A “Cidade
Maravilhosa” é a segunda mais populosa do Brasil e polo irradiador da cultura e
modismo nacionais
A história da cidade
do Rio de Janeiro, no Brasil, principia com sua ocupação
por povos ameríndios em época ainda não determinada pela ciência, e
segue até os dias de hoje.
Por volta do ano
1000, a maior parte do atual litoral brasileiro, incluindo o território da
atual cidade do Rio de Janeiro, foi invadida por povos tupis procedentes
da Amazônia. Eles expulsaram os
habitantes anteriores do litoral, chamados de tapuias pelos tupis,
para o interior do continente.
No início do século 16, o território da cidade do Rio de Janeiro
era ocupado na sua maior parte pela tribo tupi dos tupinambás, também
chamados tamoios. Uma das inúmeras aldeias tupinambás no território
da atual cidade do Rio de Janeiro era a aldeia Carioca, cujo nome viria a
se tornar, posteriormente, o gentílico da cidade Somente a
atual ilha do Governador(então conhecida como ilha de Paranapuã) era
ocupada por uma tribo tupi rival: os temiminós.
A Baía de Guanabara, que banha a cidade do Rio de Janeiro, foi
descoberta pelos portugueses em 1º de janeiro de 1502,
por ocasião da expedição de 1501 à costa do Brasil, capitaneada,
segundo alguns autores, por Gaspar de Lemos. A baía
foi, na ocasião, cartografada pelos navegadores portugueses com a toponímia
"Rio de Janeiro". Embora se afirme ter sido essa toponímia incorretamente
escolhida, supondo-se aqueles navegadores terem acreditado tratar-se da foz de
um grande rio, na realidade, à época, não havia qualquer distinção de
nomenclatura entre rios, sacos e baías, motivo pelo qual o corpo d'água
foi corretamente designado como rio.
Por volta de 1554,
os índios chamavam o porto do Rio de Janeiro de "Niterói", nome
que viria a designar, a partir de 1834, o atual município de Niterói.
Mapa
francês de 1555 da baía de Guanabara
Colonos franceses liderados
por Nicolas Durand de Villegagnon estabeleceram-se no interior da
baía em 1555 com a pretensão de fundar uma colônia – a França
Antártica – e uma cidade – Henriville. Aliaram-se aos tupinambás
e, juntos, expulsaram os temiminós da ilha de Paranapuã. Os temiminós se
refugiaram no sul do atual estado do Espírito Santo, em
território sob domínio português. Entre 1560 e 1567, os
portugueses, aliados aos temiminós, derrotaram os franceses e tamoios da baía
de Guanabara.
A cidade de
"São Sebastião do Rio de Janeiro" foi fundada por Estácio de
Sá em 1° de março de 1565, quando desembarcou num istmo entre
o Morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar, erguendo uma paliçada defensiva.
Gravura
representando a fundação da cidade do Rio de Janeiro por Estácio de
Sá em 1565
A vitória de
Estácio de Sá, subjugando elementos remanescentes franceses (os quais, aliados
aos tamoios, dedicavam-se ao comércio, ameaçando o domínio português
na costa do Brasil), garantiu a posse do Rio de Janeiro, rechaçando, a partir
daí, novas tentativas de invasões estrangeiras e expandindo, à custa de
guerras, seu domínio sobre as ilhas e o continente. A povoação
portuguesa foi refundada no alto do Morro do Castelo (completamente
arrasado em 1922), no atual Centro da cidade. O novo povoado
marca, de fato, o começo da expansão da cidade fundada pelos portugueses.
Durante quase todo o século XVII, a cidade teve um desenvolvimento
urbano lento. Uma rede de pequenas ruelas conectava entre si as
igrejas, ligando-as ao Paço e ao Mercado do Peixe, à beira do cais.
A partir delas, nasciam as principais ruas do atual centro. Porém, com a invasão holandesa no Nordeste
brasileiro, a produção de açúcar é aumentada a partir dos vários engenhos que
se espalham pela cidade. Com cerca de 30 mil habitantes na segunda metade
do século XVII, o Rio de Janeiro tornara-se a cidade mais populosa do Brasil,
passando a ter importância fundamental para o domínio colonial.
Essa importância tornou-se ainda maior com a exploração de jazidas
de ouro em Minas Gerais no século XVIII: a
proximidade levou à consolidação da cidade como proeminente centro portuário e econômico. Em 1763, o ministro português Marquês de
Pombal transferiu a sede da colônia de Salvador para o
Rio de Janeiro.
O Rio de Janeiro foi a capital do Brasil de 1763 a 1960, quando o
governo foi transferido para Brasília. Atualmente é a segunda mais
populosa cidade do país, depois de São Paulo. Entre1808 e 1815, foi a capital do "Reino Unido de Portugal
e dos Algarves", como era oficialmente designado Portugal na
época. Entre 1815 e abril de 1821,
sediou o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, após elevação do
Brasil a parte integrante do Reino Unido.
