Série: cidades mais bonitas do mundo
Lisboa
é reconhecida como uma cidade global devido à sua importância em aspectos
financeiros, comerciais, mediáticos, artísticos, educacionais e
turísticos. É um dos principais centros económicos do continente, com um
crescente sector financeiro e o maior porto de containers da costa
atlântica da Europa. O Aeroporto da Portela recebe mais de 18 milhões de
passageiros anualmente, enquanto a rede de autoestradas e o sistema de ferrovias de alta velocidade (Alfa Pendular) conectam as principais cidades portuguesas
à capital. Lisboa é a sétima cidade mais visitada do sul da Europa, após Istambul, Roma, Barcelona, Madrid, Atenas e Milão, com
1 740 000 de turistas em 2012, tendo em 2013 ultrapassado a marca dos
2 milhões de turistas. A região de Lisboa é a região mais rica do país, com
um PIB PPC per capita de 26 100 euros (4,7%
maior do que o PIB per capita médio da União Europeia média). A sua região
metropolitana é a vigésima mais rica do continente, com um PIB-PPC no valor de
58 mil milhões de euros, o que equivale a cerca de 35% do PIB-PPC total do
país.[11] A cidade ocupa o 122.º lugar entre as maiores
receitas brutas do mundo. A maioria das sedes das multinacionais instaladas em Portugal estão localizadas na
região de Lisboa e a cidade é a nona no
mundo em quantidade de conferências internacionais.
O
ditador romano Júlio César concedeu à cidade o estatuto de município chamado Felicidade Júlia (Felicitas Julia), acrescentando
ao nome Olisipo. Governada por uma série de tribos germânicas a partir do século V, a cidade foi
capturada pelos mouros no século VIII. Em 1147, os cruzados sob Afonso Henriques reconquistaram a cidade e, desde então, ela tem sido um
importante centro político, económico e cultural de Portugal. Diferentemente da
maioria das capitais, o estatuto de Lisboa como capital de Portugal nunca foi
concedido ou confirmado oficialmente. A
sua posição como capital formou-se com a convenção constitucional, fazendo
com que a sua situação como capital de fato uma parte da Constituição de
Portugal.
A
cidade é o centro político do país, como sede do Governo e da residência
do chefe de Estado, além de sediar duas agências da União
Europeia: o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT) e a Agência Europeia de Segurança Marítima (EMSA). Chamada de "capital do mundo lusófono", a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) tem a sua sede na cidade. Lisboa tem dois locais classificados
pela UNESCO como Património da Humanidade:
a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos. Além disso, em 1994,
Lisboa foi a Capital Europeia da Cultura e
organizou a Exposição Mundial de 1998.
Segundo
uma teoria de Bochart, o nome Olisipo, designação pré-romana de
"Lisboa", remontaria aos Fenícios. Segundo esta teoria, Olisipo derivaria de
"Allis Ubbo" ou "Porto seguro" em fenício, dado ao
porto fornecido pelo Estuário do Tejo. Não existe nenhum registo que possa
comprovar tal teoria. Segundo Tovar, Olisipo seria uma palavra de origem
tartessa sendo o sufixo ipo frequente na região de influência
Turdetano-Tartessica. O prefixo "Oli(s)" não seria único pois
surge numa outra cidade Lusitana, de localização desconhecida, que Pomponius
Mela dizia chamar-se Olitingi.
Os
autores da Antiguidade explicavam através de uma lenda mítica
a origem da fundação de Olisipo que atribuíam ao herói grego Ulisses. Solino, provavelmente
baseando-se na lenda contada por Estrabão de que Ulisses teria fundado uma cidade na península
Ibérica, em local incerto, chamada Odisseia, atribui a fundação de Olisipo a
Ulisses ("Ibi oppidum Olisipone Ulixi conditum: ibi Tagus flumen.")
Posteriormente, o nome latino teria sido corrompido para
"Olissipona". Ptolomeu chamou a cidade de "Oliosipon".
Os Visigodos chamaram-na
"Ulishbona" e os Mouros, que
tomaram a cidade no ano 714, nomearam-na, em árabe, اليكسبونا (al-Lixbûnâ) ou لشبونة (al-Ushbuna)
Popularmente,
os naturais ou habitantes de Lisboa são chamados alfacinhas. A origem do termo
é desconhecida, mas há quem explique que nas colinas de Lisboa primitiva
verdejavam já as "plantas hortenses utilizadas na culinária, na perfumaria
e na medicina" que atendem pelo nome de alfaces, e alface que vem do árabe, poderá indicar que o
cultivo da planta começou aquando da ocupação da Península pelos Muçulmanos. Há também quem sustente que, num dos cercos de
que a cidade foi alvo, os habitantes da capital portuguesa tinham como alimento
quase exclusivo as alfaces das suas hortas. O certo é que a palavra ficou
consagrada e que os grandes da literatura portuguesa habituaram-se a
tomar alfacinha por lisboeta.
O
magnífico porto fornecido pelo estuário do rio Tejo transformou a cidade na solução ideal
para fornecer alimentos aos navios destinados às Ilhas do Estanho (atuais Ilhas Scilly) e Cornualha. O povo celta invadiu
a região no primeiro milénio a.C. e através de casamentos tribais com
os povos ibéricos pré-romanos aumentaram o número de falantes
da língua celta na região.
Achados arqueológicos fenícios nos
claustros da Sé de Lisboa
O
povoado pré-romano de Olisipo, teve origem nos séculos VIII-VII a.C.,
assentava no morro e na encosta do Castelo. A Olisipo pré-romano foi o maior
povoado orientalizante da região de Portugal. Estima-se que a população
rondasse entre os 2 500 e os 5 000 habitantes. Olisipo seria um local
de aportagem para o tráfego marítimo e comércio com os fenícios.
Achados arqueológicos sugerem que já havia trocas comerciais com
os Fenícios na região em 1 200 a.C., levando alguns historiadores à teoria de que
fenícios teriam habitado o que é hoje o centro da atual cidade, na parte sul da
colina do castelo. Na praça de D. Luís, em Lisboa, está
localizado um fundeadouro com mais de 2000 anos, datado entre o século I aC e o
século V dC, onde os navios ancoravam para fazer descargas e reparos e também
para fazer o trânsito de passageiros e carga. Além de poderem viajar para o
Norte, os fenícios também aproveitaram o fato de estarem na desembocadura do
maior rio da Península Ibérica para fazerem comércio de metais preciosos
com as tribos locais. Outros importantes produtos da região
comercializados foram o sal, os peixes salgados e os cavalos puros-sangues lusitanos, que eram já bastante renomados na
Antiguidade.
