Publicado em recortes por Danielle Means
Dizem que "para um bom entendedor, meia palavra basta", mas
não há bons entendedores por aí.
Na escola
se aprende a interpretar textos e ler nas entrelinhas, para que quando você
cresça, saiba que quando alguém chateado disser que você lhe deu um sorriso
amarelo, você saiba que foi um sorriso sem graça, e não que seus dentes estão
amarelados.
Uma parede
verde vai ser sempre verde ou de uma forma poética pode trazer esperança ou
lembrar os olhos, a roupa de alguém no contexto… Mas parede verde não vai ser
rosa só porque você interpretou como rosa. Naquela casa só haverá um cachorro
se ele aparecer na história ou se tiver indícios. Não há cachorro só porque é
uma casa com quintal e você achou que poderia ter. Interpretação é matemática.
Não é tão fácil quanto o resultado de 2+2, mas é tão certo quanto qualquer
equação.
Pessoas
costumam justificar seus argumentos com sua interpretação pessoal.
Esperado, claro. No entanto, lá na alfabetização, quando era preciso fazer
exercícios de “Ligue”, você sabiamente ligava o osso ao cachorro, e o doce à
criança. Então você cresce, se perde no caminho, e por uma série de razões, que
não sei quais são, liga o osso à criança e diz que interpretação é algo
pessoal. Tenta ligar o osso à criança numa entrevista de emprego, colega.
Tem gente
que você não atende, não liga de volta, não responde e-mails, e ela não
entende. Tem gente que começa a falar um assunto, e você muda. Ela tenta de
novo, você muda. De novo, e de novo. Tem gente que liga, conta a vida, e você
lá “então tá bom”, e ela continua. Tem gente que está na tua casa às tantas da
noite, você bocejando, olhando o relógio, e ela continua.
Não estamos
falando dos problemas do mundo, crise econômica, aquecimento global, nada
excepcional. Estamos falando do óbvio, do 8 ou 80, do preto e branco, da água e
do vinho, de ligar o doce à criança. E isso também não é questão de cultura. É
egocentrismo. É mente vazia, parada, e, em alguns casos, de inconveniência ou
falta de educação (a que vem de casa) mesmo.
Você, que é
mãe ou que convive com crianças, ajude. Quando seu filho for assistir a um
filme, pergunte qual foi a história, ajude-o a lembrar da sequência. Peça-o
para contar o seu dia, como foi o passeio, o que ele gostou ou não e o porquê.
Nos dias de ganhar presente (aniversário, Natal, Dia das Crianças) ele vai
querer aquele brinquedo que viu na TV, mas se você chegar em casa num dia
qualquer, com um brinquedo educativo, ele vai achar sensacional. ESTIMULE
interpretação!
Às vezes a
gente vai entender errado, claro, até porque nem sempre a culpa é de quem
deveria entender. Há aqueles que não sabem se comunicar adequadamente. Se já é
tarde da noite, sua visita não foi embora e você está ótima, morrendo de rir,
no maior papo, não espere que o outro adivinhe que você quer justamente o
contrário. Aí a doida(o) é você.
Então, por
favor, vamos facilitar a vida das pessoas. Analise os sinais e perceba que o
sorriso amarelo que eu te dei não é culpa do meu dentista, ok?
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