sábado, 14 de março de 2015

RESUMO DA VIDA DO GRANDE LUÍS XIV – O REI SOL

HISTÓRIA


“L’État ce moi  - (O estado sou eu)” – O reinado mais longo da história da monarquia

Luís XIV (Saint-Germain-en-Laye, 5 de setembro de 1638 – Versalhes, 1 de setembro de 1715), também conhecido como Luís, o Grande ou O Rei Sol, foi o Rei da França e Navarra de 1643 até sua morte. Seu reinado de 72 anos e 110 dias é o mais longo da história de qualquer monarca europeu na história.
A ele é atribuída a famosa frase: "L'État c'est moi" (em português: O Estado sou eu), apesar de grande parte dos historiadores dizerem que isso é apenas um mito ou lenda. Credita-se a ele também a frase "Eu quase que esperei”. Dizia isso, mesmo com todas as suas carruagens chegando à hora marcada, o que demonstra bem o carácter absolutista e a visão que ele tinha de si mesmo. Organizou a etiqueta da vida cortesã em um modelo que os seus descendentes seguiram à risca. Outro traço marcante para a cultura da época e que é parcamente citado em biografias sobre o Rei-Sol é o fato de ele ter lançado a moda do uso de elaboradas perucas, costume que se prolongou por no mínimo 150 anos nas cortes europeias e nas colônias do novo mundo. Construiu o Palácio dos Inválidos e o luxuoso Palácio de Versalhes, perto de Paris, onde faleceu em 1715.



Nasceu em 1638, tendo como seus pais Luís XIII e Ana de Áustria, que já estavam casados há vinte e três anos. Por isso alguns historiadores acreditam que ele não era filho biológico de Luís XIII. Foi batizado Louis-Dieudonné ("Luís, o presente de Deus") e recebeu além do tradicional título de Delfim o de Premier Fils de France ("Primogênito da França").
Luís XIII e Ana da Áustria tiveram um segundo filho, Filipe I, Duque de Orleães. O rei não confiava em sua mulher e procurou evitar que ela ganhasse influência sobre o país. Porém, após sua morte em1643, Ana tornou-se regente. Ela confiou todos os poderes do Estado ao cardeal italiano Giulio Mazarino, que era odiado pela maioria dos círculos políticos franceses.
Ao mesmo tempo que a Guerra dos Trinta Anos acabava em 1648, uma guerra civil francesa conhecida como Fronda começou. O cardeal Mazarino deu continuidade à centralização do poder iniciada pelo seu antecessor, o Cardeal Richelieu. Tentou aumentar o poder da Coroa às custas da nobreza e impôs uma taxa aos membros do Parlamento, na época composto na maior parte pelo alto clero e nobreza.
O Parlamento não só se recusou a pagar como anulou todos os éditos financeiros anteriores promulgados por Mazarino, que por conta disso mandou prendê-los, o que fez Paris ser tomada por revoltas. Luís XIV e a corte tiveram que deixar a cidade.
Quando o tumulto começou a passar foi assinada a Paz de Vestfália, que restaurou o controle da Coroa sobre o Exército Francês, e que foi sucedida pela Paz de Rueil, que encerrou os conflitos temporariamente.

