HISTÓRIA
“L’État ce moi - (O estado sou eu)”
– O reinado mais longo da história da monarquia
Luís XIV (Saint-Germain-en-Laye, 5
de setembro de 1638 – Versalhes, 1 de
setembro de 1715), também conhecido como Luís, o Grande ou
O Rei Sol, foi o Rei da França e Navarra de 1643 até sua morte. Seu reinado de 72 anos e 110 dias é o
mais longo da história de qualquer monarca europeu na história.
A ele é
atribuída a famosa frase: "L'État c'est moi" (em português:
O Estado sou eu), apesar de grande parte dos historiadores dizerem
que isso é apenas um mito ou lenda.
Credita-se a ele também a frase "Eu quase que esperei”. Dizia isso, mesmo
com todas as suas carruagens chegando à hora marcada, o que demonstra bem o
carácter absolutista e a visão que ele tinha de si mesmo. Organizou a etiqueta da vida cortesã em um modelo que os seus
descendentes seguiram à risca. Outro
traço marcante para a cultura da época e que é parcamente citado em biografias
sobre o Rei-Sol é o fato de ele ter lançado a moda do uso de elaboradas perucas,
costume que se prolongou por no mínimo 150 anos nas cortes europeias e
nas colônias do novo mundo. Construiu o Palácio dos Inválidos e
o luxuoso Palácio de Versalhes, perto de Paris, onde faleceu em 1715.
Nasceu
em 1638, tendo como seus pais Luís XIII e Ana de Áustria,
que já estavam casados há vinte e três anos. Por isso alguns historiadores
acreditam que ele não era filho biológico de Luís XIII. Foi batizado Louis-Dieudonné ("Luís,
o presente de Deus") e recebeu além do tradicional título de Delfim o
de Premier Fils de France ("Primogênito da França").
Luís XIII e Ana da Áustria tiveram
um segundo filho, Filipe I, Duque de Orleães. O rei não confiava em sua
mulher e procurou evitar que ela ganhasse influência sobre o país. Porém, após
sua morte em1643, Ana tornou-se regente. Ela confiou todos os poderes do Estado ao cardeal italiano Giulio
Mazarino, que era odiado pela maioria dos círculos políticos franceses.
Ao mesmo tempo que a Guerra dos Trinta
Anos acabava em 1648, uma guerra civil francesa conhecida como Fronda começou.
O cardeal Mazarino deu continuidade à centralização do poder iniciada pelo seu
antecessor, o Cardeal Richelieu. Tentou aumentar o poder da Coroa às
custas da nobreza e impôs uma taxa aos membros do Parlamento, na
época composto na maior parte pelo alto clero e nobreza.
O Parlamento não só se recusou a pagar
como anulou todos os éditos financeiros anteriores promulgados por Mazarino,
que por conta disso mandou prendê-los, o que fez Paris ser tomada por
revoltas. Luís XIV e a corte tiveram que deixar a cidade.
Quando o tumulto começou a passar foi assinada
a Paz de Vestfália, que restaurou o controle da Coroa sobre o Exército
Francês, e que foi sucedida pela Paz de Rueil, que encerrou os conflitos
temporariamente.
Luís XIV
em 1661
O período de regência exercido pela mãe
de Luís terminou oficialmente em 1651, quando ele tinha 13 anos. Luís
assumiu o trono, mas Mazarino continuou a controlar os assuntos de
Estado até à sua morte em 1661. Quando isso aconteceu, os outros membros
do governo esperavam que fosse substituído por Nicolas Fouquet, o
superintendente de finanças. Ele não só não assumiu como foi preso por má
administração do Tesouro francês. O rei anunciou que assumiria ele próprio o
governo do reino. O seu conselho, o conseil d'en haut, contava com
nomes de prestígio como Jean-Baptiste Colbert, Hugues de
Lionne e François-Michel le Tellier. Nenhum destes pertencia à
alta aristocracia, o que levou o grande memorialista do fim do reinado, o
Duque e Par do Reino Louis de Rouvroy, Duque de
Saint-Simon a chamar o governo de "Reino da pequena burguesia".
