Internacional: Venezuela
Os familiares do presidente foram presos
quando transportavam 800 quilos de cocaína
EWALD SCHARFENBERG Caracas
Para El País – o jornal global - Facebook
Nicolás Maduro e Cilia
Flores em um evento em Caracas. / FERNANDO
LLANO (AP)
Segundo essas fontes, os dois
homens deveriam comparecer nesta quarta-feira perante um tribunal de Nova York,
embora essa situação extrema não esteja clara, pois fontes da Promotoria de
Distrito nova-iorquina se recusaram a comentar o caso. A razão poderia ser que
nesta quarta-feira se comemorava nos EUA o Dia dos Veteranos, e os escritórios
dos órgãos públicos permaneceram fechados, sendo impossível confirmar
oficialmente o comparecimento.
Ambos os presos são sobrinhos de Cilia Flores, e inclusive Efraín Campo
Flores se identificou depois de ser preso como afilhado do presidente da
Venezuela, Nicolás Maduro, pois teria sido criado pela tia depois da morte
de sua mãe. A operação teria sido desencadeada depois que os dois homens
entraram em contato com um agente da DEA em Honduras, em outubro, e pediram-lhe
para que ajudasse a transportar a droga ao aeroporto da ilha caribenha de
Roatán. Em reuniões posteriores, de acordo com uma fonte citada pelo The
Wall Street Journal, os envolvidos levaram um quilo de cocaína para o
agente norte-americano para provar que era de boa qualidade e que tinham a
intenção de vendê-la em Nova York. As reuniões foram gravadas.
Essas são as últimas detenções
depois da campanha de investigação de vários promotores de Nova York,
Washington e Miami sobre supostas atividades de lavagem de dinheiro e de
tráfico de drogas por parte de políticos do alto escalão, militares e policiais
do Governo da Venezuela. Entre eles estariam o número dois do regime, Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Geral,
e Tarek el Aissami, governador do Estado de Aragua e ex-ministro do Interior,
também mencionados por tais atividades pelos promotores norte-americanos,
acusações que ambos negam. Fontes da DEA afirmam que a Venezuela se tornou uma
rota de trânsito para a cocaína procedente da Colômbia, outra coisa que Caracas
nega, alegando que se trata de uma campanha para desestabilizar o regime.
Esse episódio poderia deteriorar
ainda mais as já deterioradas relações entre os Estados Unidos e o regime
venezuelano. Mas não é a primeira vez que Cilia Flores ou algum de seus
parentes estão envolvidos em atividades suspeitas. Flores, de 62 anos, é
costumeiramente designada como o verdadeiro poder por trás da presidência de
Nicolás Maduro, com uma tribo pessoal de seguidores dentro da nomenclatura
chavista.
Fontes da DEA afirmam que a Venezuela se tornou uma
rota de trânsito para a cocaína procedente da Colômbia. Caracas nega, alegando
que se trata de uma campanha para desestabilizar o regime
‘Ex-presidenta’ da Assembleia
Nacional (2006-2011) e ex-Procuradora-Geral da República (2012-2013), ela fez
parte da equipe de advogados de defesa de Hugo Chávez quando o ex-comandante
dos paraquedistas estava na prisão por sua fracassada tentativa de golpe de
Estado de fevereiro de 1992. Agora Flores ocupa o primeiro lugar na lista de
candidatos a deputado do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), no
poder, no Estado de Cojedes (planícies centrais do país), do qual é oriunda,
para as próximas eleições parlamentares de 6 de dezembro.
Nepotismo
As acusações de nepotismo,
tráfico de influência e abuso de poder perseguem Flores há algum tempo e nem
sempre vêm da oposição. Em 2007, quando Flores presidia o parlamento, o
Sindicato dos Trabalhadores da Assembleia Nacional tornou público por meio da
imprensa –que ainda não era controlada pelo Governo– uma denúncia na qual
documentava como a atual primeira-dama tinha concedido cargos de maior ou menor
relevância para mais de 50 parentes na estrutura burocrática do Poder
Legislativo.
Alguns desses parentes e achegados seguiram Flores
em seu périplo na Procuradoria Geral da República e no escritório da
Presidência. Um filho e um sobrinho, Walter Gavidia Flores e Irving Molina
Flores, são juízes da República. Outro sobrinho, Carlos Erick Malpica Flores, é
o Tesoureiro Nacional e também executivo da PDVSA, a empresa estatal de
petróleo que produz a maior parte das receitas em divisas do país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário