O chefe Rosa
Crônica de Luiz Carlos
Facó
Todos o
conhecem como o Chefe Rosa. Nascido em Maracangalha, distante poucos
quilômetros de Salvador. Terra encantadora. Versada por carreiros, cortadores
de cana nos sambas de terreiro, ao fim de cada semana, após árdua jornada
trabalhada e muito suor derramado, como o “grande bueiro de duas cor... !”.
Onde os “Popós”, os “Saturninos” e os “Dornes” se reuniam lá pras bandas do
Pasto Novo, no Cassarongongo, antigo reduto de escravos, fazendo círculo no
massapé batido, repetindo ao som de palmas cadenciadas: “Eu sou seu parente.../
Qui é que eu dou a essa muié...”. Origem do spiritual brasileiro,
plasmado no sentimento do negro sofrido. Terra que é a pérola da baianidade.
Expressa em magníficos versos pelo nosso maior cancioneiro, o mestre Caymmi:
“Eu vou eu vou pra Maracangalha, eu vou,/ Eu vou de chapéu de palha, eu vou./
Se Anália não quiser ir, eu vou só. Eu vou só,/ eu vou só...” Terra de Sinhá Justa,
do seu Bertolino. Terra onde se bebe o melhor caldo de cana do mundo e pinga da
boa, arretada. Terra na qual se
aprecia o espetáculo magnifico da queima do palheiro, cujo clarão rivaliza com
as luzes de Salvador escondida por trás do Monte Socorro. Terra esconderijo de
recantos quietos, paradisíacos: Pinheiro, Água Boa, São José, Sapucaia. Terra
lavada por rios habitados por cardumes de traíras, acarás, em cujas margens
repousam indolentes jacarés. De matas fechadas, onde perdizes, tatus e pacas
passeiam suas majestades. Donde partem os sublimes gorjeios dos caboclinhos,
papa-arrozes e estevões. Terra do barro vermelho, cor de sangue, dos carros de
bois que se anunciam e anunciam a vida, cantando sofridos mementos. Pois bem,
desse oásis partiu Emilton, ainda jovem, para Salvador no sentido de se educar
e vencer na vida. Intuiu que as oportunidades não viriam ao seu encontro. Mas
que era necessário correr atrás delas. Mesmo ser saber do aconselhamento de
Roger Martin du Gard: “A verdadeira coragem não é esperar com calma o
acontecimento; mas correr-lhe ao encontro, para conhece-lo o mais breve
possível e aceitá-lo.”
Observando-o
hoje, do alto do seu sucesso, o apressado incorrigível diria: foi uma
trajetória fácil. Quem o conhece, testemunha seu imenso esforço em consegui-lo.
No entanto, a medida da força despendida, para atingir a invejável posição que
hoje desfruta no nosso meio, só o próprio Emilton é capaz de mensurar. Assim
como contar os degraus que galgou, as dificuldades enfrentadas, os óbices
ultrapassados. Um a um.
Aluno do
Colégio da Bahia dos áureos tempos, tornou-se bacharel em Ciências Sociais pela
Universidade Federal da Bahia. Mas não era o bastante. Precisava ir além. Por
isso, cursou Administração por Objetivo (Brinberg & Lang), Liderança e
Relações Humanas e a Escola Superior de Guerra (ADESG). Na vida profissional
teve o privilégio de ser o primeiro funcionário da Organização Odebrecht.
Fez-se, também fundador e presidente do Lions Club de Salvador, Itapagipe,
conselheiros das Obras Sociais de Irmã Dulce, da União dos Escoteiros do
Brasil-Região Bahia, conselheiro da Federação das Bandeirantes região Bahia,
assessor de intercâmbio juvenil do Lions internacional e cônsul-geral honorário
do Japão na Bahia.
Destacando-se
em todas as áreas que atuou, Emilton meu grande e admirado amigo, a quem presto
respeito sem reserva, tem sido homenageado e laureado pelos diversos organismos
onde desenvolveu o seu trabalho. Na Odebrecht, foi distinguido com placas,
diplomas e medalhas diversas. Foi distinguido com as amizades do velho Emílio,
do doutor Norberto, do seu filho Emílio e, por certo, dos seus sucessores, com
os quais aprendeu grande parte do que sabe. No escotismo, com as medalhas de
bons serviços de bronze, prata, ouro e com a Cruz de São Jorge. No
bandeirantismo, com a medalha excepcionais serviços prestados ao movimento. Um
orgia de condecorações de fazer inveja a qualquer outro medalhado.
Mas, o que me surpreende nesse homem
de porte rijo, elegante, de delicadeza ímpar, é sua extensa e fecunda produção
cultural. Na seara musical compôs músicas inesquecíveis: Doce Maracangalha,
Quero em teu seio adormecer, Porongo, Frauléin, Sumé, Kenia, em homenagem a
Baden Powell, e tantas outras inclusive Eu sou Bororó, dedicada a Levi Strauss,
reunidas em um CD. Suas letras revelam seu espírito lúdico e a atenção que
dedica ao nosso folclore, às nossas lendas. Na canção Sumé, fala da passagem
imaginária do apóstolo São Tomé por nossas plagas de forma espirituosa e
alegre.
No campo literário, escreveu
deliciosas peças teatrais: As comadres de... Wilson, Fulô Rosa e dona coisa de
Oliveira, Os dez passos da lei, endereçadas à juventude de nossa terra.
Enfim, ele é
um multifário.
UM EDUCADOR, UM PESSOA CULTA, SE TEM POUQUÍSSIMO RECONHECIMENTO DA SOCIEDADE E COMO SE ESTIVESSE FAZENDO TRABALHO DE BASTIDOR,NO ESCOTISMO TEM FEITO UM BRILHANTE TRABALHO E LHE TENHO UMA GRANDE ESTIMA E ADMIRAÇÃO
ResponderExcluirConheço, fui escoteiro do Grupo Luiz Tarquínio quando ele foi Chefe, tenho o maior respeito e consideração pelo querido Chefe Rosa.
ResponderExcluirConheco chefe rosa muito bem tive o prazer de trabalhar ao lado dele, aprendi muito com ele tenho o maior apreco e respeito por Dr Emiltom Moreira Rosa.
ResponderExcluir