sexta-feira, 30 de outubro de 2015

"GRACE (KELLY) - A PRINCESA DE MÔNACO - UM RETRATO FRUSTRANTE DE UMA DAS MAIORES DIVAS DO CINEMA

Personalidade





Publicado por Lynn Colling,
é publicitária, cinéfila e editora do blog 'Película Criativa'.

Segundo Nicole Kidman, o filme não é uma biografia de Grace Kelly e sim um estudo da sua vulnerabilidade e humanidade. A seguir, confira a resenha de “Grace – A Princesa de Mônaco”. 



O roteiro de “Grace – A Princesa de Mônaco” foi escrito por Arash Amel e ficou no congelador durante muitos anos, até cair nas mãos de Harvey Weinstein. O longa tinha estreia prevista para o último semestre de 2013, mas sofreu atrasos por divergências entre Olivier Dahan e o estúdio. O motivo da briga entre o diretor e Weinstein foi a versão final do filme.



Grace Kelly
“Grace – A Princesa de Mônaco” mostra um pequeno período da vida de Grace Kelly. No filme, Grace (Nicole Kidman) luta para encontrar o seu lugar no pequeno principado de Mônaco. À medida que ela considera aceitar o convite de Alfred Hitchcock (Roger Ashton-Griffiths) para voltar ao cinema, Rainier (Tim Roth) se envolve em uma tensa disputa com o presidente francês Charles De Gaulle.
À primeira vista, o filme parece carregar todos os ingredientes necessários para agradar o espectador: intrigas na corte, crise de identidade, e um romance turbulento. Também parecia ser a oportunidade perfeita para Olivier Dahan entrar com o pé direito em Hollywood. Mas toda a sensibilidade demonstrada pelo cineasta em “Piaf - Um Hino ao Amor” (La Vie En Rose) não foi encontrada neste projeto. À medida que a trama se desenvolve, o espectador sente dificuldade em levar a sério os fatos apresentados.

Grece Kelly e o marido o príncipe de Mônaco, Rainier.
Mas o sofrimento não termina por aí. Na reta final do filme, Grace encontra-se em um luxuoso hotel e entrega um dos discursos mais importantes de sua vida. Para retratar a cena, o diretor cometeu alguns equívocos e castigou a imagem de Nicole Kidman. Com a câmera exageradamente próxima, ele deixou apenas uma pequena parte do rosto da atriz visível.
É evidente que Olivier Dahan não soube aproveitar os cenários exuberantes de Mônaco, e talvez nunca vou compreender os verdadeiros objetivos do cineasta. Apesar de tudo, “Grace – A Princesa de Mônaco” possuiu uma bela fotografia, mas isto é um pré-requisito para qualquer produção do tema.
Os esforços do elenco são visíveis, principalmente da parte de Nicole Kidman. Ela foi crucificada por sua atuação, mas acredito que a atriz foi competente e simplesmente trabalhou de acordo com a proposta apresentada. Kidman não é o problema de “Grace – A Princesa de Mônaco”, sua atuação apenas não garantiu o sucesso do filme.


Muitos ainda não aprovam a escolha da atriz para o papel principal e colocam em debate a idade de Nicole Kidman. Várias atrizes de Hollywood foram cogitadas para viver Grace Kelly no cinema, entre elas: Jessica Chastain, Emily Blunt, Charlize Theron, Reese Witherspoon, Gwyneth Paltrow, Kate Hudson, Rosamund Pike, Amy Adams, January Jones e Elizabeth Banks.
Não tenho problemas com a escolha de Nicole Kidman. É uma tarefa difícil representar a imagem de uma das maiores divas da Era de Ouro do cinema norte-americano. Kidman conseguiu trazer a elegância clássica de Kelly para sua atuação, e ainda encontrou o equilíbrio entre a personalidade forte e a atitude destemida da personagem.
Em segundo plano, os excelentes Tim Roth e Frank Langella também foram vítimas de um roteiro falho. Entre eles, Roth foi o maior prejudicado com seu retrato de Rainier, um personagem sem destaque, antipático e com diálogos restritos. Milo Ventimiglia, Paz Vega e Parker Posey completam o elenco.
É fato que Hollywood não obteve sucesso com suas biografias de princesas. É impossível esquecer de “Diana”, filme estrelado por Naomi Watts - conterrânea e grande amiga de Kidman. Ambos os filmes foram dirigidos por nomes promissores, contaram com a presença de atrizes renomadas no papel principal, mas não conseguiram compreender a essência da pessoa em questão.
O roteiro de “Grace – A Princesa de Mônaco” é completamente bipolar. Em alguns momentos, o longa trata de assuntos sérios, como as inseguranças de Grace Kelly como artista. Com a ajuda da trilha sonora, o filme também possui alguns momentos cômicos, e deixa o espectador em um estado de transe com a trama.
A tentativa absurda de incriminar a irmã de Rainier por conspiração ainda é difícil de engolir. Em geral, o filme proporciona uma experiência frustrante - principalmente para quem conhece a história de vida de Grace Kelly e suas habilidades como atriz - ela foi a estrela de alguns dos maiores clássicos do cinema, como "Janela Indiscreta" "Disque M Para Matar" e "Alta Sociedade".
“Grace – A Princesa de Mônaco” comentou falhas gravíssimas no desenvolvimento de seus personagens, principalmente ao abordar a fase mais polêmica da vida de Grace Kelly. Suas realizações como pessoa, atriz, mãe e princesa não correspondem com as expectativas do espectador e com a imagem que a própria Kelly construiu ao longo dos anos.
Fica a pergunta: será que a versão de Harvey Weinstein era melhor?



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