Recentemente,
vestígios fenícios do século VIII a.C. foram encontrados sob a Sé de Lisboa. No entanto, alguns dos historiadores
modernos consideram que a ideia da fundação fenícia é irreal, e acreditam
que Lisboa era uma antiga civilização autóctone (chamada pelos romanos de ópido) e
que, no máximo, mantinha relações comerciais com os Fenícios, o que explicaria
a presença de cerâmicas fenícias e outros objetos.
Uma lenda popular
e romântica dá conta que a cidade de Lisboa teria sido fundada pelo herói grego Odisseu (Ulisses] e que tal
como Roma o
seu povoado original era rodeado por sete colinas. Derivado, os gregos chamam à cidade
de Olisipo, proveniente do nome do herói. Se todas as viagens
de Ulisses através do Atlântico se houvessem dado da forma descrita por Théophile Cailleux, isso poderia significar então que Ulisses
haveria fundado a cidade vindo do Norte, antes de tentar dar a volta ao Cabo
Malea, (que Cailleux diz ser o Cabo de São Vicente), no sentido de Sudeste, em direção Ática.
No entanto, a presença dos Fenícios, mesmo ocasional, é anterior à
presença helénica na área. Posteriormente, o nome grego
teria sido corrompido em latim para Olissipona. Alguns
dos deuses pré-romanos são Aracus, Cariocecus, Bandua e Trebaruna.
Os gregos antigos tiveram provavelmente na foz do rio Tejo um posto de comércio durante algum tempo,[carece de fontes] mas os conflitos que grassavam por todo o
Mediterrâneo levaram sem dúvida ao seu abandono, devido sobretudo ao poderio
de Cartago na região nessa época.
A
degeneração do Império romano, e a feudalização da sociedade romana levaram às primeiras
invasões dos povos germanos, Hunos entre
outros. As iniciativas que inicialmente foram tomadas como colonizações das
terras desertificadas pelas terríveis epidemias que mataram grande parte da população da
época (provavelmente sarampo e varíola), transformaram-se depressa em expedições
militares com objetivos de saque e conquista.
Parte das antigas muralhas romanas
Após a
conquista a Cartago do oriente peninsular, os romanos iniciam as guerras de pacificação do ocidente. Cerca de 139/138 a.C. os romanos
conquistaram Olisipo, durante a campanha de Decimus Junius Brutus que reforçou
as muralhas da cidade para se defender das tribos hostis, sendo esta mais tarde
absorvida no império e recompensada com a atribuição de cidadania romana, um privilégio raríssimo já naquela época para
povos não-romanos Felicitas Julia, como a cidade viria a ser
conhecida,
beneficia do estatuto de município, juntamente com os territórios em redor, até
uma distância de 50 km, não
pagando impostos a Roma, ao contrário de quase todos os outros castros e povoados autóctones conquistados. Foi incluída com larga
autonomia na província da Lusitânia, cuja capital era Emeritas Augusta, a atual Mérida(na Estremadura espanhola). A Olisipo romana era uma cidade disposta
em anfiteatro entre a colina do Castelo Terreiro do Trigo, o Campo das Cebolas, a
antiga ribeira Velha até cerca da Rua Augusta.
No
tempo dos romanos a cidade era famosa pelo garum, um
molho de luxo feito à base de peixe, exportado em ânforas para Roma e todo o império, assim como vinho, sal e cavalos da região. Ptolomeu chamou a cidade de Oliosipon. Para além
exploração das minas de ouro e prata uma grande receita dos romanos provinha
dos tributos, impostos, resgates e saques que incluíam objetos de ouro e prata dos
tesouros públicos dos povos da Lusitânia e resto da península.
No fim
do domínio romano Olisipo seria um dos primeiros núcleos a acolher o Cristianismo. O primeiro bispo da cidade foi São Gens. Sofreu invasões bárbaras dos Alanos, Vândalos e depois fez parte do Reino dos Suevos, antes de ser tomada pelos Visigodos de Toledo, que
a chamaram de Ulishbona.
Após
três séculos de saques, pilhagens e perda de dinâmica comercial, Ulishbuna
seria pouco mais que uma vila no início do século VII. É nesta altura que, aproveitando uma guerra civil
do Reino Visigótico, que os árabes liderados por Tárique invadem a Península Ibérica com as suas tropas mouriscas, em 711. Olishbuna foi
conquistada pelas tropas de Abdelaziz ibn Musa, um dos filhos de Tárique, assim como o
resto do ocidente peninsular.
Castelo de São Jorge, construído pelos mouros
Lisboa
foi então tomada no ano 714 pelos mouros provenientes
do norte de África. Em árabe chamavam-lhe al-Lixbûnâ Aluxbuna,
mas segundo Alhimian, o seu antigo nome era Cudia (Kudia ou
Kudiya). Construiu-se neste período a cerca moura.
Lisboa
pertenceu à primeira taifa de Badajoz no ano de 1013, criada pelo eslavo liberto
Sabur Al-Amiri (1013-1022), um saqaliba, antigo súbdito de Aláqueme II.
Enquanto
se fragmentavam as Taifas islâmicas do Sul, no Norte sucedia
o Condado Portucalense do Reino de Leão, já em plena Reconquista da Península Ibérica. Apesar de baseado em Guimarães, a força económica que permitia a autonomia do
Condado Portucalense estava na cidade do Porto (Portucale ou porto da cidade de Cale, a atual Gaia). É
interessante pensar como foi o novo Reino, centrado no dinamismo comercial da
jovem cidade de mercadores do Porto, que usufruía de uma posição e importância
semelhantes na foz do segundo maior rio da Península Ibérica, o rio Douro, como Lisboa no rio Tejo, que acabaria por conquistar essa venerável
cidade.
O
geógrafo árabe Edrisi escreveu que em Lisboa "o mar
lança palhetas de ouro sobre a praia" e que no Inverno" os habitantes
da cidade vão junto do rio à procura deste metal e se dedicam a isso enquanto
dura a estação rigorosa". Almunime Al-Himiar descreve Lisboa em mais
pormenor:
"É uma cidade edificada à beira-mar, cujas
vagas se vêm quebrar contra as muralhas, admiráveis e de boa construção. A
parte ocidental da cidade é encimada por arcos sobrepostos que assentam em
colunas de mármore, por sua vez apoiadas em envasamentos de mármore. A cidade
é, por sua natureza, muito bela."
