Ciência
Os quatro círculos se
tocam ou não?
As ilusões de ótica podem surgir naturalmente ou serem criadas por astúcias visuais
específicas que demonstram certas hipóteses sobre o funcionamento do sistema
visual humano. Imagens que causam ilusão de ótica são largamente utilizados nas
artes, por exemplo nas obras gráficas de M. C. Escher.
Ilusão de ótica muitas vezes conhecida como Teia
de Aranha.
A explicação possível das AMOEBAS é debatida
extensamente. No entanto, os resultados da investigação mais recente indicam
que as ilusões emergem simplesmente da
assinatura do modo estatístico e empírico como todos os dados perceptivos
visuais são gerados.
Os circuitos neuronais do nosso sistema visual
evoluem, por aprendizagem neuronal, para um sistema que faz interpretações
muito eficientes das cenas 3D usuais, com base na emergência no nosso cérebro
de modelos simplificados que tornam muito rápida e eficiente essa interpretação
mas causam muitas ilusões ópticas em situações fora do comum. Como uma imagem
em diferentes diâmetros.
Para desafiar a mente
A nossa percepção do
mundo é em grande parte autoproduzida. Os estímulos visuais não são estáveis: por
exemplo, os comprimentos de onda da luz refletida pelas superfícies mudam com
as alterações na iluminação. Contudo o cérebro atribui-lhes uma cor constante. Uma mão a gesticular produz uma imagem
sempre diferente e, no entanto, o cérebro classifica-a consistentemente como
uma mão. O tamanho da imagem de um objeto na retina varia com a sua
distância, mas o cérebro consegue perceber qual é o seu «verdadeiro» tamanho. A
tarefa do cérebro é extrair as características constantes e invariantes dos objetos
a partir da enorme inundação de informação sempre mutável que recebe. O cérebro
pode também deduzir a distância relativa entre dois objetos quando há
sobreposição, interposição ou oclusão. E pode deduzir a forma de um objeto a
partir das sombras. O que implica uma aprendizagem da perspectiva linear. No
entanto, existem vários tipos de ilusões de distância e profundidade que surgem
quando esses mecanismos de dedução inconsciente resultam em deduções errónea.
A imagem da retina é a fonte principal de dados que
dirige a visão, mas o que nós vemos é uma representação “virtual” 3D da cena em
frente a nós. Não vemos uma imagem física do mundo, vemos objetos. E o mundo
físico em si não está separado em objetos. Vemos o mundo de acordo com a
maneira como o nosso cérebro o organiza. O processo de ver é um de completar o
que está em frente a nós com aquilo que o nosso cérebro julga estar a ver. O
que vemos não é a imagem na nossa retina - é uma imagem tridimensional criada
no cérebro, com base na informação sobre as características que encontramos,
mas também com base nas nossas «opiniões» sobre o que estamos a ver.
O que vemos é sempre, em
certa medida, uma ilusão. A nossa imagem mental do mundo só vagamente
tem por base a realidade. Porque a visão é um processo em que a informação
que vem dos nossos olhos converge com a que vem das nossas memórias. Os nomes,
as cores, as formas usuais e a outra informação sobre as coisas que nós vemos
surgem instantaneamente nos nossos circuitos neuronais e influenciam a
representação da cena. As propriedades percebidas dos objetos, tais como o
brilho, tamanho angular, e cor, são “determinadas” inconscientemente e não são
propriedades físicas reais. As ilusões surgem quando os “julgamentos” implícitos
na análise inconsciente da cena entram em conflito com a análise consciente e
raciocinada sobre ela.
A interpretação do que
vemos no mundo exterior é uma tarefa muito complexa. Já se descobriram mais de 30 áreas
diferentes no cérebro usadas para o processamento da visão. Umas parecem
corresponder ao movimento, outras à cor, outras à profundidade (distância) e
mesmo à direção de um contorno. E o nosso sistema visual e o nosso cérebro
tornam as coisas mais simples do que aquilo que elas são na realidade. E é essa
simplificação, que nos permite uma apreensão mais rápida (ainda que imperfeita)
da «realidade exterior», que dá origem às ilusões de óptica.
