transformar em
vice-reinado. Este documento foi recebido em detalhes na seguinte citação:
"Em julho de 1529, a rainha
da Espanha assinou uma carta permitindo a Pizarro conquistar os Incas.
A mulher do
mundo Inca
No momento do
retorno de Pizarro para o Peru, em 1532, a guerra
entre os dois filhos de Huayana Cápac gerando
agitação nos territórios recém conquistados - e talvez mais importante, a varíola, que se
espalhou pela América Central -
tinham enfraquecido o império. Foi lamentável para os Incas que os Espanhóis
chegassem bem no meio da guerra civil, alimentado ainda pela doença que
precedeu a colonização europeia. Os cavaleiros espanhóis, totalmente blindados,
tinham grande superioridade tecnológica sobre as forças incas.
Pizarro não tinha
uma grande força ao seu favor: apenas 168 homens, 1 canhão e 27 cavalos. Ele
teve que várias vezes se esquivar de confrontos potenciais que poderiam
eliminar por completo suas forças. As batalhas pelos Andes foi
uma espécie de cerco de guerra onde um grande número de relutantes voluntários
eram enviados para esmagar os opositores. Os Espanhóis contavam com melhor
tecnologia e técnicas, que se desenvolveram após séculos de guerra contra
os Mouros na península Ibérica. Além da superioridade tática e material, ainda
acabaram adquirindo vários aliados entre os nativos que queriam ver o fim do
domínio Inca sobre seus territórios.
O primeiro
confronto foi a Batalha de Puna, perto da
atual Guayaquil, na costa
do oceano Pacífico. Em seguida, Pizarro fundou a cidade de Piura, em julho
de 1532. Hernando de Soto foi
enviado para explorar o interior da ilha, e retornou com um convite para
conhecer o Sapa Inca, Atahualpa, que
derrotou seu irmão na guerra civil e estava descansando em Cajamarca com
seu exército de 80.000 homens.
Pizarro e alguns
homens, mais notavelmente um frade com o nome de Vicente de Valverde, se
reuniram com o inca, que tinha trazido apenas uma pequena comitiva. Por meio de
um intérprete, frei Vicente leu o "requerimento", que exigia que o
Sapa Inca e o império deviam aceitar o jugo do rei Carlos I de Espanha e se converter ao cristianismo. Devido à
barreira linguística, e talvez, a má interpretação, Atahualpa ficou um pouco
intrigado com a descrição do frade da fé cristã e foi dito que não tinha
entendido completamente a intenção do enviado. Depois de mais uma frustrada
tentativa de Atahualpa entender a fé cristã, os espanhóis ficaram impacientes e
irritados e atacaram a comitiva (ver Batalha de Cajamarca) e capturaram Atahualpa como prisioneiro.
Espanhóis
dizimando os Incas
Atahualpa ofereceu aos espanhóis ouro suficiente para encher a sala em
que ele foi preso, e duas vezes a mesma quantidade de prata. O inca
satisfizera esse resgate, mas Pizarro alucinado, recusando-se depois a libertar
o inca. Durante a prisão de Atahualpa, Huascar foi assassinado noutro local. Os
espanhóis mantiveram isso como se fosse ordens do próprio Atahualpa, o que foi
utilizado como uma das acusações contra Atahualpa quando os espanhóis
finalmente decidiram condená-lo à morte, em agosto de 1533.
O Império Inca tinha uma organização
econômica de caráter próximo ao modo de produção asiático, na qual todos os níveis da sociedade pagavam tributos ao
imperador, conhecido como O
inca. O inca era divinizado sendo carregado em
liteiras com grande pompa e estilo. Usava roupas, cocares e adornos especiais que demonstravam sua superioridade e poder.
Ele reivindicava seu poder dizendo-se descendente de deuses (origem divina do
poder real). Abaixo do inca havia quatro principais classes de
cidadãos.
A primeira era a família real, nobres,
líderes militares e líderes religiosos. Estas pessoas controlavam o Império
Inca e muitos viviam em Cusco. A seguir, estavam os governadores
das quatro províncias em que o Império Inca era dividido. Eles tinham muito
poder pois organizavam as tropas, coletavam os tributos cabendo-lhes impor a
lei e estabelecer a ordem. Abaixo dos governadores estavam os oficiais
militares locais, responsáveis pelos julgamentos menos importantes e a
resolução de pequenas disputas podendo inclusive atribuir castigos. Mais abaixo
estavam os camponeses que eram a maioria da população.