O geógrafo Yâqût al-Hamâwî revela mais sobre as
suas riquezas:
"É uma cidade antiga, próxima do mar e situada
a oeste de Córdoba. Nas suas montanhas há bons falcões e produz o melhor mel de
todo o al-Andalus, que se conhece como al-ladharnî; parece-se com o açúcar,
conservando-se embrulhado em pano, para que não se suje. A cidade está junto ao
rio Tejo e perto do mar. No seu solo há jazidas de ouro puro e nas suas costas
encontra-se um âmbar excelente."
Ibne Saíde, no século XIII, disse que Lisboa,
ao referir-se à sua beleza, "era uma noiva em sua alcova nupcial."
A
rendição muçulmana após o cerco de Lisboa por D. Afonso Henriques
Famosa e opulenta, a cidade daria ao reino bastante
prestígio. A primeira tentativa de Afonso de conquistar al-Ushbuna deu-se
em 1137 e
fracassou frente às muralhas da cidade. Em 1140 aproveita
os cruzados que passavam por Portugal para novo ataque que novamente falha.
Só sete anos depois os cristãos a reconquistariam graças ao primeiro rei de Portugal, Dom Afonso Henriques, e ao seu exército de cruzados, em 1147. O primeiro rei português
concedeu-lhe foral em 1179. A
cidade tornou-se capital do reino em 1255 devido
à sua localização estratégica. A seguir à reconquista foi instituída a diocese de Lisboa que, no século XIV, seria elevada a
metrópole (arquidiocese).
Nos últimos séculos da Idade Média a cidade expandiu-se e tornou-se um
importante porto com comércio estabelecido com o norte
da Europa e com as cidades costeiras do Mar Mediterrâneo. Em 1290 o
rei Dom Dinis mandou estabelecer a primeira universidade de Portugal em Lisboa (mas devido a um
incêndio foi transferida para Coimbra em 1308), a cidade então já dispunha de
grandes edifícios religiosos e
conventuais.
Dom Fernando I, "o Formoso", construiu a
famosa Muralha Fernandina, já que a cidade crescia rapidamente para fora do
perímetro inicial. Começando pelo lado dos bairros mais pobres e acabando nos
bairros da burguesia, a maior parte do dinheiro utilizado veio desta última. Esta estratégia
mostrou-se conveniente, já que de outra forma a burguesia deixaria de financiar
a obra.
O novo capítulo da história de Lisboa nasce com a
grande revolução da Crise de 1383-85. Após a morte de Fernando de Portugal, o Reino
deveria passar a ter como soberano nominal o Rei de Castela, João I de Castela, e ser regido efetivamente por Leonor Teles de Menezes, mas o rei castelhano quis ser soberano efetivo
ou, como se costuma dizer, rei e senhor, tendo conseguido persuadir a sogra e
rainha regente a renunciar ao governo e ceder-lhe. Isto, sem o consentimento
das Cortes, constituía uma usurpação do poder e fez rebentar a guerra. Depois
de cerca de ano e meio de luta, os burgueses da cidade, com as suas ligações
inglesas e capitais avultados, são uns dos vencedores da guerra: o Mestre de
Avis é aclamado João I de Portugal, depois de vencer o cerco de Lisboa de 1384, e antes que se desse a Batalha de Aljubarrota, ganha sob a liderança de Nun'Álvares Pereira em 1385 contra as forças castelhanas
reforçadas por franceses e pelos fidalgos portugueses que prestaram vassalagem
a João I de Castela.
Em 1385 Lisboa substitui Coimbra como capital do
reino.
A mais
antiga representação de Lisboa (1500–1510) da Crónica de Dom Afonso
Henriques, por Duarte Galvão
Portugal fica na vanguarda dos países
contemporâneos ao ser o primeiro a transformar a pesquisa tecnológica e
científica em política de Estado, e com a política de portas abertas a
especialistas aragoneses, catalães, italianos e alemães, com objectivo aumentar
e enriquecer os conhecimentos náuticos dos oficiais e marujos. Mais tarde estes
conhecimentos foram incrementados com os conhecimentos práticos dos pilotos
orientais. Várias expedições se empreenderam com tripulações portuguesas que
integravam alguns expatriados de outros reinos nas quais foram descobertos os
arquipélagos dos Açores, Madeira e Canárias. Alguns afirmam que terão mesmo chegado ao Brasil.
Estas ilhas permitem o estabelecimento de novas cidades-portos, úteis para a
exploração de novos mercados. De Lisboa partiram numerosas expedições na época
dos descobrimentos (séculos XV a XVII), como a de Vasco da Gama em 1497-1498, reforçando também com este
feito, a condição de grande porto e centro mercantil na Europa ávida
por ouro e especiarias.
Na época da expansão as casas de Lisboa tinham de
três a cinco andares, sendo no primeiro uma loja e nos últimos as instalações
dos comerciantes. Nesta época Lisboa toma o lugar dos genoveses no comércio de
escravos, (que eram de África, da península Ibérica e resto da
Europa). Tornou-se um porto em que circulavam escravos que depois eram vendidos
para diversos pontos da Europa. Lisboa era muito frequentada por uma
grande quantidade de comerciantes estrangeiros.
Após terminarem as guerras e conflitos entre os
conservadores e liberais, Lisboa, tendo perdido o ouro e monopólio dos produtos do Brasil (um
"monopólio" e ouro do qual só uma pequena parte chegava aos cofres
reais de Portugal devido ao contrabando e à pirataria), a fonte muita da sua
riqueza desde o fim do século XVI encontrava-se numa situação
económica difícil. No Norte da Europa, as nações iniciavam a industrialização,
e enriqueciam com o comércio das Américas (a Inglaterra viria a dominar o comércio
brasileiro) e da Ásia. É em Lisboa que se dá a principal revolta
que causou a Restauração da Independência, em 1640.
Terreiro
do Paço em 1662, junto à arcaria veem-se soldados portugueses a praticar tiro
pois estava-se então em plena Guerra da Restauração.
Os problemas para o comércio na cidade aumentam
quando os Catalães, um povo mercador como o de Lisboa, também
oprimidos pelas taxas castelhanas, se revoltam em 1636. É a Portugal que Madrid
vem exigir os homens e os fundos para derrotar os catalães, numa tentativa de
usar os de Portugal contra os da Catalunha.
