terça-feira, 25 de agosto de 2015

JÁ FOI A ARACAJU, NÊGO? ENTÃO VÁ E VEJA COMO FAZER UMA FEIJOADA SERGIPANA






Por
Helô Sampaio






Helô Sampaio e o caranguejo de Sergipe

De repente, não mais que de repente, precisei ir na vizinha aqui ao lado, para resolver uma questão familiar. A viagem foi rápida mas... me espantei desde que entramos na cidade. A vizinha Aracaju está uma cidade linda, limpa, segura e acolhedora. Gente, e ninguém esquenta a cabeça para sair à noite.
Eu fui com um grupo animado: Mira, minha irmã Ana, Nubia, Samir. Lá, encontramos uma galera daqui para ‘aprontar’ no pedaço.
E foi muito normal sairmos à noite, sem medo de assalto, percorrendo aquela orla deliciosa, cheias de bares e restaurantes com comidinhas gostosas, sem nos preocuparmos com horário, só olhando cardápio. Voltamos inteiros, sem roubo de nada. Fiquei bege de inveja.
A ‘limpeza’ da cidade deixa a gente com inveja mesmo. Por lá, ainda não chegaram os vagabundos para pixar os muros. Espero que os sergipanos sejam mais ‘cidadãos’ que nós, baianos, e quando os desocupados chegaram para deixar as garatujas – que deve ser o que possuem no cérebro – pelas casas, que eles ponham a molecada para limpar.
Somente ao ver o conjunto da capital sergipana todo asseado, com seus monumentos, muros, igrejas, parques, tudo sem a marca dos predadores, foi que senti quanto tem sido violentado o nosso rico patrimônio cultural.


Fazia algum tempo que eu não ia à vizinha. E ela está deliciosa mesmo. Buscamos o que para nós era novidade, o restaurante Rei da Sopa, onde servem o normal dos bares como lambretas, siri, caranguejo ao lado de sopas deliciosas e diferentes, como aipim com charque, camarão, além das triviais de galinha, feijão, e por aí vai.
No outro dia, fomos almoçar no chique ‘Parmegianno’. Eu ‘apaixonei’ pela mariscada, bem servida, e com ‘mutcho’ camarão mais a simpatia da Augusta. A ‘tchurma’ raspou o tacho. Bom demais. Augusta. Volto aí breve, pra comer, sozinha, outra mariscada. Acompanhada pelo caranguejo gordo. Me aguarde!
O bom é que em qualquer boteco de Aracaju se acha caranguejo gordo. E na Passarela do Caranguejo, tem uma escultura do bicho em tamanho gigante que me deixou encantada e... com água na boca. Ah! Se fosse de verdade, pra eu quebrar uma puã daquela com uma ‘geladésima’... Ia comer uns três dias.
A cidade está linda, com ‘prediões’ bonitos, humanizados, cheios de janelas com muito vidro e pouco cimento; o povo na rua passea despreocupado e tem musica em quase todo boteco. Tem até um trenzinho e uma bicicleta-carrinho todos cheios de luzes, que percorrem a orla toda mostrando aos turistas os monumentos e belezas da cidade. Eu, por exemplo, logo me candidatei e fui curtir o passeio com Mira. Foi divertido demais!
No sábado, tivemos a ‘boca livre’ do aniversário de um aninho da Beatriz, sobrinha de Mira. Festão bom danado. Os papais Saulo e Bianca capricharam nos comes e bebes, com o apoio integral de Neide, a vovó coruja. Mas, o que é bom, dura pouco, e tivemos que voltar. Sergipanos, não se desesperem que logo, logo, eu vou desfilar novamente o meu charme e simpatia pelos caranguejos da área.
Chegar à terrinha foi duro, com um trânsito insuportável, em que gastamos um tempão até ‘desapear’. Ah! Agora acharam uma forma fácil de ganhar dinheiro, determinando velocidades diferentes em cada rua. Isso significa que, ao invés de ficarmos antenados no fluir do trânsito e nas pessoas, temos que nos ligar é no velocímetro, mesmo que prejudique o fluxo.
E pedir a São Cristóvão que nos ampare, pois os ‘home’ aqui só querem saber de ‘bambá’ na caixa e multas para encher o cofre. Que se dane o fluxo! “Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência?”, bradaria Marco Cicero se cá estivesse. Daqui a uns dias, vai ser mais rápido andar a pé. Investir em educação e civilidade, que seria a solução, dá muito trabalho. O fácil é multar, que enche cofre. Agora, tem rua com limite de 30km. Melhor seria fechar para o transito e deixar acesso só para os moradores, em vez de assaltar motorista desavisado e cobrar 574 reais pelo descuido de passar com mísros 50km. Não deixei que o encanto da vizinha amada, a terra do caju e do caranguejo, se desfizesse por esses aborrecimentos.
E já pedi a minha amiga Lili, de Iaçu, para preparar a tradicional feijoada sergipana, que eu a-do-ro, e feita por ela, lambo os dedos. Pegue a receita ai, minha bonita, e encante o seu amorzão com esta delicia. Avental a bordo, vamos pra cozinha.

Feijoada Sergipana

Ingredientes: 

-- 500g de feijão mulatinho
-- 200g de charque
-- 200g de carne verde
-- 200g de costela de porco
-- 200g de pé de porco
-- 200g de calabresa ou paio
-- 200g de rabo de porco, salgada
--Temperos (cebola, tomate, pimentão, cebolinha, folhas de louro, pimenta-do-reino e alho a gosto)
-- Verduras (abóbora, quiabo, maxixe, couve, chuchu e cenoura) 


Modo de preparar:

-- Lavar o feijão e deixar de molho por 2 horas. Colocar as carnes salgadas de molho em um recipiente com água que cubra, por 5 horas, trocando a água pelo menos uma vez. Escorrer e ferver por 10 minutos.

-- Refogar os temperos.
-- Juntar as carnes e o feijão, cobrir com água e deixar ferver por uma hora.
-- Acrescentar as verduras: cenoura, maxixe, couve e, por último, quiabo e chuchu e deixar cozinhar até ficarem macias. Servir com arroz. 

E aguardar os beijinhos de biquinho com que o amorzinho vai lhe presentear antes de tirar ‘aquele ronco’. No caso, merecido depois de um feijãozinho gostoso desse. 

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