Entre os camponeses, a estrutura
básica da organização territorial era o ayllu.
O ayllu era uma comunidade aldeã composta por
diversas famílias cujos membros consideravam possuir um antepassado comum (real
ou fictício). A cada ayllu correspondia um determinado
território. O kuraca era o chefe do ayllu. Cabia-lhe a distribuição
das terras pelos membros da comunidade aptos para o trabalho.
De fato, o sistema de ajuda entre as
famílias estava muito desenvolvido. Para além das terras coletivas, havia
reservas destinadas a minorar as carências em tempos de fome ou a serem usadas
sempre que a aldeia era visitada por uma delegação do inca.
Outro dos deveres de cada membro da
comunidade consistia em colaborar nos trabalhos coletivos, como por exemplo a
manutenção dos canais de irrigação.
Os nobres foram chamados pelos
espanhóis de "orelhões", devido à impressão que tiveram de suas
enormes orelhas, aumentadas pelos grandes pendentes que usavam. Os
"orelhões" eram educados em escolas especiais durante quatro anos.
Eles estudavam a língua quíchua, religião, quipus, história, geometria, geografia e astronomia.
Ao terminar os estudos, eles se graduavam em uma cerimônia solene, onde
demonstravam sua preparação passando em algumas provas.
Eles se vestiam de branco e se reuniam
na praça de Cusco. Todos os candidatos tinham o cabelo cortado e levavam na cabeça
um llauto negro com plumas. Depois de rezarem ao sol, lua e ao trovão, eles
subiam a colina de Huanacaui, onde ficavam em jejum, participavam de competições e dançavam.
Mais tarde, o Inca lhes entregava umas calças justas, um diadema
de plumas e um peitoral de metal. Finalmente ele perfurava a orelha de cada um
pessoalmente com uma agulha de ouro, para que pudessem usar seus pendentes
característicos, próprios de sua categoria.
Os "orelhões" tinham vários
privilégios, entre eles a posse de terras e a poligamia. Eles recebiam
presentes do monarca, tais como mulheres, lhamas, objetos preciosos, permissão
para usar liteiras ou trono.
Eles constituíam os funcionários do
império. Em primeiro lugar estavam os quatro apu,
ou administradores das quatro partes do império que assessoravam diretamente o
imperador. Abaixo deles estavam os tucricues, ou governadores das províncias
que residiam em suas capitais, e eram periodicamente inspecionadas.
Os incas incumbiam os dominados do
trabalho que cada um deveria executar, o quanto e qual terra poderiam cultivar
e quão longe poderiam viajar. Depois de se adaptar a tais regras, eram bem
vistos pelos dominadores.
Se um inca era acusado de furto mas
isto não era provado, o próprio oficial local incumbido de manter a ordem era
punido por não fazer seu trabalho corretamente.
Inválidos e incapazes eram auxiliados
a prover sua subsistência com trabalho. Às mulheres casadas eram distribuídas
meadas de lã para confecção de roupas.
Todos os incas eram obrigados a trabalhar
para o império e para os seus deuses domésticos (mita).
Os incas não tinham liberdade de
viajar e os filhos sempre tinham de seguir o ofício dos pais. O Império Inca
foi dividido em quatro partes. Todas as atividades dos habitantes eram supervisionadas
pelos funcionários do império.
Os incas não usavam dinheiro
propriamente dito. Eles faziam trocas ou escambos nos quais mercadorias eram trocadas
por outras e mesmo o trabalho era remunerado com mercadorias e comida. Serviam
como moedas sementes de cacau e também conchas coloridas, que eram consideradas
de grande valor.
No apogeu de civilização inca, por volta de 1400, a agricultura organizada espalhou-se por
todo o império, desde a Colômbia até o Chile, com o cultivo de grãos comestíveis da
planície litorânea do oceano Pacífico, passando pelos altiplanos andinos e
adentrando na planície amazônica oriental.
Calcula-se que os incas cultivavam
cerca de setecentas espécies vegetais. A chave do sucesso da agricultura inca
era a existência de estradas e trilhas que possibilitavam uma boa distribuição
das colheitas numa vasta região.
As principais culturas vegetais eram
as batatas (semilha), batatas doce (batatas), milho, pimentas, algodão,
tomates, amendoim, mandioca, e um grão conhecido como quinua.