É então que os mercadores da cidade se aliam à
pequena e média nobreza. Tentam convencer o Duque de Bragança, Dom João, a aceitar o trono, mas este, como
o resto alta Nobreza, é beneficiado por Madrid e só o prospecto de se tornar
Rei o convence finalmente. Os conspiradores assaltam o Palácio do Governador,
aclamando o novo Rei D. João IV, com o apoio inicialmente do Cardeal Richelieu de França, e
depois a velha aliança retomada com a Inglaterra (tudo isto ficou conhecido com a Restauração da Independência, em 1640).
A Lisboa pós-Restauração é uma cidade cada vez mais
dominada pelas ordens religiosas Católicas. Mais de 40 conventos são fundados
na cidade em adição aos 30 já existentes, e os religiosos ociosos cuja
sustentação é assegurada pelas esmolas e expropriações contam-se aos muitos
milhares, constituindo mais de 5% da população da cidade. O clima político é
cada vez mais conservador e autoritário e a Inquisição, depois de destruída a
classe mercadora, concentra-se no controlo das mentalidades, vigiando as ideias
e a criatividade, que suprime em nome da pureza da Religião. Os segundos e
terceiros filhos, que não recebem a herança do pai, e que antes se dedicavam ao
comércio e às empresas além-mar, agora simplesmente se refugiam nas ordens
religiosas e vivem à conta de outrem, a maioria das vezes de forma apenas
superficialmente religiosa. No início do século XVIII, no reinado de Dom João V, a cidade foi dotada de uma grande obra pública, extraordinária para a época: o Aqueduto das Águas Livres.
Representação
do Terramoto de Lisboa, um dos mais
fortes sismos da história, ocorrido em 1 de Novembro
de 1755. A cidade foi reerguida posteriormente por um plano de reconstrução
elaborado pelo Marquês de Pombal
A cidade foi quase na totalidade destruída em 1 de Novembro de 1755 por
um grande terramoto, e reconstruída segundo os planos traçados
pelo Marquês de Pombal(Sebastião
José de Carvalho e Melo), Ministro da Guerra e Negócios Estrangeiros e
oriundo da Baixa Nobreza, reagindo celeremente às ruínas do terramoto, terá dito que era necessário enterrar os
mortos, cuidar dos vivos e reconstruir a cidade. Uma ideia que vai
desenvolver de seguida ao nível da economia e sociedade. A parte central da
reconstrução de Lisboa designar-se-á por Baixa Pombalina). A quadrícula adoptada nos planos de reconstrução
permite desenhar as praças do Rossio e Terreiro do Paço, esta com uma belíssima arcada e
aberta ao rio Tejo. Ainda no século XVIII e a
instâncias de D. João V, o Papa concedeu ao arcebispo da cidade o
título honorífico de Patriarca e a nomeação automática como Cardeal (daí o
título de "Cardeal Patriarca de Lisboa").
Plano
geral da cidade de Lisboa em 1812
Nos primeiros anos do século XIX Portugal
foi invadido pelas tropas de Napoleão Bonaparte, obrigando o rei Dom João VI a retirar-se temporariamente para
o Brasil. A
cidade ressentiu-se e muitos bens foram saqueados pelos invasores. A cidade
viveu intensamente as lutas liberais e iniciou-se uma época de florescimento
dos cafés e teatros. Mais tarde, em 1879, foi
aberta a Avenida da Liberdade que iniciou a expansão citadina para
além da Baixa.
O centro cultural e comercial da cidade passou para
o Chiado,
durante o século XIX (cerca de 1880. Com as velhas ruas da Baixa já
ocupadas, os donos de novas lojas e
clubes estabelecem-se na colina anexa, que rapidamente se transforma. Aqui são
fundados os Clubes, como o Grémio Literário famoso das histórias de Eça de Queirós, e frequentado por Almeida Garrett, Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro, Oliveira Martins e Alexandre Herculano. Estabelecem-se ainda lojas de roupas das
modas de Paris e outros produtos de luxo, grandes armazéns no estilo do Harrods de Londres ou das Galerias Lafayette de Paris e
novos cafés de Luso-Italianos, como O Tavares e o Café
do Chiado.[42]
Proclamação da república por José Relvas em
Lisboa
Culturalmente, este é o período em que as touradas e o fado se
transformam em verdadeiros entretenimentos populares regulares. A eles se junta
o teatro popular ou teatro de revista (inventado em Paris) que,
com as velhas e eruditas comédias e dramas, disputa os novos teatros da
capital. Um entretenimento tipicamente português deste tempo é a Oratória, em que atores corrompem a velha arte do Padre António Vieira em argumentos cantados, floridos e
quase sempre superficiais com que disputam prémios. Surgem ainda os primeiros
grandes jardins públicos, imitando o Hyde Park de Londres e os jardins das cidades alemãs: o
primeiro é o Jardim da Estrela, onde passeiam os lisboetas aos fins-de-semana.
Alarmadas as elites impõem a ditadura em 1907
com João Franco, mas é tarde de mais. Em 1908 a família real sofre um atentado (no Terreiro do Paço) em que morrem El-Rei Dom Carlos de Portugal e o herdeiro do trono, o Príncipe Real Dom Luís Filipe de Bragança, numa ação provavelmente executada pelos anarquistas (que neste período atacam figuras públicas em
toda a Europa). Em 1909 os operários de Lisboa organizam
extensas greves. Em
1910, em Lisboa, dá-se a revolta que implantaria a república em Portugal. Uma grande quantidade de habitantes da
cidade, incitados pelo Partido Republicano Português, formam barricadas nas ruas e são
distribuídas armas. Os exércitos ordenados a reprimir a revolução são
desmembrados pelas deserções. O resto do país é obrigado a seguir a capital,
apesar de continuar profundamente rural, católico e conservador. É proclamada
a Primeira República.
Em 1912 os monárquicos aproveitam o
descontentamento com as leis liberais dos republicanos no norte do país, e aí tentam
o golpe de estado, que falha. Em 1916 Portugal entra do lado
aliado na Primeira Guerra Mundial, enviando homens e recursos muito
consideráveis num período de crise, e a situação económica e política fica cada
vez mais tensa, havendo mesmo episódios de fome.
