“A alegria também se aprende, como o golfe ou o esqui”24 sinais de que você é um vencedor (embora ainda não saiba)
PATRICIA PEYRÓ JIMÉNEZ 23 JUN 2015
Parece cada
vez mais claro que a nova febre do ouro não está ligada a ficar milionário ou
encontrar a fonte da juventude eterna. O tesouro mais cobiçado de nossos tempos
é a felicidade, um conceito abstrato, subjetivo e difícil de definir, mas que
está na boca de todos. A felicidade é até objeto de estudo da prestigiosa Universidade
Harvard.
Alguns dos estudantes de psicologia dessa
universidade americana têm sido um pouco mais felizes há vários anos, não
apenas por estudar numa das melhores faculdades do mundo, mas também porque de
fato aprenderam com um curso. Seu professor, o doutor israelense Tal
Ben-Shahar, é especialista em psicologia positiva, uma das correntes mais
presentes e aceitas no mundo e que ele próprio define como “a ciência da
felicidade”. De fato, Ben-Shahar diz que a alegria pode ser aprendida, do mesmo
modo como uma pessoa aprende a esquiar ou a jogar golfe: com técnica e prática.
Com seu
best-seller Being Happy e suas aulas magistrais, os princípios
tirados dos estudos de Tal Ben-Shahar já
deram a volta ao mundo sob o lema “não é preciso ser perfeito para levar uma
vida mais rica e mais feliz”. O secreto parece estar em aceitar a vida tal como
ela é; isso, segundo Ben-Shahar, “o libertará do medo do fracasso e das
expectativas perfeccionistas”.
Embora mais
de 1.400 alunos já tenham passado por seu curso de Psicologia da Liderança,
ainda seria o caso de fazer a pergunta: será que alguma vez temos felicidade
suficiente? “É precisamente a expectativa de sermos perfeitamente felizes que
nos faz ser menos felizes”, ele explica.
Seguem os
seis conselhos principais do professor para ajudar as pessoas a se sentirem
afortunadas e contentes:
1.Perdoe
seus fracassos. E mais: festeje-os! “Assim como é
inútil se queixar do efeito da gravidade sobre a Terra, é impossível tentar
viver sem emoções negativas, já que fazem parte da vida e são tão naturais
quanto a alegria, a felicidade e o bem-estar. Aceitando as emoções negativas,
conseguiremos nos abrir para desfrutar a positividade e a alegria”, diz o
especialista. Temos que nos dar o direito de ser humanos e perdoar nossas
fraquezas. Ainda em 1992, Mauger e seus colaboradores estudaram os efeitos do
perdão, constatando que os baixos níveis de perdão estão relacionados à
presença de transtornos como depressão, ansiedade e baixa autoestima.
Tal
Ben-Shahar, professor de Harvard.
2.Não veja
as coisas boas como garantidas, mas seja grato por elas. Coisas
grandes ou pequenas. “Essa mania que temos de achar que as coisas são
garantidas e sempre estarão aqui têm pouco de realista.”
3.Pratique
esporte. Para que isso funcione, não é preciso malhar numa academia até se
cansar ou correr 10 quilômetros por dia. Basta praticar um exercício suave,
como caminhar em passo rápido por 30 minutos diários, para que o
cérebro secrete endorfinas, essas substâncias que nos fazem sentir-nos
“drogados” de felicidade, porque na realidade são opiáceos naturais produzidos
por nosso próprio cérebro, que mitigam a dor e geram prazer. A informação é do
corredor especialista e treinador de easyrunning Luis Javier
González.
4.
Simplifique, no lazer e no trabalho. “Precisamos
identificar o que é verdadeiramente importante e nos concentrar sobre isso”,
propõe Tal Ben-Shahar. Já se sabe que quem tenta fazer demais acaba conseguindo
realizar pouco, e por isso o melhor é se concentrar em algo e não tentar fazer
tudo ao mesmo tempo. O conselho não se aplica apenas ao trabalho, mas também à
área pessoal e ao tempo de lazer: “É melhor desligar o telefone e se desligar
do trabalho nessas duas ou três horas que você passa com a família”.
5. Aprenda
a meditar. Esse simples hábito combate o
estresse.Miriam Subirana, doutora pela Universidade de Barcelona, escritora e
professora de meditação e mindfulness, assegura que “no longo
prazo, a prática regular de exercícios de meditação ajuda as pessoas a
enfrentar melhor as armadilhas da vida, superar as crises com mais força
interior e ser mais elas mesmas baixo qualquer circunstância”. Ben-Shahar
acrescenta que a meditação também é um momento conveniente para orientar nossos
pensamentos para o lado positivo; embora não haja consenso de que o otimismo
chegue a garantir o êxito, ele lhe trará um grato momento de paz.
6. Treine uma nova
habilidade: a resiliência. A felicidade depende de nosso estado mental,
não de nossa conta corrente. Concretamente, “nosso nível de felicidade vai
determinar aquilo ao qual nos apegamos e a força do sucesso ou do fracasso”.
Isso é conhecido como locus de controle, ou “o lugar em que
situamos a responsabilidade pelos fatos” – um termo descoberto e definido pelo
psicólogo Julian Rotter em meados do século 20 e muito pesquisado com
relação ao caráter das pessoas: os pacientes depressivos atribuem seus
fracassos a eles próprios e o sucesso a situações externas à sua pessoa,
enquanto as pessoas positivas tendem a pendurar-se medalhas no peito,
atribuindo os problemas a outros. Mas assim perdemos a percepção do fracasso
como “oportunidade”, algo que está muito relacionado à resiliência, conceito
que se popularizou muito com a crise e que foi emprestado originalmente da
física e engenharia, áreas nas quais descreve a capacidade de um material de
recuperar sua forma original depois de submetido a uma pressão deformadora.
“Nas pessoas, a resiliência expressa a capacidade de um indivíduo de enfrentar
circunstâncias adversas, condições de vida difíceis e situações potencialmente
traumáticas, e recuperar-se, saindo delas fortalecido e com mais recursos”, diz
o médico psiquiatra Roberto Pereira, diretor da Escola Basco-Navarra de Terapia
Familiar.
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