A ilusão do tabuleiro de
damas: uma ilusão Sayumi
A luminosidade é uma variável subjetiva que não corresponde
de um modo preciso a uma quantidade física. É uma estimativa da refletância
real dos objetos (a proporção de luz incidente que é refletida por uma
superfície), feita pelo sistema visual.
Note que vemos o quadrado A como sendo mais escuro
do que o quadrado B. No entanto, como se vê pela figura da direita, em que
simplesmente se adicionou duas barras com a mesma cor de A, ambos têm exatamente
a mesma cor - têm a mesma luminância (a quantidade de luz visível que chega ao
olho vindo da superfície é a mesma).
O que se passa é que o sistema visual não se limita
a medir a quantidade de luz que chega ao olho, que é influenciada pelas
sombras. Parece ter em conta o contraste local e saber que as mudanças de luz
na transição entre superfícies de cores diferentes são geralmente mais abruptas
do que as causadas por sombras. O sistema visual «sabiamente» usa apenas a
informação sobre as transições mais abruptas para construir a imagem de refletância.
E por isso estima a cor dos objetos sem se deixar enganar pelas sombras de um
objeto visível.
É uma «ilusão» que mostra o sucesso do sistema
visual. Não é um bom medidor de luz, mas esse não é o seu propósito: se o
sistema visual se baseasse apenas na luminância, não distinguiríamos uma
superfície branca mal iluminada de uma superfície negra muito iluminada. A
capacidade que o sistema tem para o fazer é aquilo a que se chama a «constância
da luminosidade». O cérebro manda mensagem para o globo o ocular, assim dando
para ver as impossíveis imagens de visão de óptica.
O sistema visual conhece a perspectiva, e isso
é-nos muito útil para interpretar uma imagem tridimensional. Mas isso gera
algumas ilusões, quando numa figura plana há pistas que enganam o sistema
visual e o levam erradamente a fazer uma interpretação usando a perspectiva.
Em situações usuais, quando o sistema visual
detecta linhas que parecem paralelas (embora na imagem da retina não o sejam),
usa o seu ângulo para estimar o ângulo do nosso olhar relativamente ao solo. É
um mecanismo automático que nos é muito útil. Mas o que se passa é que o
sistema visual por vezes o usa erradamente no caso de certas figuras planas em
que não se parece justificável.
Note, por exemplo, vemos a linha que está em baixo
como sendo mais curta do que a outra. Mas têm exatamente o mesmo tamanho. Isso
acontece porque o sistema visual usa o ângulo entre as duas retas laterais para
estimar o ângulo do nosso olhar relativamente ao solo. E isso faz com que pense
que a linha de baixo está mais próxima. Ora, se ambas têm a mesma aparência
visual e a linha de cima está mais longe, então ela deve ser na realidade mais
longa. E é assim mesmo que a vemos. O sistema visual (julgando estar a ser
muito esperto) engana-se redondamente. A IMAGEM AO LADO REPRESENTA A SIMETRIAS
DAS "AMOEBAS".
Desafiando os olhos
Mas esta é uma «ilusão» que mostra o sucesso do
sistema visual na estimativa da perspectiva. A capacidade que ele tem para fazê-lo
é aquilo a que se chama a «constância do tamanho» dos objetos. É essa
capacidade que faz com que, quando uma pessoa se afasta de nós, não a
«sintamos» a diminuir de tamanho. E, quando vemos uma pessoa ao longe, não
temos geralmente a sensação de que ela é minúscula.
Ou seja, existe um mecanismo cerebral que impõe a
constância do tamanho dos objetos, como se eliminasse o efeito da perspectiva.
E o mecanismo funciona com bastante precisão. Se virmos uma folha de um certo
tamanho ao longe, desde que a distância não seja exagerada, e tivermos ao nosso
lado algumas folhas de vários tamanhos diferentes, sabemos normalmente escolher
entre elas a que tem o mesmo tamanho da que está longe!
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