Vista
da Torre Vasco da Gama no Parque das Nações, local onde foi
realizada a Exposição Mundial de 1998
Foi feita Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e
Mérito a 3 de Junho de
1920.[61]
O fim da Primeira República ocorre em 1926, quando
a direita conservadora antidemocrática (largamente liderada pelos descendentes
da antiga Nobreza do norte de Portugal e pela Igreja Católica) toma finalmente o poder após mais duas
tentativas em 1925, alegadamente de forma a por fim à anarquia
que ela própria tinha largamente criado. Inicialmente militar, liderado pelo
General Gomes da Costa, o novo governo rapidamente adopta uma
ideologia fascista sob a liderança de Salazar. O regime de Salazar, o Estado Novo, governou o país durante 4 décadas,
submetendo a capital a diversas obras públicas, várias delas alterando a sua
face, como foi a construção da primeira grande ponte da cidade, a Ponte Salazar
(hoje Ponte 25 de Abril) que na altura da inauguração em 1966 era a
maior ponte do velho continente. O regime, já sob a chefia de Marcello Caetano, seria derrubado pela Revolução dos Cravos num golpe de estado realizado em Lisboa
a 25 de Abril de 1974.
Desde esta data, após um período conturbado até
1975, Lisboa e o país têm sido governados por um regime democrático. O atual
Presidente da Câmara de Lisboa (C.M.L), é Fernando Medina, do Partido Socialista (PS).
Dez anos mais tarde, em 1985, dá-se a Assinatura do
Tratado de Adesão à Comunidade Económica Europeia, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, por parte do Presidente da República, Mário Soares.
Em 1988, deu-se o Grande Incêndio do Chiado, que destruiu uma boa parte do património
lisboeta, assim como a principal zona de comércio de Lisboa, que ainda hoje
está a ser reconstruída.
Lisboa continua a desenvolver-se ao ritmo das mais
altas cidades/capitais europeias, melhorando as suas infraestruturas (e construindo
novas), melhorando o sistema de segurança, saúde, etc. Em 1994, foi a Capital
da Cultura; em 1998, inaugurou a sua segunda ponte, que por sinal, era na
altura a mais longa de toda a Europa, e a
quarta maior do mundo, a Ponte Vasco da Gama. Nesse mesmo ano (1998), organizou a Exposição Mundial de 1998, no Parque das Nações, com o tema Oceanos.
Panorama do Castelo de São Jorge à partir do Elevador de Santa Justa.
Imagem de satélite de Lisboa
Localizada na margem direita do estuário do Tejo, a 38º42' N e a 9º00' W, com altitude máxima
na Serra de Monsanto (226 metros de altitude), Lisboa é a
capital mais ocidental da Europa. Fica situada a oeste de Portugal, na costa
do Oceano Atlântico.
Os limites da cidade, ao contrário do que ocorre em
grandes cidades, encontram-se bem delimitados dentro dos limites do perímetro
histórico. Isto levou à criação de várias cidades ao redor de Lisboa,
como Loures, Odivelas, Amadora e Oeiras, que
são de facto parte do perímetro metropolitano de Lisboa.
O centro histórico da cidade é composto por sete
colinas, sendo algumas das ruas demasiado estreitas para permitir a passagem de
veículos. A cidade serve-se de três funiculares e um elevador (Elevador de Santa Justa). A parte ocidental da cidade é ocupada
pelo Parque Florestal de Monsanto, um dos maiores parques urbanos da Europa,
com uma área de quase 10 km².
Lisboa tem ganho terreno ao rio com sucessivos
aterros, sobretudo a partir do século XIX. Esses aterros permitiram a
criação de avenidas, a implantação de linhas de caminho-de-ferro e a construção
de instalações portuárias e mesmo de novas urbanizações como o Parque das Nações e equipamentos como o Centro Cultural de Belém.
A população de Lisboa é caracterizada por
vários altos e baixos ao longo da sua história. Atualmente, a população de
Lisboa está em queda. Já a área metropolitana de Lisboa está em
crescimento populacional, em decorrência da migração dos habitantes da cidade
para as cidades vizinhas. Na atual
estrutura demográfica de Lisboa , as mulheres representam mais de metade da
população (54%) e os homens 46%. A cidade apresenta uma estrutura etária envelhecida,
com 23% de idosos (65 anos ou mais), quando
a média portuguesa é de 16%.[75] Entre os mais novos, 13% da
população tem menos de 15 anos, 9% está entre os 15 e os 24 anos e 53% dos 25
aos 64 anos de idade.
A região de Lisboa é a mais rica de Portugal e produz um produto interno bruto (PIB) per capita acima
da média da União Europeia, além de ser responsável pela produção de 45% do
PIB português. A economia da cidade baseia-se principalmente no sector terciário. A maioria das sedes das empresas multinacionais que operam em Portugal estão concentradas
na Grande Lisboa, especialmente no município de Oeiras.
A Área Metropolitana de Lisboa é altamente industrializada, especialmente na margem sul do rio Tejo.
A
região de Lisboa teve um rápido crescimento económico durante grande parte dos anos 2000 e
aumentou seu PIB PPC per capita de 22 745 euros em
2004, para 26 100 em 2007.[85] Em
2011, a região metropolitana de Lisboa registou um PIB no valor de 95,2 mil milhões de dólares e 31 454 dólares per
capita.
O
principal porto do país, com uma das maiores e mais
sofisticados mercados regionais da península Ibérica, Lisboa e seus populosos arredores também
estão a se desenvolver como um importante centro financeiro e um hub tecnológico
e dinâmico. Os fabricantes de automóveis têm construído fábricas nos subúrbios como, por exemplo, a Auto Europa.
Sede da Caixa Geral de Depósitos, o
maior banco de Portugal.
A
cidade tem o maior e mais desenvolvido sector de meios de comunicação em massa do país e é a sede de várias empresas
relacionadas, que vão desde principais redes de televisão e estações de rádio até grandes jornais nacionais e
internacionais.
A bolsa de valores Euronext Lisboa, que faz parte do sistema financeiro
pan-europeu Euronext, juntamente com as bolsas de Amsterdam, Bruxelas e Paris, está
associada com a Bolsa de Valores de Nova York desde 2007, quando o grupo
multinacional de bolsa de valores NYSE Euronext foi criado. A indústria da cidade tem muito
grandes sectores, como refinarias de petróleo, fábricas de produtos têxteis, estaleiros e indústrias de pesca que
são encontradas ao longo do Tejo.
Próximo
de Lisboa existe um dos maiores centros comerciais da península Ibérica,
o Dolce Vita Tejo (Amadora), já dentro da cidade estão o Centro Colombo, Amoreiras Shopping Center e o Centro Vasco da Gama. Para compras mais típicas, a Baixa de Lisboa. Existem muitos outros centros comerciais nas
periferia de Lisboa, como o Almada Forum (Almada), o
Allegro Shopping, o Oeiras Shopping (Oeiras), o Rio Sul Shopping (Seixal),
o Freeport Alcochete (Alcochete) e outras áreas como no Montijo, em Cascais, em Loures e
em Odivelas.