Luís XIV em 1661

O período de regência exercido pela mãe de Luís terminou oficialmente em 1651, quando ele tinha 13 anos. Luís assumiu o trono, mas Mazarino continuou a controlar os assuntos de Estado até à sua morte em 1661. Quando isso aconteceu, os outros membros do governo esperavam que fosse substituído por Nicolas Fouquet, o superintendente de finanças. Ele não só não assumiu como foi preso por má administração do Tesouro francês. O rei anunciou que assumiria ele próprio o governo do reino. O seu conselho, o conseil d'en haut, contava com nomes de prestígio como Jean-Baptiste Colbert, Hugues de Lionne e François-Michel le Tellier. Nenhum destes pertencia à alta aristocracia, o que levou o grande memorialista do fim do reinado, o Duque e Par do Reino Louis de Rouvroy, Duque de Saint-Simon a chamar o governo de "Reino da pequena burguesia".
O Tesouro estava perto da falência quando Luís XIV assumiu o poder. As coisas não melhoraram já que ele gastava dinheiro extravagantemente, despendendo vastas somas de dinheiro financiando a Corte Real. Parte desse dinheiro ele gastou como patrono das artes, financiando nomes como Moliere, Charles Le Brun e Jean-Baptiste Lully. Também gastou muito em melhorias no antigo Palácio do Louvre, que acabou por abandonar em favor da nova fundação de Versalhes, construído sobre um antigo pavilhão de caça de Luís XIII.
Em 1700, Luís XIV nomeou Jean-Baptiste Colbert para a chefia da Controladoria Geral. Colbert reduziu o défice da França através de uma reforma fiscal, que tornou os impostos mais eficientes.

Luís XIV, o Rei-Sol

Seu plano incluía os aides e douanes (ambos taxas comerciais), a gabelle (imposto sobre o sal) e o taille (imposto sobre as terras). Por outro lado, não aboliu a isenção fiscal de que se valia o clero e a nobreza. O método de coleta de impostos também foi melhorado.
Colbert fez planos de longo prazo para o desenvolvimento da França através do comércio. A sua administração criou novas indústrias e encorajou os fabricantes e inventores a produzir. Também modernizou a Marinha, as estradas e os aquedutos. Ele é considerado um dos pais da escola de pensamento conhecida como mercantilismo, sendo que na França "Colbertismo" é um sinônimo de mercantilismo.

Salto Luís XIV

Luís XIV ordenou a construção do complexo conhecido como Hôtel des Invalides (Palácio dos Inválidos) para servir de moradia a militares que o serviram lealmente em combate, mas que foram dispensados por motivo de ferimento de guerra ou idade avançada e que até então tinham como alternativas apenas a mendicância e o banditismo.
No seu reinado foi construído o Canal do Midi, que uniu o Mediterrâneo e o Atlântico e foi muito importante para o desenvolvimento econômico da França e da Europa, sendo considerado fundamental para a Revolução Industrial. O Canal tem 240 km e foi projetado por Pierre Paul Riquet, sendo inaugurado em 1681.

Casamento de Luis XIV e Maria Teresa

Enquanto a guerra com a Espanha continuava, os franceses receberam apoio militar da Inglaterra, dirigida por Oliver Cromwell. A aliança Anglo-francesa venceu a guerra em 1658 na Batalha das Dunas. O resultado foi o Tratado dos Pirenéus, que fixou a fronteira entre Espanha e França. A Espanha cedeu várias províncias e cidades à França nos Países Baixos Espanhóis e em Rousillon. Como meio de fixar ainda mais a paz e as fronteiras dos dois reinos, uma união entre as duas famílias reais, de Espanha e de França, foi proposta. Tal proposta estava seduzindo imensamente Ana de Áustria, a mãe de Luís XIV, que sempre desejou ver seu filho casado com uma parente sua da Casa de Habsburgo.

O Rei Sol e sua corte

Entretanto, a hesitação espanhola conduziu a um esquema em que o Cardeal Jules Mazarin, primeiro-ministro da França, fingia procurar uma união para o rei com Catarina de Bragança. Quando Filipe IV de Espanha ouviu sobre a reunião em Lyon entre as casas de França e de Portugal, enviou uma mensagem especial para a corte francesa, a fim de abrir as negociações de paz e de um casamento real. Então Luís XIV aceita de boa vontade casar-se com a infanta Maria Teresa de Espanha, filha de Filipe IV, rei da Espanha, e Isabel da França, sua tia, irmã de seu pai. O casamento teve lugar em 9 de Junho de 1660 em Saint-Jean-de-Luz. Para prevenir uma união das duas coroas, os diplomatas espanhóis incluíram uma cláusula na qual Maria Teresa e seus descendentes seriam desprovidos de qualquer direito ao trono espanhol. Contudo, pela habilidade de Jules Mazarin, a cláusula só seria válida mediante pagamento de um grande dote. A Espanha estava empobrecida após décadas de guerra e foi incapaz de pagar um dote de tais proporções, e a França nunca recebeu a quantia acordada de 500.000 Escudos.

Madame de Maintenon, a esposa secreta do Rei.

Luís XIV escolhe para emblema o Sol. É o astro que dá vida a qualquer coisa, mas é também o símbolo da ordem e da regularidade. Ele reinou como um sol sobre a corte, sobre os cortesãos e sobre a França.
Luís XIV teve três amantes em título: Louise de La Vallière, Madame de Montespan, além de Madame de Maintenon, que foi secretamente esposa do rei após a morte da rainha. Acredita-se que casamento aconteceu por volta de 9 ou 10 de Outubro de 1683 e foi guardado como segredo até a morte de Luís XIV. Na adolescência, o rei teve um romance com uma sobrinha de Mazarin, Maria Mancini. Houve entre eles uma grande paixão, contrariada pelo cardeal que, consciente dos interesses da França, preferiu fazê-lo se casar com a Infanta de Espanha. Em 1670, Jean Racine se inspirou na historia de Luís e Maria Mancini para escrever "Berenice".

Luís XIV

Luís XIV e seus herdeiros em 1710

Comboio e pompa fúnebre de Luís XIV. (1715)

Nos anos finais do reinado de Luís XIV, uma sucessão de mortes quase pôs em risco a sucessão ao trono. Praticamente todos os filhos legítimos do rei haviam morrido na infância. O único que chegou a idade adulta foi, seu filho mais velho Luís, o Grande Delfim, que morreu em 1711 antes de Luís XIV. O novo herdeiro, Luís, Duque de Borgonha, neto mais velho do rei, contraiu  varíola (ou sarampo) e morreu no ano de 1712, seguido por seu filho mais velho Luís, Duque de Bretanha, que sucumbiu à mesma enfermidade. Por fim, o pequeno Duque de Anjou, filho mais novo do Duque de Borgonha e bisneto do rei foi aclamado Delfim de França, tornando-se o sucessor ao trono francês, e reinando como Luís XV de França.
Luís XIV morreu em 1 de Setembro de 1715 de gangrena, poucos dias antes de seu septuagésimo sétimo aniversário e com 72 anos e 100 dias de reinado - o mais longo reinado e governo do mundo ocidental. Seu corpo foi sepultado na basílica de Saint-Denis, em Paris.
Luís XIV tentou evitar a ascensão de seu sobrinho Filipe de Orleans, que ao ser o parente mais próximo se converteria em regente do futuro Luís XV. Luís XIV preferia desviar parte desse poder ao filho ilegítimo que teve com Madame de Montespan, Luís Augusto de Bourbon. Luís XIV também criou um conselho regente com 11 membros, antecipando a maioridade de Luís XV. Houve também inspiração do Cardeal Arcebispo de Paris, Louis Antoine de Noailles, um republicano desde jovem, e que havia sido feito Cardeal pelo próprio Luis XIV e pelo Papa Clemente XI em 1700. O testamento de Luís XIV dizia que Luís Augusto, Duque de Maine, seria o protetor de Luís XV, superintendente da educação do jovem rei e Comandante da Guarda Real. O Duque de Orleans, se assegurou da anulação do testamento no Parlamento, em 2 de setembro de 1715, após cercar o Parlamento com suas tropas, fazendo a leitura do testamento em voz baixa de maneira que ninguém ouvisse o que estava sendo lido. Somente quando apareceu seu nome como membro do conselho, foi gritado, de tal maneira que criou tumulto e ele foi aclamado regente único. ( J.C.L. Simonde de Sismondi - Histoire des Français - Tome 27 - Paris - 1842). Subornou os parlamentares, com a devolução do poder que Luís XIV lhes havia tirado e Luís Augusto foi despojado de seu título de Prince du Sang Royal (Príncipe de Sangue Real) e do comando da Guarda Real, mas manteve seu posto de superintendente da educação do Delfim, ficando Filipe II como único regente.

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