O plantio era feito em terraços e já
usavam a adiantada técnica das curvas de nível sendo os primeiros a usar o sistema de irrigação.
Os incas usavam varas afiadas e arados
para revolver o solo, e usavam também a lhama para transporte das colheitas, embora tais animais fornecessem
também lã para fazer tecidos, mantas e cordas, couro e carne.
Ervas aromáticas e medicinais também eram plantadas e as folhas de
coca, eram reservadas para a elite. Toda a produção agrícola era
fiscalizada pelos funcionários do império.
A
"pedra de doze ângulos", localizada uma construção Inca em Cusco,
é um exemplo clássico da tecnologia inca
Os Incas eram extremamente religiosos e viam o Sol e a Lua como
entidades divinas às quais suplicavam suas bênçãos, fosse para melhores colheitas, fosse para o êxito em combates
com grupos rivais. O deus Sol (Inti) era o deus masculino e acreditavam que o
Rei descendia dele. Atribuíam ao deus Sol qualidades espirituais, transmitidas
à mente pela mastigação da folha de coca, daí as profecias que justificaram a criação de templos sagrados construídos nas encostas íngremes das montanhas andinas.
Os incas construíram diversos tipos de
casas consagradas às suas divindades. Alguns dos mais famosos são o Templo do Sol em Cusco, o templo de Vilkike, o templo do Aconcágua (a montanha mais alta da América do
Sul) e o Templo do Sol no Lago Titicaca. O Templo do Sol, em Cusco, foi
construído com pedras encaixadas de forma fascinante. Esta construção tinha uma
circunferência de mais de 360 metros. Dentro do templo havia uma grande imagem
do sol. Em algumas partes do templo havia incrustações douradas representando
espigas de milho, lhamas e punhados de terra. Porções das terras incas eram dedicadas ao
deus do sol e administradas por sacerdotes.
Os sumo-sacerdotes eram chamados Huillca-Humu,
viviam uma vida reclusa e monástica e profetizavam utilizando uma planta
sagrada chamada huillca ou vilca (Acácia cebil) com a qual preparavam uma chicha de propriedades enteógenas que era bebida na "Festa do Sol", Inti Raymi. A palavra quíchua Huillca significa, simplesmente, algo "santo", "sagrado".
A religião era politeísta, constituída de forças do bem e do mal. O bem era representado
por tudo aquilo que era importante para o homem como a chuva e a luz do Sol, e
o mal, por forças negativas, como a seca e a guerra.
Os huacas, ou
lugares sagrados, estavam espalhados pelo território inca. Huacas eram entidades divinas que viviam em
objetos naturais como montanhas, rochas e riachos. Líderes espirituais de uma
comunidade usavam rezas e oferendas para se comunicar com um huaca para pedir conselho ou ajuda.
Os incas ofereciam sacrifícios tanto
humanos como de animais nas ocasiões mais importantes, maioria das vezes em
rituais ao nascer do sol. Grandes ocasiões, como nas sucessões imperiais,
exigiam grandes sacrifícios que poderiam incluir até duzentas crianças. Não
raro as mulheres a serviço dos templos eram sacrificadas, mas a maioria das
vezes os sacrifícios humanos eram impostos a grupos recentemente conquistados
ou derrotados em guerra, como tributo à dominação. As vítimas sacrificiais
deviam ser fisicamente íntegras, sem marcas ou lesões e preferencialmente
jovens e belas.
De acordo com uma lenda, uma menina de
dez anos de idade chamada Tanta
Carhua foi escolhida pelo seu
pai para ser sacrificada ao imperador inca. A criança, supostamente perfeita
fisicamente, foi enviada a Cusco onde foi recebida com festas e honrarias para homenagear-lhe a
coragem e depois foi enterrada viva em uma tumba nas montanhas andinas. Esta
lenda prescreve que as vítimas sacrificiais deveriam ser perfeitas, e que havia
grande honra em conhecerem e serem escolhidas pelo imperador, tornando-se,
depois da morte, espíritos com caráter divino que passariam a oficiar junto aos
sacerdotes. Antes do sacrifício, os sacerdotes adornavam ricamente as vítimas e
davam a ela uma bebida chamada chicha, que é um fermentado de milho, até
hoje apreciada.
Os incas tinham um calendário de
trinta dias, no qual cada mês tinha o seu próprio festival.