Antes
da crise da dívida pública da Zona Euro estourar e um plano de resgate financeiro ser
implementado pela UE e pelo FMI na década de 2010,
a cidade de Lisboa estava prestes a receber muitos investimentos financiados
pelo Estado,
incluindo a construção de um novo aeroporto, uma nova ponte, uma expansão de
30 km do sistema do metropolitano da cidade, o construção de um hospital central, a
criação de duas linhas de TGV para conectar a
capital portuguesa à Madrid, Porto, Vigo e
ao resto da Europa, a restauração da parte histórica da cidade, a criação de um
grande número de ciclovias, além da modernização e reforma de várias
instalações
Lisboa é uma cidade com uma intensa vida cultural. Epicentro dos
descobrimentos desde o século XV,
a cidade é o ponto de encontro das mais diversas culturas, o primeiro lugar em
que Oriente, Índias, Áfricas e Américas se encontraram. Mantendo estreitas
ligações com as antigas colónias portuguesas e hoje países independentes,
Lisboa é uma das cidades mais cosmopolitas da Europa. É possível, numa só viagem
de metro ouvir falar línguas como o cantonês, o crioulo
cabo-verdiano, o gujarati, o ucraniano, oitaliano ou o português com pronúncia moçambicana ou brasileira. E nenhuma delas
falada por turistas, mas sim por habitantes da cidade.
Desde 1994, ano em que foi Capital
europeia da cultura, Lisboa tem vindo a acolher uma série de eventos internacionais, da Expo 98 ao Tenis World Master 2001, Euro 2004), Gymnaestrada, MTV Europe
Music Awards, Rali Dakar, Rock in Rio ou os 50 anos da Tall Ships' Races (Regata Internacional dos Grandes Veleiros). Em 2005, Lisboa
foi considerada pela International Congress & Convention Association como a
oitava cidade do mundo mais procurada para a realização de eventos e congressos
internacionais.
A música tradicional de Lisboa é o fado, canção nostálgica acompanhada à guitarra portuguesa. Uma explicação
popular da sua origem remete para os cânticos dos mouros, que permaneceram no
bairro da Mouraria, após a
reconquista cristã. Mais plausivelmente, a origem do fado parece despontar da
popularidade nos séculos XVIII e XIX da Modinha, e da sua síntese
popular com outros géneros afins, como o lundu, no rico caldo de culturas presentes em Lisboa.
Lisboa acolhe a Companhia
Nacional de Bailado, a companhia estatal criada em 1977, com vasto reportório de
programação de dança clássica e contemporânea. Após aExpo'98, a CNB tornou-se
residente do Teatro Camões, no Parque das
Nações.
Conta com a Fundação EDP como mecenas exclusivo. A Companhia de
Dança de Lisboa, CDL, fundada em 1984, tem como objetivo divulgar e descentralizar a
dança, ensinando as diferentes técnicas de dança em aulas abertas à população a
partir dos 3 anos de idade. Cria e apresenta espetáculos com particular atenção
aos temas da cultura portuguesa, a nível nacional e internacional.
A gastronomia de Lisboa está influenciada pela sua proximidade do mar. Especialidades
tipicamente lisboetas são as pataniscas
de bacalhau e os peixinhos da horta. Também se
pode desfrutar das saborosas sardinhas (principalmente nas épocas festivas,
como no Santo António). O famoso Bife à Café, é outro ex-libris alimentar da capital. O doce mais
famoso de Lisboa, é o Pastel de Nata, cujos mais famosos são os de Belém, que são feitos numa antiga fabrica na Freguesia de Belém. Reza a lenda,
que há mais de 500 anos, uma cozinheira, não tinha ingredientes suficientes
para fazer um doce, e que resolveu inventar, ai nasceram os Pastéis de Belém.
Foram fabricados durante anos no Mosteiro dos
Jerónimos, em
Belém, só há poucos anos é que mudaram o seu local de fabricação.
Nas salas de espetáculos destacam-se o Coliseu dos
Recreios, a
Aula Magna da Universidade de Lisboa, o Fórum Lisboa, os auditórios da Fundação
Calouste Gulbenkian, do Centro
Cultural de Belém e da Culturgest, o Pavilhão
Atlântico e a Praça de
Touros do Campo Pequeno, para além dos diversos teatros e cinemas.
Música e dança
Entrada do Rock in Rio Lisboa
O Festival Jazz em Agosto realiza-se todos os anos em Lisboa, na Fundação
Calouste Gulbenkian. Aqui, músicos nacionais e internacionais dão concertos para públicos
de todas as idades. Lisboa recebe ainda o Festival
Internacional de Órgão de Lisboa desde
1998 em órgãos históricos restaurados. Alguns dos locais onde o festival ocorre
são a Sé Patriarcal de Lisboa e a Basílica da
Estrela.
Outro evento relevante no mundo da música é o Super Bock
Super Rock, um festival de
música de Verão realizado anualmente no Parque
do Tejo, na foz do rio Trancão, junto ao Parque das
Nações).
Organizado desde 1995, é atualmente um dos mais importantes festivais portugueses. Para além
destes, existe também o Hype@Tejo,
um festival de música electrónica, que ocorre todos os anos perto da Torre de Belém.
O Rock in Rio é um festival de música originalmente organizado no Rio de Janeiro, de onde vem o
nome, que rapidamente se tornou um evento de repercussão mundial e, em 2004,
teve a sua primeira edição internacional em Lisboa. Ao longo da sua história,
teve 7 edições, três no Brasil, três em Portugal e uma em Espanha. Em 2008, foi
realizado pela primeira vez em dois locais diferentes, Lisboa e Madrid, e há
intenções em organizar uma edição simultânea em três continentes diferentes.[128] Em 2014, Lisboa voltará a receber o
Festival.[129]
A cidade de Lisboa é palco de alguns festivais, como o IndieLisboa, um festival
internacional de cinema alternativo e independente. O festival é organizado
pela associação cultural Zero
em comportamento, e conta já com cinco edições desde 2003. Ao longo do
Outono volta o cinema com o DocLisboa (festival internacional de documentário), o Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa além do Festival
"Temps d'Images".
