A
gigante de alimentos suíça Nestlé vai destruir 400 milhões de pacotes de seu
popular macarrão instantâneo Maggi na Índia, em uma operação sem precedentes na
história da indústria de alimentos mundial.
Segundo a companhia, serão necessários pelo menos 40 dias para concluir
o trabalho.
No início deste mês, a FSSAI (Food Safety and Standards Authority of
India, a Anvisa indiana) proibiu a comercialização do alimento.
Segundo a agência reguladora, testes constataram que o produto era
"inseguro e perigoso". O órgão também acusou a Nestlé de descumprir
as leis de segurança alimentar do país.
A gigante suíça controla 80% do mercado indiano de macarrão instantâneo.
A filial indiana da Nestlé começou, então, uma operação logística de
grandes proporções para recolher e destruir 27 mil toneladas do produto por
todo o país.
Segundo a companhia, trata-se de um dos maiores 'recalls' não só de sua
história, quanto de indústria de alimentos mundial.
Desafio
O problema é que a Nestlé não detém o controle de todas as embalagens
que devem ser destruídas.
A companhia afirma que 17 mil toneladas do produto estão atualmente nas
mãos de distribuidores, varejistas e consumidores. Diante disso, a gigante
suíça se viu obrigada a comprar o alimento de volta para, então, poder
destruí-lo.
Quando todo o macarrão instantâneo foi recolhido do mercado, serão
necessários milhares de caminhões para levá-lo a cinco usinas de incineração,
onde o produto será misturado à gasolina e destruído sob altas temperaturas.
A Nestlé diz que a capacidade de destruição é de cerca de 700 toneladas
por dia, o que exigirá pelo menos 40 dias para que todo o estoque seja
eliminado.
No início deste mês, a empresa começou a recolher das lojas toda a marca
Maggi, depois que autoridades indianas afirmaram que algumas embalagens do
produto continham níveis de chumbo acima do permitido.
O CEO global da Nestlé, Paul Bulcke, pediu para ver os resultados dos testes
realizados nos laboratórios e prometeu devolver o produto às lojas em breve.
Vários Estados do país começaram a testar o produto para a substância
glutamato monossódico, conhecido pela sigla MSG.
No último dia 12 de junho, a mais alta corte de Mumbai negou uma
apelação da Nestlé para reverter a proibição ao produto.
O tribunal determinou que o macarrão instantâneo fosse recolhido, mas
ordenou às autoridades sanitárias que respondam às solicitações da empresa
sobre uma eventual revogação do veto até a próxima audiência sobre o caso, no
dia 30 de junho.
A Nestlé argumenta que os testes que constaram a presença de chumbo no
produto são "falhos e imprecisos". A companhia afirma ter realizado
avaliações próprias em mais de 1 mil embalagens do macarrão instantâneo, além
de ter encomendado testes externos em outras 600 embalagens.
"Todos os resultados indicam que o macarrão instantâneo Maggi é
seguro e está dentro dos limites regulatórios estabelecidos na Índia", diz
a empresa.
O macarrão instantâneo começou a ser vendido na Índia em 1983 e pode ser
encontrado em mercados de todo o país.
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