O Tesouro
estava perto da falência quando Luís XIV assumiu o poder. As coisas não
melhoraram já que ele gastava dinheiro extravagantemente, despendendo vastas
somas de dinheiro financiando a Corte Real. Parte desse dinheiro ele gastou
como patrono das artes, financiando nomes como Moliere, Charles Le
Brun e Jean-Baptiste Lully. Também gastou muito em melhorias no
antigo Palácio do Louvre, que acabou por abandonar em favor da nova fundação
de Versalhes, construído sobre um antigo pavilhão de caça de Luís
XIII.
Em 1700, Luís XIV nomeou Jean-Baptiste
Colbert para a chefia da Controladoria Geral. Colbert reduziu
o défice da França através de uma reforma fiscal, que tornou os
impostos mais eficientes.
Luís XIV, o
Rei-Sol
Seu plano incluía os aides e douanes (ambos
taxas comerciais), a gabelle (imposto sobre o sal) e o taille (imposto
sobre as terras). Por outro lado, não aboliu a isenção fiscal de que se valia o
clero e a nobreza. O método de coleta de impostos também foi melhorado.
Colbert fez planos de longo prazo para o
desenvolvimento da França através do comércio. A sua administração criou novas indústrias e encorajou os
fabricantes e inventores a produzir. Também
modernizou a Marinha, as estradas e os aquedutos. Ele é considerado um dos pais da escola de
pensamento conhecida como mercantilismo, sendo que na França "Colbertismo"
é um sinônimo de mercantilismo.
Salto Luís XIV
Luís XIV ordenou a construção do complexo conhecido
como Hôtel des Invalides (Palácio dos Inválidos) para servir
de moradia a militares que o serviram lealmente em combate, mas que foram
dispensados por motivo de ferimento de guerra ou idade avançada e que até então
tinham como alternativas apenas a mendicância e o banditismo.
No seu reinado foi construído o Canal do Midi,
que uniu o Mediterrâneo e o Atlântico e foi muito
importante para o desenvolvimento econômico da França e da Europa,
sendo considerado fundamental para a Revolução Industrial. O Canal tem 240
km e foi projetado por Pierre Paul Riquet, sendo inaugurado em 1681.
Casamento
de Luis XIV e Maria Teresa
Enquanto a guerra com a Espanha continuava,
os franceses receberam apoio militar da Inglaterra, dirigida por Oliver
Cromwell. A aliança Anglo-francesa venceu a guerra em 1658 na Batalha
das Dunas. O resultado foi o Tratado dos Pirenéus, que fixou a fronteira
entre Espanha e França. A Espanha cedeu várias províncias e
cidades à França nos Países Baixos Espanhóis e em Rousillon. Como
meio de fixar ainda mais a paz e as fronteiras dos dois reinos, uma união entre
as duas famílias reais, de Espanha e de França, foi proposta.
Tal proposta estava seduzindo imensamente Ana de Áustria, a mãe de Luís
XIV, que sempre desejou ver seu filho casado com uma parente sua da Casa
de Habsburgo.
O Rei Sol e sua corte
Entretanto, a hesitação espanhola conduziu a um
esquema em que o Cardeal Jules Mazarin, primeiro-ministro da França,
fingia procurar uma união para o rei com Catarina de Bragança.
Quando Filipe IV de Espanha ouviu sobre a reunião em Lyon entre
as casas de França e de Portugal, enviou uma mensagem especial
para a corte francesa, a fim de abrir as negociações de paz e de um casamento
real. Então Luís XIV aceita de boa vontade casar-se com a infanta Maria
Teresa de Espanha, filha de Filipe IV, rei da Espanha, e Isabel
da França, sua tia, irmã de seu pai. O casamento teve lugar em 9 de
Junho de 1660 em Saint-Jean-de-Luz. Para prevenir uma união
das duas coroas, os diplomatas espanhóis incluíram uma cláusula na
qual Maria Teresa e seus descendentes seriam desprovidos de qualquer direito ao
trono espanhol. Contudo, pela habilidade de Jules Mazarin, a cláusula só
seria válida mediante pagamento de um grande dote. A Espanha estava
empobrecida após décadas de guerra e foi incapaz de pagar um dote de tais proporções,
e a França nunca recebeu a quantia acordada de 500.000 Escudos.