Maior Árvore de Natal da Europa, em 2005
Lisboa possuí um feriado municipal, o 13 de Junho, Dia de Santo
António.[130] Porém, o padroeiro da capital é São Vicente. As festas em
honra de Santo António
de Lisboa,
acontecem em toda a cidade e os bairros típicos, como Alfama, Madragoa, Mouraria, Castelo e outros, são enfeitados com balões e arcos decorativos. Neles há
arraiais populares, locais engalanados onde se comem sardinhas assadas na brasa, Caldo Verde (uma
sopa de couve cortada aos fiapos) e se bebe vinho tinto. A Noite de Santo
António, como é popularmente designada, é a festa que começa logo na noite do
dia 12. Todos os anos a cidade organiza nesta noite as marchas populares,[131] grande desfile alegórico que desce a Avenida da
Liberdade (principal artéria
da cidade), no qual competem os diferentes bairros, um pouco à
maneira das escolas de samba, numa espécie de carnaval português. Um grande fogo de
artifício costuma encerrar o
desfile. Os rapazes compram um manjerico (planta aromática) num pequeno vaso,
para oferecer à namorada, o qual traz uma bandeirinha com uma quadra popular,
por vezes brejeira ou jocosa. Santo António é conhecido como santo
casamenteiro, por isso a Câmara Municipal de Lisboa costuma organizar, na Sé Patriarcal
de Lisboa, o
casamento de jovens noivos de origem modesta, todos os anos no dia 13 de Junho. São conhecidos por 'noivos de Santo
António', recebem ofertas do município e também de diversas empresas, como forma de auxiliar a nova família.
Esta tradição dos casamentos de Santo António, começou em 1958.
Já as marchas surgiram em 1932. Todos os anos, de 25 de Novembro a 7 de
Janeiro, Lisboa é iluminada por milhões de pequenas luzes. Em 2004, ergueu a Maior Árvore
de Natal da Europa. Inicialmente colocada em Belém, passou para o Terreiro do Paço em 2005
e 2006, então com 76 metros de altura, equivalentes a um prédio de 30 andares.
Pelas ruas da Baixa, é normal ver-se várias atrações natalícias, como
espetáculos de música, animadores disfarçados de Pai Natal, etc (animação de
rua). No Ano Novo, são comuns as
festas por toda a cidade. A televisão costuma exibir vários programas em
direto, e a festa principal da cidade realiza-se no Terreiro do Paço, com
vários concertos e um megaespectáculo pirotécnico à meia-noite em ponto (além
do Terreiro do Paço, existem vários pontos de lançamento de engenhos
pirotécnicos espalhados por Lisboa e pela margem sul do rio Tejo em frente à
capital).
O Carnaval em Lisboa é festejado principalmente nas escolas. Algumas escolas
organizam desfiles, que percorrem algumas ruas da cidade (principalmente a Rua
Augusta). O mais antigo é o desfile da Escola de
Artes Decorativas António Arroio. Nas instituições recreativas e, no Bairro Alto também se pode admirar festas relacionadas com o Carnaval.
Outros
Entrada do ModaLisboa de 2011
A Moda Lisboa aquece o Inverno mais suave de todas as capitais europeias com vários desfiles de moda,
onde vários criadores portugueses e estrangeiros mostram as suas tendências
Lisboa, é também palco de outros inúmeros eventos culturais. O Lisbonarte, consiste em várias
exposições de artes plásticas nas galerias de arte lisboetas. Vários artistas
expõem os seus trabalhos ao público. No
teatro, a Mostra de Teatro
Jovem consiste na
representação de várias peças teatrais, pelos futuros artistas.
Na literatura, a Feira do Livro
de Lisboa, um
certame que se realiza anualmente desde Maio de 1930 em Lisboa. A Feira
decorre, em geral, nos últimos dias de Maio. A sua localização atual é o Parque Eduardo
VII.
Nesta feira são, geralmente, convidados vários autores de diversos livros para
sessões de autógrafos. São óptimas ocasiões para comprar livros a preços mais
baixos.
Outros eventos incluem o Festival dos Oceanos, que ocorre todos os anos
em Agosto, no Parque das
Nações; o Experimentadesign, um megafestival
de design realizado de dois em dois anos em Setembro; e a LisboaPhoto, uma exposição,
onde vários fotógrafos podem expor as suas fotos ao público. Desde 2006 que se
realiza em Lisboa um evento dedicado exclusivamente à Luz (um evento bianual),
o Luzboa. Pela cidade são
espalhados várias instalações criadas por artistas plásticos centradas no tema
Luz. Bairro Alto, Baixa, Avenida, são alguns dos locais que recebem este espetáculo. Há vários anos que, no dia 1 de
Dezembro, é organizado na Praça dos Restauradores uma grande cerimónia que
envolvem várias entidades, políticas, civis e militares, para homenagear a Restauração da
Independência de Portugal. Durante 44 anos,
Lisboa foi na maior parte das vezes a sede do Festival RTP
da Canção. Este
festival serve para eleger um representante, que irá representar o país, noutro
país europeu, vencedor da edição anterior do Festival
Eurovisão da Canção.
Museu Nacional de Arte Antiga
O Oceanário de Lisboa, o segundo maior do mundo, no Parque das Nações
Lisboa dispõe de três universidades públicas, a Universidade
de Lisboa, a Universidade
Técnica de Lisboa e a Universidade
Nova de Lisboa e diversas
universidades privadas. A cidade está equipada com diversas bibliotecas, sendo
a mais importante a Biblioteca
Nacional, e
arquivos, nomeadamente o Arquivo Histórico Militar e o Arquivo
Histórico Ultramarino entre outros, no
entanto o que merece maior destaque, por ser um dos mais importantes arquivos
do mundo, é a Torre do Tombo.
Entre os museus destacam-se: Museu Nacional
de Arte Antiga, com a mais importante coleção nacional de pintura antiga; Museu Calouste
Gulbenkian, cuja coleção diversificada inclui seis mil peças de arte de vários
períodos históricos; Museu do Chiado, com uma colecção
de arte portuguesa a partir do Século XIX; Museu-Coleção
Berardo, onde
é apresentada uma colecção de arte moderna e contemporânea internacional em
paralelo com mostras de arte contemporânea; Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão onde, a par de exposições temporárias se expõe um núcleo permanente de
arte portuguesa dos séculos XX e XXI; Museu Nacional
dos Coches, o mais visitado do país, com a maior colecção de coches do mundo; Museu da
Electricidade com uma exposição
permanente onde se mostra a produção de energia e a maquinaria da antiga
Central Tejo misturando ciência e diversão; Oceanário de
Lisboa, com
a sua impressionante colecção de espécies vivas; Museu Militar
de Lisboa, com
uma exposição permanente de armamento de diversas épocas.
