A COLUNA DE Helô Sampaio
Por Helô Sampaio
Eita,
festão bom danado. É, realmente, a festa do povão, da alegria em todos os
cantos da cidade e dentro de todas as casas. Em Ibicaraí, se você chegar em
qualquer casa durante os festejos, vai encontrar um bolinho, o milho cozido, a
canjica e tomar um licorzinho. E não estou falando em casa de barão, não. Meu
povo é sempre festeiro, chegado a uma comemoração, não é, Rosilene e Marcia?
Por
isso, estou viajando pra lá. Amo minha terrinha, meu povo simples. Eu me sinto
bem em andar naquelas ruas da minha infância, onde eu andava de pés descalços,
ou corria com a bicicleta ou montava a cavalo aos sábados. Isso mesmo, meu
belo, eu montava cavalo e corria, com os meus irmãos, as fazendas da redondeza.
Comia o cacau ou pedia a Lula que tirava a jaca do pé. Era uma aventura
deliciosa.
O
São João de Ibicaraí tinha fogueira em toda porta. As famílias soltavam fogos,
ensinavam os meninos a soltar o ‘traque’, e todo mundo era feliz. Antes,
escondido de minha mãe, a gente ia provar o licor de Belizana e de Dona Pombinha.
Hoje, está melhor, porque além das gostosuras juninas, Rosilene faz o seu
famoso baião-de-dois cearense, regado com o licor de Cícero, seu irmão, que o
prepara na roça e traz a delicia para a cidade. Quer mais, neguinho?
Mas
o melhor é o reencontro com os velhos amigos. Avelino, que vem de São Paulo e
jura que vai morar lá, na roça, quando se aposentar; Zé Braite, com aquele
sorriso lindo, que está sempre por perto, dando apoio moral a amiga; tem
ainda os meus ex-aluninhos – como Terezinha Moreira, que fez o exame de
admissão comigo e hoje é professora –, que me enche de dengo. Amo estar com
todos eles, conhecer suas famílias, sentir o carinho que têm pela ‘pró’ do
tempo do ginásio, como dizem.
O
afeto tem motivo: eu tinha 20 anos quando, recém-formada professora, fui ser
secretária do Centro Educacional. E quando os ‘capetinhas’ aprontavam as
‘pintanças’, eu passava a mão na cabeça aliviava o esporro, pois entendia que
eram adolescentes, na fase de lambança, de gastar energia. Hoje, recebo o
carinho, o amor mesmo destes ‘anjinhos’, alguns com os cabelos ‘branqueando’
que nem o meu. E continuo jovem e boazuda. He-he!
O
mês de junho tem mais um ‘porém’ que é importante para mim. Aliás, para mim,
Gilberto Gil e Cris Porto, que nascemos no dia 26, cheios de licor do São João
e preparando para a festa das viúvas, no São Pedro. E meu aniversário, todo
mundo sabe, eu aviso, quero beijo, quero abraço e quero dengo. E tem mais: se
for em ano de Copa do Mundo, passo viajando, meu benzinho. Eu me dou esse
presente.
Pego
Dumas, o meu pilotinho amado, juntamos uma galera e ‘capamos o gato’ por este
mundão véio de meu Deus. Em 2002, comemorei o niver em Andorra, no único
restaurante que estava aberto. A alegria da turma foi tanta que o dono me deu
um bolo de presente; e até sentou na mesa conosco. O garçom depois nos fuxicou
que ele nunca tinha dado um presente a ninguém. O cara estava pasmo com a
generosidade do patrão. E ficou com cara de bobo quando eu falei em bom
português que “ganhei o presente porque eu sou gostosona”. E ninguém traduziu
pra ele.
Em
2006, passei na Costiera Amalfitana, no Hotel Delle Rose, em Amalfi, onde eu me
sentia uma das rosas. Em 2010, a festa foi em Barcelona, nas Ramblas, no bar e
restaurante Nuria, onde fizemos freguesia. Ganhei uma torta de chocolate com
morango, delícia de lamber o dedo. O engraçado foi que, após servir aos amigos
que viajavam comigo, servi um pedaço da torta a uns clientes que estavam nas
mesas próximas: uns alemães e japoneses. Que me olhavam, sem entender nada. Receberam
a torta, comeram. Depois, com o nosso conversê, eles tomaram coragem e vieram
pra mesa da gente. Em mesa de bar a linguagem é universal: eles sentaram,
sorriram, conversaram e ganhamos novos amigos.
Em
2012, estive na ilha de Ischia, com os amigos italianos Peppe, Gigi e Vito,
cozinheiros de mão cheia que vem sempre a Bahia visitar Dumas. Fizeram um
jantar inesquecível no restaurante Da Giuseppe, olhando a ilha de Capri de um
lado e Napoli do outro, ao som do Solemio. Fiquei de voltar para o aniversário
em 14, mas tive problema de saúde. Já liguei que preparem o jantar para 2016.
Estarei lá, sem falta, viu, Peppe? Sou chique, benzinho.
Fora
dos anos da Copa, passo o ‘niver’ em Ibicaraí, aproveitando para descansar o
espírito e rever a família e amigos. Estou levando um licor de chocolate,
receita de Elíbia Portela que Dumas preparou para nós. Veja como é gostoso.
Licor de Chocolate de Elibia Portela
Ingredientes
-- Uma lata de leite condensado
-- Uma lata de whisky (ou rum, ou cohaque)
-- Uma xicara (chá) de leite fervido e frio
-- Uma xícara (chá) de água filtrada fervente
-- 150g de chocolate em barra, picado.
-- Uma lata de leite condensado
-- Uma lata de whisky (ou rum, ou cohaque)
-- Uma xicara (chá) de leite fervido e frio
-- Uma xícara (chá) de água filtrada fervente
-- 150g de chocolate em barra, picado.
Modo de preparar
--
Colocar o chocolate picado num recipiente junto a água quente e reservar para
amornar e derreter o chocolate
--
Acrescentar o leite condensado, o leite frio e o whisky ou a bebida escolhida
--
Bater tudo por alguns minutos, em velocidade média
--
Despejar em uma garrafa e levar ao congelador para macerar por cinco dias.
Depois que servir, conservar sempre em congelador
Tenha
certeza que é uma delicia dos deuses. E já tomei umas quatro talagadas e gostei
muito. Vou domar baiz uma, e veliz Zão Joãããã... zzzzzzzz.
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