Madame de
Maintenon, a esposa secreta do Rei.
Luís XIV
escolhe para emblema o Sol. É o astro que dá
vida a qualquer coisa, mas é também o símbolo da ordem e da regularidade. Ele
reinou como um sol sobre a corte, sobre os cortesãos e sobre a França.
Luís XIV teve três amantes em título: Louise
de La Vallière, Madame de Montespan, além de Madame de Maintenon, que
foi secretamente esposa do rei após a morte da rainha. Acredita-se que
casamento aconteceu por volta de 9 ou 10 de
Outubro de 1683 e foi guardado como segredo até a morte de Luís
XIV. Na adolescência, o rei teve um romance com uma sobrinha de Mazarin, Maria
Mancini. Houve entre eles uma grande paixão, contrariada pelo cardeal que,
consciente dos interesses da França, preferiu fazê-lo se casar com a Infanta
de Espanha. Em 1670, Jean Racine se inspirou na historia de Luís e
Maria Mancini para escrever "Berenice".
Nos anos finais do reinado de Luís XIV, uma
sucessão de mortes quase pôs em risco a sucessão ao trono. Praticamente todos
os filhos legítimos do rei haviam morrido na infância. O único que chegou a
idade adulta foi, seu filho mais velho Luís, o Grande Delfim, que morreu
em 1711 antes de Luís XIV. O novo herdeiro, Luís, Duque de
Borgonha, neto mais velho do rei, contraiu varíola (ou sarampo)
e morreu no ano de 1712, seguido por seu filho mais velho Luís, Duque
de Bretanha, que sucumbiu à mesma enfermidade. Por fim, o pequeno Duque de
Anjou, filho mais novo do Duque de Borgonha e bisneto do rei foi aclamado Delfim
de França, tornando-se o sucessor ao trono francês, e reinando
como Luís XV de França.
Luís XIV morreu em 1 de Setembro de 1715 de gangrena,
poucos dias antes de seu septuagésimo sétimo aniversário e com 72 anos e 100
dias de reinado - o mais longo reinado e governo do mundo ocidental. Seu corpo
foi sepultado na basílica de Saint-Denis, em Paris.
Luís XIV
tentou evitar a ascensão de seu sobrinho Filipe de Orleans, que ao ser o
parente mais próximo se converteria em regente do futuro Luís XV. Luís XIV
preferia desviar parte desse poder ao filho ilegítimo que teve com Madame
de Montespan, Luís Augusto de Bourbon. Luís XIV também criou um conselho
regente com 11 membros, antecipando a maioridade de Luís XV. Houve também
inspiração do Cardeal Arcebispo de Paris, Louis Antoine de Noailles, um
republicano desde jovem, e que havia sido feito Cardeal pelo próprio Luis XIV e
pelo Papa Clemente XI em 1700. O testamento de Luís XIV dizia
que Luís Augusto, Duque de Maine, seria o protetor de Luís XV, superintendente
da educação do jovem rei e Comandante da Guarda Real. O Duque de Orleans, se
assegurou da anulação do testamento no Parlamento, em 2 de
setembro de 1715, após cercar o Parlamento com suas tropas, fazendo a
leitura do testamento em voz baixa de maneira que ninguém ouvisse o que estava
sendo lido. Somente quando apareceu seu nome como membro do conselho, foi
gritado, de tal maneira que criou tumulto e ele foi aclamado regente único. (
J.C.L. Simonde de Sismondi - Histoire des Français - Tome 27 - Paris - 1842).
Subornou os parlamentares, com a devolução do poder que Luís XIV lhes havia
tirado e Luís Augusto foi despojado de seu título de Prince du Sang
Royal (Príncipe de Sangue Real) e do comando da Guarda Real, mas
manteve seu posto de superintendente da educação do Delfim, ficando Filipe II
como único regente.
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