Os meses e celebrações do calendário
são os seguintes:
O Império Inca tinha uma organização
econômica de caráter próximo ao modo de produção asiático, na qual todos os níveis da sociedade pagavam tributos ao
imperador, conhecido como O
inca. O inca era divinizado sendo carregado em
liteiras com grande pompa e estilo. Usava roupas, cocares e adornos especiais que demonstravam sua superioridade e poder.
Ele reivindicava seu poder dizendo-se descendente de deuses (origem divina do
poder real). Abaixo do inca havia quatro principais classes de
cidadãos.
A primeira era a família real, nobres,
líderes militares e líderes religiosos. Estas pessoas controlavam o Império
Inca e muitos viviam em Cusco. A seguir, estavam os governadores
das quatro províncias em que o Império Inca era dividido. Eles tinham muito
poder pois organizavam as tropas, coletavam os tributos cabendo-lhes impor a
lei e estabelecer a ordem. Abaixo dos governadores estavam os oficiais
militares locais, responsáveis pelos julgamentos menos importantes e a
resolução de pequenas disputas podendo inclusive atribuir castigos. Mais abaixo
estavam os camponeses que eram a maioria da população.
Entre os camponeses, a estrutura
básica da organização territorial era o ayllu.
O ayllu era uma comunidade aldeã composta por
diversas famílias cujos membros consideravam possuir um antepassado comum (real
ou fictício). A cada ayllu correspondia um determinado
território. O kuraca era o chefe do ayllu. Cabia-lhe a distribuição
das terras pelos membros da comunidade aptos para o trabalho.
Havia três ordens de trabalhos
agrícolas:
Realizados em benefício do Inca e da
família real;
Destinados à subsistência da família,
realizados no pedaço de terra que lhe cabia;
Realizados no seio da comunidade
aldeã, para responder às necessidades dos mais desfavorecidos.
De fato, o sistema de ajuda entre as
famílias estava muito desenvolvido. Para além das terras coletivas, havia
reservas destinadas a minorar as carências em tempos de fome ou a serem usadas
sempre que a aldeia era visitada por uma delegação do inca.
Outro dos deveres de cada membro da
comunidade consistia em colaborar nos trabalhos coletivos, como por exemplo a
manutenção dos canais de irrigação.
Os nobres foram chamados pelos
espanhóis de "orelhões", devido à impressão que tiveram de suas
enormes orelhas, aumentadas pelos grandes pendentes que usavam. Os
"orelhões" eram educados em escolas especiais durante quatro anos.
Eles estudavam a língua quíchua, religião, quipus, história, geometria, geografia e astronomia.
Ao terminar os estudos, eles se graduavam em uma cerimônia solene, onde
demonstravam sua preparação passando em algumas provas.
Eles se vestiam de branco e se reuniam
na praça de Cusco. Todos os candidatos tinham o cabelo cortado e levavam na cabeça
um llauto negro com plumas. Depois de rezarem ao sol, lua e ao trovão, eles
subiam a colina de Huanacaui, onde ficavam em jejum, participavam de competições e dançavam.
Mais tarde, o Inca lhes entregava umas
calças justas, um diadema de plumas e um peitoral de metal. Finalmente ele perfurava
a orelha de cada um pessoalmente com uma agulha de ouro, para que pudessem usar
seus pendentes característicos, próprios de sua categoria.
Os "orelhões" tinham vários
privilégios, entre eles a posse de terras e a poligamia. Eles recebiam
presentes do monarca, tais como mulheres, lhamas, objetos preciosos, permissão
para usar liteiras ou trono.
Eles constituíam os funcionários do
império. Em primeiro lugar estavam os quatro apu,
ou administradores das quatro partes do império que assessoravam diretamente o
imperador. Abaixo deles estavam os tucricues, ou governadores das províncias
que residiam em suas capitais, e eram periodicamente inspecionadas.
Os incas incumbiam os dominados do
trabalho que cada um deveria executar, o quanto e qual terra poderiam cultivar
e quão longe poderiam viajar. Depois de se adaptar a tais regras, eram bem
vistos pelos dominadores.
Se um inca era acusado de furto mas
isto não era provado, o próprio oficial local incumbido de manter a ordem era
punido por não fazer seu trabalho corretamente.
Inválidos e incapazes eram auxiliados
a prover sua subsistência com trabalho. Às mulheres casadas eram distribuídas
meadas de lã para confecção de roupas.
Todos os incas eram obrigados a
trabalhar para o império e para os seus deuses domésticos (mita).
Os incas não tinham liberdade de
viajar e os filhos sempre tinham de seguir o ofício dos pais. O Império Inca
foi dividido em quatro partes. Todas as atividades dos habitantes eram
supervisionadas pelos funcionários do império.
Os incas não usavam dinheiro
propriamente dito. Eles faziam trocas ou escambos nos quais mercadorias eram trocadas
por outras e mesmo o trabalho era remunerado com mercadorias e comida. Serviam
como moedas sementes de cacau e também conchas coloridas, que eram consideradas
de grande valor.
No apogeu de civilização inca, por
volta de 1400, a agricultura organizada espalhou-se por todo o império, desde a Colômbia até o Chile, com o cultivo de grãos comestíveis da planície litorânea do oceano Pacífico, passando pelos altiplanos andinos e
adentrando na planície amazônica oriental.
Calcula-se que os incas cultivavam
cerca de setecentas espécies vegetais. A chave do sucesso da agricultura inca
era a existência de estradas e trilhas que possibilitavam uma boa distribuição
das colheitas numa vasta região.
As principais culturas vegetais eram
as batatas (semilha), batatas doce (batatas), milho, pimentas, algodão,
tomates, amendoim, mandioca, e um grão conhecido como quinua.
O plantio era feito em terraços e já
usavam a adiantada técnica das curvas de nível sendo os primeiros a usar o sistema de irrigação.
Os incas usavam varas afiadas e arados
para revolver o solo, e usavam também a lhama para transporte das colheitas, embora tais animais fornecessem
também lã para fazer tecidos, mantas e cordas, couro e carne.
Ervas aromáticas e medicinais também
eram plantadas e as folhas de coca, eram reservadas para a elite. Toda a
produção agrícola era fiscalizada pelos funcionários do império.
Os incas usavam o arco de flechas e
zarabatanas para caçar animais como cervos, aves e peixes que lhes forneciam
carne, couro e plumas que usavam em seus tecidos. A caça era coletiva e o
método mais usual era de formar um grande círculo que ia se fechando sobre um
centro para onde iam os animais.
A "pedra de doze ângulos",
localizada uma construção Inca em Cusco,
é um exemplo clássico da tecnologia inca
Em Cusco em 1589, Mancio Serra de
Leguisamo – o último sobrevivente dos primeiros conquistadores do Peru –
escreveu no preâmbulo de seu testamento o seguinte, em partes:
Encontramos esses reinos em tal bom
estado, e os Incas os governavam de maneira tão sabia, que entre eles não havia
um ladrão ou um viciado, não havia uma adúltera, ou sequer uma mulher má
admitida entre eles, não havia tampouco pessoas imorais. Os homens tinham
ocupações honestas e úteis. As terras, florestas, minas, pastos, casas e todos
os tipos de produtos eram controlados e distribuídos de tal forma que cada um
sabia o que lhe pertencia, sem que outro tomasse ou ocupasse algo alheio, ou
fizesse queixas a respeito… o motivo que me obriga a fazer estas declarações é
a libertação da minha consciência, visto que me considero culpado. Pois
destruímos, com nosso mal exemplo, as pessoas que tinham tal governo como o que
era desfrutado por esses nativos. Eram tão livres do cometimento de crimes ou
excessos, tanto os homens quanto as mulheres, que o índio que tinha 100 000
pesos em ouro e prata em sua casa a deixava aberta, meramente deixando uma
pequena vara contra a porta, como sinal de que seu mestre estava fora. Com
isso, de acordo com seus costumes, ninguém poderia entrar ou levar algo que
estivesse ali. Quando viram que colocávamos cadeados e chaves em nossas portas,
supuseram que fosse por medo deles, para que eles não nos matassem, mas não
porque acreditassem que alguém poderia roubar a propriedade de outro. Assim,
quando descobriram que havia ladrões entre nós, e homens que buscavam fazer as
suas filhas cometerem pecados, nos desprezaram.
