Os primeiros sinais de mudanças começam a ser observados
Por
Adilson
Fonseca
Foto: Reginaldo Ipê
A Rua Chile se
renova aos 113 anos
A Rua
Chile, a mais tradicional de Salvador, completa 113 anos no próximo dia 25 e
nada mais natural que depois de tantas histórias e glamour, ganhe um presente.
E ele já chegou na forma de empreendimentos que começam a sair do papel e
ganham forma na requalificação de imóveis, como o Palace Hotel e na remodelação
urbanística, a cargo da Conder e do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (PHAN).
Através do
Programa de Aceleramento do Crescimento para as cidades históricas (PAC
Cidades Históricas), vão ser aplicados R$ 142 milhões na restaurações de 23
monumentos, equipamentos e edifícios históricos. Outros R$ 123 milhões deverão
ser aplicados pela Conder (Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado
da Bahia), através do Programa PAC Pavimentação, na requalificação de mais de
200 ruas em 11 bairros que forma a área denominada Poligonal do Centro
Antigo de Salvador.
Além da
requalificação das ruas, que ganharão pavimento novo em asfalto e
paralelepípedo, a Conder anuncia também que fará á a mudança da rede elétrica e
iluminação pública de trechos da Avenida Sete, Rua Chile e Rua Direita de Santo
Antonio Além do Carmo. Nos 11 bairros serão implantados calçadas em
concreto lavado e detalhes em granito, faixa de serviço em placas de concreto,
rampas com acesso para portadores de necessidades especiais, piso podotátil
direcional e de alerta e 13 quilômetros de ciclofaixa.
Conforme a
nota da Superintendência Regional do IPHAN na Bahia, a proposta do PAC
Cidades Históricas é buscar a recuperação e a revitalização das cidades, a
restauração de monumentos protegidos, o desenvolvimento econômico e social e
dar suporte às cadeias produtivas locais, com a promoção do patrimônio
cultural.
Os
primeiros sinais de mudanças começam a ser observados por quem passa pela Rua
Chile, onde o seu prédio mais emblemático, o antigo Palace Hotel, está sendo
totalmente requalificado, para abrigar, a partir do próximo ano, um novo
empreendimento hoteleiro de alto luxo. A obra está a cargo da empresa Fera Empreendimentos,
com financiamento do Desenbahia.
Na área de
6.131,24 metros quadrados, cujo alvará de obras de número 17159 da
Superintendência de Controle e Ordenamento do Solo de Salvador (Sucom) já
foi afixado, surgirá o Hotel Design. A obra é do empresário mineiro
Antonio Mazzafera, dono da Fera Empreendimentos, que além do Palace Hotel,
teria comprado também o Empresarial Tesouro e outros 123 imóveis nos arredores
da Rua Chile.
Até o
momento, a compra e o restauro de imóveis já custaram R$ 150 milhões. O plano
prevê ao menos três edifícios, um hotel de luxo, seis restaurantes, uma casa
noturna, duas galerias de arte e um estacionamento.
Parte dos
imóveis será alugada para empresas. Outra será vendida, caso do residencial de
dez apartamentos com vista para a Baía de Todos os Santos. A cobertura,
de R$ 2,5 milhões, já foi vendida. Alguns imóveis, como o edifício onde
funcionava a antiga Loja Duas Américas, tem placa de “aluga-se”, enquanto
outros, como a antiga sede da Federação dos Empregados do Comércio, um
prédio em art decô, e do antigos magazines Adamastor e Casa Sloper, estão
fechados.
Se depender
do prefeito ACM Neto, todos os projetos que envolvam a requalificação do Centro
Histórico, quer sejam feitos pela iniciativa privada ou com investimentos
públicos, terão acolhida por parte da Prefeitura. Além de gerar empregos, os
projetos urbanísticos darão vida nova ao Centro Histórico, com ocupação
habitacional, atração turística e principalmente de geração de empregos.
Conforme
assegurou, além dos projetos já em andamento de requalificação de imóveis na
Rua Chile, nos quais se inclui o Palace Hotel, outros empreendimentos deverão
aportar no Centro Histórico de Salvador, como resultado da sanção da outorga
onerosa, que funcionará como atrativo para os empresários interessados em
investir no setor. “Isso garante a geração não só de empregos durante as obras,
mas de empregos permanentes, agregando investimentos e mais empregos em outros
setores da economia”, disse.
Antevendo
possíveis críticas, o prefeito ACM Neto garantiu que a Prefeitura não permitirá
que quaisquer obras venham a descaracterizar o patrimônio arquitetônico do
Centro Histórico. “Os projetos virão, serão autorizados, mas sempre dentro de
uma proposta de revitalização do centro antigo, mas sem quaisquer
mudanças que venham a alterar os parâmetros de tombamento dos imóveis”,
garantiu.
Igual
posicionamento adotou o IPAH, que em nota da Superintendência Regional na
Bahia, disse que não tem qualquer parceria na aquisição de imóveis na Rua
Chile, no coração do Centro Histórico de Salvador, e que estas são objeto de
negociação entre setores privados. “Trata-se de uma área tradicionalmente
comercial cujo uso teve função central na região. É papel do IPHAN a
fiscalização e a análise de intervenções neste acervo protegido”, diz a nota do
órgão.
113 anos
O apogeu da
elegância da sociedade soteropolitana durou até meados da década de 70 do
século passado, mas na própria história de Salvador nomes como O Adamastor,
Casa Sloper e Duas Américas são sinônimos de um glamour que se não será
revivido, pelo menos será restaurado nas propostas de revitalização dos
imóveis, que ganharão funções novas e terão papel importante em todo o processo
de ocupação e atração turística do local.
Por estar
próxima aos dos poderes públicos e religioso do início do século XX– Câmara dos
Vereadores, sede da Prefeitura e Sede do Governo do Estado (Palácio Rio Branco)
e Arquidiocese , a Rua Chile era passagem obrigatória de políticos e pessoas
influentes da sociedade baiana, que costumava promover calorosos debates em
público e, ao mesmo tempo, desfilar as tendências da moda, em lojas de griffe e
cafés da época.
Em 1902,
através do decreto Municipal da Câmara dos Vereadores, de, a antiga Rua Direita
do Palácio passou a ser chamada de Rua Chile. A mudança de nome se deveu às
homenagens lideradas por estudantes da Faculdade de Medicina, no Terreiro de
Jesus, e do Governo da Bahia á visita de uma esquadra que visitava o Porto de
Salvador.
A marinha
chilena, à época, era considerada a terceira força mais poderosa do mundo e
havia interesses dos governantes brasileiros homenageá-la, mobilizando a
população para a recepção aos marinheiros que visitavam a cidade pela primeira
vez.
Centro da cidade e patrimônio
O Centro Histórico de Salvador - é
tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em
1984, e reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio da Humanidade, em 1985. Com 0,8
km², a delimitação do Centro Histórico inicia próximo ao Mosteiro de São Bento
e segue até o Forte Santo Antônio Além do Carmo.
O Centro Antigo de Salvador - é uma área de 7 km², que
inclui em sua extensão territorial onze bairros da capital baiana como Centro,
Barris, Tororó, Nazaré, Saúde, Barbalho, Macaúbas, parte do espigão da
Liberdade, Santo Antônio e Comércio, além do Centro Histórico. De com acordo
com a legislação, esta área de Salvador corresponde à área contígua à de
proteção rigorosa, sob o registro da Lei Municipal n° 3.289/83.
Nenhum comentário:
Postar um comentário