Nos séculos XVIII
e XIX, muitas casas e fazendas tinham nascentes e poços em seus
terrenos. Também havia chafarizes, fontes e bicas, nas quais os moradores
buscavam água e a carregavam em potes, barris ou baldes. Outra forma de se
conseguir água era comprá-la dos "aguadeiros", escravos que
percorriam as ruas em carroças vendendo água de casa em casa. Segundo relatos
do professor alemão Hermann Burmeister em seu livro "Viagem ao
Brasil", publicado em 1853:
O aqueduto da Carioca termina no morro de Santo
Antônio, no chafariz da Carioca, ao lado de um logradouro que tem o mesmo
nome, oferecendo, pelas suas bicas metálicas, o líquido aos pretos
carregadores d'água que constantemente o ocupam.
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Após a Independência
do Brasil em 1822, a cidade continuou como capital do país,
enquanto a província do Rio de Janeiro enriqueceu com a agricultura
canavieira da região de Campos e, principalmente, com o novo cultivo
do café no Vale do Paraíba. De modo a separar a província da
capital do Império, a cidade foi convertida, no ano de 1834,
em Município Neutro, passando a Província do Rio de Janeiro a
ter Niterói como capital.
Na segunda metade
do século 19, a cidade crescia em ritmo acelerado, com as edificações
utilizando madeira. Com incêndios causando transtornos na cidade, foi
criado, em 1855, o Corpo de Bombeiros.
A baía
de Guanabara em 1885. À esquerda, a Ilha Fiscal.
Como centro
político do país, a cidade concentrava a vida político-partidária do Império.
Foi palco dos Movimentos Abolicionista e Republicano.
Com a Proclamação
da República Brasileira em 1889, a cidade passou a enfrentar graves
problemas sociais advindos do crescimento rápido e desordenado. Com o fim do
trabalho escravo em 1888, a cidade passou a receber grandes contingentes de
imigrantes europeus e de ex-escravos, atraídos pelas oportunidades que ali se
abriam ao trabalho assalariado. Entre 1872 e 1890, sua população duplicou,
passando de 274 mil para 522 mil habitantes.
O aumento da pobreza agravou
a crise habitacional, traço constante na vida urbana da cidade desde meados do
século XIX. O epicentro dessa crise era ainda, e cada vez mais, o miolo central
– a Cidade Velha e suas adjacências –, onde se multiplicavam as habitações
coletivas e eclodiam as violentas epidemias de febre
amarela, varíola e cólera-morbo, que conferiam, à cidade, fama
internacional como "porto sujo".
Muitas campanhas de
erradicação perpetradas pelos governos da época não foram bem recebidas pela
população carioca. Houve várias revoltas populares, entre elas, a Revolta
da Vacina, de 1904, que também teve como causa a tomada de medidas
impopulares, como as reformas urbanas do Centro, executadas pelo
engenheiro Pereira Passos. Nessas reformas, foram demolidos vários
cortiços, e a população pobre da Região Central, deslocada para as encostas
de morros, na Zona Portuária e no Caju, sobretudo os Morros da
Saúde e da Providência. Tais povoamentos cresceram de maneira muito
desordenada, dando início ao processo de favelização (ainda não muito
preocupante na época) – o que não impediu a adoção de várias outras reformas
urbanas e sanitárias que modificaram a imagem da então capital da República.
Traçado urbanístico do Município do Rio de Janeiro
na década de 80.
Em 27 de outubro de 1912, foi inaugurado o primeiro
trecho do caminho aéreo do Pão de Açúcar, entre a Praia Vermelha e o Morro da
Urca. O chamado "bondinho do Pão de Açúcar" se tornaria um dos
grandes símbolos da cidade. Em 12 de
agosto de 1931, foi inaugurada a estátua do Cristo Redentor, que também se
tornaria um dos grandes símbolos da cidade. Em 1950, foi inaugurado o estádio
Jornalista Mário Filho para abrigar a final da Copa do Mundo FIFA de
1950. Após a transferência da Capital Federal para Brasília em 1960,
a cidade do Rio de Janeiro foi transformada em um estado
brasileiro com o nome de Estado da Guanabara.
Em 1968, no
chamado Caso Para-Sar, foi frustrado um plano terrorista da extrema-direita que
pretendia explodir vários locais da cidade, incluindo o Gasômetro de São
Cristóvão. No mesmo ano, em 26 de junho, ocorreu, na cidade, a Passeata
dos Cem Mil, marcha popular em protesto contra a ditadura militar vigente no
país desde 1964. Em 15 de março de 1975, ocorreu a fusão do
estado da Guanabara com o antigo estado do Rio de Janeiro, formando o atual
estado do Rio de Janeiro. Em 23 de julho, foi promulgada a
Constituição do Estado do Rio de Janeiro.
Em 30 de abril de
1981, ocorreu o chamado Atentado do Riocentro, um atentado no
pavilhão de exposições Riocentro. O atentado, perpetrado por agentes da
ditadura militar, deveria ser atribuído a setores da esquerda, porém o
artefato disparou acidentalmente antes do tempo, matando os agentes. Em 1984,
foi inaugurada a Passarela Professor Darcy Ribeiro, visando a abrigar
o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro.
Em 1992, a
cidade sediou a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUCED),
mais conhecida como Rio-92 ou ECO-92 – a primeira reunião internacional de peso
a se realizar após o fim da Guerra Fria, com a presença de delegações de
175 países. A cidade foi sede dos Jogos Pan-Americanos de 2007,
ocasião na qual realizou investimentos em estruturas esportivas (incluindo a
construção do Estádio Olímpico João Havelange) e nas áreas de transportes, segurança
pública e infraestrutura urbana.
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