A infância de um inca pode parecer
severa para os padrões atuais. Ao nascer, os incas lavavam o bebê com água fria
e o embrulhavam numa manta e o colocavam em uma cova feita no chão. Quando a
criança alcançava um ano de idade, se esperava que andasse ou ao menos
engatinhasse sem qualquer ajuda. Aos dois anos de idade, as crianças eram
submetidas a ritual no qual se lhes cortavam os cabelos, determinando assim o
fim da infância. Desde então, os pais esperavam que os filhos ajudassem em
tarefas ao redor da casa. A partir daí as crianças eram severamente castigadas
quando se portavam mal. Aos quatorze anos os meninos eram vestidos com uma
tanga sendo então declarados adultos. Os meninos mais pobres eram submetidos a
vários testes de resistência e de conhecimento, ao fim dos quais lhes eram
atribuídos adornos (brincos) coloridos e armas. As cores dos brincos
determinavam o lugar hierárquico que ocupariam na sociedade.
Os Incas eram extremamente religiosos
e viam o Sol e a Lua como entidades divinas às quais suplicavam suas bênçãos,
fosse para melhores colheitas, fosse para o êxito em combates com grupos
rivais. O deus Sol (Inti) era o deus masculino e acreditavam que o Rei
descendia dele. Atribuíam ao deus Sol qualidades espirituais, transmitidas à
mente pela mastigação da folha de coca, daí as profecias que justificaram a criação de templos sagrados construídos nas encostas íngremes das montanhas andinas.
Os incas construíram diversos tipos de
casas consagradas às suas divindades. Alguns dos mais famosos são o Templo do Sol em Cusco, o templo de Vilkike, o templo do Aconcágua (a montanha mais alta da América do
Sul) e o Templo do Sol no Lago Titicaca. O Templo do Sol, em Cusco, foi
construído com pedras encaixadas de forma fascinante. Esta construção tinha uma
circunferência de mais de 360 metros. Dentro do templo havia uma grande imagem
do sol. Em algumas partes do templo havia incrustações douradas representando
espigas de milho, lhamas e punhados de terra. Porções das terras incas eram dedicadas ao
deus do sol e administradas por sacerdotes.
Os sumo-sacerdotes eram chamados Huillca-Humu, viviam uma vida
reclusa e monástica e profetizavam utilizando uma planta sagrada chamada huillca ou vilca (Acácia cebil) com a qual preparavam uma chicha de propriedades enteógenas que era bebida na "Festa do
Sol",Inti Raymi. A palavra quíchua Huillca significa, simplesmente, algo
"santo", "sagrado".
A religião era politeísta, constituída de forças do bem e do
mal. O bem era representado por tudo aquilo que era importante para o homem
como a chuva e a luz do Sol, e o mal, por forças negativas, como a seca e a
guerra.
Os huacas,
ou lugares sagrados, estavam espalhados pelo território inca. Huacas eram entidades divinas que viviam em
objetos naturais como montanhas, rochas e riachos. Líderes espirituais de uma
comunidade usavam rezas e oferendas para se comunicar com um huaca para pedir conselho ou ajuda.
Os incas ofereciam sacrifícios tanto
humanos como de animais nas ocasiões mais importantes, maioria das vezes em
rituais ao nascer do sol. Grandes ocasiões, como nas sucessões imperiais, exigiam
grandes sacrifícios que poderiam incluir até duzentas crianças. Não raro as
mulheres a serviço dos templos eram sacrificadas, mas a maioria das vezes os
sacrifícios humanos eram impostos a grupos recentemente conquistados ou
derrotados em guerra, como tributo à dominação. As vítimas sacrificiais deviam
ser fisicamente íntegras, sem marcas ou lesões e preferencialmente jovens e
belas.
De acordo com uma lenda, uma menina de
dez anos de idade chamada Tanta
Carhua foi escolhida pelo seu
pai para ser sacrificada ao imperador inca. A criança, supostamente perfeita
fisicamente, foi enviada a Cusco onde foi recebida com festas e honrarias para homenagear-lhe a
coragem depois foi enterrada viva em uma tumba nas montanhas andinas. Esta
lenda prescreve que as vítimas sacrificiais deveriam ser perfeitas, e que havia
grande honra em conhecerem e serem escolhidas pelo imperador, tornando-se,
depois da morte, espíritos com caráter divino que passariam a oficiar junto aos
sacerdotes. Antes do sacrifício, os sacerdotes adornavam ricamente as vítimas e
davam a ela uma bebida chamada chicha, que é um fermentado de milho, até
hoje apreciada.
Os incas tinham um calendário de
trinta dias, no qual cada mês tinha o seu próprio festival.
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