Pouco
conhecido em sua terra natal, o Ceará, foi, sem dúvida, uma das suas maiores
expressões literária e poeta de renome nacional.
Américo de Queirós Facó (Beberibe, 21 de
outubro de 1885 — Rio de
Janeiro, 3 de
janeiro de 1953) foi um poeta e jornalista cearense, viveu a maior parte de sua vida no Rio de Janeiro. Publicou
poemas em vários periódicos de seu tempo, como o Jornal do Ceará e o Álbum
Imperial, de São Paulo.
Era filho de Gustavo Francisco de
Queirós Facó, primeiro subdelegado de Beberibe, e de Maria Francisca de Queirós
Facó. Foi batizado na matriz de Beberibe pelo pároco, o padre Francisco Ribeiro Bessa, em 1 de
janeiro de 1886.
Considerado pela crítica literária como surrealista, seus primeiros versos (em torno de 60
poemas) foram publicados no periódico Jornal
do Ceará, de Fortaleza, entre 1907 e 1908. Lá
publicou também artigos políticos de oposição ao governo de Nogueira Acioly ("um dos mais poderosos oligarcas do Norte", segundo
Edigar de Alencar). Por causa desses
artigos, em "21 de dezembro de 1908, dois ou três soldados da polícia à
paisana deram violenta surra no poeta nas imediações da Praça Marquês do
Herval", segundo afirma Gustavo
Barroso, que diz ainda que "salvou-lhe talvez a vida a intervenção do
Capitão do Exército Castelo Branco, morador na casa da esquina, atraído
pelos seus gritos".
Em 1910, mudou-se para o Rio de
Janeiro. Em 1911, já fazia parte dos
círculos literários mais importantes do país. Sua obra, porém, só seria publicada em livro em 1946, com Sinfonia Negra. Em 1951, publicou Poesia Perdida, renegando
tudo o que produzira no Ceará. Seus
poemas revelam o cultivo da forma e das rimas raras, talvez reflexo da
leitura dos clássicos portugueses.
Foi diretor da parte literária da
revista Fon-Fon. Trabalhou
no Instituto Nacional do Livro e no Senado Federal.
Foi grande amigo de Carlos
Drummond de Andrade, que dedicou a Américo Facó o livro Claro Enigma. Em O Observador
no Escritório, Drummond escreveu: "Na casa da rua Rumânia, durante
três noites, confiei-lhe os originais do meu livro Claro Enigma e ouvi suas
opiniões de exímio versificador. Eu convalescia de uma amarga experiência
política [...]. Paciente e generoso,
Facó passou um mínimo de nove horas, contando as três noites seguidas, a aturar
minhas dúvidas e indecisões. Se não aceitei integralmente suas observações, a
verdade é que as três vigílias me deram ânimo a prosseguir [...]. E me
fizeram sentir a nobreza do seu espírito de autêntico homem de letras, mais
preocupado com a linguagem e seus recursos estéticos do que com a fácil vida
literária das modas e dos bares."
Segundo Vagner Camilo, no livro Drummond:
da rosa do povo à rosa das trevas, "a interlocução Facó-Drummond
merece e deve ser considerada marcante na composição do livro de 1951" (ou
seja, Claro Enigma).
Dele diz Gilberto Araújo, em apreciado
artigo: “Recorrente na obra de Américo Facó, o desejo de harmonia e de unidade
em todas as instâncias da vida — da social à cósmica —, consuma-se no último
poema de Sinfonia negra, Mestiça, cuja polimetria faz paralelo com a
mestiçagem, “purpúrea síntese promessa de unidade”.
Tal anseio implica a reconexão do homem com
suas matrizes desconhecidas e abissais, tema em primeiro plano no livro de
1951, Poesia perdida, que, não por acaso, procura a
Poesia que se perdeu ou que nunca se achou. Nele, abundam imagens soturnas e
caóticas. O assunto é nebuloso e diluído, justo numa época em que o crescente
apelo a imagens concretas (João Cabral) ou a referências a temas universas e a
figuras mitológicas (Geração de 45) aspiravam ao máximo de clareza. A aurora do
livro é crepuscular: no primeiro poema, Noturno, uma floresta preserva o segredo de nossa
origem (“imensa noite sem memória”), que só nos é imperfeitamente revelada pelo
sonho: “Sonho!… E sonho, por ele a nua/ Negra floresta reverdece;/ Por ele,
outra vez, no ar flutua/ A Presença, que não esquece.” Presentificar a ausência
não significa apagá-la (cf.Presença); os
sonhos tentam supri-la com imagens e nisso assemelham-se à poesia:
Imagem
nunca mais perdida
Surta na sombra, que demora!
Noturno ardor, boca de aurora
Que oferta a fruta apetecida!
Forma de si mesma despida,
Imagem sempre a mesma — embora
Paire suspensa além da vida,
Penso que a vejo viva agora,
Não porque a veja revivida,
Só por sonhá-la a igual de outrora.”
Surta na sombra, que demora!
Noturno ardor, boca de aurora
Que oferta a fruta apetecida!
Forma de si mesma despida,
Imagem sempre a mesma — embora
Paire suspensa além da vida,
Penso que a vejo viva agora,
Não porque a veja revivida,
Só por sonhá-la a igual de outrora.”
A convite de Américo Facó,
Drummond trabalhou na frustrada remodelação do Departamento Nacional de
Informações, antigo DIP.
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