Outros museus e centros culturais: Museu Arpad
Szenes - Vieira da Silva; Museu Rafael
Bordalo Pinheiro; Museu do
Design e da Moda; Museu de Artes
Decorativas; Museu Nacional
de Arqueologia; Museu Nacional
do Traje; Museu do Oriente; Museu Nacional
do Azulejo; Museu da
Farmácia; Museu de Marinha; Museu da Água; Museu da Companhia Carris de Ferro de Lisboa; Casa-Museu de
Fernando Pessoa; Fundação José
Saramago.
Nas salas de espetáculos destacam-se o Coliseu dos
Recreios, a
Aula Magna da Universidade de Lisboa, o Fórum Lisboa, os auditórios da Fundação
Calouste Gulbenkian, do Centro
Cultural de Belém e da Culturgest, o Pavilhão
Atlântico e a Praça de
Touros do Campo Pequeno, para além dos diversos teatros e cinemas existentes.
Vista do bairro histórico de Alfama.
A Baixa Pombalina e Chiado são o "coração" da cidade. Foi edificada sobre as ruínas da
antiga cidade de Lisboa, destruída pelo grande Terramoto de 1755. A sua edificação
obedeceu a um rigoroso plano urbanístico, segundo um modelo reticular de
rua/quarteirão, obedecendo à filosofia do Iluminismo. A reedificação
da baixa de Lisboa após o terramoto constituiu o primeiro caso de construção
tipificada, normalizada e em "série" da humanidade. Os seus autores
foram Manuel da Maia e Eugénio dos
Santos e a decisão
política deve-se ao Marquês de
Pombal,
ministro d'El Rei D. José I. A Baixa é também
a maior zona comercial da cidade de Lisboa. Nas proximidades e com interesse
histórico são ainda a Praça dos
Restauradores e o Elevador de
Santa Justa, projetado em finais do século
XIX por Mesnier du
Ponsard. Na
baixa também se localiza a Praça do
Comércio,
também conhecida como Terreiro do Paço, o Rossio, ou Praça Dom
Pedro V, Chiado, o Convento do
Carmo e a Praça dos
Restauradores.
Alfama é um dos bairros mais típicos de Lisboa, com sua arquitetura típica cidade árabe e medieval com ruas estreitas, sendo um dos poucos sítios de Lisboa que
sobreviveu ao Terremoto de
Lisboa de 1755. É em Alfama que se encontram a maioria das casas de Fado, onde se pode
desfrutar de vários espetáculos ao vivo. Em Alfama, distinguem-se o Castelo de São
Jorge, na
colina mais alta do centro da cidade, a Sé de Lisboa, o Panteão
Nacional e a Feira da Ladra e o Miradouro de
Santa Luzia.
O Bairro Alto é um bairros típicos de Lisboa, situado no centro da cidade, acima da
baixa pombalina. É uma zona de comércio, entretenimento e
habitacional. Atualmente, o Bairro Alto é um lugar de "reunião" entre
os jovens da cidade, e uma das principais zonas de divertimento noturno da
capital. Aqui concentram-se tribos urbanas, que possuem os seus lugares de
reunião próprios. O fado, ainda sobrevive nas noites do bairro. As pessoas que visitam o Bairro
Alto durante a noite são uma miscelânea de locais e de turistas.
Junto à zona ribeirinha do Tejo, a Poente do centro da cidade,
encontra-se a freguesia de Belém, representante da
cidade da época dos Descobrimentos. Podemos ver
nesta zona duas construções classificadas pela UNESCO como Património da
Humanidade: o Mosteiro dos
Jerónimos,
mandado construir pelo Rei D. Manuel I em 1501 e o melhor exemplo do denominado Estilo Manuelino, cuja inspiração
provém dos descobrimentos, estando também associado ao estilo gótico e algumas influências renascentistas. O mosteiro custou o equivalente a
70 kg de ouro por ano, suportados pelo comércio de especiarias. Os restos
mortais de Luís Vaz de
Camões,
autor de Os Lusíadas, repousam no
Mosteiro, e também o grande descobridor Vasco da Gama. Muito perto do
Mosteiro dos Jerónimos, encontra-se a Torre de Belém, construção
militar de vigia na barra do Tejo, o grande "ex-libris" da cidade de
Lisboa e uma preciosidade arquitetônica. Para além disto, é em Belém que se
encontram o Padrão dos
Descobrimentos, o Palácio de
Belém,
residência oficial do Presidente da República, o Museu Nacional
dos Coches, o Museu da
Electricidade, a Igreja da
Memória e o Centro
Cultural de Belém.
Aqueduto das Águas Livres, em Alcântara.
A freguesia da Estrela inclui um dos parques mais famosos e antigos da capital, o Jardim da Estrela, que foi criado
há mais de 100 anos, e foi inspirado pelo Hyde Park, em Londres. A Basílica da
Estrela, com
um estilo Barroco-Neoclássico, é a principal atração desta zona da cidade. A Assembleia da
República e o Cemitério dos
Prazeres, são
também outros dois pontos importantes da cidade, que se localizam neste zona da
cidade.
Representante da Lisboa moderna, o Parque das
Nações nasceu em 1998,
para acolher a exposição mundial Expo 98 subordinada ao tema dos Oceanos. A exposição
abriu a 22 de Maio de 1998, dia em que se celebraram os 500 anos da descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama. Com tudo isto, a
zona oriental da cidade chamada Parque das Nações tornou-se na zona mais
moderna de Lisboa e mesmo de Portugal, e Lisboa ganhou imensas estruturas, como
a Torre São
Rafael e Torre São
Gabriel,
ambas com 110 metros de altura, as mais altas estruturas de Lisboa e de
Portugal). As principais atrações do bairro são: o Oceanário de
Lisboa, o Pavilhão
Atlântico, o Pavilhão de
Portugal, a Torre Vasco da
Gama, a Ponte Vasco da
Gama e o Gare do Oriente, do arquitecto Santiago
Calatrava.
Do início do século XVIII o monumento mais significativo é o Aqueduto das
Águas Livres.[142] De referir ainda os palácios reais das Necessidades e da Ajuda, na parte Oeste
da cidade. Em finais do século
XIX os planos urbanísticos
permitiram estender a cidade além da Baixa para o vale da atual Avenida da
Liberdade. Em
1934 é construída a Praça do
Marquês de Pombal, remate superior da
avenida. No século XX sobressaem os extensos planos
urbanísticos das Avenidas Novas, da envolvente da Universidade
de Lisboa (Cidade
Universitária), e da zona dos Olivais, e os mais recentes do Parque das
Nações e da Alta de Lisboa, ainda em
construção.
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