terça-feira, 3 de março de 2015

O DIQUE DO TORORÓ NA VISÃO DE UMA HISTORIADORA – SALVADOR, BAHIA

Um dos cartões postais de Salvador

Por Selma Oliveira
É Professora de História e criadora do Blog “Loucos por História da Bahia”



 Existe ainda hoje muita controvérsia sobre os construtores do famoso cartão postal de Salvador. O Dique do Tororó. Creditada aos holandeses, que teriam construído o dique na primeira invasão a Salvador, é contestada pelo Professor Cid Teixeira que afirma que a construção dos holandeses não foi o Dique do Tororó. “Para evitar a invasão, os “holandeses”  fecharam o rio das Tripas, a vala da cidade, na altura da que é hoje a igreja de Santana, alagando toda a região até a Barroquinha
. Esse que é o dique feito pelos “holandeses”, não é o Dique do Tororó.” Essa versão parece se confirmar no relato do livro Memórias históricas e políticas da Bahia de Ignacio Accioli de Cerqueira e Silva que relata em nota que o dique fora construído por Vandorth no lado oriental da cidade na tentativa do general de aumentar as defesas da cidade represando o rio das Tripas.



Tudo indica que a construção do dique do Tororó foi realizada pelos governos gerais entre o final do século XVII e meados do século XVIII para complementação das defesas da cidade de Salvador. A origem do nome do dique tem vem no barulho forte das águas que desciam de duas saídas do dique em direção ao norte da cidade para o Rio das Tripas, e para o sul em direção ao Rio Lucaia. Durante o período colonial, o dique do Tororó abastecia a população de salvador. É o único manancial natural da cidade do Salvador tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.


Dique do Tororó 1920 e ao lado outro momento em 1935

 Ainda de acordo com o professor Cid Teixeira o dique era muito maior, até o século XIX era possível a navegação desde a Concha Acústica, atravessando o Vale dos Barris até chegar à Tribuna da Bahia e ingressar no que atualmente resta do dique. Sabe-se ainda que o primitivo dique era na verdade uma ampliação do dique de defesa da cidade alta, execução essa realizada durante o governo do Vice-rei D. Vasco Fernandes César de Meneses dentro de um plano de fortificação da cidade de Salvador.
Um projeto de urbanização da cidade realizado na segunda metade do século XIX deu nova direção às águas dos lagos e brejos aterrando todo o alagadiço que vinha desde o Rio das tripas, passando  pela Rua da Vala, atual Baixa dos Sapateiros, ligando-se ao Dique do Tororó por onde passa hoje a Avenida Djalma Dutra. Esse aterro permitiu mesmo que precariamente o acesso ao Rio Vermelho.

Atualmente o dique possui um espelho d’água com cerca de 110 mil metros quadrados. Após a última reforma em 1998, o dique ganhou novos equipamentos de esporte e lazer, uma pista de Cooper, um anfiteatro, centros comunitários e restaurantes, um clube de pesca, uma escolinha de remo, além das doze esculturas de orixás assinadas pelo artista plástico Tati Moreno. Na ocasião houve controvérsias entre os evangélicos contra a colocação das esculturas, e os adeptos do candomblé que reivindicaram o direito de tê-las no dique em função de usá-los durante muitos anos para promoção do culto aos seus orixás. Hoje as esculturas dão o ar de mistério que cerca a lagoa atraindo baianos e turistas para o local.

Infelizmente são poucas as referências históricas do dique, no entanto nada pode tirar a beleza e o encanto que emanam de suas águas escuras. Ponto de lazer barato para a população de baixa renda levar a famílias aos domingos e feriados para se divertir. Ali é possível atravessar de barco de uma margem a outra do dique, passear de pedalinho ou simplesmente observar os gansos que passeiam livremente pela água.

Dique do Tororó na década de 50 do séc. passado



Visão total do Dique

Origem: http://loucosporhistoriadabahia.blogspot.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário